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terça-feira, 29 de outubro de 2019

Guiné 61/74 - P20288: Agenda cultural (708): Conferência "História da China: Relações Portugal-China", pelo prof António Graça de Abreu, dia 30, 4ª feira, às 17h45, no Campus de Carcavelos, NOVA School of Business and Economics

1. Mensagem do nosso camarada António Graça de Abreu [ ex-alf mil SGE, CAOP 1 (Teixeira Pinto, Mansoa e Cufar, 1972/74). membro sénior da Tabanca Grande, com c. 240 referências no nosso blogue]


Date: quinta, 24/10/2019 à(s) 13:42

Subject: Conferência Relações Portugal-China

 São todos muito bem vindos à minha conferência 4ª feira, dia 30 de Outubro, às 17,45 na NOVA School of Business an Economics, Carcavelos, sobre "Chinese History: China-Portugal Relations". A conferência é em inglês, organizada pela NOVA China Club.

Nova China Club will organize the lecture "Chinese History: China-Portugal Relations". Gain insights into the past 500 years of Sino-Portuguese relations that are crucial to understand the modern bilateral relations. This means understanding how Portugal and China strengthen their ties through mainly cultural and economic exchanges.

The lecture will be held by Prof. António Graça de Abreu, former teacher at Chinese Culture and History at Universidade NOVA de Lisboa, Instituto Superior de Ciências Sociais e Políticas, Lisbon and currently in Universidade de Aveiro.

He has published more than 20 books and lived
Fonte: António Graça de Abreu (2019) 
in China in the end of 1970's and beginning of the 1980's witnessing the transformation of the Chinese society first-hand. Since 1990, he has worked as a teacher of the annual courses in Chinese Culture and Civilisation, History of Macau and Chinese History at the Macau Mission in Lisbon and at Fundação Oriente.

The lecture will be hold at Nova SBE (School of Business and Economics, in Carcavelos) on Wednesday, October 30 at 17:45. Sala B 005. Please note that with your registration, you commit to attend the conference.

We are looking forward to welcoming you at the event!

Thank you/ Muito obrigado/ 谢谢! (#)

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(#)  Tradução [Google / LG]

O 'NOVA China Club'  vai organizar a palestra "História da China: Relações China-Portugal". Conheça os últimos 500 anos das relações sino-portuguesas que são cruciais para se entender as  relações bilaterais de hoje.  Isso significa entender como Portugal e China fortalecem os seus laços através de trocas principalmente culturais e económicas. 

A palestra será realizada pelo Prof. António Graça de Abreu, ex-professor de História e Cultura Chinesa da Universidade NOVA de Lisboa, Instituto Superior de Ciências Sociais e Políticas, Lisboa e atualmente na Universidade de Aveiro. 

Publicou mais de 20 livros e viveu na China no final dos anos 70 e início dos anos 80, testemunhando ao vivo  a transformação da sociedade chinesa. Desde 1990, trabalha como professor dos cursos anuais de Cultura e Civilização Chinesa, História de Macau e História Chinesa na Missão de Macau em Lisboa e na Fundação Oriente. 

A palestra será realizada na NOVA School of Business and Economics, anteriormente Faculdade de Economia , em Carcavelos) na quarta-feira, 30 de outubro, às 17:45. Sala B 005. 
e
Tome nota que, com sua inscrição, compromete-se  a participar da conferência. Estamos ansiosos para recebê-lo no evento!  Muito obrigado.

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Nota do editor:

quarta-feira, 20 de junho de 2018

Guiné 61/74 - P18760: Historiografia da presença portuguesa em África (119): Uma reunião invulgar: a Conferência dos Administradores, Bissau, 1941 (4) (Mário Beja Santos)



1. Mensagem do nosso camarada Mário Beja Santos (ex-Alf Mil, CMDT do Pel Caç Nat 52, Missirá e Bambadinca, 1968/70), com data de 6 de Fevereiro de 2018:

Queridos amigos,
Insisto no ineditismo desta iniciativa governamental do Capitão de Artilharia Ricardo Vaz Monteiro e no acervo de materiais coligidos, de grande riqueza para se entender mentalidades e o estado da Guiné no arrancar da década de 1940. E a grande surpresa em encontrar gente preparada, com conhecimento das realidades, nalguns casos, muito poucos, usando uma linguagem um pouco de babugem, de um modo geral o governador recebeu comentários desassombrados.
Confesso a minha satisfação em ter encontrado esta pérola na Biblioteca da Sociedade de Geografia de Lisboa onde a amável bibliotecária foi buscar aos Reservados uma resma de relatórios de outros administradores, entre os anos 1930 e datas próximas, logo que termine a faina do BNU da Guiné é o mergulho que vou dar.

Um abraço do
Mário


Uma reunião invulgar: a Conferência dos Administradores, Bissau, 1941 (4)

Beja Santos

Importa referir que esta iniciativa do então Capitão Ricardo Vaz Monteiro, Governador da Guiné entre 1941 e 1945, tanto quanto nos é dado saber, é de um ineditismo surpreendente: é um líder com visão, tem a subtileza de mandar um inquérito sobre diversas matérias, desde a produção da mancarra até às finanças das circunscrições, quer apurar o grau de conhecimentos destes seus colaboradores, haverá um intenso debate em função das memórias que ele recebe, e do modo mais discreto possível todo este trabalho ganha a forma de publicação, o mais longe que se pôde apurar é que foi editado pela imprensa nacional, em Bolama, em 1942.

Suspendeu-se o texto anterior à volta das respostas do Administrador de Farim, é notório tratar-se de pessoa culta, bem preparada e pouco disposta a dar respostas equívocas ou ínvias. Respondendo acerca do emprego de charruas, ele observa:  
“Raros devem ser na Guiné os terrenos limpos de resíduos vegetais e que se prestam à cultura dos produtos mais vulgares, porque o indígena, de uma forma geral, dedica-se de preferência ao sistema de cultura extensiva, não o interessando o preparo racional do terreno que precisa devido às enormes extensões de terras virgens que existem. E, nestas condições, o charruamento das terras sujas se não é de todo impossível é, pelo menos, difícil, trabalhoso e de pouco rendimento. E nos terrenos sujos, quer dizer nas terras onde existem troncos e raízes de árvores à superfície a gradagem não se pode fazer”.
Como também havia questões postas sobre funcionários, guardas florestais e quejandos, ele vai direto à questão:
“Ainda hoje a grande maioria do funcionalismo da população civilizada da Guiné é cabo-verdiana; e todos nós sabemos como é difícil corrigir os erros bebidos no leite materno”.

Também não enjeita pronunciar-se sobre a questão dos régulos:
“Como a própria Reforma Administrativa Ultramarina preconiza, devia tornar-se obrigatória após um prazo de dois anos a condição de só se preencherem os lugares de régulos, chefes de povoação, intérpretes e quadros administrativos com indivíduos que soubessem ler, escrever e contar em português. Os pretendentes ou herdeiros de regulados não têm outro interesse ou objectivo senão o de ocuparem tais lugares para sugarem o trabalho dos próprios indígenas, para exercerem toda a casta de extorsões e atropelos sobre os indígenas que ficam amarrados à sua prepotente autoridade. Hoje em dia já não se encara a autoridade do régulo com o respeito devido, em virtude dos desmandos, abusos e violências de toda a espécie que muitos deles praticam”.

O seu ponto de vista sobre a política indígena e os regulados também nos parece digna de registo:
“Os régulos, nesta área administrativa, no geral, são impostos e pertencem a raça diferente: Mandingas, Fulas e Biafadas. As razões que a tal obrigam, desconheço-as”.
É curioso como este ponto de vista tem alguma parecença com a resposta do administrador de Mansoa.
Em todas estas memórias há sempre aspetos pertinentes ao nível dos conhecimentos que apraz registar. Veja-se o que responde o Administrador do Gabu a propósito da questão posta acerca de pomares, palmares, hortas e viveiros:
“O interesse do indígena pela cultura de pomares e palmares só se estimulará quando começar a colher o resultado do seu esforço, isto é, quando o trabalho empregado na sua cultura vier a dar a compensação devida. Até lá, essa cultura tem de ser simplesmente imposta. A cultura da batata-doce e mandioca já foi iniciada este ano em obediência à determinação de V. Ex.ª. mas a sua produção é bastante limitada por ter havido faltas de plantas. É de toda a conveniência a introdução da cultura do feijão”.

Tome-se agora em consideração o comentário do Administrador de Buba questionado sobre o gado bovino:
“Nesta circunscrição só existe gado em certa abundância nas zonas habitadas pelos Balantes. Eles têm por hábito nunca vender o gado senão quando muito afrontados por qualquer necessidade urgente. Mesmo em época de fome preferem passar provações a desfazerem-se do seu gado. Os bovinos constituem para si a nota comprovadora da sua importância no meio social. Os bovinos são para o Balanta a sua farpela mais luxuosa”.
O mesmo administrador mostra-se cético quanto à proibição de falar crioulo e dá as suas razões:
“A proibição de se falar o crioulo somente nas repartições, nas escolas e em todos os estabelecimentos do Estado, a meu ver, serão de resultados muito limitados. Onde se fala mais crioulo não é nas repartições públicas nem nas escolas nem nos estabelecimentos do Estado mas fora: na rua, nas casas particulares e sobretudo nos estabelecimentos comerciais. Nas suas transacções, os comerciantes e os empregados, na sua maioria, só falam crioulo. Assim foi e assim é desde há muito”.

Surpreendente é o que o Administrador de Bijagós responde ao Governador acerca das licenças para o exercício de comércio fora das povoações comerciais:
“A opinião que o signatário forma dos concessionários e proprietários, salvo raras excepções, é a seguinte: pede-se uma concessão não para trabalhar e de conta própria tirar à terra o máximo da sua riqueza, mas única e exclusivamente para explorar o indígena. O que se pretende é que na concessão, ou perto desta, haja bolanhas. Pois logo que tal se dê fazem compreender que são donos do chão e que eles, indígenas, só podem cultivar o terreno com a sua autorização e vendendo-lhe os produtos. É tal o desplante dos senhores “ponteiros” que chegam a considerar os indígenas como propriedade sua, de que pretendem tirar o máximo rendimento.
Acresce que, quase sempre, os senhores concessionários e proprietários se eximem ao pagamento dos respectivos impostos, principalmente licenças comerciais e, ao comprarem os produtos, exploram o indígena ao máximo, fazem-no ou por medidas que saem muito fora do normal ou por pesagens em que os instrumentos de pesar foram previamente preparados para o fim em vista. E como a fiscalização deste comércio se torna impossível, o signatário tem de há muito opinião formada de que só com a proibição do exercício do comércio nas concessões e propriedades é que se acabará com tal estado de coisas”.
Mudando de azimute, desta vez dirigido para a questão do melhoramento da exploração agrícola indígena, pronuncia-se do seguinte modo:
“Nos Bijagós, cuja área é toda povoada por extensos palmares, estes não permitem o emprego da charrua, pois haveria necessidade de se cortarem as palmeiras para arranjar terrenos próprios a outras lavouras, o que se tornaria contraproducente, visto diminuir a produção do coconote, a maior riqueza do arquipélago, senão a única”.
E vamos verificar que este senhor administrador também faz profissão de fé em meter as mãos na massa quanto a pomares, palmares, horta e viveiros:
“Desbravei o mato necessário para a plantação de cerca de mil pés de banana, sendo seiscentos pés das Canárias e trezentos pés das melhores qualidades de Tombali.
Fiz grandes viveiros de citrinos, pinheiras e feijão-congo, que já no próximo ano serão distribuídos pelos postos e tabancas indígenas, assim como plantei muita mandioca e batata-doce. Tudo está presentemente pegado, espero que nenhuma árvore morra, pois não lhe faltarei com a rega. Para o ano, penso fazer viveiros de coleiras, fruta-pão, goiabeiras, etc., que penso fazer parte dos pequenos pomares indígenas que tenciono fazer”.

E assim se põe termo à leitura de um documento que tem algo de inacreditável, pela falta de precedentes, por muitos comentários desassombrados, acima de tudo por se verificar que aquele governador da Guiné, em plena II Guerra Mundial queria pôr a Guiné a funcionar em novos moldes, não só produzir no que hoje chamamos nos níveis de sustentabilidade, mas a angariar um novo fôlego exportador, colhem-se depoimentos de administradores, sabe-se lá com que grau de sinceridade, entusiasmados com o ressurgimento colonial que era uma das apostas do Estado Novo e não deixa de nos pôr a refletir o que muitos deles denunciam como a exploração do indígena e o afã em pôr o ensino português no plano das realidades.

Confesso que a minha maior surpresa se prende com a figura do governador, a tomarmos um pouco à letra o que historiografia tem registado parece que entre Carvalho Viegas e Sarmento Rodrigues tinha havido um limbo, ora acontece que este Capitão de Artilharia Ricardo Vaz Monteiro não pede meças à preparação e ao entusiasmo desses dois governadores, ainda mais por a Guiné estar na penúria, todo o seu programa era fazer muito mais com o menos existente, firmar a ordem e pôr justiça naquele modelo colonial que apregoava ser humanista e assimilacionista. Não hesito em dizer que esta conferência dos administradores é uma referência incontornável na historiografia da Guiné portuguesa.

BNU de Bissau iluminado, no âmbito das comemorações do centenário do BNU

Rapariga Manjaca, imagem retirada do livro “Guiné Portuguesa”, por Luís Carvalho Viegas, volume II, 1936
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Nota do editor

Postes anteriores de:

16 de maio de 2018 > Guiné 61/74 - P18641: Historiografia da presença portuguesa em África (114): Uma reunião invulgar: a Conferência dos Administradores, Bissau, 1941 (1) (Mário Beja Santos)

6 de junho de 2018 > Guiné 61/74 - P18716: Historiografia da presença portuguesa em África (116): Uma reunião invulgar: a Conferência dos Administradores, Bissau, 1941 (2) (Mário Beja Santos)
e
13 de junho de 2018 > Guiné 61/74 - P18739: Historiografia da presença portuguesa em África (117): Uma reunião invulgar: a Conferência dos Administradores, Bissau, 1941 (3) (Mário Beja Santos)

quarta-feira, 13 de junho de 2018

Guiné 61/74 - P18739: Historiografia da presença portuguesa em África (118): Uma reunião invulgar: a Conferência dos Administradores, Bissau, 1941 (3) (Mário Beja Santos)



1. Mensagem do nosso camarada Mário Beja Santos (ex-Alf Mil, CMDT do Pel Caç Nat 52, Missirá e Bambadinca, 1968/70), com data de 6 de Fevereiro de 2018:

Queridos amigos,
Confesso que comecei a leitura deste documento na presunção de que se tratava de mais um texto de farronca e glorificação do senhor governador. Enganei-me redondamente. Primeiro, o senhor governador sabia da poda e desenhou um questionário primoroso, podia aquilatar, pelas respostas recebidas, da preparação dos seus colaboradores. Vive-se um período de guerra duríssima, as colónias francesas não obedecem ao governo de Vichy, é seguro que Salazar não queria que se levantassem ondas, dentro da sua neutralidade colaborante. O acervo informativo que o governador obteve não nos deixa aturdidos mas obriga-nos a pensar, a ver a realidade sobre vários prismas. Há administradores que falam em regeneração e ressurgimento do Império, outras há que sugerem, mesmo com punho de renda, que é necessário pôr termo à exploração desenfreada do indígena, e outros também se mostram dispostos a pôr as mãos na massa para melhorar a vida naquela parcela do Império, veja-se o que diz o administrador da circunscrição civil de Farim, recordo que estamos em 1941.

Um abraço do
Mário


Uma reunião invulgar: a Conferência dos Administradores, Bissau, 1941 (3)

Beja Santos

Do que me é dado saber, a conferência dos administradores que decorreu no início de Dezembro de 1941, por determinação do Governador, o então Capitão Ricardo Vaz Monteiro, foi a primeira iniciativa de auscultação das autoridades coloniais e altos funcionários mediante uma agenda previamente distribuída, tratou-se de um debate que permitiu ao governante tirar conclusões e publicar as memórias dos intervenientes. É surpreendente como este documento é praticamente ignorado quando encerra conhecimentos e desvela com relativa limpidez o que era a mentalidade colonial de então. A mentalidade e o nível de preparação dos quadros dessa administração.

Tenente-Coronel Ricardo Vaz Monteiro, fotografia inserta no livro “Guiné, alvorada do Império”, homenagem ao Engenheiro Raimundo Serrão, que foi Governador da Guiné depois do Comandante Sarmento Rodrigues.

Concluiu-se o apontamento anterior com referências a observações sobre a falta de conhecimentos dos nativos sobre a mancarra, reduzido a um puro objeto de negócio. Curiosamente, na sua memória o administrador da circunscrição de Cacheu também versa o assunto: “O indígena da colónia, na sua quase totalidade, encontra na cultura da mancarra o meio mais seguro de garantir a solvência do imposto político que é o mais quantioso das contribuições que os direitos de soberania lhe exigem”. E tem opinião também sobre a reformulação dos celeiros: “Os celeiros devem ser constituídos e localizados onde de facto possam melhor atender ao fim da assistência agrícola ao indígena. É preciso saber-se que para o Manjaco entregar de boa-fé uma parcela da sua colheita, carece de ganhar a certeza de que o régulo ou chefe, longe das vistas dele, não vai retirar dos celeiros comunais indígenas um bago de arroz ou um grão de mancarra. Desta sorte, os celeiros a constituir deverão sê-lo nas redes dos postos e das administrações”.

E tem também opinião sobre como melhorar a política indígena dos chegados e regulados, deixou escrito o seguinte na sua memória:
“Afigura-se-me que, fazendo afastar destas regiões os pretensos candidatos, depois de a autoridade administrativa verificar qual o indígena com direitos, de facto, à chefia ou regulado. Os régulos, nesta área administrativa, no geral, são impostos e pertencem a raça diferente: Mandingas, Fulas e Biafadas. As razões que a tal obrigam, desconheço-as.
Para mim, estas autoridades não são mais do que uns chefes de posto em miniatura, usufruindo de todos os benefícios consagrados a quaisquer régulos que tivessem ascendido aos lugares, por direito consuetudinário.
A estas ou a qualquer autoridade indígena, por desconfiança, não recorrem os Balantas, porque, delas, pouca justiça esperam e alcançam.
Para um indígena desta área administrativa, o régulo ou chefe é considerado, unicamente, como um elemento de ligação, entre ele e as autoridades.
Pouco sociáveis, com tendência para o isolamento, procuram encobrir todos os seus actos, a não ser nas festas de circuncisão ou batuques funerários, onde se reúnem em grande número. Nestas festas, fugindo ao habitual, cantam as suas proezas, principalmente o roubo, em que são peritos.
Fornecendo esses autos os elementos que conduzem Vossa Excelência a uma resolução rápida justa, creio que contribui, grandemente, para o sossego das populações. Digo assim, porque o indígena aprecia muito a resolução rápida das suas questões e a justiça da sentença, da qual tem uma intuição segura. Ele sabe apreciar e considerar a autoridade que, revestida de função julgadora, com equidade, soluciona os seus pleitos.
Afigura-se-me de manter as disposições da Reforma Administrativa Ultramarina no tocante a autoridades indígenas. Ao chefe de posto nunca deve ser atribuída tal competência nesta questão de política indígena, tão importante, que, a não ter uma orientação segura, provocaria grandes perturbações. De resto, este facto tem-se observado em determinados pontos da colónia por insuficiência de conhecimento do meio, mesmo por parte de alguns administradores”.

Da memória do administrador da circunscrição civil de Farim obtêm-se informações muitíssimo úteis. Logo sobre a cultura da mancarra, ele tece observações sobre o trabalho do cultivo e da colheita:
“A cultura da mancarra, em Farim, é feita quase exclusivamente por Mandingas e Mancanhas, que divergem, uns dos outros, na maneira de semear e até de colher aquele produto.
A maioria dos Mandingas faz as suas sementeiras em terras lisas e começa a colher a mancarra logo que cessam as chuvas para que a terra, ao secar, não lhe dificulte aquele trabalho nem o obrigue a maiores esforços.
O Mancanha prepara a terra convenientemente, faz as suas sementeiras em camalhões, o que é aconselhado pelos velhos tratadistas, e recolhe a mancarra da terra por meio de uma espécie de cava, muito depois de findas as chuvas. Este processo dá margem a que o produto se desenvolva mais racionalmente e tenha uma melhor aceitação no mercado.
Seria realmente interessante conseguir que o Mandinga extraísse a mancarra da terra na mesma ocasião em que o Mancanha o faz, e pelos mesmos processos que este adopta”.

E não menos interessante é o que ele escreve sobre a cultura do arroz:
“Conheço a cultura do arroz feita por chineses, japoneses, javaneses e timorenses e, interessou-me, por isso mesmo, conhecer os processos adoptados pelos indígenas da Guiné.
Toda a gente sabe que o chinês é, por excelência, o mestre desta cultura, que a estuda nos mínimos detalhes para tirar dela o melhor partido, na produção e qualidade.
Adopta, invariavelmente, o sistema dos alfobres, fazendo as transplantações na época devida, e por ser este o processo de obter um enraizamento da planta mais vigoroso, uma produção mais abundante e rápida.
O trabalho feito pelos agricultores indígenas de Catió, é perfeitamente idêntico ao que adoptam os lavradores chineses, na parte relativa ao estabelecimento dos alfobres e transplantação das plantas para os locais definitivos.
Diferem, unicamente, no preparo das várzeas, talvez porque não possuem gado em quantidade suficiente e devidamente amestrado para lavrá-las.
Quanto ao aumento da produção, ele depende, unicamente, da quantidade de semente que eles possuírem, das condições climatéricas e, sobretudo, de uma intensa fiscalização no acto do preparo das terras, para que a sua área seja aumentada.
Mas, se este meu modo de ver refere-se somente às regiões produtoras do arroz, outras terras há que podiam ser aproveitadas para o mesmo fim, desde que fossem dotadas com um sistema de irrigação, embora rudimentar.
Há, nas imediações do rio de Farim, quase me linha paralela com o seu curso, alguns milhares de hectares de terras que se prestam optimamente para a cultura do arroz, mas que não são exploradas nem aproveitadas por falta de água.
O rio Farim, cuja água é doce durante todo o ano, oferece vasta matéria-prima para a irrigação dos referidos terrenos, e as despesas a fazer com a realização desta obra pode dizer-se que seriam bastante diminutas.
Eu comprometer-me-ia a executá-la desde que possuísse uma bomba centrífuga movida a vapor ou electricidade, com a capacidade de rendimento preciso.
Seria esta a única despesa efectiva a fazer porque dispensavam-se canalizações condutoras de água e outros materiais acessórios.
E as regiões que se encontram abandonadas, que para nada têm servido até aqui, passariam a ter um desenvolvimento muito importante e a marcar um lugar de destaque no desenvolvimento económico da colónia.”

Este senhor administrador de Farim ainda tem mais coisas para dizer com propriedade e falta registar os comentários dos administradores do Gabu, Bula e Bijagós. Deixemos este registo para o próximo e último texto que se dedicou a esta conferência de que não se conhece antecedentes, pela qualidade e intensidade da informação carreada.

(Continua)

Quartel Militar em Bolama, fotografia de Francisco Nogueira, inserida no livro “Bijagós Património Arquitetónico”, Edições tinta-da-china, 2016.
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Nota do editor

Último poste da série de 6 de junho de 2018 > Guiné 61/74 - P18716: Historiografia da presença portuguesa em África (116): Uma reunião invulgar: a Conferência dos Administradores, Bissau, 1941 (2) (Mário Beja Santos)

quarta-feira, 6 de junho de 2018

Guiné 61/74 - P18716: Historiografia da presença portuguesa em África (117): Uma reunião invulgar: a Conferência dos Administradores, Bissau, 1941 (2) (Mário Beja Santos)



1. Mensagem do nosso camarada Mário Beja Santos (ex-Alf Mil, CMDT do Pel Caç Nat 52, Missirá e Bambadinca, 1968/70), com data de 31 de Janeiro de 2018::

Queridos amigos,
Tenho razões fundadas para considerar esta obra como de grande relevo para a compreensão da mentalidade colonial do início da década de 1940.
Desconheço inteiramente qualquer tipo de iniciativa governamental como esta, uma conferência bem organizada, foram enviados despachos para os administradores e altos funcionários e corrigiram-se elementos relevantes nas memórias produzidas. Poderá questionar-se por que razão o Capitão Vaz Monteiro não abordou obras públicas e comunicações. A resposta parece ser simples, se pensarmos que estamos no auge da guerra, não há dinheiro, pode mesmo tomar-se esta iniciativa como o fazer das tripas coração e aproveitar a boleia da austeridade como um novo vetor de importantes mudanças, que o governador reconhecia como urgentíssimas, desde a economia agrícola, à dinâmica exportadora e ao uso da língua portuguesa.
Uma grande surpresa, esta conferência para administradores, em 1941.

Um abraço do
Mário


Uma reunião invulgar: a Conferência dos Administradores, Bissau, 1941 (2)

Beja Santos

Não posso deixar de confessar a grande surpresa que foi a leitura deste documento que, tanto quanto me parece, tem passado despercebido aos estudiosos da Guiné. O Capitão de Artilharia Ricardo Vaz Monteiro foi Governador da Guiné entre 1941 e 1945. Não conheço nenhuma iniciativa precedente deste jaez. No final de 1941, mais propriamente entre os dias 3 e 8, o Governador que enviara um conjunto de despachos aos administradores de circunscrição e responsáveis pelos serviços públicos da colónia, na presença do Ministro das Colónias, Francisco Vieira Machado, abriu uma conferência que, no seu dizer, tinha de ser franca, seria permitido a cada um dos participantes dar parecer sobre a matéria dos despachos. É uma edição bem estranha, não se sabe quem é o responsável pela edição, onde e como foi publicada, tem uma capa singela intitulada Conferência dos Administradores, Atas das Sessões Realizadas em 1941, sob a Presidência do Governador da Colónia, Capitão Ricardo Vaz Monteiro, seguidas de Despachos e Memórias.

Impressiona a preparação do governador, a exaustão dos temas e a competência que mostra no final de cada um dos debates, foi esta a matéria do texto anterior cuja leitura se recomenda para que a leitura deste ganhe mais transparência.

Em Novembro desse ano, o governador enviara a todos os participantes um rol de despachos, abarcando matérias tão diversas como: sementes e culturas; licenças para o exercício do comércio fora das povoações comerciais; utilização dos serviços dos ajudantes de pecuária, fiscais do Conselho Técnico de Agricultura e guardas florestais; melhoramento das condições de exploração agrícola indígena; cultura do milho; exportação do gado bovino; produção de couros; apicultura; concessões de terrenos; língua portuguesa e religião dos portugueses; pomares, palmares, hortas e viveiros; aumento das manadas e melhoramento das espécies; política indígena dos chefados e regulados; projetos dos orçamentos privativos dos concelhos e das circunscrições civis.

Cada um dos despachos inclui reflexões. Só alguns exemplos.
No despacho n.º 1, sugeria-se a escolha em cada região dos campos de mancarra com melhor aspeto. Depois de escolhida e convenientemente seca esta mancarra, ela devia ser conservada nos celeiros comunais. E o governador avançava com desafios: “Os administradores devem propor as medidas que julgarem convenientes para se aumentar a produção da mancarra, quer por compra de semente, quer por exigência indígena de maiores quantidades para os celeiros. Os administradores devem dar parecer sobre a conveniência de se manterem os atuais celeiros individuais, de povoação, dos postos e das sedes de circunscrição”.
No despacho n.º 2, entre outras reflexões, havia esta: “Não se tem cumprido a exigência do aproveitamento do terreno das concessões e das propriedades. Este facto muito tem contribuído para que o melhoramento das condições económicas da Colónia venha sendo prejudicado desde há longos anos”.
No despacho n.º 13, referente à política indígena, punham-se questões muito concretas: “Qual a maneira de evitar que o regime de chefados e dos regulados não provoque a agitação constante que se nota entre os pretendentes e os seus partidários?” e pediam-se comentários à seguinte consideração: “Tanto no caso de haver sucessão pacífica de conformidade com o direito consuetudinário como nos casos em que resulte interregno ou haja litígio, a experiência aconselha que a nomeação destas autoridades gentílicas seja feita pelos chefes dos postos, pelos administradores, pela Repartição Central dos Serviços da Administração Civil ou pelos governadores”.

Se há já surpresa na natureza desta iniciativa, ao que se crê sem precedentes, se se perceciona o alto calibre dos despachos, lê-se também com grande surpresa os elementos carregados pelas memórias trazidas pelos administradores e altos funcionários dos Serviços da Administração. Matéria de maior interesse, escolhemos hoje um conjunto de elementos fornecidos por alguns administradores, deixando os restantes para um terceiro e último texto.

O administrador do concelho de Bissau, a propósito do exercício do comércio fora das povoações comerciais apresentou a seguinte proposta: fiscalizar a ação dos senhores feudais, dizendo explicitamente que “na área de Bissau existe uma propriedade medindo cerca de 546 hectares onde a fiscalização das autoridades não pode ser exercida devido à oposição do proprietário. Neste vasto feudo, o seu detentor chega ao ponto de protestar pelos impostos que incidem sobre os seus (!) indígenas”. E foi opinativo sobre o crioulo: “O crioulo da Guiné, que difere do crioulo de Cabo Verde, é constituído por vocábulos diversos do português arcaico, inglês, francês, espanhol, línguas étnicas, dos povos que têm exercido influência na colonização da Guiné. Em nossa opinião, só uma ação persistente das autoridades e a criação de escolas móveis conduzirão o indígena, no fim de um certo número de anos, a familiarizar-se com a língua portuguesa”.

O administrador do concelho de Bafata observou que: “80% dos indígenas não sabem para que queremos nós a mancarra que lhe compramos e os restantes dirão que é para a comermos. Evidentemente que não se apercebe da conveniência em a apresentar livre de impurezas e com melhor aspeto. O que sabe é que isso representa para ele, um acréscimo de trabalho e uma diminuição de proventos. Se o comerciante lhe apresenta à venda em más condições, este habituar-se-ia a apresentá-los limpos, por fim convencido de que com má apresentação os não conseguimos vender em parte nenhuma, mas uma parte do comércio compra tudo: pedras, paus, terra e cascas”.

Veremos então no próximo texto outras observações e comentários de administradores de circunscrição, não se pode negar que se trata de um repositório invejável de notas que permitem, de algum modo, ajudar a qualificar a administração colonial na Guiné, no início dos anos 1940.




Nota:
Estas imagens foram retiradas da revista Defesa Nacional, um número de 1946 dedicado às comemorações do V Centenário da descoberta da Guiné, a primeira imagem é hoje um clássico, o soldado vigilante na fortaleza da Amura, a segunda mostra os bijagós à volta de um momento dedicado à pacificação e a terceira é para mim um achado, sempre ouvi falar nos cristãos de Geba e na importância da paróquia de Geba, nunca vira qualquer fotografia, a minha curiosidade está satisfeita.

(Continua)
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Notas do editor:

Poste anterior de 16 de maio de 2018 > Guiné 61/74 - P18641: Historiografia da presença portuguesa em África (114): Uma reunião invulgar: a Conferência dos Administradores, Bissau, 1941 (1) (Mário Beja Santos)

Último poste da série de 17 de maio de 2018 > Guiné 61/74 - P18644: Historiografia da presença portuguesa em África (115): Otto Schacht, um comerciante alemão, que deu dores de cabeça às autoridades da colónia e à diplomacia portuguesa... e que terá sido avô de um outro Otto Schacht, futuro dirigente do PAIGC, assassinado em 14 de novembro de 1980, data do golpe de Estado de 'Nino' Vieira (Armando Tavares da Silva)

quarta-feira, 16 de maio de 2018

Guiné 61/74 - P18641: Historiografia da presença portuguesa em África (115): Uma reunião invulgar: a Conferência dos Administradores, Bissau, 1941 (1) (Mário Beja Santos)



1. Mensagem do nosso camarada Mário Beja Santos (ex-Alf Mil, CMDT do Pel Caç Nat 52, Missirá e Bambadinca, 1968/70), com data de 31 de Janeiro de 2018::

Queridos amigos,

Nunca me fora dado ler um relato de uma reunião com tanto detalhe, debates abertos entre o governador, altamente documento, e os administradores de circunscrição, presentes na conferência chefes de serviço. Passou-se a pente fino um conjunto de dossiês, com relevância para a economia agrícola, mais que compreensível, estávamos a chegar ao auge da guerra, exigia-se que a colónia produzisse num máximo de autossuficiência que adquirisse um outro elã exportador. Nessa economia agrícola, falou-se de tudo, da seleção de sementes, da apicultura, dos preços do arroz, das charruas, das queimadas e da reflorestação, das hortas e pomares. Mas também da língua portuguesa, da ereção de mais igrejas e da política indígena relacionada com a escolha dos régulos.

Ricardo Vaz Monteiro sai muto bem neste retrato: competente, senhor do seu papel de governador, eivado de nacionalismo. É bem provável que tenha sido ele a impulsionar este livrinho, sem data, sem editor, bem discreto, mas que revela que há mais de três lustros a Guiné já não tinha governadores de farsa, militares que estava ali de passagem, o seu mandato foi de 1941 a 1945, segue-se o ilustríssimo comandante Sarmento Rodrigues.

Um abraço do
Mário


Uma reunião invulgar: a Conferência dos Administradores, Bissau, 1941 (1)

Beja Santos

Estamos no início de Dezembro de 1941, o enorme conflito bélico que avassala a Europa e os territórios da União Soviética dá uma nova guinada, ao tempo ainda não se sabe que é determinante: os japoneses atacam a marinha norte-americana em Pearl Harbor e Hitler declara guerra aos Estados Unidos. A vida da colónia na Guiné tem restrições severas, a França capitular e o Reino Unido resistia às investidas alemãs, as exportações, o comércio em geral, viviam mais do contrabando e as receitas do Estado minguavam.

É governador da colónia o capitão Ricardo Vaz Monteiro, dá-se a singularidade de estar entalado entre duas figuras que ganharam projeção, antes, Carvalho Viegas, que se lançou afanosamente nas obras públicas, e Sarmento Rodrigues, que traz uma estratégia distinta para a colónia: desenvolvimento, saúde, mais administração, um projeto para a educação e cultura.

A bibliografia sobre Ricardo Vaz Monteiro é escassa, e daí a imensa curiosidade em ler uma obra de apresentação quase anódina intitulada: Império Colonial Português, Colónia da Guiné, Conferência dos Administradores, 1941, evento que se iniciou em 3 de Dezembro e encerrou no dia 9, eles não sabiam que dois dias antes a Força Aérea Japonesa se lançara com grande ferocidade sobre as embarcações de guerra norte-americanas no Havai.

Estão presentes na cerimónia de abertura o Ministro das Colónias, Francisco José Vieira Machado, a autoridade religiosa, os administradores de circunscrição e o alto funcionalismo guineense. Pretendia o Governador que os participantes expusessem livremente as suas opiniões, de acordo com um guião temático previamente distribuído.

Feitas as saudações iniciais, arrancam as interpelações com a questão das sementes, como aumentar a produção, que celeiros existem, a mancarra é tema central. Pronunciam-se os administradores de Bafatá, Bissau, Cacheu, Farim, Bijagós e Buba. Fica-se a saber que havia experiências com adubos, tinham sido distribuídos pela firma António da Silva Gouveia, experiências improfícuas, os indígenas olharam-nos com relutância.

O Governador diz ser indispensável organizar estatísticas, os elementos existentes não eram fiáveis. Segundo ele, deviam estabelecer-se celeiros para a escolha e guarda de sementes selecionadas, ficando as autoridades com a obrigatoriedade de incutir nos indígenas o espírito de previdência. E sentenciou que quando a quantidade de sementes se revelar insuficiente deverá recorrer-se a compras feitas pela Estado.

Segundo o secretário que fez a ata, “Sua Excelência faz várias considerações acerca do tratamento a dar aos indígenas, os quais devem ser tratados com toda a humanidade, mantendo-se, em todas as circunstâncias, o prestígio das autoridades, com justiça e isenção de proceder, tanto quanto possível, pela bondade, mas sem recuar diante do emprego de medidas enérgicas de excepção, paternalmente aplicadas, quando necessário”.

Na manhã de 4 de Dezembro retomam-se os temas agrícolas, há novo debate sobre a seleção de sementes. Refere-se que a mancarra da Guiné é de muito boa qualidade, e nalguns anos a mancarra não tem tal nível não se deve atribuir a má qualidade da semente, deve ter-se em conta as condições climatéricas e da maior ou menor abundância das chuvas. Fica claro que a boa seleção das sementes abarca a vagem, a planta e o grão. Segue-se um debate sobre o preço do arroz, são por vezes enormes as distâncias para o distribuir, os revendedores tinham de suportar despesas com a camionagem. O governador apela ao diálogo com os comerciantes, o preço do arroz não podia estar sujeito a especulações, era o bem de consumo essencial por excelência.
Depois o Governador consulta dos administradores, pretendia saber como estavam a ser evitadas as camadas e conservadas as matas, deixou o seguinte comentário: “Convirá que tudo se faça para plantar muitas árvores, porque do maior ao menor desenvolvimento florestal, tudo depende da maior ou menor abundâncias de chuvas”. E mostrou-se firme na crítica quanto à devastação das florestas feitas ao abrigo de licenças para corte de madeira, tanto de bissilão e alfarroba de lala para exportação como de outra árvores destinadas a madeira e lenha.
As interpelações mudaram de rumo, para o desenvolvimento agrícola. Fica-se a saber que havia na altura 150 charruas no Gabu que não eram utilizadas porque não havia gado nem pessoal adestrados para o seu uso. Vários participantes lembraram as dificuldades que existiam na lavoura mecânica a tração animal.

Na manhã de 5 de Dezembro, a conversa entrou diretamente na cultura do milho, debate com muitos pormenores, havia uma perceção geral de que o milho era muito importante mas só para o autoabastecimento. Na manhã seguinte, se dúvidas houvessem de que o governador estava muitíssimo bem informado, elas dissiparam-se. Falou com largueza de conhecimentos da exportação dos couros e do gado bovino, passou para a apicultura, e interpelou qual das duas produções seria mais vantajosa para a economia da colónia, o mel ou a cera. É útil transcrever o que o secretário registou na ata: “O Governador questionou o Administrador de Bissau se o indígena apresentava a cera preparada em pães ou gamelas ou se é o comércio quem prepara a cera. O administrador informou que o indígena apresenta a cera já moldada em pães e com algum preparo. O governador desejou saber se a cresta é feita antes ou depois da enxameação, o administrador respondeu que é antes da enxameação e que o processo usado é pernicioso porque destrói os enxames visto que os indígenas praticarem a extracção do mel e da cera servindo-se do fogo, matando, assim a maior parte das abelhas”.

Isto foi o que se passou de manhã, à tarde a conversa mudou de rumo, orientou-se para a língua portuguesa e para a religião dos portugueses. Tudo começou com uma vasta apreciação de projetos para as igrejas nos locais mais significativos da colónia. O administrador de Cacheu disse que os professores falavam português e pediu ao Governador que fosse instituída uma missão católica portuguesa junto dos Felupes, a raça mais atrasada da sua circunscrição, para contrabalançar a ação missionária francesa da zona fronteiriça. Ficou-se a saber que ao nível da tropa eram os cabos que falavam em português e ensinavam a língua aos recrutas.

O Capitão dos Portos sugeriu que fossem proibidos no comércio os termos “pesos” e “patacões” como moedas e “jardas” como medida métrica.

O Governador considerou, após ouvir todas as apreciações e comentários que se podia assentar num programa para o próximo ano com o fim nacionalista de difundir pela colónia a língua e região de Portugal, deviam ser criados postos de instrução destinados a ensinar o indígena a falar português e a rezar como os portugueses.

No penúltimo dia da conferência, falou-se de hortas e pomares, viveiros e coleiras. O Administrador de Bafatá referiu que todas as tentativas para introduzir a cultura da coleira, mesmo entre as populações que fazem grande consumo da cola, têm sido infrutíferas. Das hortas e pomares passou-se para o gado cavalar e asinino, disseram-se coisas preocupantes. Por exemplo os indígenas do Gabu não compravam éguas para reprodução gostavam de adquirir os cavalos quase sempre no território francês, por luxo e para mostrar grandeza. O gado tendia a diminuir e houve mesmo quem predicasse as consequências do seu desaparecimento. Em termos de sugestões, o governador pediu que se incutisse lentamente no espírito dos indígenas a ideia de indústria pecuária, orientar a indústria para o bovino, e que se pensasse na distribuição do leite nas regiões próximas dos lugares mais importantes.

A conferência encerra com temas de política colonial, a pensar nos regulados. O Governador procurou deixar claro que a Reforma Administrativa Ultramarina dava competência aos administradores para investir chefes gentílicos na sua autoridade mas não lhes dava competência para escolher ou nomear os régulos, que são de sucessão hereditária, direta ou colateral, segundo os costumes locais, o governador tem o direito de escolher entre os parentes mais próximos quando o herdeiro não convenha à administração. E sublinhou que os administradores não podiam escolher ou nomear régulos, eram competência exclusiva do governador. O administrador de Bafatá falou da escolha do régulo de Badora, era um alferes de segunda linha com relevantes serviços prestados ao governo nas campanhas em que tomara parte, o que não acontecia com os filhos e sobrinhos do régulo.

E o último ponto da agenda derivou para as receitas e impostos da colónia. O que se passou nesta conferência de Dezembro de 1941 não se confina à síntese que aqui se fez das atas, vai-se seguir documentação como os despachos que encerram matéria do maior interesse.




Imagens retiradas do livro Guiné Portuguesa, II Volume, por Luís Carvalho Viegas, 1936

(Continua)
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Nota do editor

Último poste da série de 9 de maio de 2018 > Guiné 61/74 - P18617: Historiografia da presença portuguesa em África (113): Uma rivalidade bancária que ajuda a compreender a História da Guiné (Mário Beja Santos)

segunda-feira, 20 de novembro de 2017

Guiné 61/74 - P17992: Agenda cultural (607): Conferência subordinada ao título, "Na peugada de Henrique Senna Fernandes", tendo como orador o Eng.º António Estácio, a ter lugar no dia 23 de Novembro de 2017, pelas 17h30, no Auditório Adriano Moreira da Sociedade de Geografia de Lisboa

C O N V I T E 



1. Mensagem do nosso amigo tertuliano e camarada António Estácio, guineense, nado e criado em Bissau, ex-alf mil em Angola (1970/72), com data de 11 de Novembro de 2017:

Será um imenso prazer poder contar com a tua presença, no próximo dia 23 de Novembro, pelas 17,30 horas no Auditório "Adriano Moreira", a fim de recordar a memória do Dr. Henrique de Sena Fernandes, que será homenageado com a minha palestra.

Como tal ficar-vos-ei imensamente grato.
António J. Estácio

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Breve nota biográfica de António Estácio:
(i) é lusoguineense, nascido em 1947, e criado no chão de Papel, em Bissau, com raízes transmontanas, tendo vivido também em Bolama;
(ii) formou-se como Engenheiro Técnico Agrário (Coimbra, 1964-1967, Escola de Regentes Agrícolas, depois de frequentar o Liceu Honório Barreto;
(iii) fez a tropa (e a guerra) em Angola, como alferes miliciano (1970/72);
(iv) trabalhou depois em Macau (de 1972 a 1998);
(v) vive há quase duas décadas em Portugal;
(vi) tem-se dedicado à escrita, dois dos seus livros mais recentes narram as histórias de vida de duas "Mulheres Grandes" da Guiné, a cabo-verdiana Nha Carlota (1889-1970) e a guineense Nha Bijagó (1871-1959);
(vii) o seu livro mais recente (2016, 491 pp.), de temática guineense, tem como título "Bolama, a saudosa", edição de autor;
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Nota do editor

Último poste da série de 20 de novembro de 2017 > Guiné 61/74 - P17990: Agenda cultural (606): Uma grande festa de amor, amizade e camaradagem, a do lançamento do livro "A Caminho de Viseu", do Rui Alexandrino Ferreira, nas instalações do RI 14, Viseu, em 4 do corrente

segunda-feira, 24 de abril de 2017

Guiné 61/74 - P17280: Agenda cultural (555): No dia 29 de Abril de 2017, Conferência no Paço dos Duques de Bragança, em Guimarães, intitulada "1817 - Uma Investigação Completa", a cargo do nosso camarada Coronel António José Pereira da Costa



No dia 29 de Abril, inserida na comemoração do Dia Internacional do Livro, iniciativa da Direcção da Sociedade Martins Sarmento, pelas 16h00 haverá uma Conferência no Paço dos Duques de Bragança, em Guimarães, a cargo do nosso camarada Coronel António José Pereira da Costa, intitulada "1817 - Uma Investigação Completa".

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Notas do nosso camarada Pereira da Costa:

- Raul Brandão foi Cap. Inf.ª e reformou-se em 1912. 
- O livro de que vou falar foi terminado em 1913 e corresponde a uma fase de patriotismo que varreu a sociedade portuguesa após o 5 de Outubro de 1910.
- Raul Brandão escreveu, nesta fase: "El-Rei Junot", "1817 - A Conspiração de Gomes Freire" e um prefácio para o "Cerco do Porto" do coronel britânico Hugh Owen.
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Nota do editor

Último poste da série de 22 de abril de 2017 > Guiné 61/74 - P17269: Agenda cultural (554): 500 fotos, algumas das quais para a História... Exposição de Alfredo Cunha, o nosso grande fotojornalista, na Cordoaria Nacional, em Lisboa, até 3.ª feira, 25 de abril, entrada livre

domingo, 24 de maio de 2015

Guiné 63/74 - P14657: Filhos do vento (31): Festival Rotas e Rituais, 2015: 22 de maio > Conferência "Filhos da Guerra": vídeo com a intervenção de Rafael Vale e Reis, especialista em bioética e direito da família ("Filhos do Vento: direito ao conhecimento das origens genéticas ?")



[ Pode-se aumentar o volume de som, clicando na imagem, em baixo, à direita]


1. Lisboa,  Cinema São Jorge, Festival Rotas e Rituais, 2015 > 22 de maio: conferência "Filhos da Guerra". Intervenção de Rafael Vale e Reis ("Filhos do Vento; direito ao conhecimento das origens genéticas ?")

Na mesa, da esquerda para a direita:

(i) Catarina Gomes (jornalista do Público, organizadora e moderadora do painel);

(ii) Margarida Calafate Ribeiro (professora e  investigadora-coordenadora no Cen­tro de Estu­dos Soci­ais da Uni­ver­si­dade de Coim­bra, autora dos  livros "África no femi­nino: as mulhe­res por­tu­gue­sas e a Guerra Colo­nial" (2007); "Uma his­tó­ria de regres­sos: impé­rio, Guerra Colo­nial e pós-colonialismo" (2004);  e ainda, em con­junto com Roberto Vec­chi,  "Anto­lo­gia da memó­ria poé­tica da guerra colo­nial" (2011); entre 2007 e 2011, coor­de­nou o pro­jecto "Os filhos da guerra colo­nial: pós-memória e representações");

(iii) Luís Graça (na qualidade de editor do blogue Luís Graça &  Camaradas da Guiné);

(iv) e Rafael Vale e Reis (especialista em bioética e direito da família, Universidade de Coimbra).(*).

Rafael Vale e Reis é assis­tente con­vi­dado da Facul­dade de Direito da Uni­ver­si­dade de Coim­bra e inves­ti­ga­dor do Cen­tro de Direito Bio­mé­dico da Facul­dade de Direito, da Uni­ver­si­dade de Coim­bra. Inte­gra a equipa do Obser­va­tó­rio Per­ma­nente para a Adop­ção no âmbito do Cen­tro de Direito da Famí­lia da Facul­dade de Direito de Coim­bra. É autor de "O Direito ao Conhe­ci­mento das Ori­gens Gené­ti­cas", publi­cado em livro pela Coim­bra Edi­tora em 2008.)(**).

Dos camaradas e amigos da Tabanca Grande, estiveram presentes, além do nosso editor, a Maria Alice Carneiro (que fez este vídeo), o Jorge Cabral, o Hélder Sousa, o Mário Gaspar, e o José António Viegas, algarvio. O  Jorge Cabral e o Mário Gaspar fizeram ntervenções no fim,

2. Sobre este tema, está a decorrer uma sondagem, desde hoje. A pergunta é: 

OS "NOSSOS FILHOS DA GUERRA" DEVERIAM PODER TER ACESSO À NACIONALIDADE PORTUGUESA

A resposta é dada através de uma escala de Likert (Vd. coluna do lado esquerdo, ao alto):

1. Discordo totalmente

2. Discordo

3. Não discordo nem concordo /Não sei

4. Concorrdo

5. Concordo totalmente

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domingo, 16 de novembro de 2014

Guiné 63/74 - P13902: Ser solidário (173):1ª Conferência Internacional de Arquitetura e Urbanismo na Guiné-Bissau, Bissau, 26-29 de novembro de 2014: adiada para data a anunciar, por razões de força maior (epidemia de ébola e dificuldades com as ligações aéreas) (NUGAU - Núcleo Guineense de Arquitetura e Urbanismo, Odivelas)

Micrografia electrónica do vibrião do vírus Ébola. 
USA

1. Mensagem de NUGAU - Núcleo Guineense de Arquitetura e Urbanismo, sediado em Odivelas:

 Data: 29 de Outubro de 2014 às 21:49

Assunto: CIAU2014_GB | Informação Importante


Excelências,

Há seis meses anunciamos a CIAU2014_GB, para 26-29 de Novembro do ano corrente (*), evento que há mais de um ano tínhamos vindo a preparar. A menos de um mês desta data vemo-nos forçados a fazer um novo anúncio:

O NUGAU vem pela presente informar a todos os seus parceiros, investigadores, participantes, simpatizantes e a todo o público em geral sobre a alteração da data da realização da CIAU2014_GB.

As razões que nos levam a tomar essa posição estão relacionadas com a preocupação e respeito que temos para com os nossos parceiros e os participantes. (**)

Tendo em consideração os seguintes fatores:

Avião da TAP em Bissau, 21 de abril de 2006. Foto de Hugo
Costa (2006) / Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné

- o adiamento de retoma do voo da TAP para  Bissau para finais de Dezembro, obrigaria os participantes a terem de fazer escalas em países vizinhos tornando longa e desconfortável a viagem;

- porém, a maior preocupação reside na questão da epidemia de ébola que neste momento ameaça a costa ocidental africana e o mundo em geral, cujo epicentro são os países vizinhos da Guiné-Bissau, daí a nossa preocupação com as escalas em países vizinhos.

Assim, como já observamos, por respeito e pela segurança dos nossos parceiros e dos participantes e pelo fato de haver um preocupante estado de alerta mundial sobre a epidemia de ébola, o NUGAU decidiu adiar a data da realização da CIAU2014_GB para os próximos seis meses.

Todavia, por causa de todo o trabalho feito e de todos os envolvidos, o NUGAU vai realizar no dia 26 de Novembro do corrente, uma conferência, onde anunciará a data da realização da CIAU, e que contará com a presença da Sua Ex.cia Sr Primeiro-Ministro da Guiné-Bissau, Engº Domingos Simões Pereira e Sr Ministro das Obras Públicas, Construção e Urbanismo, Engº. José António Almeida.

Continuamos a contar sempre com o vosso apoio e interesse e com a vossa participação neste evento que não desvirtuará de forma nenhuma os ideais perseguidos até agora pelo NUGAU.

Sem mais de momento, agradecendo a vossa compreensão, enviamos os nossos mais cordiais cumprimentos.

NUGAU

Site: http://nucleonugau.wix.com/nugau

Blog: ciau2014gb.blogspot.pt

E-mail: nucleo.nugau@gmail.com
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Notas do editor:


quinta-feira, 29 de novembro de 2012

Guiné 63/74 - P10738: Agenda Cultural (239): Ciclo de Conferências-debate Os Açores e a Guerra do Ultramar - História e Memória(s) - 1961-1974 (Carlos Cordeiro) (13): "Os Comandos em África", a proferir pelo Major-General Luciano Garcia Lopes, dia 30 de Novembro de 2012, pelas 17h30, no Anfiteatro C da Universidade dos Açores.

1. Mensagem com data de 28 de Novembro de 2012 do nosso camarada Carlos Cordeiro (ex-Fur Mil At Inf CIC - Angola - 1969-1971), actualmente Professor na Universidade dos Açores e coordenador do ciclo de conferências-debate "Os Açores e a Guerra do Ultramar História e Memória(s) - 1961 - 1974*:

Caríssimo Carlos,
Continuamos com o ciclo de conferências aqui na Universidade dos Açores.
Desta vez, será o Major-General Comando, Luciano Garcia Lopes (comandou a 15.ª CCMDS na Guiné) a intervir, precisamente sobre o papel das tropas Comando na Guerra do Ultramar.
A sessão terá lugar na próxima 6.ª feira (30), pelas 17H30, no pólo de Ponta Delgada da Universidade dos Açores (anfiteatro C).
Agradecia-te o favor de, se possível, a divulgares aí no blogue.

Um abraço amigo do
Carlos Cordeiro


Ciclo de conferências-debate Os Açores e a Guerra do Ultramar - 1961-1974 História e memória(s)

No âmbito do ciclo de conferências-debate “Os Açores e a Guerra do Ultramar – 1961-1974: história e memória(s)”, Luciano Garcia Lopes, Major-General “Comando”, na reforma, – proferirá, no próximo dia 30 de Novembro (6.ª feira), a conferência “Os Comandos em África”.

Meio século passado sobre a formação dos primeiros grupos das tropas Comando, as comissões científica e organizadora do ciclo de conferências¬ debate decidiram integrar esta conferência no ciclo comemorativo do 50.º aniversário dos Comandos, que teve o seu momento alto com a abertura das comemorações nacionais, em 29 de Junho de 2012. No decorrer da sessão, antigos militares Comando que estiveram em campanha em Angola, Guiné e Moçambique prestarão breves depoimentos sobre as suas experiências na guerra do Ultramar.

O evento terá lugar no anfiteatro “C” do Pólo de Ponta Delgada da Universidade dos Açores, com início pelas 17H30, e estará aberto à participação de todas as pessoas interessadas.

Com início em Maio do ano transato, esta é a nona conferência do ciclo de conferências - debate “Os Açores e a Guerra do Ultramar – 1961¬ 1974: história e memória(s)”, uma organização do Centro de Estudos Gaspar Frutuoso do Departamento de História, Filosofia e Ciências Sociais da Universidade dos Açores.



Breve nota biográfica do Major-General Luciano Garcia Lopes

O Major-General Luciano de Jesus Garcia Lopes nasceu na vila do Nordeste em 25 de Dezembro de 1942.

Ingressou na Academia Militar em 1960, onde concluiu a licenciatura em Ciências Militares na arma de infantaria.

Posteriormente obteve outras qualificações, nomeadamente, o Curso de Comandos, Curso de Promoção a Oficial Superior, Curso Superior de Comando e Direcção e Auditor do Curso de Defesa Nacional 92/93.

Desempenhou diversas funções, de que se destacam as mais importantes: Instrutor do Curso de Oficiais Milicianos/Curso de Sargentos Milicianos, Curso de Promoção a Capitães e Tirocínio na Escola Prática de Infantaria, cursos de comandos e operações especiais no Centro de Instrução de Operações Especiais, comandante de companhia, comandante da 1ª Divisão da PSP do Porto, 2º comandante do Regimento de Comandos, comandante do Regimento de Infantaria do Porto, sub-director do Instituto Militar dos Pupilos do Exército, comandante da Escola Superior Politécnica do Exército e comandante da Zona Militar dos Açores.

Cumpriu duas comissões de serviço no ex-ultramar português, uma na Guiné no comando da 15ª Companhia de Comandos e a outra em Moçambique na 5ª Companhia de Comandos de Moçambique.

Por limite de idade passou à situação de reserva em 2001 e de reforma em 2006. É detentor de numerosos louvores e foi agraciado com diversas condecorações, das quais se destacam: Medalha de Ouro de Serviços Distintos, Medalha de Prata de Serviços Distintos com Palma, Medalha de Serviços Distintos da PSP, Ordem da Liberdade, grau Cavaleiro e duas medalhas de Mérito Militar.
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Nota de CV:

(*) Vd. último poste da série de 26 de Junho de 2012 > Guiné 63/74 - P10077: Agenda Cultural (206): Ciclo de Conferências-debate Os Açores e a Guerra do Ultramar - História e Memória(s) - 1961-1974 (Carlos Cordeiro) (12): Açorianos na Guerra do Ultramar: memórias no feminino

Vd. último poste da série de 28 de Novembro de 2012 > Guiné 63/74 - P10733: Agenda cultural (238): Histórias da guerra colonial, com Jaime Froufe Andrade e Onofre Varela, no Centro Republicano e Democrático de Fânzeres, Gondomar, 30 de novembro, 6ª feira, 21h30 (Juvenal Amado / Sousa de Castro)

terça-feira, 26 de junho de 2012

Guiné 63/74 - P10077: Agenda Cultural (206): Ciclo de Conferências-debate Os Açores e a Guerra do Ultramar - História e Memória(s) - 1961-1974 (Carlos Cordeiro) (12): Açorianos na Guerra do Ultramar: memórias no feminino

1. Mensagem com data de 26 de Junho de 2012 do nosso camarada Carlos Cordeiro (ex-Fur Mil At Inf CIC - Angola - 1969-1971), Professor na Universidade dos Açores e coordenador do ciclo de conferências-debate "Os Açores e a Guerra do Ultramar História e Memória(s) - 1961 - 1974*:

Caríssimo Carlos,
É para fazeres o favor de, se possível, divulgares esta conferência da Prof.ª Doutora Susana Serpa Silva, da Universidade dos Açores, que falará sobre "Açorianos na Guerra do Ultramar: memórias no feminino", satisfazendo um apelo já por várias vezes suscitado por camaradas em sessões anteriores.

Um grande abraço amigo do
Carlos




“Açorianos na Guerra do Ultramar: memórias no feminino”

Pela Prof.ª Doutora Susana Serpa Silva

No âmbito do ciclo de conferências-debate “Os Açores e a Guerra do Ultramar: história e memória(s) – 1961-1974”, a Prof.ª Doutora Susana Serpa Silva, da Universidade dos Açores, apresentará, no próximo dia 29 do corrente (sexta-feira) a conferência “Açorianos na Guerra do Ultramar: memórias no feminino”.

Sendo certo que eram do sexo masculino os militares que intervieram na Guerra do Ultramar, o facto é que, na retaguarda – ou mesmo, em não raros casos, acompanhando os maridos nos mais recônditos aquartelamentos no meio do nada – as mulheres – mães, esposas, filhas, irmãs, noivas – resistiram, em mistos de coragem e ansiedade, medo e esperança, desânimo e fé, à incerteza do regresso, sãos e salvos, dos seus entes queridos.

Tendo em consideração esta realidade, a historiadora Susana Serpa Silva lançou o desafio a um grupo de mulheres açorianas que tiveram familiares na Guerra do Ultramar no sentido de “revisitarem” as suas memórias daquele período tão marcante das suas vidas, demasiadas vezes transportando consequências dramáticas que o próprio tempo não apagou.

É o resultado dessa investigação, pioneira nos Açores, que a Prof.ª Susana Serpa Silva irá partilhar com o público interessado, em especial com os antigos combatentes e seus familiares.

A sessão, aberta, como habitualmente, a todas as pessoas interessadas, terá lugar no Anfiteatro “C” do pólo de Ponta Delgada, com início pelas 17H30 do dia 29 do corrente.




Susana Serpa Silva é professora da Universidade dos Açores, onde se doutorou em História

Contemporânea. Integra, como investigadora, o Centro de História de Além-Mar, da Universidade Nova e Universidade dos Açores – onde coordena a Linha de Investigação Dinâmicas e Contextos do Colonialismo Português na Época Contemporânea – o Centro de Estudos Gaspar Frutuoso, da Universidade dos Açores, e o Laboratório de Estudos de Emigração, da Universidade do Estado do Rio de Janeiro.

É autora ou coautora de diversos livros e de artigos publicados em revistas científicas nacionais e internacionais.

Tem integrado equipas de diversos projetos de investigação científica nas áreas da sua especialidade.
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Notas de CV:

(*) Vd. poste de 30 de Março de 2012 > Guiné 63/74 - P9682: Agenda Cultural (191): Ciclo de Conferências-debate Os Açores e a Guerra do Ultramar - História e Memória(s) - 1961-1974 (Carlos Cordeiro) (11): Que promessa?, pela Prof.ª Doutora Gabriela Castro, dia 30 de Março de 2012 no Anfiteatro B da Universidade dos Açores

Vd. último poste da série de 31 de Maio de 2012 > Guiné 63/74 - P9971: Agenda cultural (205): Convite para o lançamento do livro "A Viagem do Tangomau", de Mário Beja Santos, dia 19 de Junho de 2012 no Auditório da Associação Nacional das Farmácias em Lisboa