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domingo, 18 de junho de 2023

Guiné 61/74 - P24409: Efemérides (397): 17 de Junho, o Dia da Consciência, em memória de Aristides Sousa Mendes (João Crisóstomo, Nova Iorque) - Parte II: enviadas cartas às conferências episcopais de 71 países


O ativista luso-americano João Crisóstomo
1. Mensagem do João Crisóstomo, com data de 17 do corrente, às 13h36:

Caro Luís Graça,

Obrigado por decidires falar do Dia da Consciência (*), a meu ver pertinente no blogue pela sua ligação com o nosso Aristides.

Curiosamente, como vês, foram várias as respostas das conferências episcopais mundo fora que contactei e que decidiram contactar todas as dioceses desses países, conforme o que eu podia.

No caso de Portugal tive mesmo de contactar eu mesmo as dioceses individualmente. Já são vários os anos em que tenho contactado a nossa conferência episcopal portuguesa , sem nunca ter recebido qualquer resposta. Desta vez quando fui a Portugal fui mesmo a Leiria pessoalmente falar 
com o presidente da conferência episcopal portuguesa . Fui "muito bem recebido” , mas 
no fim sem qualquer resultado…

Se eu não tivesse contactado individual e directamente as dioceses (excepto a de Leiria , pois tinha falado pessoalmente com Dom Ornelas), o “dia da Consciência" e Aristides de Sousa Mendes teriam sido ignorados. Diz o ditado que "Santos da Casa Não Fazem Milagres"... É mesmo verdade.

Depois de ter enviado recebi mais algumas respostas (menos do que esperava, mas também sei que alguns E-mails não me chegam ficando pelo caminho como tento verificado por vezes).

De Portalegre/Castelo Branco; as conferências episcopais da India e outros que manifestaram intenção, mas não recebi nada mais, pelo que assumo que as respostas (se realmente as mandaram,) ficaram pelo caminho. 

Envio-te alguns exemplos pelo especial interesse neles manifesto: Coreia (carta abaix ) e um trabalho que saiu no Jornal da Madeira pelo empenho do Senhor Bispo Dom Nuno, antigo bispo auxiliar em Lisboa. E um Press release da IRWF, que a incluiu na sua lista de subscritores:


Vaticano, Agosto de 2017: I “Dia da Consciência” foi  um assunto do encontro 
entre o Cardeal Pietro Parolin, Secretário de Estado da Santa Sé
e o ativista João Crisóstomo.


2. Cópia da carta, inglès,  enviada para 71 países, dirigida à respetiva Conferência Episcopal, pelo João Crisóstomo, fundador e coordenador do Projeto do Dia da Consciência, assinada também pelos cofundadores e coordenadores, luso-americanos, Mariana Abrantes e Miguel Ávila:

Excellence… Eminence

As a follow up of a previous letter I sent to Your Episcopal Conference, I would like to ask again for your your support and participation in the celebration of the "Day of Conscience" on June 17.

Three years ago, on June 17 2020, His Holiness Pope Francis, after mentioning that Day as “The Day of Conscience”, encouraged “every Christian to give the example of the consistency of an upright conscience enlightened by the Word of God”.

There is a reason to remember and celebrate June 17 as the Day of Conscience in the world, a project I am involved with since 2004, on the 50th anniversary of the death of Aristides de Sousa Mendes, whose name and courage were recalled by His Holiness on the same day of June 17 2020.

On June 17 1940, in the middle of the World War II, the Portuguese Consul in Bordeaux, France, Aristides de Sousa Mendes, disobeying his government but obeying his CATHOLIC CONSCIENCE, decided to give transit visas, and thus saving their lives, to many thousands of people fleeing ahead of the Nazi army occupying France, many of them Jews. For this Consul Sousa Mendes was dismissed from the diplomatic corp and died in poverty on April 3, 1954.

Greatly encouraged by Pope Francis and emboldened by His words, we want to continue promoting the “Day od Conscience” as we believe that the Catholic Church should lead this renaissance movement for a better world, promoting this idea of conscience awareness and the duty of every single one of us to accept and follow it as a way to address the many problems afflicting our world.

Because June 17 falls on a weekday most of the time, we asked about the possibility of an advanced reminder by dioceses to the parishes to prevent this date from being forgotten and the consequent absence of any conscience awareness effort. 

To our great satisfaction we were advised that there is no reason to prevent a reminder from being made during the Masses of the previous Sunday before June 17, as a way to reach a desired wider audience. This way the “Day of Conscience” message can be spread and made known on church bulletins and all other ways available, including media and social media.

With this in mind we are asking Your Excellence to contact and encourage the dioceses of your jurisdiction to participate in this movement. If we want a better world than the one we are experiencing everywhere, this is a must.

I am sending this letter to all Episcopal Conferences around the world, for I am confident and do not doubt that, as it has happened in years past , it will be well received and given favorable consideration.

Grateful in advance and looking forward to the favor of a kind reply from Your Excellence confirming receipt of this letter, I am

Yours in Christ,
João Crisóstomo

Founder and coordinator of the “Day of Conscience Project”
Vice President of Angelo Roncalli International Committee
Raoul Wallenberg Foundation, New York
tel 1 917 257 1501; E mail: crisostomo.joao2@gmail.com

Mariana Abrantes, co-founder and co-coordinator
tel: 351 917 286 396; E mail: mariana.ppplusofonia@gmail.com

Miguel Ávila, co-founder and co-coordinator
tel 1 408 772 2941; E mail : miguelavila@tribunaportuguesa.com 

Traduão / adaptação livre para portuguèrs: Google Transalate / Editor LG


Excelência... Eminência:

No seguimento de uma carta anterior que enviei à Vossa Conferência Episcopal, gostaria de pedir novamente o vosso apoio e participação na celebração do “Dia da Consciência” a 17 de junho. 

 Há três anos, em 17 de junho de 2020, Sua Santidade o Papa Francisco, depois de mencionar aquele Dia como “O Dia da Consciência”, ,  encorajou “todo cristão a dar o exemplo da consistência de uma consciência reta iluminada pela Palavra de Deus”. 

 Há uma razão para recordar e celebrar o dia 17 de junho como o Dia da Consciência no mundo, projeto no qual estou envolvido desde 2004, no 50.º aniversário da morte de Aristides de Sousa Mendes, cujo nome e coragem foram lembrados por Sua Santidade no mesmo dia 17 de junho de 2020. 

A 17 de Junho de 1940, em plena Segunda Guerra Mundial, o Cônsul de Portugal em Bordéus, França, Aristides de Sousa Mendes, desobedecendo ao seu governo mas obedecendo à sua CONSCIÊNCIA CATÓLICA, decidiu conceder vistos de trânsito, salvando assim as suas vidas, a muitos milhares de pessoas fugindo do exército nazi que ocupava a França, muitos deles judeus. Por isso o cônsul Sousa Mendes foi demitido do corpo diplomático e morreu na pobreza em 3 de abril de 1954. 

Muito encorajados pelo Papa Francisco e encorajados pelas suas palavras, queremos continuar a promover o “Dia da Consciência” porque acreditamos que a Igreja Católica deve liderar este movimento de renascimenmto para um mundo melhor, promovendo esta ideia de consciência e dever de todos e de cada um de nós apenas um de nós para aceitá-lo e segui-lo como uma forma de abordar os muitos problemas que afligem nosso mundo. 

Como o dia 17 de junho cai na maioria das vezes em dia de semana, permitomo-nos sugerir a possibilidade de um lembrete antecipado das dioceses às paróquias para evitar que esta data seja esquecida com consequente ausência de qualquer esforço de conscientização. 

Para nossa grande satisfação fomos informados de que não há razão para impedir que seja feito um apelo durante as missas do domingo anterior a 17 de junho, como forma de atingir um público mais alargado, como desejamos. Desta forma, a mensagem do “Dia da Consciência” pode ser divulgada e divulgada nos boletins da igreja e em todos os outros meios disponíveis, incluindo a Internet e a comunicação. 

Nesse sentido, pedimos a Vossa Excelência que entre em contato com (e incentive) as dioceses de sua jurisdição a participar desse movimento. Se queremos um mundo melhor do que este em que vivemos em todo o lado, esta é uma obrigação.

Envio esta carta a todas as Conferências Episcopais do mundo, pois estou confiante e não tenho dúvidas de que, como tem acontecido nos últimos anos, será bem recebida e considerada favoravelmente. 

Agradecido antecipadamente e esperando o favor de uma resposta amável de Vossa Excelência confirmando o recebimento desta carta, sou Seu em Cristo, João Crisóstomo 

Fundador e coordenador do “Projeto Dia da Consciência”,  Vice-presidente do Comité Internacional Angelo Roncalli, Fundação Raoul Wallenberg, Nova York tel 1 917 257 1501; E-mail crisostomo.joao2@gmail.com

Mariana Abrantes, co-fundadora e co-coordenadora,  tel: 351 917 286 396; E-mail mariana.ppplusofonia@gmail.com

Miguel Ávila, co-fundador e co-coordenador,  tel 1 408 772 2941; E-mail: miguelavila@tribunaportuguesa.com

3. Até ontem,  dia 17, o João Crisóstomo, já recebido resposta escrita e/ou telefónica de diversos países (da Bélgica ao Zimbabué, da Irlanda à Malásia, passando pela Coreia do Sul, bem como de diversas dioceses portuguesas (Funchal, Porto, Guarda, Lisboa, Portalegre / Castelo Branco...). Publicamos duas respostas escritas, a título exemplificativo:

(i) Resposta do bispo da Guarda:

17 de junho “O Dia da Consciência”

O Santo Padre, o Papa Francisco, em 17 de junho de 2020, apontou este dia como “O Dia da Consciência”, para que seja celebrado anualmente.

E evocou a figura do Português Aristides de Sousa Mendes que, em 17 de junho de 1940, no aceso da II Guerra Mundial, sendo Cônsul de Portugal em Bordéus, soube obedecer à voz da sua consciência de católico, mesmo tendo de desobedecer às ordens do seu Governo e assinou os vistos de passagem para o território português de centenas de pessoas que fugiam à perseguição nazi.

Como sabemos, em Vilar Formoso, da nossa Diocese, foi levantado um memorial para evocar este nobre gesto de obediência à consciência pessoal, com todas as consequências.

Acolhendo esta recomendação do Papa Francisco, feita no ano de 2020, também se recomenda o aproveitamento do próximo dia 17 e do domingo que se lhe segue para lembrar a todos que a consciência bem formada, e sobretudo quando iluminada pela Palavra de Deus, é sempre a grande regra para todos, mesmo que envolva contratempos, como aconteceu no caso de Aristides de Sousa Mendes.

2 de junho de 2023
Manuel da Rocha Felício, Bispo da Guarda


(ii) Resposta da Confereència Episcopal da Coreira do Sul, com data de 7 do corrente:

sábado, 17 de junho de 2023

Guiné 61/74 - P24408: Efemérides (396): 17 de Junho, o Dia da Consciência, em memória de Aristides Sousa Mendes (João Crisóstomo, Nova Iorque) - Parte I: Carta enviada às dioceses portuguesas


Aristides de Sousa Mendes, 1940.

Cortesia de Fundação Aristides de Sousa Mendes.

1. Mensagem do nosso amigo e camarada João Crisóstomo, Nova Iorque:

Data - 4 jun 2023 10;34
Assunto - Hello, de Nova Iorque

Meus caros Luís Graça e Alice,

Desculpem o meu silêncio. Tenho tentado "segui-los” e, quando descubro algo bom, fico logo contente, como por exemplo de ver o Luís a apanhar uma boleia dum camarada para poder estar também presente num encontro. Nem o blogue tenho seguido com o cuidado e carinho que merece. Mas, mesmo sem enviar abraços individuais como devia fazer, não me passaram despercebidos aniversários de nossos camaradas; como não deixei de ler sobre encontros — um deles em A-dos-Cunhados terra onde nasci, e por isso senti pena, quase raiva, de não ter podido ter presente; e os posts de especial interesse para mim como o do Abel Rei e outros falando sobre Enxalé, Xime e Bambadinca… e alguns “hellos” especiais, enviados de camaradas na diáspora de quem há muito não sabia nada.

Como os “avisei" por telefone há tempos atrás, a data de 17 de junho (Dia da Consciência) (*) tem-me exigido todo o tempo. Nas últimas duas semanas, desde o momento em que a Vilma partiu (foi passar uns tempos à Eslovénia, sua terra natal), nada mais tenho feito, 24 sobre sobre 24 horas, nem mesmo descansar, pois foram várias as noites em que nem fui à cama. Aliás foi uma das razões, além de outras de carácter burocrático, que me forçou a ficar aqui e não acompanhar a Vilma à Eslovénia. Mas, graças ao WattsApp, temos-nos visto e falado todos os dias.

Sobre este “Dia da Consciência” para quem o assunto tiver interesse, dado a sua ligação com o nosso Aristides de Sousa Mendes, vou-te enviar cópia da carta que enviei mundo fora para (71 países), individualmente pois eu não sei fazer esses milagres de internet que para gente mais sabida em coisas digitais é o pão de cada dia. E da carta que enviei individualmente a todas as dioceses portuguesas. Embora ainda cedo, que ainda faltam duas semanas, envio-te também algumas respostas já recebidas. (**)

Muito provavelmente este ano fico-me por aqui, a não ser que alguma razão de força maior me obrigue a ir a Portugal. Redobrada será a satisfação quando nos encontrarmos na próxima vez.

Um abraço com saudades , 
João


2. Carta enviada para as dioceses portugueses, por João Crisóstomo:

Founder and coordinator of the “Day of Conscience Project”
Vice President of Angelo Roncalli International Committee
Raoul Wallenberg Foundation, New York
tel 1 917 257 1501; E mail crisostomo.joao2@gmail.com


Saudações amigas de Nova Iorque e os meus respeitosos cumprimentos.

As palavras de Sua Santidade o Papa Francisco na sua audiência geral de 17 de Junho de 2020 foram estímulo grande para o projecto Dia da Consciência, que temos vindo a celebrar desde 2004, 50.º aniversário da morte de Aristides de Sousa Mendes.

Devido à pandemia que assolou o mundo até recentemente, pouco aconteceu nos últimos dois anos, salvo algumas excepções como a lembrança e celebração deste dia por Sua Eminência Dom Manuel Clemente em Lisboa no ano passado. Queremos agora recomeçar e reavivar a lembrança e celebração do Dia da Consciência, acentuando a sua ligação entre a corajosa decisão de Aristides de Sousa Mendes e a sua consciência cristã.

Venho pedir a Vossa Excelência o seu apoio e participação na diocese de_________ neste “despertar de consciências”. Fui motivado a esta decisão de contactar as conferências episcopais mundo fora, e no caso de Portugal de fazer um pedido directo às dioceses individualmente, por uma experiência que tive com o nosso saudoso bispo D. Daniel Henrique.

Em junho de 2018 pedi a Sua Excelência, quando Dom Daniel Henrique era ainda Vigário em Torres Vedras, o seu apoio e participação neste projecto. A sua resposta a 14 desse mês foi <<... Com todo o gosto farei referência, na homilia e na Oração dos fiéis das missas do próximo domingo a este assunto e tratarei de o divulgar entre os colegas das 20 paróquias da Vigararia de Torres Vedras, assim como no Jornal Badaladas...>>

Inspirado neste contacto em 2021 enviei uma carta a diversas conferencias episcopais mundo fora. Os resultados foram gratificantes nesse ano, com muitas respostas positivas, da Bélgica às Filipinas.

Para este ano 2023, enviamos recentemente uma carta (que junto a seguir a esta) a muitas conferências episcopais pelo mundo fora com resultados já gratificantes, desde a Belgica << As we did in 2021…>>... Irlanda << The Commission recommended to the Bishops that they might consider the implementation of this initiative within their dioceses.>>…. Malasia <<I have forwarded your mail to all the bishops …>>;… Zimbabwe <<Greetings from Zimbabwe... We have circulated the letter to all the bishops>>...

Em resposta a uma pergunta sobre como celebrar o “Dia da Consciência" fui instruído de que "since the “Day of Conscience” has been celebrated since 2004 on June 17, there is no reason to change to another date… (and also that) … there is no reason to prevent it ( the Day of Conscience) from being mentioned at the Masses of the previous Sunday before June 17, as a way to reach a wider audience so that the “Day of Conscience” message can be spread and made known in church bulletins and all other ways available, including other media and social media”.

A situação, em muitas vertentes confusa e caótica do mundo de hoje, exige um movimento de Renascimento para um mundo melhor. O "Projecto Dia da Consciência" tenta vir ao encontro deste. A semana 11 a 17 de Junho, dedicada a um “despertar de consciências” assume especial relevância este ano, num contexto de preparação para o Encontro Mundial da Juventude em Agosto.
(Negritos nossos, editor LG)

Porque achamos que Portugal deve liderar este movimento de despertar de consciências, projecto inspirado e nascido pela sua ligação a Aristides de Sousa Mendes, decidi contactar as dioceses portuguesas individualmente. E neste sentido vimos pedir a Vossa Excelência que a mensagem inerente ao Dia da Consciência receba a relevância que Vossa Excelência ache apropriada, nomeadamente que seja mencionado nas missas do dia 11, domingo anterior ao dia 17, em todas as paróquias de__________ .

Na esperança dum bom acolhimento a este meu pedido e o favor de uma resposta, queira aceitar os meus respeitosos cumprimentos.
João Crisóstomo

(Continua)
____________

Notas do editor:

(*) Vd. postes de:

1 de julho de 2020 > Guiné 61/74 - P21128: Efemérides (329): "17 de junho, o Dia da Consciência", o historial de uma causa em que o mundo (, o Vaticano incluído,) relembra o exemplo inspirador do diplomata português Aristides de Sousa Mendes (João Crisóstomo, Nova Iorque)

17 der junho de 2022 > Guiné 61/74 - P23361: Efemérides (371): 17 de junho de 2022, Dia da Consciência, em memória de Aristides de Sousa Mendes (João Crisóstomo, Eslovénia)

(**) 13 de junho de  2023 > Guiné 61/74 - P24396: Efemérides (395): Leça da Palmeira comemorou, mais uma vez, o 10 de Junho e homenageou os seus Combatentes caídos em Campanha (Núcleo de Matosinhos da LC / Carlos Vinhal)

quarta-feira, 1 de julho de 2020

Guiné 61/74 - P21128: Efemérides (329): "17 de junho, o Dia da Consciência", o historial de uma causa em que o mundo (, o Vaticano incluído,) relembra o exemplo inspirador do diplomata português Aristides de Sousa Mendes (João Crisóstomo, Nova Iorque)




Carta de 5 de dezembro de 2018, do secretário de Estado do Vaticano, cardeal Pietro Parolin,em resposta ao João Crisóstomo.




Carta de João Crisóstomo, para Sua Santidade o Papa Franscisco, com data de 3 de abril de 2019



Fotos (e legendas): © João Crisóstomo (2020) Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]




1. Mensagem do João Crisóstomo [, aqui na foto com o Secretário de Estado do Vaticano, cardeal  Pietro Parolin, em agosto de 2017]

Date: sábado, 27/06/2020 à(s) 17:56

Subject: Historial do 'Dia da consciência"


17 de Junho :  Historial do "Dia da Consciência"

por João Crisóstomo

 Conhecedores do meu envolvimento  neste assunto, alguns amigos têm-me sugerido, com insistência, que,  para esclarecimento dos interessados mas menos informados no nosso grande humanista Aristides de Sousa Mendes, eu faça um resumo, um historial,  de como se chegou a este feliz momento  de vermos o dia  17 de Junho  aceite  pelo papa Francisco como "Dia da Consciência"  e o reconhecimento deste  nosso herói pelo Vaticano. 

É isso que me proponho fazer, sem ridículas intenções de qualquer autopromoção, mas também sem pretensões de falsa modéstia.

Não vou  fazer um historial do  reconhecimento de Aristides de Sousa Mendes em geral, mas vou-me cingir ao que directa ou indirectamente está relacionado com o "Dia da Consciência".

 O acaso, se tal existe, levou a  que uma pessoa amiga em 1996 me falasse  de Aristides  como meio de melhor me envolver no assunto de Timor Leste. Vinte e um anos mais tarde seria o  meu envolvimento com Timor Leste  que me  ajudaria   no caso de Aristides de Sousa Mendes.  

Até esse  ano de 1996, Aristides de Sousa Mendes era para mim um herói desconhecido.  No momento, contudo, em que o conheci e me apercebi da sua grandeza, decidi fazer o possível para acabar com  este geral desconhecimento deste nosso grande humanista.

Já no ano 2000, na grande exposição,  "Visas for Life", nas Nações Unidas,  Aristides de Sousa Mendes foi o  diplomata de destaque neste evento e  o dia de abertura oficial foi propositadamente escolhido para coincidir com o dia do aniversário  da   sua morte. 

Acrescento que o filme documentário " Diplomats for the Damned",   do History Channel [. Canal História],  teve de ser refeito - e assim aconteceu - para incluir com o maior destaque o nosso herói que havia sido "esquecido". 

Nesta altura  vim a saber que, para honrar Aristides de Sousa Mendes, o 17 de Junho  tinha sido  o dia escolhido para  a  inauguração  de uma estátua e uma  praça com o seu nome em Bordéus,França.  

Fazia  sentido, pensei eu: foi esse o dia em que o cônsul Sousa Mendes mostrou o que era e que fez dele  o modelo  e a inspiração que iria a ser para todos os que viriam no futuro a ter dele conhecimento. A partir desse dia,  foi essa a data e essa a vertente  a que comecei a dar maior destaque nos vários eventos que ia promovendo para apresentar Aristides de Sousa Mendes.

 Entre estes  devo salientar os acontecimentos levados a efeito em 2004. Porque Aristides era católico e  explicou o  seu procedimento como  tendo sido motivado  pela sua consciência de cristão, tentei dar a vertente católica a estes acontecimentos. 

Juntei-me à International Raoul Wallenberg Foundation  (pois a Fundação Sousa Mendes US só viria a aparecer em 2010/11) e entre as muitas dezenas de acontecimentos nessa semana de Junho de 2004, 34 desses foram missas, celebradas na maioria pelos  prelados máximos   em 22 países mundo fora.

Esta  era também uma maneira mais eficiente de dar a conhecer o nosso herói, pelo elevado número directo de pessoas a ouvir falar dele, como pela cobertura mediática, como felizmente aconteceu.  

Em 2010 celebrávamos os 70º aniversários da capitulação da Fança na II Guerra Mundial e o desse  acto corajoso de salvamento de refugiados por Aristides de Sousa Mendes, cônsul de Portugal em Bordéus.  

De novo houve celebrações em vários países,  e da mesma maneira que tinha sido feito em 2004 - em que o Senhor Cardeal Don Renato Martino tinha presidido a uma missa solene na Basílica de Trastevere - eu pedi e teve lugar uma concelebração de quatro cardeais em Roma para lembrar  a acção do antigo cônsul de Portugal em Bordéus. 

Essas  missas eram pedidas sob o tema de agradecimento ao Senhor por nos ter dado o exemplo inspirador de Aristides de Sousa Mendes e  outros, especialmente o diplomata brasileiro Luis Martins de Sousa Dantas,  de coragem e humanismo  gémeos dos de Aristides Sousa Mendes.   

Esta concelebração em Roma  foi notícia  espalhada pelo mundo pela Agencia Zenith, e eu achei que era uma boa altura para  pedir ao Vaticano, na pessoa do Sr. Cardeal Tarcisio Bertone, secretário de Estado, que declarasse  17 de Junho  como o "Dia da Consciência".  

Esta expressão "Dia da Consciência" - e não "Dia da Desobediência" ou "Dia de Acção de Graças" - foi escolhida e resultou duma conversa telefónica com Mariana Abrantes que ma sugeriu como mais  apropriada. E em boa hora o fez. A partir daí foi sempre como "Dia da Consciência" que  se ficou a chamar o dia 17 de Junho. No mesmo ano, no Canadá, o "Dia da Consciência" foi apresentado no Parlamento pelo  representante federal Mario Silva que  introduziu  uma resolução nesse sentido.

Entretanto, esta primeira carta/pedido ao Vaticano não teve qualquer resposta. A chegada do papa Francisco e do novo Secretário de Estado deu-me esperanças de que o meu pedido  tivesse melhor recepção e em 2014, depois de me ter aconselhado com Sua Eminência Cardeal Renato Martino, decidi tentar de novo, desta vez em carta  de 6 de Março endereçada  directamente  ao Papa Francisco.

Para surpresa minha  esta carta, mesmo registada,  perdeu-se  no correio. Explicaram-me   que tinha sido enviada por engano para a  Inglaterra… e por mais voltas, queixas  e insistências minhas, nunca foram capazes de a encontrar.  Decidi enviar outra carta e a esta também não recebi resposta, pelo que pedi então mais uma vez o auxílio de  Sua Eminência Cardeal Renato Martino que, em email de 11 de Abril de 2014, me instruiu para mandar a carta para ele e que ele garantia a entrega  da carta no seu destino.  

Quando chegou Junho, eu ainda não tinha qualquer resposta. Consegui o  número  de telefone de Monsenhor Peter Wells, assistente do Secretário de Estado,  a quem consegui chegar. Contactei-o por email a 2 e a 10 de Junho. Como nada resultava,  pedi ao Sr. Cardeal Renato Martino que lhe desse uma chamada telefónica: com certeza que ele daria mais importância a uma chamada dum Cardeal  do que todos os telefonemas  e emails meus…. Mas a resposta desejada sobre o 17 de Junho não chegou. Chegou, contudo,  a explicação de que a minha carta tinha chegado  atrasada demais para poder ser considerada.

Em Julho desse ano o Supreme Court of USA  [, o Supremo Tribunal dos EUA,] decidiu em favor de "direitos de consciência" dos indivíduos  e eu, satisfeito com essa decisão, aproveitei para contactar Monsenhor  Peter Wells e preparar o terreno para o ano  seguinte. A 7 de Julho perguntava se devia enviar a carta imediatamente. Que não, que devia esperar uns meses e enviar a carta apenas uns meses antes "just a few months before, lest it fell in the cracks". 

  A 17 de Janeiro 2015, enviei então nova carta  por  ocasião da celebração do 75º aniversário da ocupação da França  e do acto humanista do então cônsul de Portugal em Bordéus. Num email para Monsenhor Peter Wells informei-o que  a carta tinha já passado por Milão e "is currently in transit to the destination". 

A 23 de Fevereiro, Monsenhor Peter Wells informava-me que as minhas cartas tinham chegado ao escritório do Papa Francisco. Mas "Ele está em retiro e com certeza que me  darão a sua resposta quando voltar". Mas nada sucedeu. A 15 de Março  "lamentava" não ter notícias para me dar, mas que me daria conhecimento se houvesse alguma novidade.

No dia seguinte,  em  carta postal só  chegada no fim do mês,  deu conhecimento da sua chegada, mas que "devido à agenda litúrgica de Sua Santidade não era possível responder afirmativamente ao meu pedido". 

Foi nesta altura que tive conhecimento de que o Vaticano tinha tido um outro contacto relacionado com Aristides de Sousa Mendes: João Correa  recebeu uma carta acusando a recepção do seu livro "Sousa Mendes, le Consul de Bordeaux"  que o autor lhes tinha enviado. 

Em Julho de 2013 fui, turista,  a Roma  com a minha esposa e aproveitei para fazer algumas visitas. Uma das que eu tencionava fazer era a Monsenhor Peter Wells. Mas, entretangto, ele tinha sido nomeado Níncio na África do Sul  onde já se encontrava. Em 2018, foi um dos Núncios (junto com Don Celestino Migliore, em Moscovo), que participaram  nas celebracões de 17 de Junho desse ano. 

 Em Agosto de 2017, ao verificar que as crianças nas montanhas de Timor Leste precisavam de ajuda, resolvi enviar uma carta ao papa Francisco pedindo-lhe uma carta de apoio pois,  pensava eu, com uma carta sua de apoio a causa das crianças esquecidas  seria ouvida com mais atenção. 

Dias depois, recebi um telefonema do Vaticano, de que Sua Eminência Cardeal Pietro Parolin queria saber mais detalhes sobre esta minha carta e instruia-me a ir  falar com ele ao Vaticano. Sua Eminência  estava sobremaneira interessado no assunto de Timor, mas manifestou o seu interesse também sobre Aristides de Sousa Mendes de quem falei, argumentando  eu que o seu exemplo era inspirador e devia ser conhecido como meio de despertar as consciências no mundo confuso em que vivemos.  

No ano seguinte, numa carta em que o assunto de Timor era tema principal, Sua Eminência  não deixou de me informar ter celebrado a missa de 17 de Junho com a sua intenção.

 Esta foi uma oportunidade que eu  não podia  deixar de aproveitar. E, conhecedor, agora, que a sensibilidade do Papa Francisco era partilhada  de igual maneira pelo seu Secretário de Estado, em Janeiro de 2018 pedi a sua participação na celebração de 17 de Junho, que eu, como em anos anteriores,  tencionava coordenar em muitos países simultaneamente,  como uma ocasião para lembrar "everyone in the world  of the need to follow one's conscience".  

Para  que o Vaticano  compreendesse  o muito interesse do que eu  expunha, eu assinei esta carta não só em meu nome, como coordenador do projecto 'Dia da Consciência,  mas em nome de várias organizações, a quem contactei nesse sentido, nomeadamente IRWF, LAMETA, Sousa Mendes Foundation US, Observatório internacional de Direitos Humanos, Fundação Aristides de Sousa Mendes - Portugal, e o Comité de Homenagem a Aristides de Sousa Mendes em França. 

O facto de o mundo atravessar uma crise moral de grandes proporções como todos sabemos e sentimos  é  facto que  não podia ser esquecido como argumento. O mundo precisa realmente de algo que o faça despertar para evitar um cataclismo do qual dificilmente o mundo sobrevirá. 

A 3 de Abril de 2019, dia do aniversario da morte de Aristides, seguia nova carta  ao Papa Francisco em termos bem explícitos  e angustiantes: 

"Today's world seems to be getting out of control everywhere"… "I am coming to ask for your blessing and support … to awaken people's conscience and to call to action our duty to abide by it, to stop what seems  a run to madness... Reminding the world of the week of June 17 1940 and of Aristides de Sousa Mendes could be this catalyst... The world needs this … and the Catholic Church could be the one promoting and encouraging this "conscience awakening". 

[Tradução para português: "O mundo de hoje parece estar a ficar fora de controle em todos os lugares. (...) Venho pedir sua bênção e apoio ... para despertar a consciência das pessoas e chamar à ação o nosso dever de cumpri-la, para parar o que parece ser uma corrida para a loucura. .. Lembrar ao mundo a semana de 17 de junho de 1940 e o exemplo Aristides de Sousa Mendes podendo ser esse o catalisador ... O mundo precisa disso ... e a Igreja Católica pode ser ela a promover e incentivar esse 'despertar da consciência' "]

Numa carta posterior,  a 17 de Junho de 2019, para Sua Eminência Cardeal Pietro Parolin, continuei perseverante lembrando que "Dire situations...  demand equivalent/appropriate measures" e  pedia o favor de uma resposta para as minhas cartas.

Sua Eminencia não deixou de me ouvir. A 11 de Setembro  o seu assistente, em vésperas de partir para novo posto,  enviou-me uma mensagem  dando-me  a conhecimento  que o assunto das minhas cartas não estava esquecido: 

"Cardinal Parolin has asked me to reply on his behalf to your letters, sent over the course of the last months, to assure you that your proposal regarding the "Day of Conscience" is currently under study."

[Tradução para português: "O cardeal Parolin pediu-me para responder em seu nome às suas cartas, enviadas ao longo dos últimos meses, para lhe garantir que a sua proposta sobre o 0Dia da Consciência', está atualmente em estudo."]

  Eu tentava  alimentar este propósito para que o  assunto não  arrefecesse. A 4 de Fevereiro de 2020 o processo de " impeachment" de President Trump ofereceu-me uma oportunidade de lembrar a Sua Santidade e a Sua Eminência o quanto este assunto era relevante e oportuno: 

"Today was a remarkable and historical day: In the Senate of USA, during the trial of President Donald Trump, senator Mitt Romney  who in  previous elections was the Presidential candidate for the Republican Party, taking the floor invoked his  duty to Our Lord above all other considerations to  follow his conscience  and casted a courageous dissent  vote, instead of abiding by the dictates of his party..."  

[Tradução para português: "Hoje foi um dia memorável  e histórico: no Senado dos EUA, durante o julgamento do presidente Donald Trump, o senador Mitt Romney, que nas eleições anteriores [de 2012]  tinha sido o candidato presidencial pelo Partido Republicano, ao tomar a palavra invocou p seu dever, para com  Nosso Senhor acima de todos os outros considerações,  de seguir a sua consciência e deu um voto de dissidência corajoso, em vez de respeitar os ditames de seu partido ... "]

 Mais tarde, a 22 de Março,  recebia um outro email de Sua Eminência:

"Sorry for not giving any reply to your numerous letters, the last of which you sent at the beginning of last February,  about the Day of Conscience project" (...). Unfortunately, the project has not been studied yet by our Office,..  I hope to be able to send you a definite answer without further delays.  I apologize for this inconvenience and I rely on your understanding. May God bless you.  Have a good Sunday! Pietro Parolin".  

[Tradução para português: "Desculpe por não responder às suas numerosas cartas, a última das quais  enviada  início de fevereiro passado, sobre o projeto do Dia da Consciência" (...) Infelizmente, o projeto ainda não foi estudado pelo nosso gabinte...  Espero poder lhe enviar uma resposta definitiva sem mais demoras. Peço-lhe  desculpas por esse inconveniente e confio na sua compreensão. Que Deus o abençoe. Tenha um bom domingo! Pietro Parolin ".]

Finalmente, no dia 17 de Junho de 2020,  o Papa Francisco começava a sua Audiência Geral  lembrando  17 de Junho  como  o "Dia da Consciência" e o exemplo inspirador do diplomata português Aristides de Sousa Mendes. 

Foi muito gratificante  verificar que tudo valeu a  pena.  E mais ainda será  se em consequência e seguimento de tudo isto  houver  um esforço continuado e  perseverante para um despertar de consciências para os muitos problemas que afligem o mundo de hoje.  Se assim suceder,  esse  será o maior e melhor  legado de Aristides de Sousa Mendes para cada um de nós e para o mundo inteiro.

João Crisóstomo, Nova Iorque