sábado, 17 de junho de 2023

Guiné 61/74 - P24408: Efemérides (396): 17 de Junho, o Dia da Consciência, em memória de Aristides Sousa Mendes (João Crisóstomo, Nova Iorque) - Parte I: Carta enviada às dioceses portuguesas


Aristides de Sousa Mendes, consul português de Bordéus, 1940.

Cortesia de Fundação Aristides de Sousa Mendes.

1. Mensagem do nosso amigo e camarada João Crisóstomo, Nova Iorque:

Data - 4 jun 2023 10;34
Assunto - Hello, de Nova Iorque

Meus caros Luís Graça e Alice,

Desculpem o meu silêncio. Tenho tentado "segui-los” e, quando descubro algo bom, fico logo contente, como por exemplo de ver o Luís a apanhar uma boleia dum camarada para poder estar também presente num encontro. Nem o blogue tenho seguido com o cuidado e carinho que merece. Mas, mesmo sem enviar abraços individuais como devia fazer, não me passaram despercebidos aniversários de nossos camaradas; como não deixei de ler sobre encontros — um deles em A-dos-Cunhados terra onde nasci, e por isso senti pena, quase raiva, de não ter podido ter presente; e os posts de especial interesse para mim como o do Abel Rei e outros falando sobre Enxalé, Xime e Bambadinca… e alguns “hellos” especiais, enviados de camaradas na diáspora de quem há muito não sabia nada.

Como os “avisei" por telefone há tempos atrás, a data de 17 de junho (Dia da Consciência) (*) tem-me exigido todo o tempo. Nas últimas duas semanas, desde o momento em que a Vilma partiu (foi passar uns tempos à Eslovénia, sua terra natal), nada mais tenho feito, 24 sobre sobre 24 horas, nem mesmo descansar, pois foram várias as noites em que nem fui à cama. Aliás foi uma das razões, além de outras de carácter burocrático, que me forçou a ficar aqui e não acompanhar a Vilma à Eslovénia. Mas, graças ao WattsApp, temos-nos visto e falado todos os dias.

Sobre este “Dia da Consciência” para quem o assunto tiver interesse, dado a sua ligação com o nosso Aristides de Sousa Mendes, vou-te enviar cópia da carta que enviei mundo fora para (71 países), individualmente pois eu não sei fazer esses milagres de internet que para gente mais sabida em coisas digitais é o pão de cada dia. E da carta que enviei individualmente a todas as dioceses portuguesas. Embora ainda cedo, que ainda faltam duas semanas, envio-te também algumas respostas já recebidas. (**)

Muito provavelmente este ano fico-me por aqui, a não ser que alguma razão de força maior me obrigue a ir a Portugal. Redobrada será a satisfação quando nos encontrarmos na próxima vez.

Um abraço com saudades , 
João


2. Carta enviada para as dioceses portugueses, por João Crisóstomo:

Founder and coordinator of the “Day of Conscience Project”
Vice President of Angelo Roncalli International Committee
Raoul Wallenberg Foundation, New York
tel 1 917 257 1501; E mail crisostomo.joao2@gmail.com


Saudações amigas de Nova Iorque e os meus respeitosos cumprimentos.

As palavras de Sua Santidade o Papa Francisco na sua audiência geral de 17 de Junho de 2020 foram estímulo grande para o projecto Dia da Consciência, que temos vindo a celebrar desde 2004, 50.º aniversário da morte de Aristides de Sousa Mendes.

Devido à pandemia que assolou o mundo até recentemente, pouco aconteceu nos últimos dois anos, salvo algumas excepções como a lembrança e celebração deste dia por Sua Eminência Dom Manuel Clemente em Lisboa no ano passado. Queremos agora recomeçar e reavivar a lembrança e celebração do Dia da Consciência, acentuando a sua ligação entre a corajosa decisão de Aristides de Sousa Mendes e a sua consciência cristã.

Venho pedir a Vossa Excelência o seu apoio e participação na diocese de_________ neste “despertar de consciências”. Fui motivado a esta decisão de contactar as conferências episcopais mundo fora, e no caso de Portugal de fazer um pedido directo às dioceses individualmente, por uma experiência que tive com o nosso saudoso bispo D. Daniel Henrique.

Em junho de 2018 pedi a Sua Excelência, quando Dom Daniel Henrique era ainda Vigário em Torres Vedras, o seu apoio e participação neste projecto. A sua resposta a 14 desse mês foi <<... Com todo o gosto farei referência, na homilia e na Oração dos fiéis das missas do próximo domingo a este assunto e tratarei de o divulgar entre os colegas das 20 paróquias da Vigararia de Torres Vedras, assim como no Jornal Badaladas...>>

Inspirado neste contacto em 2021 enviei uma carta a diversas conferencias episcopais mundo fora. Os resultados foram gratificantes nesse ano, com muitas respostas positivas, da Bélgica às Filipinas.

Para este ano 2023, enviamos recentemente uma carta (que junto a seguir a esta) a muitas conferências episcopais pelo mundo fora com resultados já gratificantes, desde a Belgica << As we did in 2021…>>... Irlanda << The Commission recommended to the Bishops that they might consider the implementation of this initiative within their dioceses.>>…. Malasia <<I have forwarded your mail to all the bishops …>>;… Zimbabwe <<Greetings from Zimbabwe... We have circulated the letter to all the bishops>>...

Em resposta a uma pergunta sobre como celebrar o “Dia da Consciência" fui instruído de que "since the “Day of Conscience” has been celebrated since 2004 on June 17, there is no reason to change to another date… (and also that) … there is no reason to prevent it ( the Day of Conscience) from being mentioned at the Masses of the previous Sunday before June 17, as a way to reach a wider audience so that the “Day of Conscience” message can be spread and made known in church bulletins and all other ways available, including other media and social media”.

A situação, em muitas vertentes confusa e caótica do mundo de hoje, exige um movimento de Renascimento para um mundo melhor. O "Projecto Dia da Consciência" tenta vir ao encontro deste. A semana 11 a 17 de Junho, dedicada a um “despertar de consciências” assume especial relevância este ano, num contexto de preparação para o Encontro Mundial da Juventude em Agosto.
(Negritos nossos, editor LG)

Porque achamos que Portugal deve liderar este movimento de despertar de consciências, projecto inspirado e nascido pela sua ligação a Aristides de Sousa Mendes, decidi contactar as dioceses portuguesas individualmente. E neste sentido vimos pedir a Vossa Excelência que a mensagem inerente ao Dia da Consciência receba a relevância que Vossa Excelência ache apropriada, nomeadamente que seja mencionado nas missas do dia 11, domingo anterior ao dia 17, em todas as paróquias de__________ .

Na esperança dum bom acolhimento a este meu pedido e o favor de uma resposta, queira aceitar os meus respeitosos cumprimentos.
João Crisóstomo

(Continua)
____________

Notas do editor:

(*) Vd. postes de:

1 de julho de 2020 > Guiné 61/74 - P21128: Efemérides (329): "17 de junho, o Dia da Consciência", o historial de uma causa em que o mundo (, o Vaticano incluído,) relembra o exemplo inspirador do diplomata português Aristides de Sousa Mendes (João Crisóstomo, Nova Iorque)

17 der junho de 2022 > Guiné 61/74 - P23361: Efemérides (371): 17 de junho de 2022, Dia da Consciência, em memória de Aristides de Sousa Mendes (João Crisóstomo, Eslovénia)

(**) 13 de junho de  2023 > Guiné 61/74 - P24396: Efemérides (395): Leça da Palmeira comemorou, mais uma vez, o 10 de Junho e homenageou os seus Combatentes caídos em Campanha (Núcleo de Matosinhos da LC / Carlos Vinhal)

6 comentários:

Tabanca Grande Luís Graça disse...

Luís Graça (by email)

João, bom dia da Consciència!. Tentei ligar-te daqui às 9h30, mas é muito cedo, devias estar a descansar,,, Vou fazer um poste no blogue sobre o 17 de junho. Mais logo. Abr, Luis

PS - Vim a Lisboa, para uma festinha da neta. A Vilma já chegou ?

Tabanca Grande Luís Graça disse...

Amigos, continua a ser um grandw exemplo inspirador, o do nosso diplomata que pôs acima de tudo (o Estado, a Pátria, a ideologia, a carreira, a família , etc.) a sua "consciência"... Há valores que não têm preço, mas é preciso muita coragem para ser coerente e consequente...

Eduardo Estrela disse...

Em Dezembro de 1961, Salazar deu ordens à guarnição militar do então denominado Estado da Índia para resistir até à morte perante a avalanche da invasão das forças da União Indiana. A executar-se a vontade do chefe do governo, as forças portuguesas seriam trituradas pelo adversário.
Emergiu a consciência e a coragem dum homem que, tal como Aristides de Sousa Mendes, agiu de forma sensata, salvaguardando a vida dos seus subordinados.
Tal como o diplomata e brilhante Aristides Sousa Mendes, o General Vassalo e Silva não obedeceu e arriscou a ostracizacao do regime.
Abraço
Eduardo Estrela

Valdemar Silva disse...

Estado Português da Índia, assim se chamava Goa, Damão e Diu territórios sobre a administração portuguesa dentro do país União Indiana.
Desde a independência da Índia, em 1948, que a União Indiana considerava os territórios de administração portuguesa como as últimas parcelas da era colonial que deviam ser integradas na União.
Salazar todo nacionalista evocando a nossa história esqueceu-se que uma parcela do "Estado Português da Índia" foi oferecido como dote de casamento de D. Catarina com o Rei da Inglaterra, e com o estalar dos conflitos do fim dos impérios coloniais em vez de tratar como deveria proceder com uma descolonização mantendo alguns interesses portugueses preferiu atirar-se para um "havemos de chorar os mortos se os vivos os não merecerem".
E foi o que se viu durante treze anos.

Conheci, foram meus colegas de trabalho, dois militares que se renderam à tropa indiana e depois conseguiram fugir do campo/prisão dentro de uns cestos de roupa suja.

Valdemar Queiroz

Antº Rosinha disse...

Dizia-se em 1961, quando foi o caso de Goa e Neru, que Salazar perguntou aos ingleses onde estava o respeito pela Aliança que agora fez 650 anos.

650 anos, segundo Marcelo Rebelo de Souza presidente português, que aproveitou esta data para lembrar Carlos III.

De facto fazer um país com Goa Damão e Diu, três pequenas parcelas a falar português ao lado daqueles dois imensos paises India e Paquistão a falar inglês, só lembrava mesmo a estes descarados lusitanos, pensaria a mão deste Carlos.

Tal como fazer um país minúsculo com perto de 90 ilhas, Guiné Bissau, a falar uma mescla de crioulo aportuguesado, ao lado de meio continente a falar francês, também não lembrava nem ao diabo.

Assim como fazer um país com 9 ilhas desertas perdidas no Atlântico a falar português acrioulado, quem é que se ia lembrar?

Só mesmo lembrava a uns gajos que tiveram o topete de pretender criar um país do tamanho do Mapa-Cor-de Rosa.

«Morra o homem, fica a fama»!

Valdemar Silva disse...

Antº. Rosinha, é tudo isso e mais alguma coisa.
O Mapa Cor-de-Rosa foi um "assunto" dos homens da Sociedade de Geografia no final do séc. XIX.
Salazar não gostava dos homens da Sociedade de Geografia, como p.ex. o piloto Sarmento de Beires, herói da aviação, opositor ao golpe de 28 de Maio, que foi deportado para Timor.
Os territórios de Damão e Diu foram integrados na União Indiana, Goa também mas foi criado o Estado de Goa, com muitos goeses culturalmente e a falar português que foram sendo "absorvidos" pelos indianos com as suas culturas.
É sempre assim que acontece com uns povos integrarem-se noutros e desaparecer a minoria, mas teriam ficado para sempre os nomes e apelidos portugueses.

Saúde da boa
Valdemar Queiroz