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domingo, 2 de fevereiro de 2025

Guiné 61/74 - P26449: As nossas geografias emocionais (38): Sítios em Bissau que faziam parte do no nosso roteiro dos comes & bebes: Restaurante Pelicano, Café Bento, Cervejaria Somar

 


Guiné > Bissau > s/d (c. 1970) > Restaurante Pelicano e vista da marginal (hoje Av 3 de Agosto=... Foto de autor desconhecido, e do domínio público, reproduzida provavelmente de revista de turismo ou brochura de propaganda da província da Guiné Portuguesa. Também podia ser um "postal ilustrado" da época... "Guiné Melhor" remete para a polìtica spinolista (1968/73)... De qualquer modo, a imagem nunca pode ter sido criada em 1960, como diz a Wikidata: o Pelicano foi inaugurado em finais de 1969... Cortesia de Delcampe / Wikidata.

Guiné-Bissau > Bissau > 1996 >  "Pelicano,  Restaurante, Bar, Night Cub"... Um quarto de século depois da sua inauguração (em finais de 1969) já tinha alguns sinais de decadência e degradação... Em 1970 era" o melhor café-esplanada de Bissau", diz o autor da foto, o Humberto Reis, ex-fur mil OE, CCAÇ 2590 / CCAÇ 12 (Contuboel e Bambadinca, 1969/71)... (Ninho de camarão era uma das suas especialidades, mas também as ostras com lima e priripiri; vários militares trabalhavam aqui como empregados de mesa)... O fotógrafo voltou ao "local do crime" em 1996...Fica na marginal (antiga Av Oliveira Salazar, hoje Av 3 de Agosto), no enfiamento do Baluarte da Puana do Forte da Amura, à direita da estátua do Diogo Cão (que foi derrubada).

(Foto "capturada", sem menção de autor, pela página do Facebook da Society for Promotion of Guinea-Bissau, uma ONG, com sede emBissau, mas de origem brasileira.)

Foto (e legenda): © Humberto Reis (2005). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


Guiné-Bissau > Bissau > s/d >  "Pelicano" > Foto de autor desconhecido, reproduzida na página do Facebook da Society for Promotion of Guinea-Bissau (criada em 2018) (as fotos capturadas por esta página não tem menção de autor, o que é n0 mínimo estranho).

Vd. aqui a localização exata do Restaurante Pelicano (na Mapcarta)

Guiné-Bissau > Bissau > Av Amílcar Cabral (antiga Av República, rebatizada  em 1975) >   2001 >  À esquerda a Pensão D. Berta ou Pensão Central... A saudosa Berta de Oliveira Bento, cabo-verdiana radicada na Guiné Bissau há várias décadas, faleceu  em 2012, aos 88 anos. Não deixou filhos, mas tinha muitos amigos. O edifício ficava a seguir à Catedral de Bissau, do lado esquerdo de quem desce, da antiga Praça do Império até ao Geba... 

Guiné-Bissau > Bissau > 2001>  Bomba da GALP... Era aqui o antigo Café Bento ou a famosa 5ª Rep do nosso  tempo..  Ficava na esquina da Rua Tomás Ribeiro, hoje Rua António Nbana, com a Av da República (hoje Av Amílcar Cabral). O posto de combustível da GALP era então único na Bissau Velha. A sede da delegação da RTP África também ficava aqui perto.

O Café Bento era um dos nossos locais de convívio preferidos. Tantos os gajos da PIDE como do PAIGC tinham lá os seus "ouvidos" (informadores)... Curiosamente, era um bom alvo para um ataque terrorista... o que nunca chegou felizmente  a acontecer (por medo ou bom senso do IN).


 Guiné-Bissau > Bissau > 2001 > Praceta junto ao Forte da Amura (construção militar setecentista), por detrás do Zé da Amura, que ficava na rua Capitão Barata Feio (hoje, Rua 24 de Setembro)... Confunde-se, ainda hoje,  o Zé da Amura com o Café Bento (que ficava na Rua Tomás Ribeiro, hoje Rua António Nbana).

Fotos (e legendas): © David Guimarães (2001). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


Guiné > Bissau > Café Bento > c. setembro de 1972 >  
Foto tirada na esplanada do café Bento, local de encontro não só para quem prestava serviço na cidade, mas também para muitos que pelas mais variadas razões passavam por Bissau

Era cerca de meia noite quando a foto foi tirada, estávamos todos muito animados… Os três que estão trajados à civil não eram da minha aldeia, Moleanos, com o posto de primeiro sargento enfermeiro prestavam serviço no hospital militar de Bissau. O que está com o copo na mão era nosso vizinho, de Alcobaça, o primeiro sargento Canha.

Dos que estávamos com farda militar, o do centro era eu, Jerónimo, a primeira vez que vim de férias, o  outro, a seguir ao Canha,  era o Inácio (António Ferreira da Silva Inácio, pertencia à polícia militar, o único da nossa aldeia que passou todo o tempo de comissão em Bissau); e o último da direita era o Faustino (José Fernando Pimenta Faustino, de seu nome completo, assentou praça em em agosto, era soldado condutor auto, embarcou, em rendição individual, para a Guiné em 12 de março de 1971, no navio Uíge; esteve seis meses em Teixeira Pinto, CAOP 1, o resto da comissão foi passado em Bissau; veio uma vez de férias à metrópole; regressou por via aérea a de fevereiro de 1973).

Foto do álbum do António Eduardo Jerónimo Ferreira, (Évora de Alcobaça, Alcobaça, 15 de maio de 1950- Moleanos, Alcobaça, 19 de outubro de 2023) (ex-1.º Cabo Condutor Auto da CART 3493 / BART 3873, Mansambo, Cobumba e Bissau, 1972/74) 

Foto (e legenda): © António Eduardo Ferreira (2013). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]



Guiné > Bissau > Novembro de 1968 > Avenida do Império e ao cimo o Palácio do Governador. Foto tirada perto do café Bento (?)...


Guiné > Bissau > Abril de 1968  > O Virgílio Teixeira, "na esplanada do  café  Bento, o  sítio mais emblemático da cidade"...



Guiné > Bissau > Junho de 1968 > "No café Bento – a 5ª Rep – com mais alguns camaradas numa noite quente e húmida. Sou o segundo a contar da direita, de óculos escuros, a acender um cigarro".

Fotos do álbum  do Virgílio Teixeira, ex-alf mil, SAM, CCS / BCAÇ 1933 (Nova Lamego e São Domingos, 1967/69);

Fotos (e legendas): © Virgílio Teixeira (2018). Todos os direitos reservados [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]



Guine > Bissau > s/d (c. 1969) > "Eu e o Valdemar, salvo erro na Solmar, em Bissau"... Foto do Abílio Duarte (x-fur mil, CART 2479, mais tarde CART 11 e, finalmente, já depois do regresso à metrópole do Duarte, CCAÇ 11, a famosa Companhia de “Os Lacraus de Paunca” (Contuboel, Nova Lamego, Piche e Paunca, 1969/70); faz parte da Tabanca Grande desde 27/8/2010; tem mais de 7 dezenas de referências no blogue; está reformado como bancário do BNU - Banco Nacional Ultramarino; vive na Amadora)


Foto (e legends): © Abílio Duarte (2013). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luía Graça & Camaradas da Guiné.]



Guiné > Bissau > Finais de fevereiro ou princípios de março de 1969 > > O Valdemar Queiroz na Solmar. Foto do seu álbum (foi fur mil, CART 2479 / CART 11, Contuboel, Nova Lamego, Canquelifá, Paunca, Guiro Iero Bocari, 1969/70), membro da Tabanca Grande desde 16 de fevereiro de 2014; tem  200 referências no nosso blogue, de que é um leitor atento e comentador assíduo).


Foto (e legenda): © Valdemar Queiroz (2014). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luía Graça & Camaradas da Guiné.]





Planta de Bissau (edição, Paris, 1981) (Escala: 1/20 mil)


1. Caros leitores: agora temos que descobrir mais fotos e histórias do Restaurante Pelicano, do Cafe Bento, da Cervejaria Solmar  (*) e de outros sítios do nosso roteiro dos "comes & bebes" em Bissau (e, já agora,  arredores: Nhacra, Quinhamel, Cumeré...). 

Tudo isto faz parte das nossas geografias emocionais (**), da nossa memórias dos lugares, boas e más...

Estas "geografias" de Bissau são apenas emocionais. a "Bissau Velha" que conhecemos, já náo existe ou está irreconhecível... O que resta de pé é património dos guineenses, só têm a ganhar de o souberem preservar... 

A história faz-se também  com as sucessivas camadas dos vestígios do passado, sinalizando a passagem de diferentes povos... Lisboa é um exemplo, desde o calcolítico  aos romanos e aos árabes... Bissau era uma cidadezinha colonial, antes de se  tornar capital (destronando Bolama), desenhada a regra e esquadro no tempo da I República, que era tão colonialista como o Estado Novo... 

Não vamos branquear nem escamotear o passado...Bissau tem hoje outras marcas, novas arquiteturas pós-modernas, pós-coloniais, mas também neocolonialistas... Em todas há a marca da passagem e da interação de diferentes povos, épocas, poderes, assimetrias, ideologias, mitos...

Este exercício de exorcismo da memória pode ser patético, ou até infantil, saudosista... Chamem-lhe o que quiserem... Não estamos preocupados com o p0liticamente correto... Somos apenas um blogue de partilha de memórias (e de emoções). Náo somos historiadores. 

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Notas do editor:

(*) 31 de janeiro de 2025 > Guiné 61/74 - P26443: Fotos à procura de... uma legenda (192): Bissau, agosto de 1974: qual a mais famosa esplanada da cidade ? Café Bento ou cervejaria Solmar ? E esta foto é da 5ª Rep ou da Solmar ?

(**) Último poste da série > 30 de janeiro de 2025 > Guiné 61/74 - P26442: As nossas geografias emocionais (37): A Fulacunda do meu tempo (Jorge Pinto, ex-alf mil, 3ª C/BART 6520/72, 1972/74)

terça-feira, 5 de novembro de 2019

Guiné 61/74 - P20315: Memória dos lugares (397): Roteiro de Bissau: velhas e novas toponímias, velhas e novas geografias emocionais... (David Guimarães / Humberto Reis / A. Marques Lopes / Agostinho Gaspar)



Foto nº 1 > Guiné-Bissau > Bissau > Av Domingos Ramos > 2001 > O mercado municipal, aliás, "Mercado Central"  (entre a Av Domingos Ramos e a R Vitorino Costa, vd. o mapa da Google)... A mesma tabuleta esmaltada de há trinta e tal anos atrás...




Foto nº 2 > Guiné-Bissau > Bissau > 2001 > Edifício colonial em ruínas, em frente à antiga Casa Pintosinho [de António Pinto), um dos sítios em Bissau onde comíamos as célebres ostras. Devia ser  na Rua Oliveira Salazar, hoje  Rua Guerra Mendes (paralela à Marginal, agora Av 3 de Agosto, segundo o mapa da Google). Originalmente terá pertencido à Casa Gouveia, fundada por António Silva Gouveia. (A Casa Gouveia mudou para as mãos da CUF em 1927.)




Foto nº 3 > Guiné-Bissau > Bissau > 2001 > A marginal (hoje Av 3 de Agosto) e, em segundo plano, à esquerda, o antigo Pelicano, de saudosa memória. Ao fundo, veem-se os contentores do porto de Bissau (vd. mapa do Google)... O alcatrão há muito que tinha desaparecido.

Fotos nºs 1 a 3  (e legendas) : © David Guimarães (2005). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


Foto nº 4 > Guiné-Bissau > Bissau > 1996 > Aspecto pouco abonatório do estado de conservação do "Pelicano,  Restaurante, Bar, Night Cub"... Em 1970 era o melhor café-esplanada de Bissau.


Foto (e legenda): © Humberto Reis (2005). Todos os direitos reservados. [Edição: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


Foto nº 5 > Guiné-Bissau > Bissau > Av Domingos Ramos > 2001 > À esquerda uma agência do BAO - Banco da Africa Ocidental




Foto nº 6 > Guiné-Bissau > Bissau > Av Amílcar Cabral (antiga Av República) (vd. mapa do Google)  > 2001 >  À esquerda a Pensão D. Berta... A saudosa Berta de Oliveira Bento, cabo-verdiana radicada na Guiné Bissau há várias décadas, faleceu  em 2012, aos 88 anos. Não deixou filhos, mas tinha muitos amigos.


Foto nº 7 < Guiné-Bissau > Bissau > 2001>  Bomba da GALP... Era aqui o antigo Café Bento ou a famosa 5ª Repartição do tempo da guerra colonial.  Ficava na Rua Tomás Ribeiro, hoje Rua António Nbana. O posto de combustível da GALP, é o único na Bissau Velha, pelo mapa do Google fica na Av Amílcar Cabral, fazendo esquina com a R António Nbana. A RTP África também fica aqui perto.

O Café Bento era um dos nossos locais de convívio, dos gajos do mato, dos desenfiados e sobretudo dos heróis da guerra do ar condicionado. Havia 4 grandes repartições militares em Bissau mas a 5ª, o Café Bento, era a mais famosa, porque era lá que paravam todos os "tugas" que estavam em (ou iam a) Bissau, gozar as "delícias do sistema".



Foto nº 8 > Guiné-Bissau > Bissau > 2001 > Praceta junto ao Forte da Amura (construção militar setecentista), por detrás do Zé da Amura, que fica na rua Capitão Barata Feio (hoje, Rua 24 de Setembro)... Confunde-se o Zé da Amura com o Café Bento (que ficava na Rua Tomás Ribeiro, hoje Rua António Nbana).

Fotos nº 5 a 8 (e legendas): © David Guimarães (2005). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]



Foto nº 9 > Guiné-Bissau > Bissau > 1998: O velho forte da Amura com os seus canhões de bronze

Foto (e legenda): © A. Marques Lopes (2005). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]




Foto nº 10 > Guiné-Bissau > Bissau > 2001>    Estrada para o aeroporto ,em Bissalanca. Agora, Aeroporto Internacional Osvaldo Vieira. À esquerda,  o célebre mercado de Bandim, que ficava a sudoeste da  cidadezinha colonial de Bissau que nós conhecemos: primeiro o Chão de Papel e depois Bandim  (Vd. mapa do Google).

 Foto (e legendas): © David Guimarães (2005). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]




Foto nº 11 > Guiné-Bissau > Bissau >1998: A cidade de Bissau, vista do lado sudoeste; ao fundo, as duas torres da catedral de Bissau (que fica na Av Amílcar Cabral, antiga Av República, vd. mapa do Google)

Foto (e legenda): © A. Marques Lopes (2005). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]



Guiné > Bissau > s/d [. c 19690/70] > "Praça Honório Barreto e Hotel Portugal"... Bilhete postal, nº 130, Edição "Foto Serra" (Colecção "Guiné Portuguesa") (Detalhe). Colecção: Agostinho Gaspar / Edição: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné (2010)

Agora a Praça chama-se Che Guevara (vd. mapa do Google)... e o antigo Hotel Portugal agora é Hotel  Kalliste...


1. Há quem lhe chame "saudosismo mórbido, doentio"...  Saudosismo ? Não gosto do termo... Não, não é saudades do "antigamente".  Hoje a Guiné-Bissau é um país independente e pertence à CPLP...  Há um passado que foi irredemediavelmente ultrapassado, pelos dois povos... Mas há também  uma convivência entre esses mesmos dois povos,  há uma história, um património material e imaterial... partilhado por ambos.

Já nada disto existe, a ser não na memória de alguns de nós...Existem as ruas, com outros nomes, existe a maior parte dos edifícios, uns em ruina, outros readaptados... Mas são memórias a que temos direito, aqueles de nós que por lá passámos, não só entre 1961 e 1974 mas depois, nas tais viagens de "saudade" (e não de "saudosismo")... São memórias dos lugares (*). São lugares, são paisagens, que não pertencem a ninguém...  São novas e velhas toponímias, não novas e velhas geografias emocionais...

As imagens de Lisboa ou de Bissau não pertencem a ninguém. As paisagens não pertencem a ninguém. Tal como as cores, os sabores. os cheiros... dos sítios por onde passamos.  Como a terra, que é de todos nós.  Um tsunami (de que Deus, Alá, Jeová e os bons irãs da Tabanca Grande, todos juntos, nos livrem!) pode destruir Lisboa ou Bissau. Mas as imagens, as memórias, essas, ficarão connosco enquanto formos vivos e enquanto existirem os seus suportes digitais: os nossos textos, as nossas fotos, os nossos documentos, este blogue, que não é mais do que um sítio, virtual, onde partilhamos memórias (e afetos), e que oxalá/enxalé/inshallah possa sobreviver-nos...

Adicionalmente, no poste P12980, pode-se ver alguns dos edifícios públicos, com interesse arquitetónico que por lá ficaram, em Bissau, e que é pena se os guineenses não cuidarem deles,  com a nossa ajuda (**)... Sabemos que os guineenses têm outras prioridades mais prementes, como o pão para a boca, o emprego, a saúde, a educção, a paz..., a estabilidade política e a normalidade democrática que, infelizmente, ainda não conseguiram alcançar, quase meio século depois da independência.
_________

quinta-feira, 9 de agosto de 2018

Guiné 61/74 - P18908: Estórias de Bissau (20): A cidade onde vivi 25 meses, em 1968/70: um roteiro (Carlos Pinheiro)... [Afinal o "Chez Toi" era a antiga casa de fados "Nazareno"...]

1. Texto (e fotos) de Carlos Manuel Rodrigues Pinheiro* (ex-1.º Cabo TRMS Op MSG, Centro de Mensagens do STM/QG/CTIG, 1968/70), com data de 17 de Abril de 2011 (, já publicado sob o poste P8138) (*).

O Carlos Pinheiro tem cerca de meia centena de referências no nosso blogue e conheceu Bissau como poucos de nós, já que lá viveu 25 meses... Colocado no QG, nas horas também dava uma ajuda no estabelecimento do o seu parente, Costa Pinheiro, estabelecido em Bissau desde os princípios dos anos 50. A casa Costa Pinheiro era uma das boas casas comerciais de Bissau. Achamos oportuno revisitar a cidade de Bissau dos anos de 1968/70 (**)


A Cidade de Bissau em 68/70

Texto e fotos de Carlos Pinheiro

A esta distância no tempo, recordar a cidade de Bissau onde passei mais de 25 meses da minha vida, obrigatoriamente e sem alternativa de escolha, não é fácil, mesmo assim é bom recordar Bissau, para que a memória não esqueça e para que outros possam também recordar e testemunhar.

Bissau era uma cidade simpática onde havia um pouco de tudo e acima de tudo muita tropa, muitos militares em movimento, a chegar, a partir e a estar. Não era uma grande metrópole mas tinha infra-estruturas que uma cidade de província, na Metrópole de então, não tinha, não podia ter e nem tinha que ter. 

Tinha por exemplo um Aeroporto, na Bissalanca, que é certo se confundia de algum modo com a BA 12, já que as pistas eram as mesmas e, aliás, o Boeing da TAP só lá ia uma ou duas vezes por semana, levar de regresso combatentes que tinham vindo de férias, buscar outros em sentido contrário e acima de tudo levar e trazer correio tão indispensável para o apoio moral das tropas e especialmente dos seus familiares cá na santa terrinha. 

Na maior parte do tempo eram os FIAT G91, os T6 e os DO27, para além de outros meios aéreos, os únicos a utilizar as pistas quando eram lançadas Operações onde o apoio aéreo tinha uma preponderância mais que evidente.

E, claro, também era dali que saíam os helicópteros, os Alouette III, para as Operações, mas acima de tudo para fazer as evacuações dos doentes e dos feridos,

Tinha também um porto de mar, que por acaso era no rio Geba onde, por vezes, os barcos maiores, o Uíge ou o Niassa, não atracavam.

Mas barcos como o Rita Maria, o Ana Mafalda, o Alfredo da Silva, o Manuel Alfredo, todos da Sociedade Geral, da CUF, esses porque eram mais pequenos, atracavam. Também o Carvalho Araújo, penso que dos Carregadores Açorianos, nos seus últimos tempos de vida, também ali atracava. 

Mas era um porto com poucas condições. Este último barco, porque tinha pouca autonomia, tinha que ir, na viagem de ida, a S. Vicente, Cabo Verde, meter água e nafta e no regresso, era no Funchal que atestava.

Tinha ainda outro porto, este mais de pesca, o Pidjiguiti, tristemente célebre pelos massacres que precederam a guerra da independência (em 3 de agosto de 1959).

Mas tinha:

  • o Palácio do Governador, 
  • a Associação Comercial
  • algumas casas apalaçadas de arquitectura tipicamente colonial, 
  • um cinema, a UDIB,
  • dois campos de futebol, o campo da UDIB e o Estádio dos Cajueiros,  à Ajuda, 
  •  um comércio florescente, especialmente dominado pelos libaneses, onde tudo se vendia desde o alfinete ao camião, tudo importado, principalmente do Japão, mas também dos States, da Inglaterra, da Escócia, da Itália, da Holanda, da Checoslováquia, da França, etc., e naturalmente da Metrópole.

E Bissau tinha algumas casas que toda a malta conhecia pois era lá que convivia, que matava saudades e acima de tudo matava a fome e a sede. 

Logo à saída do QG/CTIG, Santa Luzia, havia:

  •  o Santos, a que simplesmente, mas com muito carinho, chamávamos o “Enfarta Brutos”, onde se comia, talvez a maior febra de Bissau. Parecia que tinha as orelhas de fora do prato, tal era a sua dimensão. Mas as batatas fritas a acompanhar também mereciam respeito. Quanto à cerveja, ela era igual em todo o lado, desde que estivesse bem fresca e isso às vezes conseguia-se e muita até era da Manutenção Militar.

Mas lá em baixo, na cidade, tínhamos outras casas emblemáticas. Tínhamos:

  •  a Solmar, que não tinha nada a ver com a outra de Lisboa, mas que já era um bom restaurante que também vendia muita cerveja para acompanhar as ostras e o camarão;
  • o Solar do 10, casa mais pequena mas mais requintada, onde por vezes à noite se cantava o fado depois de uma jantarada ou ceia;
  • o Zé da Amura onde se comiam uns chispes que iam para lá enlatados não sei de onde, mas que, à falta de melhor, eram apreciados.

Tínhamos, na Praça Honório Barreto:

  • o Internacional, 
  • o Portugal 
  • e o Chave de Ouro, tudo cafés/cervejarias mas também onde se comiam umas febras ou uns bifes, quando havia.

Mas na Avenida principal [ a Av da República], que ía do porto ao Palácio do Governo, também havia;

  •  o Bento, café e esplanada característica da cidade a que vulgarmente nós, os militares, chamávamos de “5ª Rep.” já que o Quartel-general (QG/CCFAG, Amura) só tinha 4 Rep, quatro Repartições.

Para a malta, ali era portanto a 5ª repartição onde quem chegava do mato se encontrava com os residentes, onde se trocavam informações e onde, se dizia, que essas informações vadiavam ali dum lado para o outro do conflito. 

Ao lado do Bento,  mais para o interior, era:

  •  a Bolola, onde esteve o Serviço de Material, depois transferido para Brá, 
  •  o Cemitério que ainda guarda os restos mortais de muitos camaradas nossos.

Nessa avenida estavam talvez as maiores casas comerciais. Por exemplo:

  •  a Casa Gouveia, da CUF, que vendia ali de tudo e que tudo comprava o que os naturais produziam, principalmente a mancarra (2);
  • o Banco Nacional Ultramarino, o banco emissor da Província;
  • o Cinema UDIB; 
  • e ao lado uma boa gelataria, mais acima, a Pastelaria, Padaria e Gelataria Império, assim baptizada por estar já na Praça do Império onde se situava o Palácio do Governo e  a Associação Comercial.

Também era nessa Avenida que estava:

  •  a Sé Catedral, templo de linhas tão simples quanto austeras.

A caminho de Brá e da SACOR, havia:

  •  um local chamado Benfica onde havia um café com o mesmo nome e onde se apanhavam os transportes para os vários quartéis daquela zona como eram o Hospital Militar 241, o Batalhão de Engenharia 447, os Comandos, os Adidos e mais à frente a BA 12 e o BCP 12 [em Bissalanca]..

Mas havia outros estabelecimentos dignos de recordação:

  •  a casa de fados Nazareno, mais tarde rebaptizada de Chez Toi;
  • a Meta com as suas pistas de automóveis eléctricos;
  • e como novidade também apareceu naquela altura o Pelicano, café-restaurante construído pelo Governo e explorado por privados, com uma belíssima vista sobre o Geba e avenida marginal.

Na Avenida Arnaldo Shulz, que ligava a Estrada de Santa Luzia à tal SACOR, a caminho de Brá, sempre ao lado do Cupelão [ou Pilão], estava;

  •  o Comando Chefe das Forças Armadas (QG/CTIG) à esquerda de quem subia, um pouco mais abaixo;

  • os Bombeiros Voluntários de Bissau num grande quartel nessa altura muito bem equipado;
  •  a Cruz Vermelha, estes do lado direito;
  • e até a sede local da PIDE, que nessa altura já se chamava DGS, também do lado direito mas já junto ao Largo do Colégio Militar.

Era uma avenida nova, como se fosse uma circular urbana onde as boas vivendas também começaram a aparecer.

No princípio da Avenida que ia para Santa Luzia, antes de se chegar ao Hospital Civil, estava;

  • o Grande Hotel, nome pomposo do melhor estabelecimento hoteleiro da cidade. O resto era pensões, algumas de quinta escolha.

Mas o comércio de Bissau não era constituído só por cafés, restaurantes e tascas. Havia de tudo. E há nomes que não se esquecem:

  • para além da Casa Gouveia, o maior empório daquele então Província Ultramarina, como então se dizia,
  • a Casa Pintosinho,
  •  a Taufik Saad
  • a Costa Pinheiro,
  •  e muitas outras, vendiam de tudo, são nomes que ficaram para sempre na memória.

Havia, claro, várias casas de fotografia, como por exemplo a Agfa perto da Amura, que ganhavam muito dinheiro na medida em que era raro o militar que não tivesse comprado a sua Fujica, Pentax, Nicon, etc., a que davam muito uso. 

Muitas casas vendiam roupa barata, nessa altura já confeccionada em Macau, especialmente aquelas camisas de meia manga, calças de ganga e sapatos leves.

Era assim Bissau naquela época.

Carlos Pinheiro
 [Torres Novas,]
16.04.2011


2.  Comentário do nosso editor LG:

Recorde-se aqui a "dica" sobre a localização do Chez Toi, dada em tempos pelo nosso amigo Nelson Herbert, jornalista guineense que foi para a América, onde trabalhou na VOA - Voice of America:  era na mesma rua onde ele vivia, e onde ele e os putos seus amigos brincavam com o seu "primeiro carro de rolamentos" (sic), utiliziando para o efeito o "declive que ia dos serviços metereológicos/Boite Cabaret Chez Toi... no cimo da então nossa rua, Engenheiro Sá Carneiro [, subsecretário de Estado das Colónias, que visitou a Guiné em 1947, ao tempo do Sarmento Rodrigue]"... 

 Essa rua era "a mesma da Praça Honório Barreto, do Hotel Portugal, do Café Universal, do Restaurante ou Pensão Ronda... já agora que ia dar ao cemitério, passando lateralmente pelo hospital" e indo dar "à messe dos Sargentos [da Força Aérea]"...
_______________

Notas do editor:

(*) Vd. poste de 20 de abril de 2011 >  Guiné 63/74 - P8138: Memória dos lugares (152): A cidade de Bissau em 1968/70: um roteiro (Carlos Pinheiro)

(**)  Último poste da série > 9 de agosto de  2018 > Guiné 61/74 - P18907: Estórias de Bissau (19): O Pilão e o Chez Toi que eu conheci... (António Ramalho)... Comentários de Valdemar Queiroz, Virgílio Teixeira, Costa Abreu e Juvenal Amado sobre o primeiro "night club" que abriu na capital guineense...

segunda-feira, 19 de dezembro de 2011

Guiné 63/74 - P9231: Notas de leitura (313): Três Tiros da Pide, de Oleg Ygnatiev (Mário Beja Santos)

1. Mensagem de Mário Beja Santos (ex-Alf Mil, Comandante do Pel Caç Nat 52, Missirá e Bambadinca, 1968/70), com data de 18 de Novembro de 2011:

Queridos amigos,

Dei-me ao trabalho de reler os diferentes livros do jornalista soviético Oleg Ygnatiev em que ele especula sobre o assassinato de Cabral, numa tentativa de procurar responder às dúvidas do nosso camarada Mário Serra de Oliveira com quem o Momo Turé trabalhou no restaurante O Pelicano, mesmo à beira do Pidjiguiti.

Estou cada vez mais convencido que o Momo deu muito jeito à tese do braço longo da PIDE que ninguém até hoje apresentou provas, continua a conspiração de silêncio sobre a documentação do julgamento, não há uma só prova sobre os autores morais, como ainda recentemente recordou José Pedro Castanheira, autor de uma investigação de referência sobre o assassinato.

O Mário Serra de Oliveira e todos nós vamos esperar não sei quanto tempo até se saber a verdade sobre o assassinato de Cabral.

Um abraço do
Mário


Momo Turé nos livros de Oleg Ygnatiev

Beja Santos

O nosso confrade Mário Serra de Oliveira deu importantes esclarecimentos quanto à presença de Momo Turé em Bissau e a trabalhar no restaurante Pelicano. Momo Turé, tal como Aristides Barbosa, são nomes recorrentes em toda a obra de Oleg Ygnatiev seja na biografia de Amílcar Cabral ou nos trabalhos que dedicou ao assassinato do líder carismático do PAIGC.

"Três Tiros da PIDE, quem, porquê e como mataram Amílcar Cabral", por Oleg Ygnatiev (Prelo Editora, 1975) foi um livro que teve algum sucesso na época, tanto em Portugal como na Guiné-Bissau. Numa concepção de Guerra Fria tinha todo o sentido incriminar a PIDE/DGS e forjar uma tese sem nenhum suporte documental. Um assassinato concebido por uma repressiva polícia política fazia esquecer o conjunto de executores, deixava no olvido as provas factuais do chamado julgamento de Conacri, decidido por Sekou Touré, sob a forma de amplo jurado internacional e, como é de todos sabido, não existe hoje um só depoimento ou registo das actas desse julgamento.

Como arquitectou o jornalista Oleg Ygnatiev os planos da conspiração? Deu-lhe um nome: operação “Rafael Barbosa”, pareceu-lhe bastante emblemático incriminar o antigo presidente do PAIGC liberto por Spínola em 1969, além de que Barbosa comprovadamente relacionou-se com Momo Turé e Aristides Barbosa, numa entrevista concedida a Leopoldo Amado, no âmbito da investigação que este historiador procedeu à volta da biografia de Aristides Pereira, Rafael Barbosa diz claramente que preparou a fuga destes antigos prisioneiros do Tarrafal conjuntamente com outros elementos.

Ygnatiev congeminou um diário de viagem em que vai atravessando as chamadas zonas libertadas e onde vão sendo referidos os nomes dos incriminados como Momo, Aristides Barbosa, Bacir Turé e Malã Nanko. Momo teria sido referenciado no final do ano de 1961 por um agente da PIDE/DGS em Bissau, mais concretamente no “Grande Hotel”, onde trabalhava como criado de mesa. Teria começado aí o seu recrutamento. Sem nenhum pejo, Ygnatiev fala no diz-se e no consta, logo a seguir a Momo ter sido colocado no Tarrafal: “A certa altura parece que alguém entregou à mulher de Momo um bilhetinho, que conseguiu por caminhos desconhecidos chegar às suas mãos. Várias pessoas se interessaram pela situação da família e mais uma vez ofereceram a sua ajuda à mulher de Momo, mas ela sempre respondia que ele lhe tinha deixado umas economias e que por enquanto tinham o indispensável para viver”.

Dentro deste relato inequivocamente romanceado, em 1969, o então director da PIDE em Bissau, numa reunião, refere que Momo deverá receber 200 contos para a reconstrução da sua casa, tal como lhe fora prometido. Logo após a sua libertação, em 3 de Agosto de 1969, Momo Turé aparece como chefe da sala do restaurante O Pelicano.

O relato de Ygnatiev mistura abusivamente diferentes situações, tece uma descrição mirabolante sobre o massacre de Jolmete, de 20 de Abril de 1970, diz que os oficiais foram baleados por terem oferecido resistência às forças de André Gomes, o que é uma rotunda mentira. O texto é de novo reconduzido para O Pelicano, alguém dá instruções a Momo, são indicados os nomes dos contactos, competirá a Momo e a Aristides Barbosa transcreverem as reuniões de direcção do PAIGC. Dentro deste plano, a PIDE comprometia-se a entregar dinheiro todos os meses à mulher de Momo, enquanto ele partia para Conacri, disfarçado de patriota. Vão adiante surgindo outros nomes como os de Inocêncio Cani e João Tomás, dirigentes punidos e afastados por graves irregularidades. Sem apresentar provas, como sempre, temos João Tomás nomeado como informador da PIDE através de contactos com comerciantes.

E para dar mais sabor ao relato, sem igualmente nunca ilustrar os nomes dos conspiradores atrás referidos, eles são insinuados como os executores da instrução nº 42/71, da Direcção-Geral de Segurança. Numa reunião partidária, Amílcar Cabral tirou de uma pasta 5 folhas de papel, dizendo tratar-se de um programa detalhado de acções subversivas contra o PAIGC, dizendo inequivocamente que dentro desse plano constava a liquidação do secretário-geral Amílcar Cabral e de todos aqueles que não aceitassem uma direcção política genuína de guineenses, referindo-se o nome de Rafael Barbosa como um dos mais influentes para a futura direcção. No final da reunião, os camaradas M e N ter-se-ão aproximado de Amílcar Cabral dizendo que tinham vistoriado os pertences pessoais de Momo, encontraram notas idênticas à da instrução da DGS. Em Bissau, António Fragoso Allas, o director da PIDE, teria ficado furioso com esta troca de informações.

Oleg Ygnatiev vai fazendo surgir outros nomes como os de Saidu Baldé e Mamadu Indjai que em 20 de Abril de 1973 é o responsável pela segurança de Amílcar Cabral. Em Conacri, ao longo de 1972, colaboradores de Cabral continua a insistir na destituição e ou prisão de pessoas como Momo e Aristides Barbosa, mas Amílcar Cabral ia sempre adiando essa decisão à espera de uma regeneração destes dirigentes subversivos e o livro termina com um conjunto de depoimentos sobre o assassinato de Amílcar Cabral e depois a menção à execução dos chefes do complô. Como é evidente, o autor não explica quem chefiava o complô, limita-se a referir nomes de acordo com a tese de que a PIDE preparara um plano para instalar quadros ressabiados junto de Cabral, a missão seria trazê-lo vivo para Bissau e eleger uma direcção fantoche pronta a executar os planos neocolonialistas de Spínola. Não vale a pena insistir que tudo isto é fantasioso, não há um só documento que abone o relato de Ygnatiev. Rafael Barbosa sempre considerou este plano sugerido tanto pela direcção do PAIGC, a partir do assassinato de Cabral, como pelas conjecturas de Ygnatiev como um puro delírio, disse sempre que Momo era um militante dedicado mas que não escondia a sua discordância com as teses da unidade Guiné/Cabo Verde.

Com esta releitura do livro de Ygnatiev penso ter respondido em voz alta a algumas da dúvidas do camarada Mário Serra de Oliveira que nunca esclareceu o Momo Turé em O Pelicano, ali estiveram juntos.
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Nota de CV:

Vd. último poste da série de 16 de Dezembro de 2011 > Guiné 63/74 - P9207: Notas de leitura (312): Arquitectura Sustentável na Guiné-Bissau (Manual de boas práticas) (Mário Beja Santos)