Octogésimo terceiro e último episódio da série Bom ou mau tempo na bolanha, do nosso camarada Tony Borié, ex-1.º Cabo Operador Cripto do CMD AGRU 16, Mansoa, 1964/66.
Dia 16 de Julho de 2014
Companheiros de viagem, este é o resumo dos vigésimo
sexto e vigésimo sétimo dias, portanto o final da
“aventura”. Nestes dois últimos dias,
continuámos usando o mesmo trajecto de ida para o
Alaska, só que agora era em direcção ao sul e de oeste
para leste.
Já explicámos a história das
povoações e estados por onde passámos, mas é sempre
bom lembrar alguns pormenores.
Era perto da meia-noite, não eram “quatro da madrugada,
como quando o passarinho cantou”, 27 dias antes e, nos
acordou para iniciarmos os preparativos da nossa longa
jornada, agora seguíamos na mesma estrada, a estrada
rápida 95, no estado da Flórida, plana, larga e longas
rectas, não mais montanhas, vales, rios, riachos, lagos,
precipícios, glaciares, animais selvagens a atravessar a
estrada, terra, lama, frio, acidentes, zonas de construção,
trânsito parado, esperando o “carro piloto”, neve, nevoeiro,
chuva ou sol tórrido, aqui havia noite, não era sempre dia, como
depois do “paralelo 48”, lá no norte, no Alaska, em que
era quase sempre de dia, agora viajávamos em sentido
contrário, estávamos quase a chegar a casa, um pouco
cansados, mas felizes, por regressarmos ao nosso ponto
de origem.
Muito mais felizes do que os índios “Cherokee”, um povo
muito orgulhoso, que por volta do ano de 1838, o governo
dos EUA forçou a deslocar-se das suas terras para o
estado de Oklahoma, ainda hoje chamam a essa
jornada para o exilo, “Trail of Tears”, que quer dizer,
“caminho de lágrimas” e que em tempos viveram na área
do que hoje é a cidade de Chattanooga, que fica quase na
fronteira com o estado da Geórgia. Ainda no estado do
Tennessee, cidade que atravessámos depois de ter
passado pelos estados de Kentuchy e Illinois, onde
tínhamos dormido por algumas horas na cidade de Mt.
Vernon, onde no século passado não havia estrada, as
pessoas vinham do norte para sul passando por
“swamps”, que eram terras alagadiças, mas hoje já tem
estradas rápidas.
Dois dias antes, tínhamos deixado a cidade de Hays, no
estado do Kansas, onde por volta do ano de 1865, os US Army, construiram o Fort Fletcher, um pouco ao sul do
que hoje é a cidade de Hays, para proteger as caravanas
de imigrantes ou aventureiros prospectores de ouro que
viajavam na “Smoky Hill Trail”, que era um trilho que
seguia paralelo às colinas do rio Smoky, em direcção ao
oeste e que eram frequentemente atacadas pelos índios
“Cheyenes” e “Arapaho”, que viam as suas terras serem
invadidas. Tudo isto se passava numa região selvagem,
muito próxima do que hoje é a estrada rápida número 70,
onde podíamos também viajar a 70 milhas por hora,
ouvindo as velhas músicas favoritas, como por exemplo:
“King of the Road”, “Hit the Road Jack”, “On the Road
Again” ou “Adorei viajar por cada e, todas as estradas”.
Dizem que por razões económicas, o Fort Fletcher
encerrou, mas um ano depois, o Exército dos EUA
reabriu o Fort Fletcher, desta vez com o objetivo de
proteger os trabalhadores da construção do caminho de
ferro da “Divisão Leste Union Pacific”, que seguia em
direcção ao oeste, paralelo à “Smoky Hill Trail”, desta vez
o Exército deu novo nome ao Forte, chamando-lhe Fort
Hays, em honra do Brigadeiro General Alexander Hays, que foi
morto numa batalha nesta região selvagem durante a
Guerra Civil Americana, todavia em junho de 1867, uma
inundação severa quase destruiu a fortaleza, matando
alguns soldados e civis.
Nestes dois dias, seguimos o mesmo roteiro, percorrendo
áreas que já foram descritas nos primeiros dias da nossa
aventura, vimos todos aquelas paisagens, onde aqui e ali
apareciam algumas quintas com animais, outras
abandonadas, transformadas em zona de caça,
pastagens com grandes manadas de vacas, plantações
de milho, trigo, aveia, soja ou girassóis, poços de petróleo
e moinhos energia em funcionamento e pouco mais, além
de algumas áreas desertas, próximo e atravessando as
cidades de Kansas City, no estado do Kansas, St. Louis,
no estado do Missouri e Atlanta, no estado da Geórgia,
tivémos alguma dificuldade, pois o trânsito já era intenso,
não era estrada deserta, como já estávamos um pouco
acostumados.
Por vezes olhávamos para a nossa companheira e
esposa por quase cinquenta anos e sorriamos, pois
tínhamos viajado atravessando um continente, diferentes
estados e países, cidades, vilas ou aldeias, por autoestradas,
estradas secundárias e carreiros, conhecendo
novas pessoas, novos costumes, com tempo de sol, frio,
vento ciclónico, chuva, granizo, neve, planícies com
altas temperaturas, montanhas, vales, atravessando rios,
ribeiros, terras alagadiças, cozinhando as nossas
refeições, dormindo na nossa “caravana”, tomando banho
nos rios e lagos, onde se podia beber a água, respirando
ar puro e selvagem, pescando em rios selvagens, ao lado
de gaivotas, águias de colarinho branco, ursos ou coiotes,
céu cinzento ou tempestades, nuvens de mosquitos, lama
ou pedras na estrada. Em algumas regiões, logo a
seguir, céu limpo, azul, vendo paisagens de montanha, mar,
lagos, glacieres, animais selvagens atravessando a
estrada, entre outras coisas maravilhosas, com que a
natureza nos contemplou.
Quando éramos jovens, dizíamos que nunca poderíamos
fazer isto, viajando ao redor, vivendo num pequeno
espaço, não tendo residência permanente e estar longe
da família e dos amigos. Estou certo de que tanto eu
como a minha companheira e esposa, às vezes
encontramos momentos em que nos sentimos assim e pensámos que não devíamos ser tão aventureiros, mas
no geral, também estamos certos de que nos iremos
tornar em pessoas melhores quando voltarmos para junto
da família e amigos, indo provavelmente sentir
que deveriamos ter começado isto antes, conhecer o
modo de vida puro, das pessoas, não das atrações que
aparecem nos cartazes da estrada, nos anúncios de
revistas e na televisão, onde só nos mostram o que
“eles” na verdade querem.
No regresso, parámos muitas vezes para comprar gasolina, café, pão,
água e alguns vegetais. Percorremos 1560 milhas, com o
preço da gasolina a variar entre $3.51 e $3.58 o galão,
que são aproximadamente 4 litros e, com tudo sujo e
desarrumado, dentro Jeep e da Caravana, que deixámos
em frente da casa, mas felizes e sem dores, desejosos de
um refrescante banho e alguma comida e, mesmo antes
de abrir a porta de casa, ainda tivémos tempo de verificar
o contador do Jeep, que marcava mais
14.626 milhas (23.538 Km), do que quando saímos, quase um mês
antes.
Até qualquer dia, de novo em viajem, ou na guerra.
Tony Borie, Agosto de 2014
____________
Nota do editor
Último poste da série de 11 de janeiro de 2015 > Guiné 63/74 - P14139: Bom ou mau tempo na bolanha (83): Da Florida ao Alaska, num Jeep, em caravana (23) (Tony Borié)
Blogue coletivo, criado por Luís Graça. Objetivo: ajudar os antigos combatentes a reconstituir o "puzzle" da memória da guerra colonial/guerra do ultramar (e da Guiné, em particular). Iniciado em 2004, é a maior rede social na Net, em português, centrada na experiência pessoal de uma guerra. Como camaradas que são, tratam-se por tu, e gostam de dizer: "O Mundo é Pequeno e a nossa Tabanca... é Grande". Coeditores: C. Vinhal, E. Magalhães Ribeiro, V. Briote, J. Araújo.
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domingo, 18 de janeiro de 2015
domingo, 11 de janeiro de 2015
Guiné 63/74 - P14139: Bom ou mau tempo na bolanha (83): Da Florida ao Alaska, num Jeep, em caravana (23) (Tony Borié)
Octogésimo segundo episódio da série Bom ou mau tempo na bolanha, do nosso camarada Tony Borié, ex-1.º Cabo Operador Cripto do CMD AGRU 16, Mansoa, 1964/66.
Dia 15 de Julho de 2014
Companheiros de viagem, este é o resumo do vigésimo quinto dia
Eles viviam no atual Colorado, viviam do que a natureza lhes dava, eram os “Arapahos”, os “Cheyennes”, os “Kiowas” e os “Pawnees”, na região leste, e os “Utes”, no oeste, além de milhares de nativos de tribos diferentes do leste norte-americano que passariam pela região durante o século XIX, quando foram forçados a sair do leste e a emigrar em direcção ao oeste.
Já lá vão alguns anos, tivemos um companheiro de trabalho, oriundo da Colômbia, mais ou menos da nossa idade, o pai tinha trabalhado na construção do “ferrocarril”, como ele dizia, que devia ser o caminho de ferro lá na Colômbia e, quando estava de bom humor, dizia-me que foi com os documentos do pai, que era uma pessoa qualificada, que emigrou para os USA, portanto, nos documentos tinha a idade do pai e, nessa altura já estava qualificado para a “reforma”, mas como era uma pessoa de bem, com muito bons sentimentos, queria continuar a trabalhar por muitos mais anos e, quando estava zangado, principalmente quando não concordava comigo, dizia: - Os portugueses e os espanhóis, o que querem é ouro.
Isto é só uma curiosidade, mas da fama não nos livramos, principalmente os espanhóis, pois foram eles os primeiros exploradores europeus na região durante o século XVI. Chegaram à região vindos do sul, do México, e andavam em busca de metais preciosos, tais como prata ou ouro. Os espanhóis, não tendo encontrado nenhum destes metais preciosos no actual Colorado, não se interessaram em povoar a região, tendo reivindicado posse da região somente em 1706, um pouco tarde, pois 24 anos antes já o francês René-Robert Cavelier tinha reivindicado a posse da região leste do atual Colorado para a coroa francesa e, assim, ter feito parte da colónia francesa de Louisiana, de que já falei por diversas vezes. Mas os espanhóis, talvez pela força de armas, passaram ao controle desta região em 1762 e, sob os termos do “Tratado de Santo Ildefonso”, passaria novamente ao controle dos franceses em 1800, para ser finalmente anexada, como parte da célebre “Compra da Luisiana”, pelos Estados Unidos.
Depois dessas datas, muita água correu no rio Colorado, grandes minas de prata, seriam encontradas, houve corrida ao ouro, o que manteve em alta o crescimento populacional do estado, encontraram grandes reservas de petróleo, embora estas não tenham sido exploradas em grande escala até o início da década de 1900. Em 1870, inauguraram uma linha de caminho de ferro, conectando o Colorado com outras regiões do país, principalmente, Denver com Cheyenne, no estado de Wyoming e, finalmente em Agosto de 1876, o Colorado tornou-se o 38º estado norte-americano.
Tanta conversa, tanto blá, blá, blá, para vos dizer que seguíamos em direcção ao Atlântico pela estrada rápida número 70, depois de entrar no estado do Colorado, pela parte oeste, onde encontrámos grandes planícies, algumas pequenas montanhas, quase sem árvores e sem qualquer vegetação. Era deserto, aparecia uma ou outra pequena povoação, onde nem estação de serviço havia, isto até às proximidades da cidade de Edwards, onde se inicia uma cordilheira de montanhas que se prolonga até próximo da cidade de Denver.
Nestas montanhas, principalmente no inverno, existem grandes áreas que são “estâncias”, onde se praticam desportos de inverno, sendo algumas pequenas cidades famosas que atraem celebridades de todo mundo, passamos por elas, interessando-nos somente a paisagem, mas não deixámos de ver casas de “Millhão de Dolares” nas montanhas que circundam a estrada. Parando numa dessas pequenas cidades para comprar gasolina, o preço era tal alto que usei a gasolina de emergência, que trazia em dois tanques extras, comprada no Alaska.
A estrada, que nesta área, por motivo do intenso inverno, tem muitos “remendos”, faixas mais baixas em algumas zonas, passa lá no fundo, entre montanhas, junto da linha do caminho de ferro e do rio, alternando-se em algumas zonas em que passa o rio em baixo, o caminho de ferro e a estrada por cima, em outras zonas vão lado a lado, tendo subidas, em que numa distância de 10 ou 15 km, a estrada sobe milhares de metros, com três vias, onde a via da direita, a partir de uma certa distância, vai cheia de veículos com as luzes de emergência. Mais à frente já estão veículos parados, com problemas no motor e, ao descer, passado uns quilómetros, já se sente no ar aquele cheiro que vem dos travões, embora recomendem usar o motor para ajudar os travões, onde existem diversas saídas de emergência, com areia, onde já estão alguns veículos pesados.
Nós, tanto nas subidas como nas descidas, usando sempre a linha do meio, fomos andando devagar, mas passámos estas zonas sem dificuldade, chegando à cidade de Denver, que passámos, olhando a cidade que fica no lado sul, sempre com a ajuda do GPS, pois como devem calcular, o nosso destino era o Atlântico. A cidade de Denver é uma grande metrópole, não passa despercebida, muitos cruzamentos de estrada, muito cimento, muito trânsito, todos procurando o seu norte, sul, leste ou oeste, que muitos de nós nunca conseguimos encontrar.
Passando a cidade de Denver, depois de algum tempo na estrada, aparece a planície, quintas, poços de petróleo e moinhos de energia, pastagens de gado, muitas quintas transformadas em zona de caça, plantações de trigo, milho e aveia, zonas desertas e, assim atravessámos a fronteira para o estado de Kansas, continuando com a mesma paisagem até à cidade de Hays, onde dormimos.
Neste dia percorremos 647 milhas, com o preço da gasolina a variar entre $3.44 e $3.57 o galão, que são aproximadamente 4 litros.
Tony Borie, Agosto de 2014
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Nota do editor
Último poste da série de 4 de janeiro de 2015 > Guiné 63/74 - P14116: Bom ou mau tempo na bolanha (81): Da Florida ao Alaska, num Jeep, em caravana (22) (Tony Borié)
Dia 15 de Julho de 2014
Companheiros de viagem, este é o resumo do vigésimo quinto dia
Eles viviam no atual Colorado, viviam do que a natureza lhes dava, eram os “Arapahos”, os “Cheyennes”, os “Kiowas” e os “Pawnees”, na região leste, e os “Utes”, no oeste, além de milhares de nativos de tribos diferentes do leste norte-americano que passariam pela região durante o século XIX, quando foram forçados a sair do leste e a emigrar em direcção ao oeste.
Já lá vão alguns anos, tivemos um companheiro de trabalho, oriundo da Colômbia, mais ou menos da nossa idade, o pai tinha trabalhado na construção do “ferrocarril”, como ele dizia, que devia ser o caminho de ferro lá na Colômbia e, quando estava de bom humor, dizia-me que foi com os documentos do pai, que era uma pessoa qualificada, que emigrou para os USA, portanto, nos documentos tinha a idade do pai e, nessa altura já estava qualificado para a “reforma”, mas como era uma pessoa de bem, com muito bons sentimentos, queria continuar a trabalhar por muitos mais anos e, quando estava zangado, principalmente quando não concordava comigo, dizia: - Os portugueses e os espanhóis, o que querem é ouro.
Isto é só uma curiosidade, mas da fama não nos livramos, principalmente os espanhóis, pois foram eles os primeiros exploradores europeus na região durante o século XVI. Chegaram à região vindos do sul, do México, e andavam em busca de metais preciosos, tais como prata ou ouro. Os espanhóis, não tendo encontrado nenhum destes metais preciosos no actual Colorado, não se interessaram em povoar a região, tendo reivindicado posse da região somente em 1706, um pouco tarde, pois 24 anos antes já o francês René-Robert Cavelier tinha reivindicado a posse da região leste do atual Colorado para a coroa francesa e, assim, ter feito parte da colónia francesa de Louisiana, de que já falei por diversas vezes. Mas os espanhóis, talvez pela força de armas, passaram ao controle desta região em 1762 e, sob os termos do “Tratado de Santo Ildefonso”, passaria novamente ao controle dos franceses em 1800, para ser finalmente anexada, como parte da célebre “Compra da Luisiana”, pelos Estados Unidos.
Depois dessas datas, muita água correu no rio Colorado, grandes minas de prata, seriam encontradas, houve corrida ao ouro, o que manteve em alta o crescimento populacional do estado, encontraram grandes reservas de petróleo, embora estas não tenham sido exploradas em grande escala até o início da década de 1900. Em 1870, inauguraram uma linha de caminho de ferro, conectando o Colorado com outras regiões do país, principalmente, Denver com Cheyenne, no estado de Wyoming e, finalmente em Agosto de 1876, o Colorado tornou-se o 38º estado norte-americano.
Tanta conversa, tanto blá, blá, blá, para vos dizer que seguíamos em direcção ao Atlântico pela estrada rápida número 70, depois de entrar no estado do Colorado, pela parte oeste, onde encontrámos grandes planícies, algumas pequenas montanhas, quase sem árvores e sem qualquer vegetação. Era deserto, aparecia uma ou outra pequena povoação, onde nem estação de serviço havia, isto até às proximidades da cidade de Edwards, onde se inicia uma cordilheira de montanhas que se prolonga até próximo da cidade de Denver.
Nestas montanhas, principalmente no inverno, existem grandes áreas que são “estâncias”, onde se praticam desportos de inverno, sendo algumas pequenas cidades famosas que atraem celebridades de todo mundo, passamos por elas, interessando-nos somente a paisagem, mas não deixámos de ver casas de “Millhão de Dolares” nas montanhas que circundam a estrada. Parando numa dessas pequenas cidades para comprar gasolina, o preço era tal alto que usei a gasolina de emergência, que trazia em dois tanques extras, comprada no Alaska.
A estrada, que nesta área, por motivo do intenso inverno, tem muitos “remendos”, faixas mais baixas em algumas zonas, passa lá no fundo, entre montanhas, junto da linha do caminho de ferro e do rio, alternando-se em algumas zonas em que passa o rio em baixo, o caminho de ferro e a estrada por cima, em outras zonas vão lado a lado, tendo subidas, em que numa distância de 10 ou 15 km, a estrada sobe milhares de metros, com três vias, onde a via da direita, a partir de uma certa distância, vai cheia de veículos com as luzes de emergência. Mais à frente já estão veículos parados, com problemas no motor e, ao descer, passado uns quilómetros, já se sente no ar aquele cheiro que vem dos travões, embora recomendem usar o motor para ajudar os travões, onde existem diversas saídas de emergência, com areia, onde já estão alguns veículos pesados.
Nós, tanto nas subidas como nas descidas, usando sempre a linha do meio, fomos andando devagar, mas passámos estas zonas sem dificuldade, chegando à cidade de Denver, que passámos, olhando a cidade que fica no lado sul, sempre com a ajuda do GPS, pois como devem calcular, o nosso destino era o Atlântico. A cidade de Denver é uma grande metrópole, não passa despercebida, muitos cruzamentos de estrada, muito cimento, muito trânsito, todos procurando o seu norte, sul, leste ou oeste, que muitos de nós nunca conseguimos encontrar.
Passando a cidade de Denver, depois de algum tempo na estrada, aparece a planície, quintas, poços de petróleo e moinhos de energia, pastagens de gado, muitas quintas transformadas em zona de caça, plantações de trigo, milho e aveia, zonas desertas e, assim atravessámos a fronteira para o estado de Kansas, continuando com a mesma paisagem até à cidade de Hays, onde dormimos.
Neste dia percorremos 647 milhas, com o preço da gasolina a variar entre $3.44 e $3.57 o galão, que são aproximadamente 4 litros.
Tony Borie, Agosto de 2014
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Nota do editor
Último poste da série de 4 de janeiro de 2015 > Guiné 63/74 - P14116: Bom ou mau tempo na bolanha (81): Da Florida ao Alaska, num Jeep, em caravana (22) (Tony Borié)
domingo, 4 de janeiro de 2015
Guiné 63/74 - P14116: Bom ou mau tempo na bolanha (82): Da Florida ao Alaska, num Jeep, em caravana (22) (Tony Borié)
Octogésimo primeiro episódio da série Bom ou mau tempo na bolanha, do nosso camarada Tony Borié, ex-1.º Cabo Operador Cripto do CMD AGRU 16, Mansoa, 1964/66.
Dia 14 de Julho de 2014.
Companheiros de viagem, este é o resumo do vigésimo quarto dia
Os nossos antepassados diziam que pela manhã é que se começa o dia, seguindo este ditado, eis-nos na estrada número 191, rumo ao sul. O dia estava com céu limpo, já começava a temperatura a subir, pois eram 7 horas da manhã e, já marcava no termómetro do Jeep, 86ºF.
Levávamos água e roupas leves, pois o nosso destino era a região a que alguns chamam, o deserto de “Moab”, onde queríamos percorrer o “Arches National Park”.
A entrada, ou seja onde está localizado o Centro de Informação, é na base das montanhas de pedra vermelha, podemos viajar por todo o parque, tem uma estrada onde, embora sendo estreita, podemos conduzir com alguma segurança, tem subidas, precipícios e descidas um pouco assustadoras, mas a paisagem compensa.
O Parque Nacional dos Arcos, pois é assim que nós o vamos designar, está localizado no estado do Utah, destacando-se pela grande concentração de arcos naturais, cerca de 2000, tem uma superfície de 310 km2 e o seu ponto mais alto é de 1723 metros, situado na “Colina Elefante”, e a sua elevação mínima é de 1245 metros, que, tal como já mencionámos, é junto no centro de visitantes. Está localizado numa região árida, pois recebe em média 250mm de chuva por ano.
Descrevendo só um pouco da sua história.
Dizem que, provavelmente, esta região há cerca de 300 milhões de anos era mar, estava coberta de água salgada que, também provavelmente, foi evaporando, portanto hoje toda esta região está localizada, ou seja, “dorme sobre uma cama de sal evaporado subterrâneo”, que é a principal causa da formação dos seus arcos, torres, pedras equilibradas, barbatanas de arenito e monólitos erodidas nesta área. Esta “cama de sal” tem de milhares de metros de espessura em alguns lugares e foi depositado na “Bacia do Planalto do Colorado”, que é como chamam a esta área. Há cerca de 300 milhões de anos, quando um qualquer mar, fluiu na região e, torno a dizer, provavelmente evaporou, como tentámos explicar no princípio.
De uma maneira ou de outra, em Abril de 1929 esta maravilhosa região foi proclamada pelo presidente Herbert Hoover, “Monumento Nacional” e, em Novembro de 1971, foi proclamado como “Parque Nacional”, tudo isto são pequenas curiosidades que ajudam a compreender a importância deste parque.
Entrámos e saímos, parando de novo no Centro de Informação, bebendo e enchendo de novo as garrafas, onde existe uma fonte com água filtrada. Seguindo viagem pela estrada com o número 128, na direcção nordeste, que segue encostada ao rio Colorado, entre desfiladeiros, também de terra vermelha, tal como o nome do rio, em alguns pontos com montanhas de um lado e do outro, que o rio por milhões de anos rasgou e, em outros lugares, pequenas planícies, onde existem pequenas quintas, podendo-se ver ao longe aqueles monumentos que aparecem nos “filmes do Jonh Wayne”, que por aqui andou, pois tivemos a possibilidade de parar numa pequena localidade, onde ele viveu, com outros artistas, quando por aqui andavam a filmar “cowboyadas”.
Esta estrada tem uma paisagem que por vezes nos faz lembrar as do “Gande Canyon” e, afinal, é o mesmo rio que o atravessa.
Com alguma mágoa, por abandonar estas paisagens, regressámos à estrada rápida número 70, agora definitivamente rumo ao Atlântico, seguindo por algum tempo por planícies, atravessando depois a fronteira com o estado do Colorado, onde viemos dormir na pequena cidade de Fruita, onde não cozinhámos, pois houve tempo suficiente para ainda comer um “cowboy churrasco” à moda do Colorado, cujo anúncio, com a respectiva foto, aparecia em diversos anúncios de estrada.
Neste dia percorremos 419 milhas, com o preço da gasolina a variar entre $3.42 e $3.46 o galão, que são aproximadamente 4 litros.
Tony Borie, Agosto de 2014
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Nota do editor
Último poste da série de 28 de dezembro de 2014 > Guiné 63/74 - P14088: Bom ou mau tempo na bolanha (80): Da Florida ao Alaska, num Jeep, em caravana (21) (Tony Borié)
Dia 14 de Julho de 2014.
Companheiros de viagem, este é o resumo do vigésimo quarto dia
Os nossos antepassados diziam que pela manhã é que se começa o dia, seguindo este ditado, eis-nos na estrada número 191, rumo ao sul. O dia estava com céu limpo, já começava a temperatura a subir, pois eram 7 horas da manhã e, já marcava no termómetro do Jeep, 86ºF.
Levávamos água e roupas leves, pois o nosso destino era a região a que alguns chamam, o deserto de “Moab”, onde queríamos percorrer o “Arches National Park”.
A entrada, ou seja onde está localizado o Centro de Informação, é na base das montanhas de pedra vermelha, podemos viajar por todo o parque, tem uma estrada onde, embora sendo estreita, podemos conduzir com alguma segurança, tem subidas, precipícios e descidas um pouco assustadoras, mas a paisagem compensa.
O Parque Nacional dos Arcos, pois é assim que nós o vamos designar, está localizado no estado do Utah, destacando-se pela grande concentração de arcos naturais, cerca de 2000, tem uma superfície de 310 km2 e o seu ponto mais alto é de 1723 metros, situado na “Colina Elefante”, e a sua elevação mínima é de 1245 metros, que, tal como já mencionámos, é junto no centro de visitantes. Está localizado numa região árida, pois recebe em média 250mm de chuva por ano.
Descrevendo só um pouco da sua história.
Dizem que, provavelmente, esta região há cerca de 300 milhões de anos era mar, estava coberta de água salgada que, também provavelmente, foi evaporando, portanto hoje toda esta região está localizada, ou seja, “dorme sobre uma cama de sal evaporado subterrâneo”, que é a principal causa da formação dos seus arcos, torres, pedras equilibradas, barbatanas de arenito e monólitos erodidas nesta área. Esta “cama de sal” tem de milhares de metros de espessura em alguns lugares e foi depositado na “Bacia do Planalto do Colorado”, que é como chamam a esta área. Há cerca de 300 milhões de anos, quando um qualquer mar, fluiu na região e, torno a dizer, provavelmente evaporou, como tentámos explicar no princípio.
De uma maneira ou de outra, em Abril de 1929 esta maravilhosa região foi proclamada pelo presidente Herbert Hoover, “Monumento Nacional” e, em Novembro de 1971, foi proclamado como “Parque Nacional”, tudo isto são pequenas curiosidades que ajudam a compreender a importância deste parque.
Entrámos e saímos, parando de novo no Centro de Informação, bebendo e enchendo de novo as garrafas, onde existe uma fonte com água filtrada. Seguindo viagem pela estrada com o número 128, na direcção nordeste, que segue encostada ao rio Colorado, entre desfiladeiros, também de terra vermelha, tal como o nome do rio, em alguns pontos com montanhas de um lado e do outro, que o rio por milhões de anos rasgou e, em outros lugares, pequenas planícies, onde existem pequenas quintas, podendo-se ver ao longe aqueles monumentos que aparecem nos “filmes do Jonh Wayne”, que por aqui andou, pois tivemos a possibilidade de parar numa pequena localidade, onde ele viveu, com outros artistas, quando por aqui andavam a filmar “cowboyadas”.
Esta estrada tem uma paisagem que por vezes nos faz lembrar as do “Gande Canyon” e, afinal, é o mesmo rio que o atravessa.
Com alguma mágoa, por abandonar estas paisagens, regressámos à estrada rápida número 70, agora definitivamente rumo ao Atlântico, seguindo por algum tempo por planícies, atravessando depois a fronteira com o estado do Colorado, onde viemos dormir na pequena cidade de Fruita, onde não cozinhámos, pois houve tempo suficiente para ainda comer um “cowboy churrasco” à moda do Colorado, cujo anúncio, com a respectiva foto, aparecia em diversos anúncios de estrada.
Neste dia percorremos 419 milhas, com o preço da gasolina a variar entre $3.42 e $3.46 o galão, que são aproximadamente 4 litros.
Tony Borie, Agosto de 2014
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Nota do editor
Último poste da série de 28 de dezembro de 2014 > Guiné 63/74 - P14088: Bom ou mau tempo na bolanha (80): Da Florida ao Alaska, num Jeep, em caravana (21) (Tony Borié)
domingo, 28 de dezembro de 2014
Guiné 63/74 - P14088: Bom ou mau tempo na bolanha (81): Da Florida ao Alaska, num Jeep, em caravana (21) (Tony Borié)
Octogésimo episódio da série Bom ou mau tempo na bolanha, do nosso camarada Tony Borié, ex-1.º Cabo Operador Cripto do CMD AGRU 16, Mansoa, 1964/66.
Dia 13 de Julho de 2014
Resumo do vigésimo terceiro dia
Estávamos com saudades do oceano Atlântico, portanto o nosso destino era o leste, desviando-nos sempre para sul, seguindo a estrada rápida número 84, por entre planícies, vales, precipícios e algumas montanhas, surgindo longas rectas, com placas de sinalização avisando que podia haver fortes ventos. Entrámos no estado de Utah, onde há muitos anos viviam duas tribos nativas americanas, que eram os “Utes” e os “Navajos”, dizem que há milhares de anos, antes da chegada dos primeiros exploradores europeus membros de uma expedição espanhola liderada por Juan Maria de Rivera, realizada em 1765, que percorreu partes do sul do actual estado de Utah. Em 1776, no início da Revolução Americana do mesmo ano, os espanhóis realizaram mais explorações na região, porém não se interessaram em colonizar a região, devido à sua natureza desértica. Mais tarde, por volta do ano de 1850, o Congresso Americano criou o Território de Utah, cujo nome foi dado em homenagem à tribo nativa americana “Ute”, que vivia na região e, em Janeiro de 1896, o Utah tornou-se o 45.º Estado americano, onde agora se pode viajar a 80 milhas por hora.
Visitámos o Centro de Informação, continuando na estrada número 84, onde o terreno era mais plano, com poucas montanhas, mas com o termómetro do Jeep a marcar 112ºF (cerca de 44,5ºC), eram 10 horas da manhã, mas continuámos viajando sem problemas, entrando, passado algum tempo, de novo na estrada número 15, no sentido sul e, quanto mais nos dirigíamos para sul mais frequentes eram os cruzamentos com outras estradas que se estendiam por longas milhas nas proximidades para além da cidade de Salt Lake City, pois o crescimento da indústria de mineração e a construção da primeira ferrovia transcontinental, inicialmente, trouxeram algum crescimento económico e, a cidade foi apelidada de "Crossroads of the West".
Salt Lake City é a capital e cidade mais populosa do estado do Utah. O nome da cidade é muitas vezes abreviado para Salt Lake ou SLC. Situa-se nas margens do Grande Lago Salgado, de onde provém o seu nome. A cidade foi fundada em 1847, no Great Salt Lake City por um grupo de pioneiros mórmons liderados por seu profeta, Brigham Young, que dizem ter fugido da hostilidade e violência do meio-oeste dos Estados Unidos. Dizem ainda que actualmente 78% da população da cidade é adepta da religião mórmon. Está situada numa grande área urbana chamada “Frente Wasatch”, o que podemos comprovar, pois existem ao longo da estrada, tanto antes como depois de passar a cidade, grandes bairros de casas nas montanhas. Dizem que esta área tem mais de 2.300.000 habitantes.
Dizem também que, pela sua localização, centro bancário industrial, economia, património histórico, cultura ou acontecimentos políticos aqui passados, fizeram dela uma das mais importantes cidades do mundo. Tem estações de esqui, onde se desenvolve uma forte indústria de turismo ao ar livre e, não esquecemos que foi a sede dos Jogos Olímpicos de Inverno no ano de 2002. Podemos mostrar algumas fotos de Salt Lake City, que com a devida vénia tirámos do “Gogle”, pois viajávamos na estrada, e estas foram tiradas de avião, para que possam admirar a cidade, pois quem viaja ao longo da estrada número 15, ao atravessar Salt Lake City, repara que atravessa uma grande metrópole.
Sempre rumo ao sul, um tempo depois, na cidade de Spanish Fork, desviámo-nos para a estrada com paisagem, número 6, que nos levaria de novo à número 191, com temperaturas de 115ºF. Fomos atravessando de novo um pequeno deserto, entrando finalmente na estrada rápida número 70, com duas vias de trânsito, rumo ao Atlântico, onde, talvez não reparando bem na sinalização, mas sim, no GPS, estávamos a seguir em direcção ao Pacífico. Um pouco à frente surge uma placa de sinalização onde nos informava que a próxima localidade com algumas facilidades e, onde talvez se pudesse mudar de direcção, era a 140 milhas. À boa maneira portuguesa, confiando no nosso veículo, quando nos surgiu um terreno mais ou menos nivelado, entre as duas estradas, reduzimos a velocidade, parando, a estrada estava deserta. Fomos ver o terreno, era melhor que o “Alaska Highway”, sem qualquer problema, voltámos em direção ao Atlântico. Estava qualquer coisa mal, com aquela sinalização.
Sempre rumo ao Atlântico, viajando nesta larga e deserta estrada, que nesta direção recebe por alguma distância, a estrada número 191, já próximo onde esta segue em direção ao sul, passando junto ao “Arches National Park”, que era o nosso destino no próximo dia. Como neste deserto quente, não havia parques de campismo, procurámos um daqueles hotéis de estrada, onde se dorme, toma banho e, às vezes o café de manhã, encontrando um de acordo com a nossa situação financeira, no meio do deserto, com um nome bonito, pois chamava-se qualquer coisa, como “Green River”, que em português quer dizer, “Rio Verde”. Por lá ficámos, já era noite, comendo o que sobrou do dia anterior, que vinha na caixa frigorífica.
Neste dia percorremos 527 milhas, com o preço da gasolina a variar entre $3.51 e $3.58 o galão, que são aproximadamente 4 litros.
Tony Borie, Agosto de 2014
____________
Nota do editor
Último poste da série de 21 de dezembro de 2014 > Guiné 63/74 - P14062: Bom ou mau tempo na bolanha (79): Da Florida ao Alaska, num Jeep, em caravana (20) (Tony Borié)
Dia 13 de Julho de 2014
Resumo do vigésimo terceiro dia
Estávamos com saudades do oceano Atlântico, portanto o nosso destino era o leste, desviando-nos sempre para sul, seguindo a estrada rápida número 84, por entre planícies, vales, precipícios e algumas montanhas, surgindo longas rectas, com placas de sinalização avisando que podia haver fortes ventos. Entrámos no estado de Utah, onde há muitos anos viviam duas tribos nativas americanas, que eram os “Utes” e os “Navajos”, dizem que há milhares de anos, antes da chegada dos primeiros exploradores europeus membros de uma expedição espanhola liderada por Juan Maria de Rivera, realizada em 1765, que percorreu partes do sul do actual estado de Utah. Em 1776, no início da Revolução Americana do mesmo ano, os espanhóis realizaram mais explorações na região, porém não se interessaram em colonizar a região, devido à sua natureza desértica. Mais tarde, por volta do ano de 1850, o Congresso Americano criou o Território de Utah, cujo nome foi dado em homenagem à tribo nativa americana “Ute”, que vivia na região e, em Janeiro de 1896, o Utah tornou-se o 45.º Estado americano, onde agora se pode viajar a 80 milhas por hora.
Visitámos o Centro de Informação, continuando na estrada número 84, onde o terreno era mais plano, com poucas montanhas, mas com o termómetro do Jeep a marcar 112ºF (cerca de 44,5ºC), eram 10 horas da manhã, mas continuámos viajando sem problemas, entrando, passado algum tempo, de novo na estrada número 15, no sentido sul e, quanto mais nos dirigíamos para sul mais frequentes eram os cruzamentos com outras estradas que se estendiam por longas milhas nas proximidades para além da cidade de Salt Lake City, pois o crescimento da indústria de mineração e a construção da primeira ferrovia transcontinental, inicialmente, trouxeram algum crescimento económico e, a cidade foi apelidada de "Crossroads of the West".
Salt Lake City é a capital e cidade mais populosa do estado do Utah. O nome da cidade é muitas vezes abreviado para Salt Lake ou SLC. Situa-se nas margens do Grande Lago Salgado, de onde provém o seu nome. A cidade foi fundada em 1847, no Great Salt Lake City por um grupo de pioneiros mórmons liderados por seu profeta, Brigham Young, que dizem ter fugido da hostilidade e violência do meio-oeste dos Estados Unidos. Dizem ainda que actualmente 78% da população da cidade é adepta da religião mórmon. Está situada numa grande área urbana chamada “Frente Wasatch”, o que podemos comprovar, pois existem ao longo da estrada, tanto antes como depois de passar a cidade, grandes bairros de casas nas montanhas. Dizem que esta área tem mais de 2.300.000 habitantes.
Dizem também que, pela sua localização, centro bancário industrial, economia, património histórico, cultura ou acontecimentos políticos aqui passados, fizeram dela uma das mais importantes cidades do mundo. Tem estações de esqui, onde se desenvolve uma forte indústria de turismo ao ar livre e, não esquecemos que foi a sede dos Jogos Olímpicos de Inverno no ano de 2002. Podemos mostrar algumas fotos de Salt Lake City, que com a devida vénia tirámos do “Gogle”, pois viajávamos na estrada, e estas foram tiradas de avião, para que possam admirar a cidade, pois quem viaja ao longo da estrada número 15, ao atravessar Salt Lake City, repara que atravessa uma grande metrópole.
Sempre rumo ao sul, um tempo depois, na cidade de Spanish Fork, desviámo-nos para a estrada com paisagem, número 6, que nos levaria de novo à número 191, com temperaturas de 115ºF. Fomos atravessando de novo um pequeno deserto, entrando finalmente na estrada rápida número 70, com duas vias de trânsito, rumo ao Atlântico, onde, talvez não reparando bem na sinalização, mas sim, no GPS, estávamos a seguir em direcção ao Pacífico. Um pouco à frente surge uma placa de sinalização onde nos informava que a próxima localidade com algumas facilidades e, onde talvez se pudesse mudar de direcção, era a 140 milhas. À boa maneira portuguesa, confiando no nosso veículo, quando nos surgiu um terreno mais ou menos nivelado, entre as duas estradas, reduzimos a velocidade, parando, a estrada estava deserta. Fomos ver o terreno, era melhor que o “Alaska Highway”, sem qualquer problema, voltámos em direção ao Atlântico. Estava qualquer coisa mal, com aquela sinalização.
Sempre rumo ao Atlântico, viajando nesta larga e deserta estrada, que nesta direção recebe por alguma distância, a estrada número 191, já próximo onde esta segue em direção ao sul, passando junto ao “Arches National Park”, que era o nosso destino no próximo dia. Como neste deserto quente, não havia parques de campismo, procurámos um daqueles hotéis de estrada, onde se dorme, toma banho e, às vezes o café de manhã, encontrando um de acordo com a nossa situação financeira, no meio do deserto, com um nome bonito, pois chamava-se qualquer coisa, como “Green River”, que em português quer dizer, “Rio Verde”. Por lá ficámos, já era noite, comendo o que sobrou do dia anterior, que vinha na caixa frigorífica.
Neste dia percorremos 527 milhas, com o preço da gasolina a variar entre $3.51 e $3.58 o galão, que são aproximadamente 4 litros.
Tony Borie, Agosto de 2014
____________
Nota do editor
Último poste da série de 21 de dezembro de 2014 > Guiné 63/74 - P14062: Bom ou mau tempo na bolanha (79): Da Florida ao Alaska, num Jeep, em caravana (20) (Tony Borié)
domingo, 21 de dezembro de 2014
Guiné 63/74 - P14062: Bom ou mau tempo na bolanha (80): Da Florida ao Alaska, num Jeep, em caravana (20) (Tony Borié)
Septuagésimo nono episódio da série Bom ou mau tempo na bolanha, do nosso camarada Tony Borié, ex-1.º Cabo Operador Cripto do CMD AGRU 16, Mansoa, 1964/66.
Dia 12 de Julho de 2014
Resumo do dia vigésimo segundo dia
Contentes pelo dia anterior bem passado, seguimos na estrada número 26, que em algumas distâncias se chama 89 ou mesmo 191, rumo ao sul, por pouco tempo, pois desviámo-nos para oeste e, quando se entra no estado de Idaho, esta estrada, se chama somente 26.
Estávamos no estado de Idaho, que há muitos anos fazia parte do “Oregon Country”, um território disputado entre os Estados Unidos e o Reino Unido, mas através de um tratado assinado em 1846, os Estados Unidos assumiram posse da região, que inicialmente fez parte do Território de Oregon, mas que em 1853 se tornou parte do Território de Washington. O Território de Idaho foi formado em 1863, e elevado à categoria de Estado em Julho de 1890, altura em que se tornou o 43.º Estado americano a entrar na União.
Para não “perder o fio à meada”, como é costume dizer-se, seguíamos na estrada número 26, que nos levou por entre grandes plantações de batata, beterraba, ervilhas e grão de bico, até à cidade de Idaho Falls, que dizem recebeu o seu primeiro nome de “Eagle Rock”, devido a existir uma ilha coberta de pedras no meio do Snake River, que passa mais ou menos a 7 milhas da cidade, e que, naquela altura era habitada por mais de 20 águias.
Por volta do ano de 1874, aqui se foram estabelecendo pessoas que criavam vacas e ovelhas, construíram represas, abrindo canais para regar as suas terras, mais tarde, o Union Pacific Railroad, construiu uma ponte em madeira sobre o Snack River, para escoar o produto das minas de cobre que existiam na cidade de Bute, no estado de Montana. Com a construção da ponte e da linha do caminho de ferro, aquela área depressa se tornou num campo/aldeia de tendas, com “sallons”, dançarinas, casas de jogo e hotéis. Por volta do ano de 1891, as pessoas importantes da já pequena cidade, votaram para se trocar o nome para Idaho Falls, em referência às “cataratas” que existiam por baixo da ponte.
Aqui parámos por algum tempo, comprando gasolina, água e fruta, continuando rumo ao oeste pela estrada número 20, entrando algum tempo depois pelo deserto onde em tempos existiu o “National Reactor Testing Station”, onde estava instalado um reactor nuclear, que produziu electricidade pela primeira vez na história, e que neste momento está desactivado.
Viajando pela estrada, com longas rectas, sempre plana, vendo-se ao longe uma enorme montanha, que em outros tempos serviu de marco de sinalização para os pioneiros, que a caminho do oeste usavam a “Oregon Trail”, que em português podemos designar, como a Rota do Oregon ou o Trilho do Oregon, um itinerário histórico com cerca de 3200 km de comprimento que segue a direção leste-oeste, ligando o rio Missouri aos vales do do Oregon.
Para não nos alongarmos muito com a sua história, a “Oregon Trail” é uma das três “Emigrant Trails”, que em conjunto com a “California Trail” e a “Mormon Trail”, usados em meados do século XIX pelos que buscavam terras a oeste das planícies interiores e das montanhas rochosas, cuja parte oriental do itinerário percorria parte do futuro estado do Kansas e, quase todo o território do que são hoje os estados do Nebraska e Wyoming, mas a parte ocidental, passava por aqui, cobrindo grande parte dos futuros estados do Idaho e Oregon, pois quando nos aproximávamos, embora passando a uma certa distância, verificámos que nessa montanha não havia árvores ou qualquer outra vegetação. Era “pelada”, com enormes proporções, que de facto, não era mais que um “marco” que foi usado como instrumento de navegação por muitos milhares de pessoas, incluindo colonizadores, rancheiros, agricultores, mineiros, homens de negócios e suas famílias, que seguiam esta rota, onde se incluíam militares, caçadores e comerciantes de peles, viajando por estas terras, que eram apenas atravessáveis a pé ou a cavalo, tudo isto, talvez num período que podia ser de 1810 a 1870, pois o uso da “Oregon Trail” decaiu quando o primeiro caminho de ferro transcontinental ficou terminado em 1869, tornando a viagem para oeste muito mais rápida, barata e segura. Hoje, as estradas rápidas modernas, seguem o mesmo percurso e passam pelas localidades fundadas para servir a “Oregon Trail”.
Já chega de história. Uns quilómetros mais para oeste, havia um Centro de Informação com umas agradáveis instalações, onde se podia beber água, usar os quartos de banho, tirar folhetos de informação das estantes, mas não havia ninguém a atender e, no parque de estacionamento, algumas pessoas dormiam dentro das viaturas, com as janelas abertas.
Era deserto, a temperatura no Jeep marcava 114º Fahrenheit. Seguindo a rota do oeste, encontrámos de novo a estrada número 26, seguia um pouco para norte, até se encontrar com a estrada número 93, que seguia para sul, onde entrámos no “Craters of the Moon National Monument and Preserve”, que é um “campo de lava”, com mais de 1000Km2, onde existem restos da lava de vulcões, onde podemos presenciar crateras de vulcões adormecidos que formavam vales e pequenas montanhas, onde só existia pedra negra, agreste, com a formação de pequenas ondas, que em alguns lugares estavam a detiriorar-se, porque estavam ali, a sofrer a erosão, recebendo calor, frio ou chuva, por milhões de anos.
Havia, no meio deste deserto, também um Centro de Informação, este sim, com pessoas a atender, que explicavam o fenómeno, mostrando um pequeno filme. Com a temperatura alta, que era a nossa maior preocupação, seguimos rumo ao sul, onde, umas horas depois encontrámos um agradável parque de campismo, com árvores, água e electricidade, onde depois de cozinhar uma ligeira refeição, dormimos, com o ar condicionado da caravana trabalhando, já próximo da estrada rápida número 84, que ao outro dia nos havia de levar rumo a leste/sul, para outras paragens.
Neste dia percorremos 668 milhas, com o preço da gasolina a variar entre $3.68 e $3.70 o galão, que são aproximadamente 4 litros.
Tony Borie, Agosto de 2014
____________
Nota do editor
Último poste da série de 14 de dezembro de 2014 > Guiné 63/74 - P14025: Bom ou mau tempo na bolanha (78): Da Florida ao Alaska, num Jeep, em caravana (19) (Tony Borié)
Dia 12 de Julho de 2014
Resumo do dia vigésimo segundo dia
Contentes pelo dia anterior bem passado, seguimos na estrada número 26, que em algumas distâncias se chama 89 ou mesmo 191, rumo ao sul, por pouco tempo, pois desviámo-nos para oeste e, quando se entra no estado de Idaho, esta estrada, se chama somente 26.
Estávamos no estado de Idaho, que há muitos anos fazia parte do “Oregon Country”, um território disputado entre os Estados Unidos e o Reino Unido, mas através de um tratado assinado em 1846, os Estados Unidos assumiram posse da região, que inicialmente fez parte do Território de Oregon, mas que em 1853 se tornou parte do Território de Washington. O Território de Idaho foi formado em 1863, e elevado à categoria de Estado em Julho de 1890, altura em que se tornou o 43.º Estado americano a entrar na União.
Para não “perder o fio à meada”, como é costume dizer-se, seguíamos na estrada número 26, que nos levou por entre grandes plantações de batata, beterraba, ervilhas e grão de bico, até à cidade de Idaho Falls, que dizem recebeu o seu primeiro nome de “Eagle Rock”, devido a existir uma ilha coberta de pedras no meio do Snake River, que passa mais ou menos a 7 milhas da cidade, e que, naquela altura era habitada por mais de 20 águias.
Por volta do ano de 1874, aqui se foram estabelecendo pessoas que criavam vacas e ovelhas, construíram represas, abrindo canais para regar as suas terras, mais tarde, o Union Pacific Railroad, construiu uma ponte em madeira sobre o Snack River, para escoar o produto das minas de cobre que existiam na cidade de Bute, no estado de Montana. Com a construção da ponte e da linha do caminho de ferro, aquela área depressa se tornou num campo/aldeia de tendas, com “sallons”, dançarinas, casas de jogo e hotéis. Por volta do ano de 1891, as pessoas importantes da já pequena cidade, votaram para se trocar o nome para Idaho Falls, em referência às “cataratas” que existiam por baixo da ponte.
Aqui parámos por algum tempo, comprando gasolina, água e fruta, continuando rumo ao oeste pela estrada número 20, entrando algum tempo depois pelo deserto onde em tempos existiu o “National Reactor Testing Station”, onde estava instalado um reactor nuclear, que produziu electricidade pela primeira vez na história, e que neste momento está desactivado.
Viajando pela estrada, com longas rectas, sempre plana, vendo-se ao longe uma enorme montanha, que em outros tempos serviu de marco de sinalização para os pioneiros, que a caminho do oeste usavam a “Oregon Trail”, que em português podemos designar, como a Rota do Oregon ou o Trilho do Oregon, um itinerário histórico com cerca de 3200 km de comprimento que segue a direção leste-oeste, ligando o rio Missouri aos vales do do Oregon.
Para não nos alongarmos muito com a sua história, a “Oregon Trail” é uma das três “Emigrant Trails”, que em conjunto com a “California Trail” e a “Mormon Trail”, usados em meados do século XIX pelos que buscavam terras a oeste das planícies interiores e das montanhas rochosas, cuja parte oriental do itinerário percorria parte do futuro estado do Kansas e, quase todo o território do que são hoje os estados do Nebraska e Wyoming, mas a parte ocidental, passava por aqui, cobrindo grande parte dos futuros estados do Idaho e Oregon, pois quando nos aproximávamos, embora passando a uma certa distância, verificámos que nessa montanha não havia árvores ou qualquer outra vegetação. Era “pelada”, com enormes proporções, que de facto, não era mais que um “marco” que foi usado como instrumento de navegação por muitos milhares de pessoas, incluindo colonizadores, rancheiros, agricultores, mineiros, homens de negócios e suas famílias, que seguiam esta rota, onde se incluíam militares, caçadores e comerciantes de peles, viajando por estas terras, que eram apenas atravessáveis a pé ou a cavalo, tudo isto, talvez num período que podia ser de 1810 a 1870, pois o uso da “Oregon Trail” decaiu quando o primeiro caminho de ferro transcontinental ficou terminado em 1869, tornando a viagem para oeste muito mais rápida, barata e segura. Hoje, as estradas rápidas modernas, seguem o mesmo percurso e passam pelas localidades fundadas para servir a “Oregon Trail”.
Já chega de história. Uns quilómetros mais para oeste, havia um Centro de Informação com umas agradáveis instalações, onde se podia beber água, usar os quartos de banho, tirar folhetos de informação das estantes, mas não havia ninguém a atender e, no parque de estacionamento, algumas pessoas dormiam dentro das viaturas, com as janelas abertas.
Era deserto, a temperatura no Jeep marcava 114º Fahrenheit. Seguindo a rota do oeste, encontrámos de novo a estrada número 26, seguia um pouco para norte, até se encontrar com a estrada número 93, que seguia para sul, onde entrámos no “Craters of the Moon National Monument and Preserve”, que é um “campo de lava”, com mais de 1000Km2, onde existem restos da lava de vulcões, onde podemos presenciar crateras de vulcões adormecidos que formavam vales e pequenas montanhas, onde só existia pedra negra, agreste, com a formação de pequenas ondas, que em alguns lugares estavam a detiriorar-se, porque estavam ali, a sofrer a erosão, recebendo calor, frio ou chuva, por milhões de anos.
Havia, no meio deste deserto, também um Centro de Informação, este sim, com pessoas a atender, que explicavam o fenómeno, mostrando um pequeno filme. Com a temperatura alta, que era a nossa maior preocupação, seguimos rumo ao sul, onde, umas horas depois encontrámos um agradável parque de campismo, com árvores, água e electricidade, onde depois de cozinhar uma ligeira refeição, dormimos, com o ar condicionado da caravana trabalhando, já próximo da estrada rápida número 84, que ao outro dia nos havia de levar rumo a leste/sul, para outras paragens.
Neste dia percorremos 668 milhas, com o preço da gasolina a variar entre $3.68 e $3.70 o galão, que são aproximadamente 4 litros.
Tony Borie, Agosto de 2014
____________
Nota do editor
Último poste da série de 14 de dezembro de 2014 > Guiné 63/74 - P14025: Bom ou mau tempo na bolanha (78): Da Florida ao Alaska, num Jeep, em caravana (19) (Tony Borié)
domingo, 14 de dezembro de 2014
Guiné 63/74 - P14025: Bom ou mau tempo na bolanha (79): Da Florida ao Alaska, num Jeep, em caravana (19) (Tony Borié)
Septuagésimo oitavo episódio da série Bom ou mau tempo na bolanha, do nosso camarada Tony Borié, ex-1.º Cabo Operador Cripto do CMD AGRU 16, Mansoa, 1964/66.
Dia 11 de Julho de 2014.
Resumo do vigésimo primeiro dia
Já tínhamos saído do Yellowstone Nacional Parque um pouco abalados pela noite muito mal dormida, mas quem anda na estrada, não se deve queixar.
Portanto, continuando na estrada número 287, que agora também se pode chamar 191, rumo ao sul, que tem muito cenário, passando sempre, entre montanhas, vales, rios ou precipícios, entrámos no “Grand Teton National Park”, que está situado a oeste do estado de Wyoming e, logo a sul do Yellowstone Nacional Parque, cuja designação tem origem no nome do pico mais alto das montanhas de Teton, o “Grand Teton”, com 4197 metros de altitude, que foi baptizado por um caçador francês, que devia de ser uma pessoa romântica, pois ao observá-lo, do lado do estado do Idaho, logo lhe chamou “tétons”, que dizem que é um calão francês que designa “mamilos”.
Este maravilhoso parque é o destino privilegiado e muito popular para pessoas que gostam da natureza, andar a cavalo, fazer caminhadas, caçar, pescar ou qualquer outra forma de passar tempo ao ar livre. Tem aproximadamente 320 quilómetros em “trilhos”, que nos levam ao lado das montanhas, algumas com neve todo o ano, a outras áreas onde se pode acampar, ribeiros de água pura, vegetação densa em algumas partes, outras com árvores com centenas de anos, com partes secas pelo frio da neve, mas ainda vivas, pois em algumas partes sai um ramo a florir. O “Snake River”, que passa por aqui, com muita frequência forma pequenos lagos, onde existem várias espécies de peixes, entre elas, a maior quantidade são trutas, tem mais de 1000 espécies de plantas, mais de 300 espécies de pássaros.
Continuando a nossa jornada, sempre rumo ao sul, chegámos a uma cidade que é o sonho das pessoas que adoram filmes, ou motivos do oeste americano, chegámos à cidade de “cowboys”, que dá pelo nome Jackson Hole. Aqui parámos, procurámos onde dormir, tomar banho e, mudar de roupa, ir caminhar por esta pequena cidade, ver a “Main Street”, os edifícios, alguns em tijolo vermelho, outros em madeira, nenhum tem mais do que dois andares, não vimos cafés ou restaurantes “temáticos”, estavam lá os “sallons”, o largo principal, a casa do ferreiro, a estação da polícia, era a casa do “xerife” e, naquela “main street”, há muitos anos, talvez tivesse havido “duelos”.
Esta pequena cidade, que está localizada muito perto da fronteira com o estado de Idaho, a qual recebeu o seu primeiro nome de “Jackson’s Hole”, dado pelos caçadores de “beavers”, que andavam por esta área caçando aqueles bonitos animais para depois venderem a sua pele, a David Edward “Davey” Jackson, que era sócio da Rocky Mountain Fur Company e, que naquele tempo estava estabelecido nesta área, a quem deviam tratar por “Davey Jackson”, claro, os homens da montanha, usavam uma linguagem parecida como, “vamos ao Jackon’s Hole”, quando se dirigiam para esta povoação, pois fica entre diversas montanhas e, dava a sensação que entravam num “buraco”, que em inglês, quer dizer “hole”. Porra, não levem isto para a maldade, mas nós portugueses, se por acaso por aqui andássemos nessa altura, devíamos de dizer “vamos ao buraco do Jackson”.
Hoje é uma cidade, principalmente no inverno se transforma numa estância de turismo, com pistas de gelo nas suas montanhas, modernos hotéis de luxo, mesmo fora do que é costume ver-se, tudo no mesmo estilo de há centenas de anos, no verão é visitada todos os dias por milhares de pessoas que vêm dos parques próximos, não é difícil cruzar-se na rua com qualquer artista de Hollywood ou qualquer pessoa mediática, onde existe um comércio dirigido a motivos do oeste, mas de “puro oeste”, não, como se vê nas lojas das grandes cidades, que parecem imitações comparados com os artigos que aqui se vendem.
Visitámos entre outros locais, um bar que dá pelo nome de “Million Dollars Cowboy Bar”, que não é um bar normal, a sua construção remonta por volta do ano de 1890, é quase uma “gallery”, talvez um “museu”, onde se vive uma atmosfera fascinante de motivos do verdadeiro “American Wild West”, as cadeiras, são “selas” verdadeiras que os cowboys usavam para cavalgar, o balcão está coberto por moedas de dollares em prata, do século passado, armas antigas e motivos do oeste, são a sua decoração, os empregados andam vestidos à cowboy e a cerveja que vendem é feita lá em Jackson Hole. Tem uma sala com um pequeno palco, onde já actuaram os mais famosos nomes de música “country”, como Waylon Jennings, Hank Williams, Jr., Asleep at the Wheel, Hoy Axton, Glen Campbell, Tanya Tucker, Willie Nelson, Commander Cody ou James Cotton Blues Band.
A polícia anda a pé e a cavalo, são os “xerifes e os seus ajudantes”. Aqui dormimos depois de andar pelas ruas, entrar e sair em quase todos os estabelecimentos, comprar recordações para familiares, sem nunca nos cansarmos, pois o ambiente era da alegria, as pessoas queriam comunicar, queriam ser agradáveis!. Jackson Hole, Jackson Hole.
Neste dia percorremos apenas 186 milhas, com o preço da gasolina a variar entre $3.58 e $3.60 o galão, que são aproximadamente 4 litros.
Tony Borie, Agosto de 2014.
____________
Nota do editor
Último poste da série de 6 de Dezembro de 2014 > Guiné 63/74 - P13979: Bom ou mau tempo na bolanha (77): Da Florida ao Alaska, num Jeep, em caravana (18) (Tony Borié)
Dia 11 de Julho de 2014.
Resumo do vigésimo primeiro dia
Já tínhamos saído do Yellowstone Nacional Parque um pouco abalados pela noite muito mal dormida, mas quem anda na estrada, não se deve queixar.
Portanto, continuando na estrada número 287, que agora também se pode chamar 191, rumo ao sul, que tem muito cenário, passando sempre, entre montanhas, vales, rios ou precipícios, entrámos no “Grand Teton National Park”, que está situado a oeste do estado de Wyoming e, logo a sul do Yellowstone Nacional Parque, cuja designação tem origem no nome do pico mais alto das montanhas de Teton, o “Grand Teton”, com 4197 metros de altitude, que foi baptizado por um caçador francês, que devia de ser uma pessoa romântica, pois ao observá-lo, do lado do estado do Idaho, logo lhe chamou “tétons”, que dizem que é um calão francês que designa “mamilos”.
Este maravilhoso parque é o destino privilegiado e muito popular para pessoas que gostam da natureza, andar a cavalo, fazer caminhadas, caçar, pescar ou qualquer outra forma de passar tempo ao ar livre. Tem aproximadamente 320 quilómetros em “trilhos”, que nos levam ao lado das montanhas, algumas com neve todo o ano, a outras áreas onde se pode acampar, ribeiros de água pura, vegetação densa em algumas partes, outras com árvores com centenas de anos, com partes secas pelo frio da neve, mas ainda vivas, pois em algumas partes sai um ramo a florir. O “Snake River”, que passa por aqui, com muita frequência forma pequenos lagos, onde existem várias espécies de peixes, entre elas, a maior quantidade são trutas, tem mais de 1000 espécies de plantas, mais de 300 espécies de pássaros.
Continuando a nossa jornada, sempre rumo ao sul, chegámos a uma cidade que é o sonho das pessoas que adoram filmes, ou motivos do oeste americano, chegámos à cidade de “cowboys”, que dá pelo nome Jackson Hole. Aqui parámos, procurámos onde dormir, tomar banho e, mudar de roupa, ir caminhar por esta pequena cidade, ver a “Main Street”, os edifícios, alguns em tijolo vermelho, outros em madeira, nenhum tem mais do que dois andares, não vimos cafés ou restaurantes “temáticos”, estavam lá os “sallons”, o largo principal, a casa do ferreiro, a estação da polícia, era a casa do “xerife” e, naquela “main street”, há muitos anos, talvez tivesse havido “duelos”.
Esta pequena cidade, que está localizada muito perto da fronteira com o estado de Idaho, a qual recebeu o seu primeiro nome de “Jackson’s Hole”, dado pelos caçadores de “beavers”, que andavam por esta área caçando aqueles bonitos animais para depois venderem a sua pele, a David Edward “Davey” Jackson, que era sócio da Rocky Mountain Fur Company e, que naquele tempo estava estabelecido nesta área, a quem deviam tratar por “Davey Jackson”, claro, os homens da montanha, usavam uma linguagem parecida como, “vamos ao Jackon’s Hole”, quando se dirigiam para esta povoação, pois fica entre diversas montanhas e, dava a sensação que entravam num “buraco”, que em inglês, quer dizer “hole”. Porra, não levem isto para a maldade, mas nós portugueses, se por acaso por aqui andássemos nessa altura, devíamos de dizer “vamos ao buraco do Jackson”.
Hoje é uma cidade, principalmente no inverno se transforma numa estância de turismo, com pistas de gelo nas suas montanhas, modernos hotéis de luxo, mesmo fora do que é costume ver-se, tudo no mesmo estilo de há centenas de anos, no verão é visitada todos os dias por milhares de pessoas que vêm dos parques próximos, não é difícil cruzar-se na rua com qualquer artista de Hollywood ou qualquer pessoa mediática, onde existe um comércio dirigido a motivos do oeste, mas de “puro oeste”, não, como se vê nas lojas das grandes cidades, que parecem imitações comparados com os artigos que aqui se vendem.
Visitámos entre outros locais, um bar que dá pelo nome de “Million Dollars Cowboy Bar”, que não é um bar normal, a sua construção remonta por volta do ano de 1890, é quase uma “gallery”, talvez um “museu”, onde se vive uma atmosfera fascinante de motivos do verdadeiro “American Wild West”, as cadeiras, são “selas” verdadeiras que os cowboys usavam para cavalgar, o balcão está coberto por moedas de dollares em prata, do século passado, armas antigas e motivos do oeste, são a sua decoração, os empregados andam vestidos à cowboy e a cerveja que vendem é feita lá em Jackson Hole. Tem uma sala com um pequeno palco, onde já actuaram os mais famosos nomes de música “country”, como Waylon Jennings, Hank Williams, Jr., Asleep at the Wheel, Hoy Axton, Glen Campbell, Tanya Tucker, Willie Nelson, Commander Cody ou James Cotton Blues Band.
A polícia anda a pé e a cavalo, são os “xerifes e os seus ajudantes”. Aqui dormimos depois de andar pelas ruas, entrar e sair em quase todos os estabelecimentos, comprar recordações para familiares, sem nunca nos cansarmos, pois o ambiente era da alegria, as pessoas queriam comunicar, queriam ser agradáveis!. Jackson Hole, Jackson Hole.
Neste dia percorremos apenas 186 milhas, com o preço da gasolina a variar entre $3.58 e $3.60 o galão, que são aproximadamente 4 litros.
Tony Borie, Agosto de 2014.
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Nota do editor
Último poste da série de 6 de Dezembro de 2014 > Guiné 63/74 - P13979: Bom ou mau tempo na bolanha (77): Da Florida ao Alaska, num Jeep, em caravana (18) (Tony Borié)
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