Octogésimo primeiro episódio da série Bom ou mau tempo na bolanha, do nosso camarada Tony Borié, ex-1.º Cabo Operador Cripto do CMD AGRU 16, Mansoa, 1964/66.
Dia 14 de Julho de 2014.
Companheiros de viagem, este é o resumo do vigésimo
quarto dia
Os nossos antepassados diziam que pela manhã é que
se começa o dia, seguindo este ditado, eis-nos na estrada
número 191, rumo ao sul. O dia estava com céu limpo, já
começava a temperatura a subir, pois eram 7 horas da
manhã e, já marcava no termómetro do Jeep, 86ºF.
Levávamos água e roupas leves, pois o nosso destino
era a região a que alguns chamam, o deserto de “Moab”,
onde queríamos percorrer o “Arches National Park”.
A entrada, ou seja onde está localizado o Centro de
Informação, é na base das montanhas de pedra vermelha,
podemos viajar por todo o parque, tem uma estrada onde,
embora sendo estreita, podemos conduzir com alguma
segurança, tem subidas, precipícios e descidas um pouco
assustadoras, mas a paisagem compensa.
O Parque Nacional dos Arcos, pois é assim que nós o
vamos designar, está
localizado no estado do Utah, destacando-se pela grande
concentração de arcos naturais, cerca de 2000, tem uma
superfície de 310 km2 e o seu ponto mais alto
é de 1723 metros, situado na “Colina Elefante”, e a sua
elevação mínima é de 1245 metros, que, tal como já
mencionámos, é junto no centro de visitantes. Está
localizado numa região árida, pois recebe em média
250mm de chuva por ano.
Descrevendo só um pouco da sua história.
Dizem que,
provavelmente, esta região há cerca de 300 milhões de
anos era mar, estava coberta de água salgada que,
também provavelmente, foi evaporando, portanto hoje
toda esta região está localizada, ou seja, “dorme sobre
uma cama de sal evaporado subterrâneo”, que é a
principal causa da formação dos seus arcos, torres,
pedras equilibradas, barbatanas de arenito e monólitos
erodidas nesta área. Esta “cama de sal” tem de milhares de
metros de espessura em alguns lugares e foi depositado
na “Bacia do Planalto do Colorado”, que é como chamam
a esta área. Há cerca de 300 milhões de anos,
quando um qualquer mar, fluiu na região e, torno a dizer,
provavelmente evaporou, como tentámos explicar no
princípio.
De uma maneira ou de outra, em Abril de 1929 esta
maravilhosa região foi proclamada pelo presidente
Herbert Hoover, “Monumento Nacional” e, em Novembro
de 1971, foi proclamado como “Parque Nacional”, tudo
isto são pequenas curiosidades que ajudam a
compreender a importância deste parque.
Entrámos e saímos, parando de novo no Centro de
Informação, bebendo e enchendo de novo as garrafas,
onde existe uma fonte com água filtrada. Seguindo viagem
pela estrada com o número 128, na direcção
nordeste, que segue encostada ao rio Colorado, entre
desfiladeiros, também de terra vermelha, tal como o nome
do rio, em alguns pontos com montanhas de um lado e
do outro, que o rio por milhões de anos rasgou e, em
outros lugares, pequenas planícies, onde existem pequenas
quintas, podendo-se ver ao longe aqueles monumentos
que aparecem nos “filmes do Jonh Wayne”, que por aqui
andou, pois tivemos a possibilidade de parar numa
pequena localidade, onde ele viveu, com outros
artistas, quando por aqui andavam a filmar
“cowboyadas”.
Esta estrada tem uma paisagem que por vezes nos faz
lembrar as do “Gande Canyon” e, afinal, é o
mesmo rio que o atravessa.
Com alguma mágoa, por abandonar estas paisagens,
regressámos à estrada rápida número 70, agora
definitivamente rumo ao Atlântico, seguindo por algum
tempo por planícies, atravessando depois a fronteira com
o estado do Colorado, onde viemos dormir na pequena
cidade de Fruita, onde não cozinhámos, pois houve
tempo suficiente para ainda comer um “cowboy
churrasco” à moda do Colorado, cujo anúncio, com a
respectiva foto, aparecia em diversos anúncios de
estrada.
Neste dia percorremos 419 milhas, com o preço da
gasolina a variar entre $3.42 e $3.46 o galão, que são
aproximadamente 4 litros.
Tony Borie, Agosto de 2014
____________
Nota do editor
Último poste da série de 28 de dezembro de 2014 > Guiné 63/74 - P14088: Bom ou mau tempo na bolanha (80): Da Florida ao Alaska, num Jeep, em caravana (21) (Tony Borié)
Blogue coletivo, criado por Luís Graça. Objetivo: ajudar os antigos combatentes a reconstituir o "puzzle" da memória da guerra colonial/guerra do ultramar (e da Guiné, em particular). Iniciado em 2004, é a maior rede social na Net, em português, centrada na experiência pessoal de uma guerra. Como camaradas que são, tratam-se por tu, e gostam de dizer: "O Mundo é Pequeno e a nossa Tabanca... é Grande". Coeditores: C. Vinhal, E. Magalhães Ribeiro, V. Briote, J. Araújo.
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1 comentário:
Caro Tony
As paisagens que hoje nos mostras fazem realmente parte do meu imaginário pois algumas delas, pelo menos, são reconhecíveis dos filmes de "cóbois".
Aqui para nós, que ninguém ouve, fartei-me de 'papar' filmes desses (e de outros) mais ou menos entre os 13 e os 17 anos de idade quando sendo vizinho de uma senhora que trabalhava no cinema da minha Vila, ela me 'adoptou' como 'sobrinho' e nessa 'qualidade' entrava no Cinema.
Olha, hoje deu-me para fazer as contas, que normalmente apresentas como resumo contabilístico da jornada e lá fiquei a cismar como é que circulas aí com gasolina a cerca de 0,76 € o litro e aqui andamos agora com um mínimo de 1,24 €....
Abraço e "boa viagem"!
Hélder S.
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