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quinta-feira, 30 de novembro de 2017

Guiné 61/74 - P18029: Agenda cultural (614): Comemorações do 1º de Dezembro: 6º Desfile Nacional de Bandas Filarmónicas, Av Liberdade, Lisboa, 15h00-17h00: 1 grupo de percussão, 1 banda nacional militar e 32 bandas filarmónicas civis, c. 1900 músicos


1. Evento > 1 Dezembro de 2017 > 6º Desfile Nacional de Bandas Filarmónicas "1º de Dezembro" > Convite e programa

O Movimento 1º de Dezembro lançou a ideia deste grandioso desfile e mobilizou por todo o país, com o apoio dos seus delegados e da Confederação Musical Portuguesa, diferentes bandas e municípios.

É possível realizá-lo graças ao apoio da Câmara Municipal de Lisboa e à capacidade de organização da EGEAC. A iniciativa conta também com o endosso da SHIP - Sociedade Histórica da Independência de Portugal, que o incluiu no Programa Oficial das Comemorações do 1º de Dezembro, e com a parceria da CMP – Confederação Musical Portuguesa. Agradecemos também o apoio facultado pelo "Recheio" e pelo "Amanhecer".

O Desfile Nacional de Bandas Filarmónicas "1º de Dezembro" foi um êxito em 2012, 2013, 2014, 2015 e 2016. Será êxito maior em 2017.

13h30 - Concentração junto ao Monumento aos Mortos da Grande Guerra, na Avenida da Liberdade (ao Cinema S. Jorge)

15h00 - Início do Desfile

16h30 - Concentração final, na Praça dos Restauradores, e Apoteose Final com interpretação conjunta por 1.900 músicos dos três hinos: Hino da Maria da Fonte, Hino da Restauração e Hino Nacional.

17h00 - Fecho e desmobilização das bandas


Nesta 6ª edição, desfilarão as seguintes bandas e grupos, aqui ordenados por géneros e por ordem alfabética dos distritos e concelhos respectivos:


GRUPOS DE PERCUSSÃO:

Tocá Rufar (Seixal)

BANDA NACIONAL:

Banda da Armada

BANDAS FILARMÓNICAS:

· Banda Musical de Figueiredo (Arouca)

· Sociedade Recreativa e Filarmónica 1º de Janeiro de Castro Verde (Castro Verde)

· Banda da Sociedade Filarmónica União Mourense "Os Amarelos" (Moura)

· Banda de Música da Carvalheira (Terras de Bouro)

· Associação Filarmónica Retaxense (Castelo Branco)

· Associação Recreativa Musical Covilhanense | Banda da Covilhã (Covilhã)

· Sociedade Filarmónica Oleirense (Oleiros)

· Banda Filarmónica da União de Aldeia de João Pires (Sociedade Recreativa e Musical) (Penamacor)

· Sociedade Filarmónica Aurora Pedroguense (Sertã, Pedrógão Pequeno)

· Sociedade Filarmónica de Educação e Beneficência Fratelense (Vila Velha de Ródão)

· Sociedade Musical Recreativa de Alqueidão / Filarmónica do Alqueidão (Figueira da Foz)

· Filarmónica Instrução e Recreio de Abrunheira (Montemor-o-Velho)

· Sociedade Filarmónica Sangianense (Oliveira do Hospital)

· Banda Filarmónica Simão da Veiga da Casa do Povo de Lavre (Montemor-o-Novo)

· Sociedade Filarmónica Portimonense (Portimão)

· Sociedade Recreativa e Musical Loriguense (Seia)

· Sociedade Filarmónica Avelarense (Ansião)

· Sociedade Artística Musical 20 de Julho de Santa Margarida do Arrabal (Leiria)

· Sociedade Filarmónica Pedroguense (Pedrógão Grande)

· Associação Musical e Artística Lourinhanense (Lourinhã)

· Banda da Escola de Música da Juventude de Mafra (Mafra)

· Banda Juvenil do Município de Gavião (Gavião)

· Sociedade Musical Nisense (Nisa)

· Sociedade Recreativa Musical Alegretense (Portalegre)

· Sociedade Filarmónica de Crestuma (Gaia)

· Sociedade Filarmónica Gualdim Pais (Tomar)

· Sociedade Filarmónica Progresso Matos Galamba (Alcácer do Sal)

· Banda Municipal do Barreiro (Barreiro)

· Banda Nova de Barroselas (Associação Banda Escuteiros de Barroselas) (Viana do Castelo)

· Banda Marcial de Tarouquela e Municipal de Cinfães (Cinfães)

· Banda de Música de São Cipriano “A Nova” (Resende)

· Sociedade Filarmónica Fraternidade de São João de Areias (Santa Comba Dão)


Será um total de 34 entidades, integrando 1 grupo de percussão, 1 banda nacional militar e 32 bandas filarmónicas civis.

Serão cerca de 1900 músicos, provenientes dos mais diversos pontos do país, que irão descer a Avenida da Liberdade para celebrar Portugal, a Independência e a Restauração, através de uma merecida homenagem a esta prática musical e à importante acção formativa e cívica das bandas filarmónicas.

Tendo como ponto de partida o monumento aos Mortos da Grande Guerra, o desfile descerá até à Praça dos Restauradores, para uma interpretação conjunta final das Bandas participantes, sob a direcção do Maestro Capitão-Tenente Délio Gonçalves, da Banda da Armada.

Ao longo do desfile, serão interpretadas várias marchas, bem como o Hino da Restauração. O alinhamento do momento colectivo conta também, além do Hino da Restauração, com a interpretação dos Hino da Maria da Fonte e Hino Nacional.

Assim não chova! Será um grande sucesso.

Fonte: Facebook > Eventos > 6º Desfile Nacional de Bandas Filarmónicas "1º de Dezembro"

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Nota do editor:

Último poste da série > 29 de novembro de 2017 > Guiné 61/74 - P18025: Agenda cultural (613): Amanhã, 30, pelas 18h30, na famosa Livraria Filigranes, em Bruxelas, apresentação da obra "Aristides de Sousa Mendes: memórias de um neto". Convite da Embaixada Portuguesa em Bruxelas e do Camões, I.P.

quinta-feira, 5 de maio de 2011

Guiné 63/74 - P8225: Portugalidade(s) (5): Sinais encontrados na Guiné-Bissau de hoje (José Teixeira)

1. Mensagem de José Teixeira* (ex-1.º Cabo Enf.º da CCAÇ 2381, Buba, Quebo, Mampatá e Empada, 1968/70), membro da Direcção da Tabanca Pequena, Grupo de Amigos da Guiné-Bissau (ONGD), com data de 3 de Maio de 2011:

Caros editores
Junto um artigo sobre a portugalidade que encontrei na Guiné-Bissau.
O texto já foi publicado na Tabanca de Matosinhos, mas creio que tem interesse ser divulgado pela Tabanca Grande.
Junto também uma foto minha para ser colocada nos temas escritos por mim para me identificar.

Abraço fraterno




Após umas horas de merecido repouso, na sequência de uma noite em viagem de Lisboa para Bissau*, eu e os meus filhos Joana e Tiago, deixamos o Bairro de Quelelé para uma visita à cidade histórica de Bissau.

O Antero, condutor da viatura que a AD nos disponibilizou para as nossas deslocações em Bissau que é um excelente conversador, fazia de cicerone, explicando-nos que estávamos a atravessar o bairro a que foi dado o nome de Bissau Novo, ainda no tempo do colonialismo. De repente ouvem-se os acordes do hino A Portuguesa ou seja o Hino de Portugal. Era o telemóvel do Antero que tocava accionado por alguém que lhe queria falar.

Exclama o Tiago: - Estou a ouvir o Hino de Portugal!

Diz-lhe o Antero um tanto atrapalhado: - Eu gosto muito de ouvir o hino nacional!?

E… deixou tocar para que pudéssemos saborear este momento de portugalidade.

Depois, timidamente pergunta; - Posso atender?

Várias vezes nesse dia e seguintes pudemos ouvir o “hino nacional” como o Antero tinha o prazer de lhe chamar.

A conversa foi então desviada para a sua meninice. Viera, muito pequeno, de Encheia com os pais e radicalizara-se ali no Bairro de Bissau Novo.

Manhã cedo corria para a Praça do Império e para o QG para ouvir o toque de hastear bandeira e comunicar com os militares portugueses. Sobretudo gostava de ao domingo ver a parada militar que se desenrolava na Praça do Império. Deste modo foi cultivando o seu sentido de filho de Portugal como os nossos políticos e militares de então tão bem semeavam.

Hoje, o seu maior prazer é ser condutor dos portugueses que vão a Bissau, comunicar, conversar, contar histórias da sua meninice. O seu herói é o tabanqueiro Nuno Rubim, o Capitão Fula, tão querido em Guiledje e grande dinamizador do Museu que se está a construir nesta Tabanca com objectivo de deixar aos vindouros um pouco da realidade histórica da guerra colonial ou da Independência que acabou por unir de forma indelével os combatentes de ambas as frentes.

Antero, o guineense que gosta de ouvir o Hino Nacional

No dia seguinte ao chegar a Mampatá Forreá, recebo um aperta-costelas bem apertado do Puto Reguila. Outro menino que parava à porta do quartel de Quebo (Aldeia Formosa). Transporta na sua mente um grupo de amigos, que nunca esquecerá, tais como o Lobo,  de Matosinhos,  e o Carmelita,  de Vila do Conde. É um gosto ouvi-lo cantar a Mariquinhas,  da Amália Rodrigues, com letra adaptada às colunas que se faziam de Aldeia Formosa para Buba e vice-versa. Mas tem muitas mais canções que ficaram gravadas na memória.

O Puto Reguila sempre pronto a cantar mais uma cantiga.



Andando mais um pouco, paramos em Faro Sadjuma para almoçar. Eis que a nossa anfitriã, a cozinheira do excelente petisco que saboreamos, ao ver a viola e o cavaquinho do Luís e do João Rebola, logo os desafia a tocarem o Malhão, que ela tão bem cantou. Claro que não nos fizemos rogados e logo ali o Eduardo Moutinho Santos demonstrou os seus dotes de cantor, formando-se uma tertúlia com a senhora aficana a dar o tom.

Ali mesmo, conhecemos a filha do já conhecido tocador de gaita-de-beiços, também chamada harmónica de boca, que se prontificou a ir a Medjo convidá-lo para se apresentar nessa noite em Iemberém para nos deliciar com as suas tocadas do Vira do Minho e outras músicas tradicionais dos ranchos folclóricos portugueses.

Em Faro Sadjuma cantou-se o malhão

Apareceu-nos no outro dia de manhã, a pedir “discurpa” por não ter vindo à noite, devido a falta de transporte. Foi de Medjo até Iemberém a pé, para nos ver e poder tocar as nossas músicas. Infelizmente, estávamos de abalada, pelo que tocou duas gaitadas e foi embora. Triste ficou, com certeza, porque estes tugas foram uns ingratos. Mandaram-lhe um convite e depois deixaram-no a tocar sozinho, quanto ele veio com tanto gosto, sabendo quanto é apreciado pela sua arte que não é mais nem menos que a arte que um camarada nosso levou para a Guiné. Por lá deixou a gaita, nas mãos o nosso tocador guineense que a guarda religiosamente na caixa de origem e cultiva os acordes que aprendeu com todo o carinho.

Foram estes, entre tantos outros, bocados de portugalidade, semeados por simples homens do povo, soldados de Portugal que demandaram às terras da Guiné, forçados pelas circunstâncias de um tempo em que os senhores deste nossos País, remando contra os ventos da história, sonhavam com um Portugal, uno e indivisível,  do Minho a Timor, quando lhes restava, historicamente, apenas o velho cantinho europeu.
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Nota de CV:

(*) Vd. poste de 30 de Abril de 2011 > Guiné 63/74 - P8186: Missão na Guiné no século XXI (José Teixeira)

Último poste da série > 15 de Fevereiro de 2011 > Guiné 63/74 - P7789: Portugalidade(s) (4): Os nossos mútuos estereótipos lusófonos (Cherno Baldé / Antº Rosinha)

terça-feira, 30 de novembro de 2010

Guiné 63/74 - P7361: Contraponto (Alberto Branquinho) (19): Já que se falou de heróis

1. Em mensagem de 28 de Novembro de 2010, Alberto Branquinho (ex-Alf Mil de Op Esp da CART 1689, , Catió, Cabedu, Gandembel e Canquelifá, 1967/69), enviou-nos mais um Contraponto:

CONTRAPONTO (19)

JÁ QUE SE FALOU DE HERÓIS…

1 – Herói, herói…
Mas, afinal, o que é um herói?
Eu próprio, passando por Bissau, fui chamado “herói” pelo pessoal do “ar condicionado” e não me senti nada bem. Já contei isso aqui, há uns tempos.

O Dicionário Francisco Torrinha, da Livraria Simões Lopes/Porto, edição dos anos 40 do século passado, define herói do seguinte modo (deixando de lado os heróis mitológicos, semideuses e afins):
«Homem extraordinário pelas suas proezas guerreiras;…………………………….».

O Dicionário Porto Editora apresenta a seguinte definição:
«Homem ilustre por feitos guerreiros ou de grande coragem;………………………….».

Finalmente o Dicionário HOUAISS (para que não se diga que não falei de “bossa nova”) caracteriza o herói do seguinte modo:
«1 …………;2…………..; 3 indivíduo notabilizado pelos seus feitos guerreiros, a sua coragem, tenacidade, abnegação, magnanimidade, etc. 4…….5……,6…….7…..8…..
9 indivíduo que desperta enorme admiração; ídolo………………………………….».


Portanto, é isto mesmo que todos temos em mente quando falamos de heróis, não interessando se esses feitos, proezas, etc. foram praticados em terra, no mar ou no ar, que é como quem diz por militares do Exército, da Marinha ou da Força Aérea.

2 - Mas, ao pensar exactamente nisso, surgiu-me a dúvida sobre se, no ideário (e imaginário) português, o conceito de herói é entendido como aplicável também aos que se destacaram ao serviço da Força Aérea. Ora, vejamos.

3 – Camões, n’”Os Lusíadas”, não inclui no conceito de herói, salvo melhor opinião, qualquer homem do Exército. Enaltece somente os feitos marítimos, a Marinha. Claro que não poderia ter cantado os feitos da Força Aérea, porque ela não existia ainda.
Tomemos como exemplo a terceira estância, logo no início do “Canto Primeiro”, quando Camões explica a obra a que se vai abalançar:

«…………………………………………………
………………………………………………….
………………………………………………….
………………………………………………….
Que eu canto o peito ilustre Lusitano
A quem Neptuno e Marte obedeceram.
………………………………………................
………………………………………………..».


Note-se: os feitos do Portugueses nos mares foram tais que até Neptuno (deus do mar) lhes obedeceu. Não interessa, portanto, fazer especial menção aos humanos inimigos da armada Portuguesa (digamos, a Marinha).

- E Marte? - perguntarão. - O Deus da guerra também é referido por Camões.

Pois é. Mas, na minha interpretação, a referência que Camões faz à obediência prestada por Marte aos Portugueses, deve ser entendida como numa relação directa com Neptuno, portanto à guerra conduzida nos mares. No entanto, dou de barato que seja, também, uma referência às guerras apeadas feitas pelos Portugueses. Seja, portanto, uma menção aos feitos heróicos do Exército, na medida em que Marte é sempre representado com os pés assentes na terra e não embarcado.

Muito bem.
“Siga a Marinha!”

4 – Mas lembremos, agora, a letra do Hino Nacional. Há nela alguma referência à Força Aérea?
Duas passagens são de realçar:

(i) A Marinha em primeiro lugar: «Heróis do mar…»;

(ii) E uma passagem mais adiante:
«Às armas, às armas
Sobre a terra e sobre o mar
. …………………
»

Note-se: Exército e Marinha somente.
Onde está a referência (implícita que seja) à Força Aérea? Não há!

QUESTÕES:

– Será que para o ideário (e o imaginário) Português não há mesmo heróis da Força Aérea?

– Não deveria a Força Aérea constituir-se em “lobby” para conseguir que seja alterada a letra do Hino Nacional, de modo a fazer referência expressa aos seus heróis?


ANTES QUE OS ELEMENTOS DA FORÇA AÉREA COMECEM A LARGAR BOMBAS, vamos lá repor a verdade histórica e falar de uma curiosidade Portuense:

1 – “A Portuguesa”, apesar de muito anterior a 1910, só foi adoptada como Hino Nacional a seguir à implantação da República;

2 – A aviação só começou a ser Aviação já na parte final da Guerra 1914/18,

Portanto, a letra d’“A Portuguesa” nunca poderia conter qualquer referência à Aviação, então incipiente e não imaginada, então, como instrumento de combate e muito menos em Portugal.

3 – O feito de Gago Coutinho e de Sacadura Cabral no início dos anos 20 do século passado (que teve um grande impacto popular) está assinalado através de um bonito painel desses tempos (em bronze?) no “hall” da Estação de São Bento, no Porto.

Terá sido colocada numa construção destinada a albergar transporte ferroviário por não existir uma estrutura aeroportuária? Ou a razão foi outra?

Alberto Branquinho
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Notas de CV:

Vd. último poste da série de 15 de Novembro de 2010 > Guiné 63/74 - P7288: Contraponto (Alberto Branquinho) (18): Regresso

Aqui fica a letra (completa) de "A Portuguesa", de autoria de Henrique Lopes de Mendonça.
O autor da música foi Alfredo Keil


Heróis do mar, nobre povo,
Nação valente, imortal,
Levantai hoje de novo
O esplendor de Portugal!
Entre as brumas da memória,
Ó Pátria sente-se a voz
Dos teus egrégios avós,
Que há-de guiar-te à vitória!

Às armas, às armas!
Sobre a terra, sobre o mar,
Às armas, às armas!
Pela Pátria lutar
Contra os canhões marchar, marchar!

Desfralda a invicta Bandeira,
À luz viva do teu céu!
Brade a Europa à terra inteira:
Portugal não pereceu
Beija o solo teu jucundo
O Oceano, a rugir d'amor,
E teu braço vencedor
Deu mundos novos ao Mundo!

Às armas, às armas!
Sobre a terra, sobre o mar,
Às armas, às armas!
Pela Pátria lutar
Contra os canhões marchar, marchar!

Saudai o Sol que desponta
Sobre um ridente porvir;
Seja o eco de uma afronta
O sinal do ressurgir.
Raios dessa aurora forte
São como beijos de mãe,
Que nos guardam, nos sustêm,
Contra as injúrias da sorte.

Às armas, às armas!
Sobre a terra, sobre o mar,
Às armas, às armas!
Pela Pátria lutar
Contra os canhões marchar, marchar!


Fonte: http://natura.di.uminho.pt/~jj/musica/html/portuguesa.html

quarta-feira, 10 de junho de 2009

Guiné 63/74 - P4500: Controvérsias (20): Deixem que sejam os ex-Combatentes a cantar o Hino Nacional (José Martins)

Comemorações do 10 de Junho de 2009 > Lisboa, Belém, Forte do Bom Sucesso > Deixem-nos cantar o hino nacional !!!... (Eu garanto-vos que o Mário Fitas cantou o hino, e cantou bem, de fio a pavio, com a sua voz poderosa de tenor e de alentejano das grandes planices... Não se deixou intimidar com a voz da senhora fadista Kátia Guerreiro)...
Mário: Cortei-te o pio, como forma de protesto pela heterodoxia da Comissão Organizadora, e como manifestação de solidariedade com a posição aqui assumida pelo José Martins, nosso dedicado colaborador, amigo e camarada da Guiné, e um dos mais velhos membros da nossa Tabanca Grande...
Mário, desculpa a eventual sacanice eu que te fiz, mas foi por uma boa causa, além de que um velho combatente da Pátria , como tu, já está calejado e imunizado contra todas as sacanices, e sobretudo as grandes sacanices que lhe têm feito... (LG)


1. Mensagem de José Martins, ex-Fur Mil Trms da CCAÇ 5, Gatos Pretos, Canjadude, 1968/70, com data de 10 de Junho de 2009: Assunto: XVI Encontro de Combatentes

Caros Camaradas:

Desde há dezasseis anos que neste dia honro a memória daqueles que, fiéis a um juramento à Bandeira Pátria, entregaram a vida em terras de África. Honro, também, aqueles que, por causa da guerra, por lá deixaram parte de si mesmos, carregando para o resto da vida a memória visível da sua vida por aquelas paragens.

Recordo, ainda, aquele 10 de Junho de 1970 quando, depois de ter cumprido o dever imposto, pisei terra metropolitana. Porém, e como já anteriormente havia escrito, há coisas que ainda não consigo entender:

1 - Há necessidade de ter um patrocinador nas comemorações, nomeadamente a Portugal Telecom que, invariavelmente, coloca uma coroa de flores no Monumento com publicidade? Não seria muito mais soft anunciar apenas o patrocínio, caso ele seja necessário?

2 - Por que é que, a partir de há alguns anos a esta parte, há um artista convidado para cantar, se não a solo, sobrepondo-se às vozes roucas e cansadas dos combatentes, debitando a sua voz através da instalação sonora? Nada tenho contra a D. Kátia Guerreiro, cuja carreira tenho seguido e admirado. Mas, francamente! O Hino de Portugal soou-me a fado.

Sei que era uma canção de protesto contra o Ultimato Inglês de 1890 e que, rapidamente se transformou num grito de revolta, mas hoje, hoje é o nosso Hino.

Por favor: deixem que, enquanto isso seja possivel, sejam os COMBATENTES a entoar o HINO NACIONAL, mesmo que a sua voz seja rouca, mesmo que a sua voz já custe a dominar, mesmo que a sua voz não tenha a pujança de outrora, é a voz daqueles que responderam SIM, quando a Pátria os chamou.

José Martins
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Nota de CV:

(*) Vd. poste de 27 de Maio de 2009 > Guiné 63/74 - P4422: Bibliografia de uma guerra (47): Coutinho e Lima fala do seu livro "A Retirada de Guileje" (José Martins)

Vd. último poste da série de 2 de Junho de 2009 > Guiné 63/74 - P4452: Controvérsias (15): O 'massacre do Pidjiguiti', em 3 de Agosto de 1959: o testemunho de Mário Dias

sexta-feira, 16 de janeiro de 2009

Guiné 63/74 - P3748: As nossas mulheres (6): Recortes de imprensa de uma noiva (Luís Faria)

1. Mensagem de Luís Faria ex-Fur Mil Inf MA da CCAÇ 2791, Bula e Teixeira Pinto, 1970/72, com data de 7 de Janeiro de 2009:

Amigos Editores

Um abraço e renovação de votos, extensíveis a toda a Tertúlia, de um 2009 sem problemas de maior.

Em anexo envio uma estória que justifica a posse de relíquias/curiosidades que a meu ver poderão ter interesse especialmente para os Camaradas que andaram ao tempo pelos localidades inscritas e que poderão de certo modo avaliar comparativamente o que o que se dizia na Metrópole e o que era na realidade. E quem sabe, até dar uma risada!

Um adeus e até ao meu regresso
Luis Faria


Curiosidades - Imprensa

Caros Irmãos de Armas da Guiné, permitam-me este devaneio que não quero fira quaisquer susceptibilidades.

Conforme explicado no capítulo 1.º de “Viagens à volta das minhas memórias” fui mobilizado para a Guiné, considerado ainda hoje (?!) o teatro de guerra mais difícil e perigoso àquela época com a excepção eventual do Vietname. E tanto isto era verdadeiro que havia múltiplas solicitações a camaradas que acabavam a comissão, e contratos chorudos para instrução em países Africanos e não só. Também houve muito boa gente que pura e simplesmente (?!) fugiu, é o termo, uns realmente por ideais políticos, outros nem tanto e ainda outros porque foram influenciados e até aliciados por terceiros. E coloco (?!) porque também essa tomada de decisão não deveria ter sido fácil, àqueles tempos, em que Portugal se estendia do Minho a Timor, uno e indivisível, e a noção de Pátria, com a sua Bandeira e o seu Hino, estava muito arreigada no intimo da maioria dos Portugueses e como tal sentia-se que o dever de cada um seria contribuir para a defesa da Pátria, se necessário à custa do seu sangue e da própria vida, como infelizmente a muitos aconteceu. Era assim que eu sentia e ainda hoje ao ouvir o Hino Nacional fico emocionado e o não ver a nossa Bandeira hasteada, praticamente em nenhum sítio, faz-me pensar!

Também tive pressões aliciantes para não ir para a Guiné e fugir , é verdade!

Ao tempo em que estava a formar Companhia no RI 16 – Évora – ofereci o anel de noivado à minha namorada Aida, que ainda hoje é minha Esposa. O Alf. Quintas insistia para que casasse e a levasse para a Guiné, pois ele iria levar a sua, como levou. Nem pensar! E se calhava de ficar estropiado, dependente de terceiros, o que era uma hipótese bem possível? Achava que não era justo poder vir a condicionar-lhe a vida futura e para além disso também iria condicionar emocionalmente a minha prestação na Guiné.

Por seu lado, o meu futuro sogro, Veterano Italiano da guerra na Abissínia, insistia fortemente para que casasse, mandasse a Guiné às malvas e fosse para o Brasil onde tinha negócios, poderia viver bem e sem problemas. Eu rebatia com os meus argumentos, que não conseguia nem queria fazer isso, que não conseguiria viver em paz comigo mesmo se voltasse a cara à defesa do meu País e lá fui dar a minha contribuição, que felizmente não me tirou nem sangue nem a vida. Perdi juventude, isso sim.

Pela Metrópole ficou a noiva e na distância dos dois mundos separados, foram ficando as saudades, as recordações, as fotografias e as cartas que os ligavam, cartas que por querer, nunca referiram nada da guerra em que andava.

O tempo passou, o regresso concretizou-se, o casamento realizou-se, a vida transformou-se e seguiu os seus rumos. Um dia tomo conhecimento de que afinal a nossa Guerra que nunca quis referir, tinha também sido seguida à maneira metropolitana pela minha Noiva, através de dezenas de comunicados das Forças Armadas, publicados nos jornais da época e que a Aida foi compilando, o que me muito me sensibilizou e que me permite hoje, por estarmos no início de um novo ano e por julgar com interesse, enviar à Tabanca três desses comunicados originais, um dos quais é uma espécie de balanço da guerra durante o ano 1970. Dava a ideia que tudo era um mar de rosas.!!!

Um abraço a toda a Tertúlia na esperança de não ter ferido susceptibilidades.
Luís Faria




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Nota de CV:

Vd. último poste da série de 28 de Dezembro de 2008 > Guiné 63/74 - P3676: As Nossas Mulheres (3): Um poema da minha Mãe, Leopoldina Duarte (António Paiva)

domingo, 16 de novembro de 2008

Guiné 63/74 - P3462: O Tigre Vadio, o novo livro do nosso camarada Beja Santos (9): Palavras de agradecimento do autor (I)

Lisboa, Museu da Farmácia, 11 de Novembro de 2008. Cerimónia de lançamento do livro Diário da Guiné: 1969-1970: O Tigre Vadio, da autoria do nosso camarada Mário Beja Santos (Lisboa: Círculo de Leitores, e Temas & Debates, 2008, 440 pp.). O mestre guineense, mandinga do Gabu, a viver em Portugal desde 1998, Braima Galissá, tocador de kora, e cantor (dídjio), executa o nosso Hino Nacional. Uma surpresa do Braima, um momento muito bonito, que emocionou o Mário, com toda a assistência de pé (*).

Vídeo: © Luís Graça (2008). Direitos reservados. Vídeo (1' 27') alojado em: You Tube >Nhabijoes.

1. Mensagem de 13 do corrente, do Beja Santos:


Assunto - O meu profundo agradecimento

Queridos amigos, queridos camaradas, queridos tertulianos,

Estou profundamente sensibilizado por tudo o que se disse e escreveu em torno do lançamento de O Tigre Vadio. Foi muito lindo o que se viu no Museu da Farmácia, com a constituição de núcleos museológicos que tem a ver com a guerra que vivemos:

(i) o fardamento de uma enfermeira pára-quedista,
(ii) os medicamentos que usávamos,
(iii) os estojos de primeiros socorros que existiam nas aeronaves que vinham buscar os nossos feridos,
(iv) um aerograma onde se fala de medicamentos.

Tocou-me a sugestão do Braima Galissá em interpretar o hino nacional com o seu prodigioso korá.

Tocou-me estar rodeado de amigos tão grandes, alguns que vieram de tão longe e que me dirigiram expressões tão calorosas.

O Luís Graça foi, é e será a locomotiva deste entreposto de afectos, recebi o apoio incomparável do Humberto Reis, ele foi o primeiro dos fotógrafos, ainda estou para saber como é que ele desencadeou pressão sobre as minhas memórias mais subterrâneas.

Em suma, e fugindo às lamechices, é um privilégio poder contar com a vossa estima e tão elevado apreço.

Como está dito, não só fico a intervir no blogue como já estou a escrever mergulhado na Guiné, estou agora precisamente em Teixeira Pinto em 1954 e a recolher impressões dolorosas da mulher do administrador Artur Meireles (ainda hoje o maior estudioso da cultura Manjaca) que viu o exercício do colonialismo nos seus aspectos mais brutais.

Darei ao blogue, entretanto, impressões sobre as minhas leituras em terras da Guiné.

Um outro projecto que tenho em mente é registar as minhas recordações de Mafra até à reintegração após o regresso da Guiné e a constante presença dos militares e civis com quem convivi. Estou a tentar clarificar a viagem desse branco que se africanizou para toda a vida...

Por muito que vos surpreenda, não registei tudo nos dois livros do que ficou nos meus apontamentos. Recentemente, entreguei alguns registos na Sociedade de Geografia de Lisboa e, imprevistamente, apareceu-me uma folha solta que tem a data de 30 de Julho de 1970 e onde escrevi:

“Logo que possa, tenho que conhecer mais sobre a obra de Sarmento Rodrigues, governador da Guiné entre 1945 e 1948, mais tarde ministro das Colónias, certamente que o comandante Teixeira da Mota me vai ajudar, foi seu ajudante de campo. Um homem que se despede dos guineenses dizendo “queria dizer adeus a todos, um por um, como a um e um tenho falado e conhecido”, que escreve “a Guiné nada me fica a dever. Eu é que agradeço o ter me dado a ocasião de a servir sem reservas,” é um homem que amou intensamente o que fez, é um homem incomum.”

É uma nota solta, a que não soube dar destino, agora já não pode caber no diário.

Acima de tudo, o que pretendo dizer-vos agora é que foi uma honra ter escrito o relato da minha comissão tendo como primeiros leitores toda a malta do blogue e assegurar-vos que aqui vou continuar.

Aceitem um grande abraço por tudo o que me disseram e como me consideram,

Mário Beja Santos
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Nota de L.G.:

(*) Vd. último poste da série > 13 de Novembro de 2008 > Guiné 63/74 - P3449: O Tigre Vadio, o novo livro do nosso camarada Beja Santos (8): Apresentação do Maj Gen Lemos Pires (I)