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quinta-feira, 1 de junho de 2023

Guiné 61/74 - P24359: Tugas, pocos pero locos: algumas das nossas operações temerárias (3): Op Foguetão: mais uma dramática incursão à península de Madina/Belel, 27 e 28 de novembro de 1967, segundo a versão de Abel Rei (CART 1661, Fá, Enxalé, Bissá, Porto Gole, 1967/68).


Guiné > Região do Oio > Porto Gole > CART 1661 (1967/68) > O Abel Rei, que pertencia ao 3º Gr Comb, está aqui escrever algumas linhas do seu diário, mais transformado em livro. Sáo dele as palabras revelkadotras de uma gradne honestidade intelkectual: "A minha escassa formação primária não me proporcionou melhores ideias. Tudo o que ficou escrito, não se tratou senão de simples partes vividas, onde a realidade dava lugar a maiores esclarecimentos. E acabei por impor a mim próprio a chamada memória selectiva, e omitir factos tão ruins que eu nem os conseguia descrever, e com a sua omissão convencer-me de que nunca aconteceram."

 Foto (e legenda): © Luís Graça (2002). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]



Abel de Jesus Carreira Rei.  nascido em 1945, em Maceira, Leira, 
vive em Embra, Marinha Grande. É membro da Tabanca Grande desdce


Capa do livro de Abel de Jesus Carreira Rei – Entre o Paraíso e o Inferno: De Fá a Bissá: Memórias da Guiné, 1967/1968. Prefácio do Ten Gen Júlio Faria de Oliveira. Edição de autor. 2002. 171 pp. (Execução gráfica: Tipografia Lousanense, Lousã. 2002)


1. Tivemos ontem notícias do Abel Rei, ex-1º cabo at art, CART 1661 (Fá, Enxalé, Bissá, Porto Gole, 1967/68), através do formulário de contacto do Blogger... Há mais de  um ano que andávamos à sua procura e a pedir-lhe que fizesse "prova de vida"(*)

31 maio 2023 17:39

Quero desejar ao amigo Beja Santos muitos Parabéns e um dia feliz com saúde e um grande abraço com a sincera amizade deste amigo,Abel Rei, Ex-combatente, RT 1661.

Cumprimentos, Abel Rei | abel.rei@hotmail.com



2.   Hoje fomos revistar alguns dos seus postes, e nomeadamente as notas de leitura que fizemos do seu livro de memórias.  Um desses postes chamou-nos a atenção por nele se referir a Op Foguetão (**), mais uma dramática incursão à península de Madina / Belel. Ou seja, mais uma operação temerária que fica bem na série "Tugas pocos pero locos" (***) 


Op Foguetão: mais uma dramática incursão à península de  Madina/Belel, 27 e 28 de novembro de 1967

Depois de 73 dias em Bissá, o nosso 1º cabo Abel Rei regressa a Porto Gole, exausto e adoentado. Visto pelo médico, que lhe receitou “três injecções e comprimidos” (sic), voltou a estar apto, ele e os demais “companheiros de Bissá”, ao fim de três dias.

A 27 e 28 de novembro de  1967 vemo-lo a participar na Op Foguetão, para um golpe de mão uma acampamento da guerrilha na região de Madina / Belel. Tratou-se da repetição da Op Frango, envolvendo forças da CCAÇ 1646 (Fá Mandinga) e da CCAÇ 1749 (Mansoa), além da CART 1661 (Porto Gole).

A CCAÇ 1646 (que passou por Bissau, Fá Mandinga, Xitole, Fá Mandinga e Bissau, entre janeiro de 1967 e outubro de 1968) pertencia ao BART 1904 (Bambadinca), tendo por comandante o cap mil art Manuel José Meirinhos.

A CCAÇ 1749, por sua vez, passou por Mansoa, Mansabá e Quinhamel, entre julho de 1967 e junho de 1969. Era comandada pelo cap mil art Germano da Silva Domingos.

Na Op Frango, que se realizara uns dias antes,  a 16 de novembro de 1967, as NT não tinham atingido o objectivo, por se terem perdido e por haver falha nas ligações com o PCV. Diz a história da CCAÇ 1661, citada pelo Abel Rei (p. 120), que “o único guia que nos foi possível arranjar, informou não saber atingir o objectivo pelo itinerário determinado superiormente”.

 O filme dos acontecimentos da Op Foguetão, de acordo com o diário do Abel Rei (29/11/1967, Enxalé, pp. 120-122) (**),  volta a mostrar-nos a ocorrência de alguns erros e falhas recorrentes nestas incursões à península de Madina / Belel, onde as NT iam uma vez por ano,  erros e falhas já listados, a título exemplifiativo,  na série "Tugas pocos pero locos" (***):
  • erros de planeamento;
  • guias que se perdiam ou que procuravam ludibriar as NT;
  • itinerários mal escolhidos ou de difícil progressão, com cursos de água de difícil cambança, capim alto, etc.;
  • PCV (antes da época dos Strela...) que denunciavam a presença das NT;
  •  falhas no abastecimento de água (ou na escolha das rações de combate);
  • progressão para o objectivo a horas proibidas (sob sol escaldante);
  • confusão de (ou chegada tardia aos objetivos);
  • flagelações e/ou queimadas do IN;
  • tabancas que se encontram abandonadas e que depois são queimadas pelas NT;
  • casos graves de exaustão, insolação e desidratação;
  • indisciplina de fogo;
  • ataques de abelhas e/ou formigas;
  • debandada geral;
  •  perda de armas e munições, e até de homens e cadáveres  que são transportados às costas em macas improvisadas;
  • regresso dramático ao Enxalé com viaturas a sair até São Belchior para transportar os mais "desgraçados";
  • tentativa de recuperação, no dia seguinte, do material perdido… e até dos cadáveres;
  •  e, claro, relatórios por vezes fantasiosos, pouco rigorosos, etc....
Eis, em resumo, o filme dos acontecimentos em 10  pontos, seguindo o teor do diário do Abel Rei (29/11/1967):

(i) (,,,) “partimos à meia noite do dia 27, com um ração de combate para cada dois homens, e a caminho dum acampamento dos ‘turras’, situado em Madina, onde eles tinham bastante armas pesadas, entre elas um ou dois morteiros 82 e canhão sem recuo (?)" (…);

(ii) as NT chegam ao objectivo por  “volta das dez e meia da manhã”;

(iii) nessa altura começam a ser sobrevoadas uma avioneta com um ‘major de operações’ (sic), leia-se, PCV

(iv) sob um “sol escandante”, depois de mais de uma hora parados e, obviamente, já localizados pelo IN, “fomos obrigados a avançar para o objectivo", quando "nessa ocasião fazia-se a entrada numa bolanha cheia de água” (recorde-se que estamos no fim da época das chuvas);

(v) há quatro baixas por exaustão e desidratação; esses  militares são helievacuados. ficam 20 homens a fazer segurança ao helicóptero. enquanto os restantes continuam a avançar para o objectivo;

(vi) a progressão faz-se no meio do capim alto (com “mais de três metros de altura”); a  zona em que o helicóptero está pousado, começa a ser batida por tiro de morteiro; avança-se para o objectivo;

(vii) (...)  “o tiroteio sucedia-se cobrindo aqueles matos!;  (…) os homens que ficaram atrás comigo, contaram que foram obrigados a retirar para fugir ao fogo dos ‘turras’ que batiam a zona; perderam-se…”

(viii) os “outros, são obrigados pelo capitão (de nome Figueiredo) [referência que nos parece explícita, ao cap Dias Sousa Figueiredo, da CART 1661], “a irmos contra as trincheiras do inimigo – apontando-lhes a sua arma, com ameaça de disparos, se não avançassem” (p. 122);

(ix) as NT sofrem “dois mortos e três feridos”, não lhes sendo possível “trazer os mortos: um soldado nativo das milícias, e o próprio guia, pois o fogo era intenso”;

(x) concluindo, chegaram já de noite, divididos em dois grupos, aqui ao quartel [do Enxalé], tendo andado perdidos uns dos outros; vinham estafados”…

A história da unidade (CART 1661) diz, seca, cínica e sucintamente, que “o objectivo de Madina foi atingido e destruído, tendo sido mortos 9 elementos IN; as NT tiveram um milícia morto e três feridos” (p. 122)… 

Não há qualquer referência ao pobre diabo do guia cujo cadáver lá ficou, também, para os jagudis… (Não sabemos se o guia era um prisioneiro, embora provavelmente o fosse, já que não foi contabilizado como baixa das NT.);

Só quinze dias depois é que o Abel volta escrever, para nos dar conta da existência da ‘arma secreta’ da CART 1661, o famoso ‘granadeiro’, uma “viatura pesada blindada com chapas metálicas e areia”, que é utilizada numa coluna auto, de reabastecimento a Bissá… “Pela estrada, em que fomos sempre pé, picando a área em todo o percurso, ao longo da nossa deslocação foram encontrados jornais de propaganda subversiva terrorista” (14/12/1967, Enxalé) (***ª)…

No final do ano de 1967, o comando da CART 1661 muda-se para Porto Gole, passando o Enxalé a ser apenas um simples destacamento, depois na primeira daquelas localidades se terem construído as necessárias instalações para o pessoal, bem como o depósito de material. Foi também construído uma pista de aterragem para aeronaves tipo D0 27…

(Seleção / compilação / revisão e fixação de texto / negritos e itálicos:  LG)


3. Ficha de Unidade> Companhia de Artilharia nº  1661

Identificação:  CArt 1661
Unidade Mob: RAC - Oeiras
Crndt: Cap Mil Art Luís Vassalo Namorado Rosa (1935-2018) | Alf Mil Art Fernando António de Sá | Cap Art Manuel Jorge Dias de Sousa Figueiredo
Divisa: -
Partida: Embarque em 01Fev67; desembarque em 06Fev67 | Regresso: Embarque em 19Nov68

Síntese da Actividade Operacional

Em 06Fev67, deslocou-se para Fá Mandinga, a fim de substituir a CCaç 818 e realizar, inicialmente, um curto período de adaptação operacional, sob orientação do BCaç 1888 e actuar depois nas regiões de Xime, Enxalé e Xitole, até 08Mar67.

Após rotação, por fracções, com a CCaç 1439, assumiu em 03Abr67 a responsabilidade do subsector de Enxalé, com pelotões destacados em Missirá, Porto Gole e Bissá, mantendo-se integrada no dispositivo e manobra do BCaç 1888 e a partir de O1Jul67 do BCaç 1912, por alteração dos limites dos sectores daqueles batalhões.

Em 21Dez67, a sede da subunidade foi transferida para Porto Gole, com destacamentos em Enxalé e Bissá, mantendo-se no mesmo sector do BCaç 1912, onde a par de várias operações e acções efectuadas nas regiões de Mato Cão, Mantém, Malafo e Colicunda, orientou a sua actividade para a construção e desenvolvimento dos reordenamentos de Enxalé e Bissá, este a partir de Mar68.

Em 07Nov68, foi rendida no subsector de Porto Gole pela CArt 2411, tendo recolhido seguidamente a Bissau, a fim de aguardar o embarque de regresso.

Observações - Tem História da Unidade (Caixa n." 81 - 2.ª Div/4ª  Sec, do AHM).

Fonte: Excertos de Portugal. Estado-Maior do Exército. Comissão para o Estudo das Campanhas de África, 1961-1974 [CECA] - Resenha Histórico-Militar das Campanhas de África (1961-1974). 7.º volume: Fichas das Unidades. Tomo II: Guiné. Lisboa: 2002, pág. 450
___________

Notas de L.G.:

(*) Vd. poste de 27 de janeiro de 2022 > Guiné 61/74 - P22942: O que é feito de ti, camarada ? (15): Abel Rei, ex-1º cabo, CART 1661 (Fá, Enxalé, Bissá, Porto Gole, 1967/68), autor do livro, "Entre paraíso e inferno, de Fá a Bissá, memórias da Guiné, 1967/68... O João Crisóstomo manda-te um "hello", de Nova Iorque

`(**) Vd. pposte de 24 de agosto de 2009 > Guiné 1963/74 - P4858: Notas de leitura (16): Memórias do inferno de Abel Rei (Parte III) (Luís Graça)


30 de agosto de 2009 > Guiné 63/74 - P4882: Notas de leitura (18): As memórias do inferno de Abel Rei (Parte IV e última) (Luís Graça)

(***) Último poste da série > 25 de maio de 2023 > Guiné 61/74 - P24339: Tugas, pocos pero locos: algumas das nossas operações temerárias (2): Op Gavião (Madina / Belel, 4-6 de abril de 1968): 300 homens desbaratados pelas abelhas, armas extraviadas, um cadáver abandonado, um homem perdido, etc.

quarta-feira, 5 de junho de 2019

Guiné 61/74 - P19859: Tabanca Grande (481): Abel Rei, ex-1º cabo, CART 1661 (Fá, Enxalé, Bissá, Porto Gole, 1967/68)... Autor do livro "Entre o paraíso e o inferno: de Fá a Bissá, memórias da Guiné., 1967/68"... Passa finalmente a sentar-se à sombra do nosso poilão, no lugar nº 792


Foto nº 1 > Guiné > Região do Oio > Bissá  > CART 1661 (1967/68) > Imagem, desolada,  do destacamento de Bissá, no tempo em que lá esteve o Abel Rei, com o 3º Gr Comb...


Foto nº 2 > Guiné > Região do Oio > Bissá >  > CART 1661 (1967/68) > Imagem do destacamento de Bissá, no tempo em que lá esteve o Abel Rei, com o o 3º Gr Comb...


Foto nº 3

Guiné > Região do Oio > Porto Gole > CART 1661 (1967/68)  >  Foto tirada em Porto Gole, com o Abel Rei a escrever algumas linhas do seu diário, mais tarde (em 2003) transformado em livro.


Foto nº 4

Guiné > Bissau > Fevereiro de 1968  > O 1º Cabo Abel Rei, da CART 1661 (Fá, Enxalé, BissáPorto Gole, 1967/68), de férias, na capital da província. “Vim juntamente com o ‘Conjunto João Paulo’, que fez nesse mesmo dia uma actuação musical em Porto Gole, partindo de seguida numa lancha, pelo Rio Geba, para cá”… Ficou hospedado na Pensão Chantre.


Foto nº 5

Guiné > Região do Oio > Porto Gole > CART 1661 (1967/68) > Monumento ,onde se pode ler: "Para ti, soldado, o testemunho do teu esforço"... No final do ano de 1967, o comando da CART 1661 mudou-se para Porto Gole, passando o Enxalé a ser apenas um simples destacamento, depois na primeira daquelas localidades se terem construído as necessárias instalações para o pessoal, bem como o depósito de material. Foi também construído uma pista de aterragem para aeronaves tipo DO 27.

Fotos (e legendas): © Abel Rei (2002). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


Quinta do Paul, Ortigosa, Monte Real, Leiria > IV Encontro Nacional  da Tabanca Grande > 20 de Junho de 2009 > O Abel Rei e a esposa, Maria Elisete, residentes no concelho da Marinha Grande...  O Abel terá conseguido vender, no nosso convívio, mais de três dezenas do seu livro (preço: 10 balas, menos de 100 pp.).

O Abel pertencia, no ano de 2007, à Direcção do Núcleo da Marinha Grande da Liga dos Combatentes (telefone: 244 551 140), exercendo o cargo de Tesoureiro, que teve de abandonar por motivos de saúde.

O livro, na altura,  podia ser encomendado directamente ao Abel Rei, que morava no Beco da R. dos Poços, 1, Lameira da Embra, 2430-126 Marinha Grande / Telem 938 195 700/ Email: abel_rei@hotmail.com (, este endereço já não está atualizado).

Fotos« (e legenda): © Luís Graça (2009). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


São Pedro de Moel > 2010 > Convívio da CART 1661 e Pel Caç Nat 54 > O ex-cap mil, o arquiteto e urbanista  Luís Vassalo Rosa  (1935-2018), ao centro; à esquerda o Abel Rei; e à direita, um alferes da CART 1661, não identificado.

Foto (e legenda): © José António Viegas (2017). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


Almeirim > 10 de maio de 2014 >  XXIII Encontro  do pessoal da CCAÇ 1439,  Pel Caç Nat 52, Pel Caç Nat 54, e Pel Mort 1028, que passaram pelo Enxalé (1965/67).  O Abel Rei é o primero da primeira fila, do lado direito. Alguns camaradas nossos conhecidos (e membros ds Tabanca Grande): Henrique Matos (Pel Caç Nat 52), José António Viegas (Pel Caç Nat 54), Júlio Pereira (CÇAÇ 1439). O "Mafra" é a alcunha do Manuel Calhanda Leitão, também já convidado para integrar a Tabanca Grande: foi o organizador do último encontro do pessoal, este ano, em 18 de maio de 2019, na Ericeira... Em 2010, houve um encontro histórico, deste pessoal, o 19º Encontro, onde estiveram presentes, entre outros, o Henrique Matos, o Mário Beja Santos, o Jorge Rosales,o João Crisóstomo, o madeirense António Freitas (um dos quatro alferes da CCAÇ 1439),  o João Neto Vaz, o Luís Cunha, e outros.

Foto (e legenda): © Henrique Matos  (2014). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


1. Abel de Jesus Carreira Rei,  ex-1º cabo, CART 1661 (1967/68), ou simplesmente Abel Rei, tem 15 referências no blogue, é amigo da página do Facebook da Tabanca Grande, é autor de um livro de memórias sobre a sua passagem na Guiné, já participou num dos nossos encontros nacionais,  o IV, em Ortigosa, Monte Real, Leiria, em 2009... mas, por lapso, ainda não consta da lista alfabética dos membros da Tabanca Grande.

Na altura, em 2009, foi apresentado, na Ortigosa, como "um dos nossos últimos piras (...), membro da Tabanca Grande". (*)

É mais do que justo reparar, agora,  esse imperdoável lapso. Ele passa a sentar-se, à sombra do nosso poilão, no lugar nº 792.(**)

Ainda recentemente o nosso colaborador permanente, Mário Beja Santos,  volta a fazer a recensão do livro do Abel de Jesus Carreira Rei, "Entre o Paraíso e o Inferno: De Fá a Bissá: Memórias da Guiné, 1967/1968".( Prefácio do Ten Gen Júlio Faria de Oliveira): Edição de autor. 2002. 171 pp. (Execução gráfica: Tipografia Lousanense, Lousã. 2002). (***)


(...) "É mais do que merecido o reconhecimento a este diário de Abel Rei, escrito com tanta sinceridade, envolto em tanta ternura, um registo também da vida de uma unidade que palmilhou o Xime, Amedalai, Denbataco, foi ao Buruntoni e ao Poidom, espalhou-se pelo Enxalé, Missirá e Porto Gole. (...) Temos que ter orgulho neste diário, é o espelho de um homem de fé que vai regressar sereno à sua vida civil, sem traumas nem azedumes. Recomendo vivamente a sua leitura. (...).

Do lamentável lapso temos que pedir desculpas ao nosso camarada Abel Rei e aos  restantes membros da Tabanca Grande.

Já em tempos aqui o dissemos: o Abel Rei  teve, entre outros,  o mérito de pôr no mapa da guerra da Guiné o nome de Bissá, sobre o qual poucos de nós sabiam alguma coisa.   Foi em Bissá que o valente Abna Na Onça, capitão de 2ª linha, balanta, enocntrou a morte...

Um camarada nosso que conheceu bem a região de Porto Gole, Bissá e Enxalé, o Henrique Matos, 1º comandante do Pel Caç Nat 52 (1966/68), também já aqui veio reconhecer que a manutenção de Bissá fora um erro, possivelmente pelo elevado custo, em vidas humanas, que terá acarretado, e pelas dificuldades de reabastecimento da sua guarnição.

2.  Algumas notas biográficas sobre o Abel Rei (que é o único representante da CART 1661, na nossa Tabanca Grande):

O Abel Rei nasceu em 30 de março de 1945, na freguesia de Maceira, concelho de Leiria. O pai era operário vidreiro. A família mudou-se para o concelho da Marinha Grande. O Abel começou a trabalhar bem cedo numa mercearia local, mal acabada a escola primária, aos dez anos. Aos quinze era serralheiro civil.

Mobilizado para a Guiné, serviu na CART 1661, que passou por Fá Mandinga, Enxalé, Bissá e Porto Gole. Partiu em 1 de Fevereiro de 1967 e regressou em 19 de Novembro de 1968.

A companhia teve três comandantes: Cap Mil Art Luís Vassalo [Namorado]  Rosa [1935-2018), Alf Mil Art Fernando António de Sá e Cap Art Manuel Jorge Dias de Sousa Figueiredo.

Depois da tropa, o Abel voltou a estudar, tendo completado o Curso Geral de Mecânica da Escola Industrial.

Citando o prefácio ao seu livro, "Entre o Paraíso e o Inferno: De Fá a Bissá: Memórias da Guiné, 1967/1968,  da autoria .do ten gen ref Júlio Faria de Oliveira, presidente da Direcção Central da Liga dos Combatentes, “ainda bem que o antigo combatente Abel Rei escreveu esta história verdadeira, a qual, em minha opinião, é extremamente interessante e duvido que aquela, que ele gostaria de ter escrito, fosse ainda melhor” (p. 17).

Em geral, são notas diárias, de um, dois ou três parágrafos, que o Abel Rei foi redigindo num caderninho que sempre o acompanhava. A primeira tem a data de 1/2/67 (partida do T/T Uíge, do cais da Rocha Conde de Óbidos) e a última data de 19/11/68 (regresso à Metrópole, também no mesmo navio).

Ao todo, são 178 registos diários, em pouco mais de 21 meses de comissão, mais de metade das quais (53,4%) correspondem aos quatro primeiros meses (de fevereiro a maio de 1967). De junho até ao final do ano, escreveu apenas, em média, 4 vezes por mês… No segundo ano (jan-nov 1968), o ritmo da escrita, certamente por cansaço, saturação ou quebra de disciplina, baixou ainda mais: um pouco mais de 3 registos por mês, embora mais extensos, ocupando 4 dezenas de páginas (de 126 a 166).

O Abel Rei tem página no Facebook.
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Notas do editor:

(*) Vd. poste de 7 de julho de  2009 > Guiné 63/74 - P4648: IV Encontro Nacional do Nosso Blogue (19): Os nossos escritores (Luís Graça)

12 de agosto de 2009 > Guiné 63/74 - P4815: Notas de leitura (14): As memórias do inferno de Abel Rei (Parte I) (Luís Graça)

14 de agosto de 2009 > Guiné 63/74 - P4820: Notas de leitura (15): As memórias do inferno de Abel Rei (Parte II) (Luís Graça)

24 de agosto de 2009 > Guiné 1963/74 - P4858: Notas de leitura (16): Memórias do inferno de Abel Rei (Parte III) (Luís Graça)


12 de Março de 2010 > Guiné 63/74 - P5983: O mundo é pequeno e o nosso blogue... é grande (22): As voltas que o mundo dá, graças a um blogue que congrega uma diáspora de combatentes (Beja Santos)

30 de abril de 2015 > Guiné 63/74 - P14547: Convívios (671): CCAÇ 1439 (Enxalé, Missirá e Portogole, 1965/67) + Pel Caç Nat 52 e 54... Caldas da Raínha, dia 9 de maio de 2015... Inscrições até este fim de semana... (Maria Helena Carvalho, filha do Pereira do Enxalé / Henrique Matos, ex-alf mil, cmdt, Pel Caç Nat 52, 1966/68)

sexta-feira, 8 de junho de 2018

Guiné 61/74 - P18725: In Memoriam (315): Arquitecto e Urbanista Luís Vassalo Rosa (1935-2018), ex-Cap Mil. CMDT da CART 1661 (Guiné, 1967)

IN MEMORIAM

LUÍS VASSALO ROSA, ARQUITECTO E URBANISTA, EX-CAP MIL, CMDT DA CART 1661 (GUINÉ, 1967)


São Pedro de Moel > 2010 > Convívio da CART 1661 e Pel Caç Nat 54 > O ex-Cap Mil Luís Vassalo Rosa


Notícia inserta no DN online de hoje, aqui reproduzida com a devida vénia:

Tinha 83 anos. A morte do urbanista Luís Vassalo Rosa, na quinta-feira, foi comunicada pela Associação Portuguesa de Urbanistas. O atual provedor da Arquitetura, função que desempenhava desde 2011, e Grande Oficial da Ordem de Mérito, foi o responsável pelo Plano de Urbanização, coordenação e gestão urbanística da zona de intervenção da Expo'98, a que se juntariam nomes como o do arquiteto Manuel Salgado.

Em 1975 recebeu o Prémio Valmor, enquanto coautor da Igreja do Sagrado Coração de Jesus, em Lisboa, assinada por Nuno Portas e Nuno Teotónio Pereira. Foi seu também o Primeiro Prémio nos Concursos para a Nova Sé Catedral de Bragança, Novos Tribunais de Monsanto e Recuperação do Palácio do Alvito de Lisboa.

Luís Vassalo Rosa foi assessor do Secretário de Estado da Habitação e vogal da Comissão Administrativa da Câmara Municipal de Lisboa após o 25 de abril.

Formado na Escola de Belas-Artes de Lisboa, o arquiteto fez ainda especialização em Planeamento Urbanístico na Universidade de Sussex e estágios em Espanha, França, Inglaterra, República Federal Alemã e Estados Unidos da América, lê-se no site da Ordem dos Arquitetos.

Numa recente entrevista à Rádio Renascença, por ocasião dos 20 anos da EXPO'98, Vassalo Rosa mostrou o seu desagrado pelo nome Parque das Nações, a área urbana cuja coordenação do plano urbanístico assinou: "O tema eram os oceanos, razão pela qual eu acho que devia ser Bairro dos Oceanos ou então deixassem lá estar Expo 98. Nunca Parque das Nações, que é um desastre."

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Em 12 de Agosto de 2017, no Poste 17666[1], escrevia Mário Beja Santos:

Luís Vassalo Rosa é nome proeminente da arquitetura portuguesa da segunda metade do século XX, tem trabalho reconhecido por colegas de ofício e amigos como Fernando Peres, Armando Lucena, Maurício de Vasconcelos, Raul Chorão Ramalho, Nuno Teotónio Pereira, Manuel Tainha, entre outros. 

Começou a carreira profissional em Pangim, Goa, será capitão de artilharia na Guiné, em 1966, virá evacuado depois de contrair tuberculose. 

A sua obra mais importante será a Sé de Bragança, Catedral de Nossa Senhora Rainha. A Câmara Municipal de Almada dedicou-lhe na Casa da Cerca, entre finais de 2007 e Março de 2008 uma exposição a pretexto de ter recebido o Prémio Municipal de Arquitetura Cidade de Almada, a exposição permitia ao visitante acompanhar o percurso desde o seu primeiro projeto, o Jardim-Escola João de Deus, em Torres Novas, de 1957, até ao estudo para a cidade desportiva de Sines, em 2007. 

Pelo caminho, as suas diversificadas intervenções no plano de urbanização de Chelas, no plano integrado de Almada - Monte da Caparica, no estudo preliminar para a recuperação e valorização conjunta do Castelo de Almourol e da Igreja de Nossa Senhora do Loreto em Vila Nova da Barquinha, o Palácio da Justiça de Setúbal, a recuperação do Palácio do Alvito, Plano Diretor Municipal de Salvaterra de Magos, Marina de Portimão, e muito mais.

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À família enlutada, a tertúlia deste Blogue apresenta as mais sentidas condolências.

CV
Co-editor
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Notas do editor

[1] - Vd. poste de 12 de Agosto de 2017 > Guiné 61/74 - P17666: (In)citações (110): À procura de… Luís Vassalo Rosa, arquiteto e comandante da CART 1661 (Mário Beja Santos)

Último poste da série de 2 de maio de 2018 > Guiné 61/74 - P18593: In Memoriam (314): Luís Encarnação (1948-2018), ex-Fur Mil Cav, MA, CCAV 2748 (Canquelifá, 1970/72). O funeral é hoje, em Barcarena, às 15 horas. Entra, a título póstumo, para a Tabanca Grande, sob o n.º 773

quinta-feira, 7 de setembro de 2017

Guiné 61/74 - P17740: Em busca de... (279): Arq. Luís Vassalo Rosa, ex-Cap Mil, CMDT da CART 1661 (Henrique Matos e João Crisóstomo)



1. Mensagem de Henrique Matos, (ex-Alf Mil, 1.º Comandante do Pel Caç Nat 52 Enxalé, 1966/68), com data de 10 de Agosto de 2017, dirigida ao Mário Beja Santos a propósito do Poste de 12 de Agosto de 2017 > Guiné 61/74 - P17666: (In)citações (110): À procura de… Luís Vassalo Rosa, arquiteto e comandante da CART 1661 (Mário Beja Santos):

Meu caro Beja Santos,
Aqui vai a resposta ao teu pedido.

Estive pouco tempo com o Cap. Mil. Vassalo Rosa no Enxalé porque fui transferido para o Comando Chefe em Bissau. Penso que o [João]  Crisóstomo nem o conheceu. Tenho 3 fotografias que anexo, tiradas no campo de jogos do mesmo Enxalé durante uma evacuação mas por azar o Capitão em todas está de costas.

Talvez por eu ser o mais velho naquela tropa, descarregou comigo as suas mágoas. Casado e com filhos, arquitecto de profissão, sentia-se completamente desamparado. O Cap Mil Rosa era o oposto do Cap Mil Pires da antecessora CCaç 1439; este era um homem destemido no mato.

Com as alterações do Spinola,  a companhia [, a CART 1661,] mudou a base para Porto Gole, onde terminou a comissão. Não sei se ainda lá está o memorial da companhia. (anexo)

Vi-o em Lisboa de passagem em 1968, acho que tinha um carro Triumph verde Nunca fui aos encontros da CArt 1661 porque são sempre no Norte. Penso que este ano foi em Chaves, vê lá o esticão que era para mim.

O Abel Rei publicou um livrinho interessante com as peripécias desta companhia. (anexo)

Abraço,
Henrique





"Entre o Paraíso e o Inferno - (De Fá a Bissá) - Memórias da Guiné 1967/1968", de Abel de Jesus Carreira Rei

Porto Gole - Memorial que assinala a passagem ali da CART 1661
Foto: © Abel Rei (2002). Direitos reservados

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2. Sobre o mesmo assunto, mensagem de João Crisóstomo (ex-Alf Mil, CCAÇ 1439, Enxalé, Porto Gole e Missirá, 1965/67):

Caro Beja,
Por mim não te posso adiantar nada sobre o Capitão Luís Vassalo Rosa. Talvez o Henrique Matos possa ajudar mais do que eu.
Estive algum tempo (duas vezes, um ou dois nesse de cada vez, “destacado" em Porto Gole (foi nos meus tempos lá, sob a minha orientação, que se fez com a ajuda do Cap/Régulo Amena na Onça a “descapinagem" e , assim mesmo muito por alto, a primeira “limpeza" do terreno para a futura pista de aterragem que só foi utilizada depois de eu já estar em Portugal); mas depois voltei a Enxalé meses antes do regresso a Portugal.
E a verdade é que depois de ter chegado a Portugal por muitos anos deixei de ter contactos com ninguém sobre assuntos da tropa e da Guiné. Estava a organizar a minha vida em Inglaterra, França, etc e o que eu queria era mesmo esquecer... nem quando me contactavam (vários anos seguidos) para me convidarem para eu receber uma medalha (Cruz de Guerra de 4.ª classe) eu respondia que não podia ir (a não ser que essa medalha fosse dada a todos os que faziam parte do grupo que eu comandava nesse momento; desses, na minha opinião, alguns mais do que eu mereciam essa medalha; e se assim fosse eu faria um esforço para ir a Portugal para a receber com eles. Mas a minha sugestão nunca mereceu uma resposta sequer e a medalha acabou por ficar por lá em qualquer gaveta…
Nem sabia sequer que havia encontros da CC1439 (como eles não tinham o meu endereço eu não recebia o convite; não sei se era enviado para a casa dos meus pais, que já velhinhos não teriam lembrança de me reenviarem esse correio!
O meu reatar com os meus colegas da CC 1439 deve-se a simples acaso: uma das minhas irmãs fez uma excursão qualquer na qual o Arantes também ia e ao falar com ele, que ia sentado ao lado dela, vieram a falar da Guiné… ; tempos depois o Capitão Pires falecia e o Arantes telefonou para Nova Iorque; mas eu não estava e vi a mensagem que me foi deixada escrita num pedaço de papel; mas só bastantes anos mais tarde tive oportunidade de ir a Portugal e reatar (em momentos de tremenda emoção que não esqueço) com alguns dos meus colegas da Guiné!; na altura ainda ninguém sabia do paradeiro do Zagalo nem do Lopes que viríamos a encontrar mais tarde.
Nem sei do nome do capitão que nos substituiu, nem da companhia… nada… estou a ficar velho...

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3. Nota do editor:

Sobre o Cap Mil Luís Vassalo Rosa, vd. também o Poste de 1 de Setembro de 2017 > Guiné 61/74 - P17720: (De) Caras (97): Luís Vassalo Rosa e Sousa Dias Figueiredo, ex-comandante da CART 1661 (Fá, Enxalé, Porto Gole, 1967/68), juntos pela primeira vez, 2010, em São Pedro de Moel (José António Viegas, ex-fur mil, Pel Caç Nat 54, Porto Gole e Ilha das Galinhas, 1966/68)
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Nota do editor

Último poste da série de 25 de agosto de 7 de setembro de 2017 > Guiné 61/74 - P17739: Em busca de... (278): informação sobre uma senhora cabo-verdiana, Maria da Graça de Pina Monteiro, nascida em 1900, e que teve 3 filhas: (i) Ana Gracia Malaval, nascida em 1918, em Bafatá, de uma união com o sr. Edmond Malaval; e (ii) Judite e Linda Vieira, em Bissau, de uma outra união com um sr. português ou cabo-verdiano, de apelido Vieira (Ludmila A. Ferreira)

sexta-feira, 1 de setembro de 2017

Guiné 61/74 - P17720: (De) Caras (94): Luís Vassalo Rosa e Sousa Dias Figueiredo, ex-comandante da CART 1661 (Fá, Enxalé, Porto Gole, 1967/68), juntos pela primeira vez, 2010, em São Pedro de Moel (José António Viegas, ex-fur mil, Pel Caç Nat 54, Porto Gole e Ilha das Galinhas, 1966/68)


Foto nº 1 > São Pedro de Moel > 2010> Convívio da CART 1661 e Pel Caç Nat 54 > O ex- cap mil Luís Vassalo Rosa, hoje arquiteto e urbanista (*)


Foto nº 2 >   São Pedro de Moel > 2010 > Convívio da CART 1661 e Pel Caç Nat 54 > O capitão Rosa ao centro; à esquerda o Abel Rei; e à direita, um alferes da CART 1661, de que não me lembro o nome


Foto nº 3 > São Pedro de Moel > 2010 > Convívio da CART 1661 e Pel Caç Nat 54 > O corte do bolo...


Foto nº 4 > São Pedro de Moel > 2010 > Convívio da CART 1661 e Pel Caç Nat 54 > Da direita para a esquerda, o ex-capitão Luís Vassalo Rosa e o ex-capitão Dias Sousa Figueiredo, que  substituiu o primeiro no comando da companhia,

Fotos (e legendas): © José António Viegas (2017). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


1. Mensagem de 28  de agosto último, enviada pelo José António Viegas, ex-fur mil, Pel Caç Nat 54 (Enxalé e Ilha das Galinhas, 1966/68), em resposta ao pedido formulado no poste P17693 (*):

Caro Mário (*)

Capa do livro do Abel Rei ,
edição de autor, 2002 (***)
Quando o Capitão [Luís Vassalo]  Rosa chegou ao Enxalé,  já me encontrava com o meu Pel Caç Nat 54 em Porto Gole. Pouco contacto tive com ele,  se não estou em erro ainda fiz uma operação e fomos a Bissá com ele e  a sua CART 1661.

Depois disso soube que adoeceu e foi substituído pelo o Capitão [Sousa Dias] Figueiredo.

Voltámos a encontrar-nos em 2010, num almoço da companhia e do Pel Caç Nat 54 em S. Pedro de Moel, em que se conseguiu juntar os dois capitães que nunca se tinham encontrado.

Ai vão algumas fotos do encontro [, reproduzidas acima].

 O Abel Rei que até já publicou um livro  ("Entre o paraíso e o inferno: de fá a Bissá")  será a pessoa indicada para falar do Cap Rosa

(***) Refereência completa:  Abel de Jesus Carreira Rei – "Entre o Paraíso e o Inferno: De Fá a Bissá: Memórias da Guiné, 1967/1968". Prefácio do Ten Gen Júlio Faria de Oliveira. Edição de autor. 2002. 171 pp. (Execução gráfica: Tipografia Lousanense, Lousã. 2002)

sábado, 12 de agosto de 2017

Guiné 61/74 - P17666: (In)citações (110): À procura de… Luís Vassalo Rosa, arquiteto e comandante da CART 1661 (Mário Beja Santos)

Cap Art Luís Vassalo Rosa, CMDT da CART 1661


1. Mensagem do nosso camarada Mário Beja Santos (ex-Alf Mil, CMDT do Pel Caç Nat 52, Missirá e Bambadinca, 1968/70), com data de 8 de Agosto de 2017:

Queridos amigos,
Agora começa o trabalho para quem conheceu e ou conviveu com o Capitão de Artilharia Luís Vassalo Rosa, que tinha à sua responsabilidade Porto Gole, Enxalé, Bissá e Missirá.
Olhando este dispositivo, eu que apanhei outro (Missirá ficou na dependência do batalhão de Bambadinca, talvez logisticamente acertado mas inadaptado à quadrícula, as bases do PAIGC eram as mesmas para Missirá e Enxalé, mas o assunto para aqui não é relevante) fico a refletir como havia mais bom-senso no dispositivo no terreno, face às caraterísticas do inimigo. Têm aqui constado referências largas sobre a CART 1661, presumo que o Capitão Vassalo Rosa não teve longa permanência, chegou em 1967, ano em que é recambiado com tuberculose para Lisboa.
Há fotografias? Há documentação? Que memória ficou dos seus camaradas de então?
Quem sabe, sabe.

Um abraço do
Mário


À procura de… 
Luís Vassalo Rosa, arquiteto e comandante da CART 1661

Beja Santos

Luís Vassalo Rosa é nome proeminente da arquitetura portuguesa da segunda metade do século XX, tem trabalho reconhecido por colegas de ofício e amigos como Fernando Peres, Armando Lucena, Maurício de Vasconcelos, Raul Chorão Ramalho, Nuno Teotónio Pereira, Manuel Tainha, entre outros. Começou a carreira profissional em Pangim, Goa, será capitão de artilharia na Guiné, em 1966, virá evacuado depois de contrair tuberculose. A sua obra mais importante será a Sé de Bragança, Catedral de Nossa Senhora Rainha. A Câmara Municipal de Almada dedicou-lhe na Casa da Cerca, entre finais de 2007 e Março de 2008 uma exposição a pretexto de ter recebido o Prémio Municipal de Arquitetura Cidade de Almada, a exposição permitia ao visitante acompanhar o percurso desde o seu primeiro projeto, o Jardim-Escola João de Deus, em Torres Novas, de 1957, até ao estudo para a cidade desportiva de Sines, em 2007. Pelo caminho, as suas diversificadas intervenções no plano de urbanização de Chelas, no plano integrado de Almada - Monte da Caparica, no estudo preliminar para a recuperação e valorização conjunta do Castelo de Almourol e da Igreja de Nossa Senhora do Loreto em Vila Nova da Barquinha, o Palácio da Justiça de Setúbal, a recuperação do Palácio do Alvito, Plano Diretor Municipal de Salvaterra de Magos, Marina de Portimão, e muito mais.



É exatamente na leitura deste vastíssimo currículo que se encontram referências mínimas à sua passagem pela Guiné. Diz-se que embarca no Uíge em 1967 com a CART 1661, sendo-lhe atribuído o setor Missirá, Enxalé, Porto Gole e Bissá, foi posteriormente evacuado para o Hospital Militar de Bissau e transferido para o Hospital Militar de Lisboa. Aparecem duas fotografias do comandante da CART 1661, e nada mais.


Penso que seria interessante investigar-se o percurso do arquiteto Vassalo Rosa em Porto Gole, Enxalé, Bissá e Missirá. Ocorreu-me que pessoas como o João Crisóstomo, o Abel Rei, o Henrique Matos Francisco, entre tantos outros, podiam ajudar a localizar e a mostrar mesmo imagens do construtor da Sé de Bragança por aquelas paragens da Guiné. Estive em Missirá, no ano seguinte, não obtive qualquer referência à sua pessoa.
Vamos a ver até onde poderá ir a procura à volta do comandante da CART 1661.
Todas as ajudas serão muitíssimos úteis para que o seu retrato guineense fique o mais nítido possível.
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Nota do editor

Último poste da série de 26 de junho de 2017 > Guiné 61/74 - P17514: (In)citações (109): Portugal a arder - destruição, desolação e morte (Francisco Baptista, ex-Alf Mil)