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terça-feira, 30 de setembro de 2008

Guiné 63/74 - P3251: Em Busca de ... (41): Notícia sobre o ataque a Sedengal, em 21/12/1970 (Cor Carlos Matos Gomes)

Guiné-Bissau > Bissau > Fortaleza da Amura > 7 de Março de 2008 > Amura: um lugar repleto de história e de histórias... Visita no âmbito do Simpósio Internacional de Guiledje, no último dia do evento. Na foto, o Coronel e Cavalaria do Exército Português, Carlos Matos Gomes, na situação de reforma, um homem do MFA da Guiné e um celebrado autor de romances de guerra como Nó Cego, Soldadó ou Fala-me de África (que assina sob o pseudónimo literário de Carlos Vale Ferraz); a seu lado, o o catalão Josep Sánchez Cervelló, professor universitário, em Tarragona, especialista em história sobre o 25 de Abril e a descolonização portuguesa...

Por detrás, o edifício, em ruína, da antiga 2ª Rep do Comando-Chefe, a famosa Rep Apsico, onde trabalhou Otelo Saraiva de Carvalho e Ramalho Eanes. Matos Gomes, na altura capitão dos comandos, foi um dos protagonistas do 25 de Abril neste palco da história... Recorde-se que a Amura é hoje o panteão nacional da Guiné-Bissau, onde repousam os restos mortais de Amílcar Cabral e de outros heróis da pátria guineense, como Osvaldo Vieira, Domingos Ramos, Tina Silá, Pansau Na Isna, etc. (LG).

Foto e legenda: ©
Luís Graça (2008). Direitos reservados.





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FLVMP43GP

Guiné-Bissau > Bissau > Hotel Palace > Simpósio Internacional de Guileje (1 a 7 de Março de 2008) > Dia 4 de Março de 2008 > Painel 1 > Guiledje e a Guerra Colonial/Guerra de Libertação > Moderador: João José Monteiro (Universidade Colinas de Boé) > Comunicação > 10h00 - 10h30: Carlos Matos Gomes (Coronel do Exército Português) : Guiné 1973 – Quando os portugueses perceberam que chegara o fim.
Neste excerto, com o o início da sua intervenção, Matos Gomes saúda os organizadores do encontro e faz votos para que esta iniciativa frutifique. Muito a propósito, cita o grande poeta africano, o moçambicano, José Craveirinha (1922-2003), Prémio Camões 1991, que escreveu em 1955 o belíssimo poema Sementeira: Cresce a semente / lentamente / debaixo da terra escura. / Cresce a semente / enquanto a vida se curva no chicomo / e o grande sol de África / vem amaurecer tudo / com o seu enorme calor de revelação (...).
Vídeo (1' 13''): © Luís Graça (2008). Direitos reservados. Vídeo alojados em: You Tube >Nhabijoes


1. Mensagem do Cor na Ref Matos Gomes (*), com data de 21 de Setembro de 2008:

Assunto - Um pedido de ajuda (**)

Olá, Luís, mais uma vez parabéns pelo excelente local de convívio e memória que tu e os “camaradas” criaram. Aproveito-o para um pedido de ajuda.

Eu e o Aniceto Afonso estamos a ultimar uma colecção de livros sobre a história contemporânea de Portugal que se centra nos “Anos da Guerra”. Algo que contribua para conhecermos melhor este período recente da nossa vida colectiva. Vamos incluir os factos que consideramos mais importantes para a compreensão do que se passou em cada um dos territórios, em Portugal e no mundo e cheguei a uma dúvida: o nosso comum amigo Josep Cervelló, que é, mais uma vez, nosso colaborador, inclui um facto que não consigo confirmar.

Escreve o Josep Cervelló nos factos relevantes de 1970:

Dia 21 de Dezembro de 1970, ataque do PAIGC ao aquartelamento português de Sedengal, que causou onze mortos.

Alguém, entre os tertulianos, pode confirmar, ou dar alguma informação relativa a este ataque, ou a ataques a Sedengal? Ficaria muito grato por esta ajuda.

Entretanto, quando a obra tiver data de saída informarei a tertúlia. Recebam os melhores desejos de felicidades, de continuação de êxito e de sã camaradagem que tenho tido a oportunidade de verificar nas minhas frequentes e sempre proveitosas visitas ao site.

Carlos Matos Gomes

2. Comentário de L.G.:

Carlos: Obrigado pelas tuas palavras de apreço e de encorajamento que diriges ao nosso blogue e ao nosso projecto, que tem tido algum sucesso, de criar uma Tabanca Grande, virtual, plural, onde possam caber todos os amigos e camaradas da Guiné que queiram partilhar, uns com os outros, e com os demais falantes da língua portuguesa, as suas memórias da guerra colonial / guerra do ultramar / luta de libertação, naquele território, que tu de resto tão bem conheces e onde estivemos os dois juntos, ainda recentemente, numa semana inesquecível (de 29 de Fevereiro a 7 de Março de 2008)...

Quanto ao teu pedido de ajuda, desde já fica aqui registado: estou certo que haverá alguém, dentro ou fora da nossa Tabanca Grande (termo mais forte, simbólica e afectivamente, do que tertúlia) que poderá confirmar ou informar o alegado facto a que aludes, e que teria ocorrido em Sedengal, na fronteira norte, junto ao Senegal: ataque do PAIGC, em 21 de Dezembro de 1970, ao aquartelamento português, de que terão resultado 11 mortos (de ambos os lados ? do lado das NT ? do lado do PAIGC ?)...

Pessoalmente não tenho informação de todo para te confirmar ou informar a notícia. Desconheço a eventual fonte do nosso querido amigo comum, Josep Cervelló. Pode ser que, entretanto, apareça alguém que tenha estado nessa época em Sedengal ou por ali perto (Ingoré, por exemplo) ou noutra parte da região do Cacheu. Estou certo que os nossos camaradas vão tentar ajudar-te (e ajudar-nos) na elucidação desta questão. Temos poucas referências sobre Sedengal. Mas julgo que na época que referes deveria estar em Sedengal um pelotão da CCAÇ 2540 / BCAV 2876 (1969/71). Um dos nossos camaradas que passou por essa unidade foi o ex-Fur Mil SAM, João Manuel Félix Dias, que mora hoje em Alchochete. Boa sorte nas tuas (e nossas) pesquisas. Bom sucesso para o vosso, teu e do Aniceto, projecto editorial.

Um grande abraço. Luís

________

Notas de L.G.

(*) Vd.
Curriculum Vitae do Carlos Matos Gomes:

(i) Nasceu a 24 de Julho de 1946 em Vila Nova da Barquinha.

(ii) Fez os estudos secundários no Colégio Nun’Alvares de Tomar e o curso de Cavalaria da Academia Militar.

(iii) Fez três comissões, em Moçambique, Angola e Guiné, nas tropas comando.

(iv) Foi ferido e condecorado, participou em grandes e pequenas operações de guerra um pouco por toda a parte.

(v) É actualmente coronel na situação de reserva.

(vi) Paralelamente à carreira militar tem desenvolvido desde 1983, data da edição do romance «Nó Cego», uma continuada actividade literária.

Como romancista, com o pseudónimo de Carlos Vale Ferraz, publicou, além do referido "Nó Cego", os romances «ASP - De Passo Trocado», «Soldadó», «Os Lobos Não Usam Coleira», adaptado ao cinema pelo realizador António-Pedro de Vasconcelos com o título «Os Imortais», «O Livro das Maravilhas» e «Flamingos Dourados». Tem prestes a ser editado um novo romance «Fala-me de África».

Tem sido editado pelas editoras Bertrand, Nova Nórdica, Circulo de Leitores, Editorial Notícias e Casa das Letras. A sua obra consta das antologias de literatura portuguesa organizadas por João de Melo e foi tema da tese de doutoramento do Professor Rui Teixeira na Universidade de Colónia.

(vii) No cinema foi autor do argumento do filme «Portugal SA» do realizador Ruy Guerra, foi colaborador de Maria de Medeiros no filme «Capitães de Abril» e de Joaquim Leitão nos filmes «Inferno» e «20.13 – Purgatório».

(viii) Escreveu para a RTP a série «Regresso a Sizalinda», baseada no romance «Fala-me de África», a exibir proximamente e que é a primeira co-produção entre as televisões públicas de Portugal e de Angola na área de ficção.

(ix) Participou ainda na área dos áudio visual na ficção «Conta-me Uma História» de João Botelho.

(x) No âmbito da história contemporânea é co-autor, com Aniceto Afonso, das obras «Guerra Colonial» e «Portugal e a I Grande Guerra» editadas em fascículos pelo Diário de Notícias.

(xi) É co-autor, com Fernando Farinha, da obra «Repórter de Guerra», da Editorial Notícias.

(xii) É autor da obra «Nó Górdio – Moçambique 1970», da Colecção Batalhas de Portugal editada pela Tribuna da História.

(xiii) É autor de textos para a História de Portugal dirigida por João Medina para o Ediclube e da História Militar Portuguesa, dirigida por Themudo Barata e Nuno Severiano Teixeira para o Circulo de Leitores.

(xiv) Foi consultor da série de três documentários para televisão «Isto Aconteceu» produzidos por Pedro Efe e da série a “Guerra” de Joaquim Furtado.

(xv) Participou nas séries documentais da SIC e da RTP sobre o Século XX.

Título da comunicação (no Simpósio Internacional de Guileje, Bissau, 1-7 de Março de 2008):

Guiné 1973: Quando os portugueses perceberam que chegara o fim > Sinopse da comunicação:

Em 1973 a situação das forças portuguesas na Guiné fê-los perceber que a guerra chegara ao fim.
Spínola perdera as ilusões quanto ao apoio de Marcelo Caetano para uma solução negociada e ouvira da boca do chefe do governo que preferia uma derrota militar a negociar, as forças armadas portuguesas perderam a supremacia aérea e, sem ela, a guerra estava perdida.

O estado-maior português considerava que as forças do PAIGC tinham capacidade militar para isolarem e ocuparem uma guarnição na fronteira de escalão Batalhão ou duas de companhia, sem que existisse capacidade para o impedir e, menos ainda para as reocupar.

O PAIGC declara a independência e obtivera uma importante vitória política.

A comunicação será uma tentativa de explicação de como haviam os portugueses e os guineenses chegado aqui.


(**) Vd. último poste desta série > 12 de Setembro de 2008 >
Guiné 63/74 - P3196: Em busca de...(39): Companhia Terminal (Bissau, 1973/74) (Daniel Vieira)