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sábado, 31 de agosto de 2024

Guiné 61/74 - P25899: Verão de 2024: Nós por cá todos bem (9): O amor mora em Queens: Vilma (esloveno-americana) e João (luso-americano) (Recorte do jornal "Dnevnik", 5 de julho de 2024)


 



Ljubezen v Queensu: Vilma in João | Love in Queens: Vilma and João | O amor mora em Queens: Vilma & João


1. Recorte (e fotos) do jornal "Dnevnik" , Liubliana, Eslovénia, 5 de julho de 2024. Artigo de Nik Erik Neubauer, que acompanhou o casal Crisóstomo, Vilma e João, desde a sua casa, em Queens, Nova IOrque, em viagem de férias, até à terra da Vilma, Brestanica, na Eslovénia, aproveitando o ensejo para contar o seu feliz reencontro há 13 anos atrás. Amigos desde 1971, João e Vilma estiveram sem notícias um do outro até 2011. Casaram-se em 2013.  Com a ajuda do Google Translate, traduzimos e adaptámos a versão inglesa do artigo (gentilmente disponibilizado pelo João). E que reproduzimos aqui, com a devida vénia. (LG)


I met Vilma Kračun and João Crisóstomo over coffee in the community space of the Slovenian church in Manhattan. When I introduce myself and tell them what I'm doing in New York, João tells me: "Today you will have lunch with us!"

Conheci   a Vilma Kračun e o João Crisóstomo  a tomar um café,  no espaço comunitário da igreja eslovena em Manhattan. Quando me apresentei e contei-lhes o que estava a  fazer em Nova York, o João disse-me logo: "Hoje você vai almoçar conosco!" (*)

 In a few minutes we are already driving to their house in Queens, and at the same time I get a short tour of the sights of Manhattan. I am most amazed by the tall and narrow skyscrapers, 

Em poucos minutos já estávamos a ir de carro para a  casa deles em Queens, e ao mesmo tempo que eu  ia fazendo  uma visita guiada aos pontos turísticos de Manhattan. O que mais me impressionava eram os altos e estreitos.arranha-céus 

Vilma laughs and says: "We call them cigarettes!". They tell me that they drive everywhere by car, because they feel that the subway is not adapted for elderly people, but at the same time, according to them, it can also be dangerous and you never know who you will run into.

A Vilma ri-se e diz-me: “Chamamo-lhes cigarros!”. Dizem-me que vão para todo o lado de carro, porque acham que o metro não é apropriado  para gente  idosa, e ao mesmo tempo, segundo eles, também pode ser perigoso,  nunca se sabendo com quem se vai deparar nos corredores.

When I enter their house, which somewhow reminds me of terraced houses in Koseze, I am surrounded by walls full of photos, documents, handwritten notes and newspaper articles from all over the world. Their love story went around the world and was published in many media.

Quando entro na casa deles, que de alguma forma me lembra as casas geminadas de Koseze, vejo-me cercado por paredes cheias de fotos, documentos, notas manuscritas en recortes de  artigos de jornais de todo o mundo. A sua história de amor deu a volta ao mundo e foi publicada em muitos meios de comunicação.

The couple met in 1971 and then reunited four decades later in 2011. They had met in London, where Vilma was working as an au pair and he as a waiter, after which they lost touch when João moved to New York. Together with his then-partner, he tried to find a lost friendship until 1997, when he and his then-wife broke . And from then on he continued to do it alone. He sent letters to her address, but they always bounced back.

O casal conheceu-se em 1971 e reencontrou-se quatro décadas depois, em 2011. Eles timha-se conhecido  em Londres, onde Vilma trabalhava como "au pair gitl"  e ele como porteiro de hotel, após o que perderam o contato um do ouytro quando o  João se mudou para Nova York.  Junto com sua então companheira, mãe dos seus filhos, ele tentou reencontrar uma amiga perdida até 1997, altura em que  se separaram, ele e a sua  esposa. E a partir daí ele continuou à procura da Vilma, mas agira sozinho. Enviou cartas para o endereço dela, mas foram sempre devolvidas.

He also tried to use all his many acquaintances to reunite with Vilma. He continued looking for her when he worked as a butler for people from high circles of American society, including Jacqueline Kennedy Onassis. He also tried to contact Vilma through a friend, Ramos Costa who was then the Portuguese Ambassador in Yugoslavia, but this was also unsuccessful, as Vilma had moved to Paris in the meantime. On Valentine's Day, in 2011, his then sister-in-law, who lived in Toronto, called him and told him that she had found Vilma on Facebook.

Ele também tentou usar a sua rede de contactos pessoais e sociais  para descobrir  a Vilma. Ele continuou a procurá-la quando trabalhava como mordomo para pessoas de alta sociedade americana, incluindo Jacqueline Kennedy Onassis. Tentou também contactar a Vilma através de um amigo, Ramos Costa, então embaixador de Portugal na Jugoslávia, mas também não teve sucesso, uma vez a Vilma tinmha-se entretanto mudado para Paris. No Dia dos Namorados, em 2011, uma cunhada do João, que morava em Toronto, ligou-lhe econtou que havia encontrado a Vilma no Facebook.

João immediately called her and Vilma answered him in the middle of the night at two in the morning. In the following weeks and months, they spent hours and hours on the phone, talking and getting to know each other. A year later, João came to Vilma in Paris. "When he arrived, I felt as if I had known him all my life. He hugged me as tightly as the Portuguese do and I thought my heart would burst from all the emotions." 

João ligou-lhe  imediatamente. A Vilma atendeu a chamada, eram duas da madrugada...  Nas semanas e meses seguintes, eles passaram horas e horas ao telefone, conversando e conhecendo-se melhior. Um ano depois, o João veio ter com a Vilma a Paris. "Quando ele chegou, senti como se o conhecesse desde sempre. Ele abraçou-me com tanta força como os portugueseso fazem, e pensei que o meu coração fosse explodir de t
anta emoção." 

Vilma had already started to fall in love with Joao during all the conversations on the phone, while he primarily wanted to find his good friend: "I don't like to lose friendships, which are our greatest treasure in life. But when we hugged then it was really like love at first sight." On the two-hours journey to a border town in Switzerland, they also told each other in person everything that they had not been able to do over the phone before. Soon after, they moved to New York and got married.

Vilma já havia começado a apaixonar-se  pelo João ldurante as primeiras  conversas mantidas ao telefone, enquanto ele queria principalmente encontrar a sua boa amigo: "Não gosto de perder amizades, que são o nosso maior tesouro na vida. Mas quando nos abraçámos então foi realmente amor à primeira vista." Na viagem de duas horas até uma cidade fronteiriça na Suíça, eles também contaram um ao outro pessoalmente tudo o que antes não tinham conseguido fazer por telefone. Logo depois, mudaram-se para Nova York e casaram-se.


João's unyielding character is also manifested in many humanitarian purposes. He was involved and influential in preventing the construction of a dam in Portugal that would have caused the destruction of Stone Age drawings in the Portuguese town of Vila Nova de Foz Côa. In 1998, UNESCO listed the area as a World Heritage Site. Rupert Murdock, an Australian businessman and media magnate, for whom he occasionally worked as a butler helped him, by recommending him to the editor of the “Times of London” one of the many publications he owned. For his role in rallying the international media to this campaign to save the Fozcoa Engravings he was thanked for his efforts by the then Prime Minister of Portugal, today's Secretary General of the United Nations, António Guterres.

O carácter determinado  do João também se manifesta em muitos propósitos de cariz humanitário. Teve envolvimento e influência na campanha contra  a construção de uma barragem em Portugal que teria causado a destruição de gravuras da Idade da Pedra em Vila Nova de Foz Côa. Em 1998, a UNESCO classificou  a área como Patrimônio Mundial. Rupert Murdock, empresário australiano e magnata da comunicação social, para quem trabalhou ocasionalmente como mordomo, ajudou-o, recomendando-o ao editor do “Times of London”, uma das muitas publicações que possuía. Pelo seu papel na mobilização dos meios de comunicação internacionais para esta campanha para salvar as Gravuras de Foz Coa, foi objeto de apreço e gratidão   pelo então Primeiro-Ministro de Portugal, hoje Secretário-Geral das Nações Unidas, António Guterres.

He also played an important role in the independence of East Timor, by his contacts with Patrick Kennedy, Bill Clinton and Nelson Mandela and other leaders and key people in world affairs.

 Desempenhou também um papel importante na independência de Timor-Leste, através dos seus contactos com Patrick Kennedy, Bill Clinton e Nelson Mandela e outros líderes e pessoas-chave na política internacional. 

He was also influential in his contacts with the international media, the US Senate and the Clinton administration. His desire to help, whenever he felt his involvement could be useful, led him to collect signatures of support for the release of three American hostages from Colombia in 2008. He is always tireless in his efforts, forced sometimes due to time zones differences to stay up all night on the landline to contact influential people from around the world.

Ele também foi influente nos seus contatos com os órgãos de comunicação a níve internacional,.  o Senado dos EUA e a administração Clinton. A sua vontade de ajudar, sempre que sentiu que o seu envolvimento poderia ser útil, levou-o a recolher assinaturas de apoio à libertação de três reféns americanos da Colômbia em 2008. É sempre incansável nos seus esforços, obrigado às vezes, devido a diferenças de fuso horário, a ficar acordado a noite toda, ao telefone fixo,  para entrar em contato com pessoas influentes de todo o mundo. 


At the moment João and and Vilma are on a visit to Slovenia, visiting her hometown in Brestanica.

They will soon go to Portugal, where a ceremony will be held on July 19 when the former home of the portuguese diplomat Aristides de Sousa Mendes, after long repairs and reconstruction will be reopened by the President of Portugal .


This new renovated home, now transformed into a Museum will be the new headquarters of the Day of Conscience.

Neste momento João e Vilma estão de visita à Eslovênia, visitando  da Vilma cidade natal, Brestanica. (**)

Irão em breve para Portugal, onde será realizada uma cerimónia no dia 19 de julho, quando a antiga casa do diplomata português Aristides de Sousa Mendes, após um longo restauro e  reconstrução, será reaberta pelo Presidente de Portugal. (***)

Esta nova casa renovada, agora transformada em Museu, será a nova sede do Dia da Consciência. 

The “Day of Conscience” was first publicly remembered in 2004 by João Crisóstomo with dozens of events in 21 countries around the world to commemorate the day ( 17 of June 1940) when Aristides de Sousa Mendes, against the express orders of Lisbon, but in accordance with his conscience, began issuing as many visas as he could, many thousands of them, to Jews and other refugees during the Second World War.

O “Dia da Consciência” foi recordado publicamente pela primeira vez em 2004 por João Crisóstomo com dezenas de eventos em 21 países de todo o mundo para comemorar o dia (17 de Junho de 1940) em que Aristides de Sousa Mendes, contra as ordens expressas de Lisboa, mas em de acordo com a sua consciência, começou a emitir tantos vistos quanto pôde, muitos milhares deles, para judeus e outros refugiados durante a Segunda Guerra Mundial. 

During His General Audience on June 17 2020 Pope Francis, following long and perseverant efforts by João Crisóstomo, founder of this project, recognized the great humanitarian diplomat Aristides de Sousa Mendes and the “Day of Conscience”.

Durante a Audiência Geral de 17 de junho de 2020, o Papa Francisco, após longos e perseverantes esforços de João Crisóstomo, fundador deste projeto, reconheceu o grande diplomata humanista Aristides de Sousa Mendes e o “Dia da Consciência”.


(Tradução, adaptação, revisão/fixação de texto, tíitulo, itálicos e negritos: LG)
 (Com a devida vénia...)
___________

Notas do editor:


(*) Últimos cinco poste da série >
29 de agosto de 2024 > Guiné 61/74 - P25893: Verão de 2024: Nós por cá todos bem (8): Mensagem enviada ao Blogue pelo ex-Alf Mil Rogério Parreira do BENG 447 (Guiné, 1968/70)


29 de agosto de 2024 > Guiné 61/74 - P25891: Verão de 2024: Nós por cá todos bem (7): ... E vamos lá estar, no Porto, na Casa da Música: Orquestra Médica Ibérica, Concerto solidário, dia 8 de setembro, domingo, às 18h00

27 de agosto de 2024 > Guiné 61/74 - P25888: Verão de 2024: Nós por cá todos bem (6): Lançamento do livro "A Pesca da Baleia na Ilha de Santa Maria e Açores", de Arsénio Chaves Puim, dia 29, 4ª feira, pelas 21h00, na Biblioteca Municipal de Vila do Porto.

26 de agosto de 2024 > Guiné 61/74 - P25884: Verão de 2024: Nós por cá todos bem (5): Tabanca do Algarve, com o con inf ref Manuel Figueiras (Tavira e CCS/BCAÇ 2852), o Humberto Reis (CCAÇ 12), e dois camaradas do TO de Moçambique (Eduardo Estrela, ex-fur mil, CCAÇ 14, Cuntima e Farim, 1969/71)

15 de agosto de 2024 > Guiné 61/74 - P25843: Verão 2024: Olá, nós por cá todos bem (4), um bom livro, de sabor camiliano, o último do Joaquim Costa, para se ler na praia, no pinhal ou na esplanada, de trás para a frente e de frente para trá


(**) Vd. postes de

25 de agosto de 2024 > Guiné 61/74 - P25881: Tabanca da Diáspora Lusófona (24): As minhas férias possíveis em 2024: EUA, Portugal e Eslovénia - Parte I (João Crisóstomo
26 de agosto de 2024 > Guiné 61/74 - P25883: Tabanca da Diáspora Lusófona (25): As minhas férias possíveis em 2024: EUA, Portugal e Eslovénia - II (e última) Parte (Rui Chamusco / João Crisóstomo)


(***) Vd. poste de 19 de julho de 2024 > Guiné 61/74 - P25762: Efemérides (442): Hoje, no dia do 139º aniversário natalício de Aristides de Sousa Mendes (1885-1954), e na inauguração do seu Museu, em Cabanas de Viriato, Carregal do Sal, o Papa Francisco deu-nos a graça e a honra da Sua Benção (João Crisóstomo)

segunda-feira, 26 de agosto de 2024

Guiné 61/74 - P25883: Tabanca da Diáspora Lusófona (25): As minhas férias possíveis em 2024: EUA, Portugal e Eslovénia - II (e última) Parte (Rui Chamusco / João Crisóstomo)


Foto nº 1



Foto nº 6



Foto nº 3



Foto nº 4



Foto nº 5


Foto nº 7



Foto nº 8


Foto nº 9



Foto nº 10



Foto nº 11





Foto nº 12B


Foto nº 13


Foto nº 14



Foto nº 15


Foto nº 16

Fotos (e legendas): © Rui Chamusco / João Crisóstomo0 (2024) Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


Visita à Eslovénia em julho de 2024 - Peripécias




por Rui Chamusco (texto e fotos)
e João Crisóstomo (legendagem das fotos) (*)



Julho 2, terça feira


João, Vilma e Rui estão de malas aviadas para a viagem de ida rumo à Eslovénia. Depois de várias insistências destes amigos para os acompanhar a esta visita às terras originais da Vilma, convenceram-me (a mim, Rui) a acompanhá-los mais nesta aventura, da qual tomarei nota das coisas mais singulares que forem acontecendo.


"Bagagem do Papa"


Se assim não fosse, quem sabe se não teríamos perdido a correspondência no aeroporto de Munique.

Conta-me que um certo homem, muito virtuoso e convencido do bem que fez neste mundo, se lembrou de morrer e passar para o outro lado. Foi, e bateu á porta do céu a fim de receber a sua recompensa. São Pedro abriu a porta e perguntou: " O que é que tu queres?" Ao que o santo homem respondeu: "Portei-me bem na terra, agora quero entrar no céu." E o São Pedro lhe disse: "Hoje não entra ninguém porque está para chegar Sua Santidade o Papa. Volta de novo lá para baixo." E o bom homem lá teve de regressar á terra.

Entretanto, o bom homem começou a pensar em dar a volta ao assunto, melhor dito a São Pedro. Arranjou duas malas grandes, uma em cada mão, e foi de novo bater á porta do céu. Mal São Pedro lhe abriu a porta, ele gritou: "Bagagem do Papa!" Ao que São Pedro acrescentou: "Entra! Entra!"...

O João e a Vilma tinham requisitado uma cadeira de rodas para o João, devido à sua dificuldade de locomoção, e assim foi. A mala do João tinha apensa a etiqueta desta deficiência. O apoio prestado seria para o João e a Vilma como acompanhante, sendo eu excluído da companhia.

Foi então que me agarrei á mala do João e assim fui passando todas as portas e usufruindo todas as benesses adjacentes, sendo sempre os primeiros a entrar nos aviões.


Julho 3, quarta feira - Sal em vez de açúcar


Hoje, ao pequeno almoço, salvei o João de tomar "café abatanado com sal".

Tanto o João gosta de açúcar branco granulado que era desta vez que iria ficar todo salgado. Quando o chamei à atenção pôs o produto no dedo e provou, confirmou e disse: " Pois é!... Ainda bem que me avisaste". Sabendo nós quanto o João gosta de açúcar, com certeza que desta vez ele se converteria numa "pilha de sal".

Primeiras impressões


Este primeiro dia foi passado em visita ao castelo Rajhenburg (Grad Rajhenburg), que outrora foi monastério de monges trapistas, que deixaram bem vincada a sua presença nesta região pela sua forma de vida com o lema "ora et labora" (reza e trabalha).

O museu que nele podemos visitar dá-nos conta das atividades que realizavam neste monastério. Não menos importante foi o momento que passámos na esplanada, com vistas deslumbrantes, acompanhados de um bom sumo de maçã local.

Bem longe daqui fomos almoçar um "burgher de la maison" como nunca vi na minha vida: tudo natural, saboroso e vistoso, que um estômago normal não consegue acabar. Forças recuperadas, seguimos para Kostanjevica visitar a "Galeria Bozidar Jakac", onde a cultura e a arte se fundem com a natureza e a espiritualidade.

Um antigo mosteiro cisterciense da idade média que, a partir de 1974, abriga esta grande exposição de arte. Para além da imponência do edifício, é impressionante a explicação de arte moderna e contemporânea expressa sobretudo em madeira que se estende pelos campos circundantes, onde a arte e a natureza estão de braços dados.

Nada mais reconfortante que um bom gelado para selar este belo dia.


Julho 4, quinta feira - Liubliana, a capital


Hoje fomos rumo à capital, a terceira cidade da Europa mais amiga do ambiente, com muitos espaços verdes e muito bem organizada. É uma cidade aberta, circundada pelo rio Ljubljanica que faz dela uma ilha com grandes atrações.

Bastantes turistas passeando e visitando os sítios mais ícones, alguns utilizando o Bus turístico entre os quais estamos nós, e que nos leva aos principais locais previamente anunciados. Entretanto, sentimos o pulsar do coração da cidade que, â semelhança de Paris, apresenta a "ponte nova" bem mais ornamentada com grande variedade de quincalharia (aloquetes, porta-chaves, pins, emblemas, etc) que desperta continuadamente a curiosidade dos transeuntes.

Ficou na retina a visita à igreja franciscana na praça principal, onde se podem observar as pinturas em todo o corpo da igreja e principalmente do teto. Mas os meus olhos ficaram presos no esplendor do órgão de tubos que o coro do edifício suporta. Não ouvi o seu sonido mas deve ser esplendoroso o seu tocar.


Julho 5, sexta feira - De montanha em montanha.

Logo de manhã, aí vamos nós a caminho da primeira: .....?

Nada de diferente, até pararmos junto a uma árvore Bohor que o João e a Vilma depressa identificaram porque, há cinco anos nela gravaram os seus nomes, a data e um grande coração. Verificaram que tudo ainda estava em ordem, e adicionaram nova inscrição com a data de hoje, que foi selada com um beijo amoroso como documenta a foto que lhes tirei.

Um pouco mais abaixo fizemos paragem num chalet (café), que na entrada, do lado direito ostenta uma placa que data de 1944, e que assinala a reunião dos "partizans" antes da II. Grande Guerra.

Voltamos a casa para almoçar, partindo depois para a segunda montanha, bastante longe da anterior, a montanha de Svenica.

Muitas voltas, muitas curvas, muito arvoredo, muitas belas paisagens. Quão difícil e sinuoso é o caminho que leva ao céu!...

Também aqui, àentrada do café, está uma placa que assinala a presença de vários militares e "partizans " e onde o general Tito, e outras grandes patentes, tomaram as decisões e posições relativas a II Guerra Mundial

Que paisagem deslumbrante, ornamentada em terra por caminheiros estafados, e nos ares por voadores de parapente...


Julho 6, sábado 06.07 - Convívio da família Kracun


A família da Vilma (os que puderam e quiseram) resolveu encontrar-se hoje, na casa de um sobrinho que habita numa das montanhas próximas daqui, Bretanica, filho da mana Mariana, a mais velha das cinco mulheres Kracun.


O pai foi mineiro nas minas de carvão de pedra das quais já só existem vestígios de carris e vagões muito bem tratados para memória futura e coletiva desta atividade local. A mãe foi cozinheira e doméstica . Tiveram filhas (5) e, como diz a Vilma, o pai ficou radiante quando vieram ao mundo os primeiros meninos (rapazes). Por aqui ficaram a irmã mais velha Mariana e a irmã Zvonka. As outras procuraram outras andanças.

É uma família muito bem disposta, onde o sorriso, a simpatia e o bom acolhimento estão sempre presentes, e que encara as dificuldades da vida sempre com otimismo e sentido de humor. Por exemplo a irmã Mariana que no dia em que nós chegamos teve uma queda em que partiu a omoplata e ficou com vários hematomas na cabeça e outras partes do corpo, não para de sorrir por vezes até à gargalhada.

O convívio decorreu muito bem, em ambiente deveras familiar. E, até eu que era intruso, me senti á vontade neste meio. Foi um dia bem passado, onde arranjamos novos amigos e conhecimentos.


Obrigado, família Kracun.


Julho 07 - Domingo, toca-se o sino


Sinos, igrejas e castelos são coisas que aqui não faltam. Logo de manhã, ainda atarantado de levantar, os meus ouvidos são acossados pelo tocar escangalhado dos sinos da igreja de Bretanica que, em meu entendimento, serão de latão e não de bronze.

Por minha causa, a Vilma e o João atrasaram a missa em que pretendiam assistir. Em vez das 7 horas apontaram para as 10, até porque o pároco da terra celebrava os 50 anos de sacerdote. Muita gente, muita cerimônia, muitos padres, muitos paroquianos e muito tempo a aguentar.

E nós, que nem tínhamos a "veste nupcial" ( eu e o João estávamos em calções) começamos a sentir-nos deslocados e a ter de estar sempre em pé, algo insuportável sobretudo para o João. Foi então que, num ápice, decidimos abandonar o local rumo a outra igreja que, por sorte, estava em função, pois ouvia cantar cá de fora o Aleluia gregoriano. Foi o melhor que fizemos, pois pudemos participar numa missa com um ritual simples, agradável e com boa cantoria, coisa que muito me aprouve.

Depois foi o almoço e a visita mais um castelo.


Julho 8, seguna feira - Mais uma visita: mais um castelo

Foi o último a ser visitado. Belas paisagens, grandes horizontes. Não muito diferentes dos outros nas suas valências atuais, deixadas ao turismo, à hospedagem, aos eventos festivos nomeadamente concertos e refeições de casamento.

Desta região é o general Tito que durante bastantes anos foi o caudilho da Jugoslávia.


Julho 09, terça feira  - Há mar e mar... Há ir e voltar

Dia de regresso a Portugal.

Embora sem necessidade, levantamo-nos todos muito cedo. E vai daí, como ainda faltava muito tempo para o início da partida, o João convidou-me para irmos beber um café ao sítio que ele já bem conhecia, não muito longe daqui. No regresso a casa a pé, por um atalho, o João mostrou-me com nostalgia os cantinhos recatados aonde mais a Vilma davam beijos e abraços durante a lua de mel.

E pronto. Toca a arrumar as malas e a fazer as despedidas, porque é chegada a hora da partida, primeiro de carro até Zagreb (Croácia) e depois até Frankfurt e Lisboa.

Considerações:


(i) Sou um privilegiado por ter usufruído esta semana de vida na Eslovénia. No princípio renitente em aceitar o convite do João e da Vilma, mas, devido à pertinência do João, acabei por aceitar. E ainda bem. Foi uma oportunidade única de conhecer este belo país dos Balcãs.

(ii) A Eslovénia é um país verde onde a natureza é rainha. As montanhas e os vales verdejantes serpenteados por rios e ribeiras dão-lhe características únicas, muito semelhantes às paisagens de suíças mais conhecidas.

(iii) O nível de vida é bom. As pessoas são simples e amáveis, sem arrogância nem vaidades.

(iv) É um país muito arrumadinho, com hábitos de cidadania exemplares. Sem lixo nas ruas ou outras transgressões significantes. Um país seguro aonde se não tem medo de andar na rua. A emigração aqui em insignificante. Os albaneses estão em maior número e dedicam-se essencialmente à construção.

(v)  Agradeço de coração ao João e à Vilma e a toda a família Kracun  o acolhimento e a atenção de que fui alvo. Não mais esquecerei, e estou certo que a nossa amizade ficou ainda mais fortalecida.

Um Xi de coração para todos. Rui Chamusco.


E algumas fotos da visita do Rui Chamusco (e nossa também) à Eslovénia

por João Crisóstomo


Fotos nºs 1, 2, 3 e  4 > as primeiras quarto fotos são sobre dois castelos de Brestaniça, terra natal da Vilma. 

Na primeira foto pode-se ver o castelo principal no topo da montanha; abaixo um edifício que é a estação de caminho de ferro e do lado direito um outro castelo, bem mais pequeno que tem recebido pouca atenção e visível falta de manutenção.

Os castelos da Eslovénia ( ver fotos nºs 1, 6 e 7) são bem diferentes dos nossos castelos portugueses. Em Portugal chamar-lhes-iamos "mansões fortificadas”, a que algumas das nossas “pousadas" se assemelham.

O primeiro, no topo é um dos castelos mais conhecidos e bem cuidados da Eslovénia e que está muito relacionado com a Vilma. Este foi utilizado pelos Nazis durante a guerra como uma prisão onde ficavam os prisioneiros, antes de serem enviados para outros destinos, na maioria dos casos para os campos de concentração e extermínio.

O pai da Vilma esteve nele como prisioneiro, mas como era um homem habilidoso, especialmente como carpinteiro ( as janelas do castelo foram na maioria feitas ou reparadas por ele) cujas boas maneiras lhe granjeavam boa vontade mesmo dos alemães. Nas ocasiões em os prisioneiros iam ser distribuídos e enviados para outros destinos, os mesmos alemães avisavam-no e deixavam que ele se escondesse. E porque precisavam dele assim sucedeu até que a guerra acabou.

Ao visitarmos o castelo de repente dei com uma foto igual a uma que temos em nossa casa em Nova Iorque: é que esta foi durante temps a casa da Vilma que estava situada na margem do Rui Saba e onde ficavam as turbinas que durante muitos anos produziram electricidade para o castelo.

As fotos nºs 8, 9, 10 e 11 foram tiradas na bonita cidade de Liubliana, capital da Eslovénia. Parece-me que pela sua beleza se explicam por si mesmas, sendo as fotos j e k da igreja franciscana, que pela sua beleza é uma das coisas a não perder em qualquer visita.


Fotos nº 12A e B : foi coincidência e surpreza: no dia seguinte à nossa chegada recebi um email dum fotógrafo/jornalista amigo da Vilma que tinha ido a Nova Iorque há uns meses atrás (e que até foi a nossa casa ); queria "mais algumas informações”... Quando lhe disse que acabávamos de chegar,  combinamos encontrarmo-nos na capital, onde já tínhamos intenção de ir; e no dia seguinte saiu um artigo sobre a sua visita a nossa casa em Queens com bonitas fotos num dos diários da Eslovénia. Vale a pena estar casado com uma eslovena como a Vilma…

Fotos nºs 13,  14 e 15:   foram tiradas durante algumas passeatas: a foto nº 13  mostra o nosso reencontro com a nossa árvore especial na Eslovénia… a foto seguinte (14)  foi tirada numa passada ao longo dum pequeno lago perto da casa da Vilma, lugar de repouso, picnics, restaurante e passeatas. E a outra, duma placa , marca e lembra um primeiro encontro de Tito com outros dirigentes locais de preparação para o que seria a resistência aos Nazis (Foto n º 15.

A última foto (nº 16) é um “reconhecimento”: de volta a Portugal o Rui retomou s suas funções de chefe e o mordomo presente, cujo trabalho neste dia foi o de "descasca-batatas",  não teve qualquer hesitação em lhe conceder classificação condizente.


Mais um abraço, que nunca serão demasiados.


João Crisóstomo

__________________

Nota do editor:

(*) Último poste da série 25 de agosto de 2024 > Guiné 61/74 - P25881: Tabanca da Diáspora Lusófona (24): As minhas férias possíveis em 2024: EUA, Portugal e Eslovénia - Parte I (João Crisóstomo)

domingo, 25 de agosto de 2024

Guiné 61/74 - P25881: Tabanca da Diáspora Lusófona (24): As minhas férias possíveis em 2024: EUA, Portugal e Eslovénia - Parte I (João Crisóstomo)


Foto nº 1

Foto nº 2 

Foto nº 3

Foto nº 4

Foto nº 5

Foto nº 6



Foto nº 7


Fotos (e legendas): © João Crisóstomo0 (2024) Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


1. Mensagem que nos enviou, de Nova Iorque, onde reside, o nosso amigo e camarada João Crisóstomo, régulo da Tabanca da Diáspora Lusófona, ex-alf mil, CCAÇ CCAÇ 1439 (Xime, Bambadinca, Enxalé, Porto Gole e Missirá, 1965/67); vive em Queens, Nova Iorque, desde 1975, mas vem à sua terra com frequência (A-dos-Cunhados, Torres Vedras, Portugal).


Data - 23 de julho de 2024

Assunto - Umas 'férias consolidadas'

Ora bem !


Depois de longo hiato, estou de volta (*). Mas mesmo assim façø-o aproveitando um relatório/ crónica já escrito por Rui Chamusco (a publicar em próximo poste). Não fora esta crónica do Rui que me empurrou/ prontificou a pegar na caneta, talvez me ficasse mesmo por um ou dois simples telefonemas. 

 Portanto,  isto que segue é tanto ou mais da autoria do Rui do que meu. Eu juntei alguns factos acontecidos ainda recentemente, uma dúzia de fotos e algumas notas e notícias mais abrangentes, pois algumas delas estão de alguma maneira relacionadas com a Guiné (e por isso as incluo) embora em tempo e locais diferentes da crónica do Rui.

Como sabes,  já de há dois anos que venho experimentado problemas de saúde: e como as misérias quando aparecem nunca vêm só, no meu caso foram problemas de ciática e quadril e não sei quantas complicações seguidas que por vezes me fazem sentir um hipocondríaco, bem consciente de que com esta atitude a única coisa que faço com sucesso é incomodar toda a gente à minha volta com as minhas lamúrias. 

 E,  por isso, salvo por ocasiões e razões de força maior que se sobrepunham aos meus problemas, como foram os casos do “Dia da Consciência” e a celebração do 70º aniversário da morte de Aristides de Sousa Mendes (**), eu tenho-me retraido e procurado fazer pouco ou nada mesmo.

Mesmo assim não me safei dum grande susto que podia ter sido o último, se não fosse a intervenção rápida da Vilma cuja experiência de enfermeira me salvou: no dia em que fazia os meus 80 anos, de repente fui obrigado a saltar da cama com um ataque de cãibras. Perdi os sentidos, caí para trás e fui de emergência para o hospital onde passei o dia. 

Podia ter sido pior: depois duns pontos na cabeça e vários exames que mostraram ausência de qualquer fractura cranial, uma vez que a Vilma era enfermeira não insistiram nas 24 horas extras de permanência para observação que na minha idade é mandatória e deixaram-me vir para casa ao seu cuidado.

É que eu tinha planeado ir a Portugal à inauguração da casa de Aristides de Sousa Mendes, um projecto em que também tenho dado o meu contributo e estava-me a custar mesmo não poder ir. O médico com redobrados conselhos de cautela acedeu à minha insistência em viajar, mas que devia voltar o mais depressa possível, o que me obrigou a encurtar para apenas três semanas os três meses de férias que tínhamos planeado.



2. O relato que segue é mais um menos sobre estas três semanas, vistas, vividas e relatadas pelo Rui Chamusco (visita à Eslovénia), com quem tínhamos planeado passar grande parte destes anteriormente planeados três meses, agora reduzidos. 

Incluo algumas fotos tomadas antes destas três semanas porque são de alguma maneira relacionadas: algumas delas tiradas pelo Pedro Leitão, filho do nosso camarada e amigo Manuel Calhandra Leitão, "o Mafra", que veio passar duas semanas comigo em Nova Iorque em estudo e trabalho relacionados com Aristides de Sousa Mendes, Timor Leste e outros em que o Rui e eu temos estado envolvidos.


As fotos anteriores são de momentos relativamente recentes ou mesmo tiradas pelo ou durante a visita/estadia do Pedro em Nova Iorque.


Foto nº 1 > Foi tirada nas mesmas circunstâncias de outras ocasiões que te são familiares: porque não tenho oportunidade de visitar todos os meus familiares quando vou a Portugal, "pus a boca no mundo" que minha filha Cristina tinha resolvido voltar para Portugal : quem quisesse aparecer, eu e minha filha estaríamos em casa da minha irmã mais nova , a Jacinta, para um abraço. Embora menos numeroso do que em ocasiões anteriores ( como sabes a minha família Crisóstomo & Crispim é numerosa), entre sobrinhos, primos e ainda apareceram cerca de 50 familiares.


Foto nº 2 > O Pedro não esteve com pedidos de autorização ou não (não se pode confiar em ninguém..) e apanhou-nos a relembrar um momento em que revivíamos a canção “ Cherish”, do grupo “Kool and the Gang”, que havia sido a nossa canção no dia do nosso casamento.

Fotos nºs 3 e 4 > Compartilhamos sempre a nossa alegria de termos alguém connosco: neste caso foram o Henrique Mano que nos deu a satisfação de vir a nossa casa conhecer o Pedro; e depois o Fernando Santos que, na impossibilidade de vir a nossa casa, insistiu que levássemos o Pedro à sua. Nada melhor para enriquecer a nossa vida do que compartilhar e viver relacionamentos e amizades.

Foto nº 5 > Para o Pedro Leitão e para mim também não podia passar sem levar o Pedro ao reservatório de água de Central Park que, apesar dos anos já passados, me traz sempre fortes recordações e emoções.

Foto nº 6 > Como deves saber, o nosso vizinho conterrâneo Tony Gonçalves (meu familiar Crispim por parte de minha mãe) é um chefe cuja fama não se limita aos Estados Unidos, Há muito que tínhamos combinado um encontro que a presença do Pedro ocasionou. O Tony já começa a falar em tempo de reforma e os seus dois filhos, embora ainda jovens, já estão tão bem preparados que quando o pai sai em viagens ninguém se apercebe da sua falta.

Foto nº 7 > Não, posso deixar de registar o momento em que a Vilma como nova cidadã americana exerceu seu direito de voto pela primeira vez. O que me valeu um raspanete, porque nos recintos de voto é proibido tirar fotos. Mas, declarada a minha ignorância e explicada a razão lá me deixaram focar com a foto, desde que fosse apenas para uso pessoal …


Bom, este relatório está a ficar longo e o melhor é deixar a mencionada crónica do Rui para amanhã.

Um abraço do
João


(Continua)
(Revisão / fixação de texto: LG)

quinta-feira, 4 de abril de 2024

Guiné 61/74 - P25338: Tabanca da Diáspora Lusófona (23): Nova Iorque, Igreja Eslovena de São Ciro, domingo, 7 de abril: recordando e cebrando os 70 anos da morte de dois grandes diplomatas e humanistas do tempo da II Grande Guerra, o português Sousa Mendes, e o brasileiro Sousa Dantas (João Crisóstomo)






Convite, em inglês, para a celebração de dois grandes humanistas, os diplomatas, o português Sousa Mendes e o brasileiro Sousa Dantas, por ocasião dos 70 anos das suas mortes, e da sua acção em defesa das vítimas de perseguição na II Grande Guerra, convite esse da iniciativa doComité do Dia da Consciência, Missão Permanente de Portugal nas Nações Unidas, Igreja Eslovena de São Ciro, Fundação Internacional Raoul Wallenberg e Fundação Sousa Mendes.

Será celebrada missa, católica (pelo arcebispo Gabriele Caccia, observador permanente da Santa Sé nas Nações Unidas), às 10h30, do dia 7 de abril de 2024, domingo, na Igreja Eslovena de São Ciro, em Nova Iorque.

Às 11h30, haverá uma receção oferecida pela representante portuguesa nas Nações Unidas, a embaixadora Ana Paula Zacarias. E às 12h30 será projetado o filme  português (2011) "O Consul de Bordéus" (com legendas em inglês).
Esta iniciativa conta também com o apoio de "The Portugal-US Chamber of Commerce", a Câmara de Comércio Luso-Americana.


1. Excertos de mensagem  que nos enviou, de Nova Iorque, onde reside, o nosso amigo e camarada João Crisóstomo, régulo da Tabanca da Diáspora Lusófona:

Data - 30 de março de 2024, 12:30
Assunto - Good feeling, finally !

Creio que ainda não te falei sobre um evento que vai suceder em Nova Iorque no dia 7 de Abril. Eu não sei como fazer para te enviar um trabalho da Lusa sobre ele, mas creio que não terás dificuldade em o encontrar vd. aqui Nova Iorque, Estados Unidos, 30 mar 2024 (Lusa) > Legado de Aristides de Sousa Mendes celebrado em Nova Iorque em abril]

Mando-te porém o convite ( em inglês) que tenho enviado e que deu origem a este trabalho, de que gostei porque me parecer bem feito e preciso, sem aumentar nem diminuir. 

(...) Penso que há muito é do conhecimento geral que desde 2004 tenho trabalhado num projecto a que chamo o “Dia da Consciência”. Depois de muitos anos, em 2017 finalmente consegui a atenção do Vaticano e com muita teimosia da minha parte (vale sempre ser teimoso quando se está convicto de alguma coisa), como sabes,  em 17 de Junho o Papa Francisco reconheceu não só o nosso diplomata Aristides de Sousa Mendes como o “Dia da Consciência” por que eu tanto lutei. 

Disse Sua Santidade: "Hoje é o Dia da Consciência , baseado no testemunho do diplomata português Aristides de Sousa Mendes", etc, etc., de que tu deves saber o resto.

 (...) Continuei a trabalhar, duro e forte, podes acreditar, para continuar para que o reconhecimento do nosso humanista fosse traduzido na prática em resultados . Nao basta conhecer as pessoas e o que fizeram : o principal é que esses exemplos sejam inspiradores e levem as pessoas a imitá-los. 

No caso de Aristides de Sousa Mendes eu tenho mesmo dito que depois do seu reconhecimento pelo Papa Francisco e de honras de Panteão, além dos muitos reconhecimentos mundo fora, alguns, aliás muitos deles, organizados por mim, Aristides não é mais um "ilustre desconhecido". 

Mas impõe-se continuar a lembrá-lo para que,  lembrando a sua coragem em fazer o que sua consciência lhe dizia devia ser feito, nós sejamos inspirados e levados a proceder da mesma maneira. O mundo bem precisa de estímulos como este para contrabalançar a epidemia de falta de princípios e moral tão desenfreada nos dias de hoje, em que já querem que dois e dois não sejam mais quatro, mas cinco, se isso lhes for for mais conveniente dizer. É uma questão de repetir falsidades e as pessoas vão mesmo acreditar e agir de acordo. Para muita gente, radicalizada por razões que a razão não conhece, o senso comum e razão deixaram de existir.

Impõe-se despertar as consciências e o “ Dia da Consciência” vem a esse encontro. Como Aristides, temos de ter coragem de fazer o que está certo! É isso o objectivo que me leva a continuar. Mas a verdade é que … custa quando se trabalha e os resultados não correspondem e por vezes parece que nem o nosso trabalho é reconhecido como tendo algum valor. Mas a gente continua, mesmo que seja assim.
 
(...) Bom, estou cheio de trabalho, como podes ver pelo trecho da Lusa. É que até ao momento tudo o que lá está descrito é resultado saido deste pequeno endereço, meu e da Vilma. Mas também já não é novidade para mim.
 
Um grande abraço para ti e a Alice e mais alguém que por acaso venha a ler isto ou parte disto.

João ( e Vilma).

PS - E aqui está o convite como o tenho enviado ( incluo as partes em português) (vd. convite em inglês, acima):

(...) À entrada, por favor assine o 'livro de presenças', testemunho da sua participação e da organização que representa e de que o reconhecimento a nível mundial de Aristides de Sousa Mendes foi resultado do empenho das comunidades luso-americanas e não apenas de dois ou três indivíduos.

A presença de cada um, seja a título individual ou representando uma associação é uma prova de que não diminuiu, antes pelo contrário continua forte o nosso interesse pelos valores culturais, humanitários, e outros de carácter local, que sempre foram e são a razão da própria existência dos nossos clubes e outras associações.(...)


A esloveno-americana Vilma Kracun e o luso-americano João Crisóstomo. (Aqui em Paradas, A dos Cunhados, Torres Vedras, num convívio com familiares e amigos, em 15 de outubro de 2013.) 

Foto: Luís Graça (2013)


2. Excerto das declarações de João Crisóstomo à agência Lusa, sobre o motivo de juntar, 
na mesma celebração, Sousa Mendes e Sousa Dantas, que morreram há 70 anos (o primeiro a 3 de abril, o segundo a 16 do mesmo mês):

(...) "Ambos de língua portuguesa, ambos diplomatas, encontravam-se ambos em França no início da Segunda Guerra Mundial, ambos resolveram desobedecer às diretrizes dos seus Governos e deram vistos aos refugiados que desesperados os procuravam para fugir aos nazis e campos de concentração onde a maioria acabava asfixiada e logo incinerada".

"Mais tarde ambos foram condenados em tribunais pelo que fizeram. E, nas suas defesas, em anos e locais diferentes, sem saberem um do outro, ambos declararam ter agido assim porque assim lhes mandava a sua consciência de cristãos. 

"Os dois vieram a ser reconhecidos e honrados pelo Yad Vashem [memorial oficial de Israel às vítimas do Holocausto]. E, como que com carimbo de comum destino, vieram a morrer no mesmo mês e no mesmo ano, a escassos dias um do outro: Aristides a 03 de abril e Souza Dantas a 16 de abril de 1954. Portanto, fazia sentido falar dos dois" (...)
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Nota do editor:

Último poste da série > 1 de março de 2024 > Guiné 61/74 - P25228: Tabanca da Diáspora Lusófona (22): Vilma Crisóstomo está de parabéns pelo seu aniversário natalício e porque a partir de hoje é cidadã americana (João Crisóstomo)

sexta-feira, 1 de março de 2024

Guiné 61/74 - P25228: Tabanca da Diáspora Lusófona (22): Vilma Crisóstomo está de parabéns pelo seu aniversário natalício e porque a partir de hoje é cidadã americana (João Crisóstomo)


1. Está hoje de parabéns a nossa amiga Vilma Crisóstomo, esposa do nosso amigo e camarada de armas João Crisóstomo.

Vilma, eslovena de nascimento, passa a partir de hoje, dia 1 de Março de 2024, a usufruir da cidadania norte-americana, uma prenda muito valiosa, chegada no seu dia de aniversário.
Sendo o João, cidadão luso-americano, uma pessoa muito activa culturalmente e solidário, com provas dadas nos EUA e não só, merece que a sua esposa seja reconhecida com esta distinção. São um casal muito activo, cujas intervenções vão muito para além da comunidade lusitana, e se estende a toda a sociedade americana.
Nova Iorque, 24 de Abril de 2013 > Casamento de João Crisóstomo com Vilma Kracun

2. Vamos transcrever a mensagem que o João, com todo o contentamento de um marido feliz, nos enviou no dia 28 de Fevereiro de 2024:

Caro Luís Graca e Carlos Vinhal,
O que segue não será razão para um “post", mas talvez um tal “cartãozito”, como o Luís Graça costuma dizer, não seja despropositado.
O nosso passado e experiências comuns levaram à criação deste blogue que tanto nos une e aqui partilhamos por vezes coisas que nada têm a ver com a Guiné. Mas esta Guiné fez de todos nós irmãos… e os irmãos partilham as suas vidas. Partilhamos e choramos os momentos tristes e difíceis, mas também celebramos e nos regozijamos uns com os outros nos nossos aniversários e quando surgem momentos em que sentimos que temos mesmo de fazer os nossos amigos saberem o que se passa para celebrarem connosco. Incluindo felizes coincidências.

Vocês lembram-se eu contar ter reencontrado uma amiga de longa data, depois de 40 anos à sua procura. Não era motivado por nada mais do que a saudade de uma amizade. Não havia nada de romance nessa procura. Algumas pessoas suspeitaram e sugeriram ser esse o motivo da minha longa busca. Não era. Os que me conhecem sabem o quanto eu prezo amizades. A perca de um amigo é sempre traumático para mim. E isso sucede porque tanto quanto possível eu procuro alimentar as minhas amizades. Daí as festas familiares que frequentemente tenho organizado quando vou a Portugal, para as quais convido sempre os meus amigos que fiz ao longo da vida, incluindo os meus camaradas/irmãos da Guiné.

Mas, desculpem… pois saí do que estava a contar e tenho de voltar ao que dizia: Num dia 14 de Fevereiro de 2011, recebi uma chamada; que tinham encontrado a Vilma, um dos amigos/as de cujo paradeiro eu não sabia há muito tempo, desde que tinha ido para o Brasil. E já sabem o que sucedeu: o imprevisto aconteceu e ao fim de duas horas, contente por tê-la reencontrado e verificando que tínhamos tanto em comum, eu não estive com mais medidas e sem hesitações convidei-a, pedi-lhe que viesse viver comigo para Nova Iorque.

Sei que estou a ser longo, mas também sei que a nossa amizade me permite estes devaneios. Há três anos ela resolveu pedir a cidadania americana. Mas as coisas complicaram-se porque não pudemos comparecer a uma entrevista. Na altura tranquilizaram-nos, que dentro de algum tempo haveria uma segunda entrevista. Mas entretanto a pandemia e a chegada imprevista de muitas centenas de milhares de refugiados, e outros migrantes em busca de melhor vida, causaram uma longa espera: nem podíamos sair fora dos Estados Unidos ao mesmo tempo, receosos de que uma segunda carta aparecesse com uma data próxima para a entrevista.

Era difícil, mas nada havia a fazer senão ter paciência e esperar. Mas de repente veio a carta: que nos apresentássemos no dia 14 de Fevereiro para a segunda entrevista. Contentes e felizes, ainda por cima era num dia "14 de Fevereiro" como quando a reencontrei, lá fomos e viemos para casa com um documento que dizia: "Passou o teste". ”Parabéns”. Espere uma carta com a data para se apresentar para a cerimónia de juramento…
Entretanto apresentou-se uma razão para eu ir a Portugal. Enquanto esperávamos, a Vilma tinha de ficar, pelo sim e pelo não… não fosse essa carta aparecer quando estávamos os dois fora.

E a carta apareceu assim de repente: que se apresentasse para a cerimónia de juramento para a nacionalidade americana no primeiro dia de Março… É que o dia "1 de Março" é também o dia de aniversário da minha querida…

Que hei-de dizer mais? Que choro, canto e rezo? É tudo isso e muito mais… Andava a dar voltas à cabeça de como festejar o seu aniversário. Parei de pensar mais e aceitei irmos a um encontro da "Academia de Bacalhau”. Como no caso de “encontros" da nossa Tabanca, vamos estar com amigos. Ela ainda não sabe, mas eu já providenciei um bolo de aniversário, e com ou sem boa voz, vou pôr toda a minha gente a cantar.

Não sei se a Vilma é considerada ou não “membro" da nossa tabanca. Mas… mesmo que apenas a título de “esposa dum membro” podem providenciar um “cartãozito” de aniversário para ela? Ela sempre adorou o que apareceu a seu respeito em ocasiões passadas… E vai gostar mesmo dum “cartãozito" também…

Um abraço "parte-mantenhas" mesmo grande.
João

Monte Real > Palace Hotel > 25 de Maio de 2019 > XIV Encontro da Tabanca Grande > Três instantâneos do casal Vilma e João, captados por Manuel Resende

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3. Comentário do "editor de serviço":

Caro João,
Calhou neste dia o teu editor habitual, o Luís Graça, estar de "baixa" por ter sido submetido ontem a uma intervenção para remoção de cataratas. Coisa de velhotes. Assim, estando eu de piquete, fiz o melhor que pude e soube para assinalar este dia de felicidade para a Vilma e para ti. Se ela acrescenta mais um ano à sua existência, também a partir de hoje é cidadã de pleno direito desse grande país, os EUA para nós, USA para os que aí vivem. 

Ciente de que estou a partilhar o sentimento da tertúlia, deixo aqui um beijinho de parabéns e as nossas felicitações para a Vilma e para ti o nosso abraço de amizade. 

Os nossos votos de que sejam muito felizes e tenham saúde para manter o vosso casamento por muitos e bons anos.

Carlos Vinhal

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Nota do editor

Último post da série de 21 DE DEZEMBRO DE 2023 > Guiné 61/74 - P24983: Tabanca da Diáspora Lusófona (21): Visitando velhos amigos e camaradas... em Portugal (João Crisóstomo, Nova Iorque)