Mostrar mensagens com a etiqueta Tabanca da Diáspora Lusófona. Mostrar todas as mensagens
Mostrar mensagens com a etiqueta Tabanca da Diáspora Lusófona. Mostrar todas as mensagens

sexta-feira, 1 de março de 2024

Guiné 61/74 - P25228: Tabanca da Diáspora Lusófona (22): Vilma Crisóstomo está de parabéns pelo seu aniversário natalício e porque a partir de hoje é cidadã americana (João Crisóstomo)


1. Está hoje de parabéns a nossa amiga Vilma Crisóstomo, esposa do nosso amigo e camarada de armas João Crisóstomo.

Vilma, eslovena de nascimento, passa a partir de hoje, dia 1 de Março de 2024, a usufruir da cidadania norte-americana, uma prenda muito valiosa, chegada no seu dia de aniversário.
Sendo o João, cidadão luso-americano, uma pessoa muito activa culturalmente e solidário, com provas dadas nos EUA e não só, merece que a sua esposa seja reconhecida com esta distinção. São um casal muito activo, cujas intervenções vão muito para além da comunidade lusitana, e se estende a toda a sociedade americana.
Nova Iorque, 24 de Abril de 2013 > Casamento de João Crisóstomo com Vilma Kracun

2. Vamos transcrever a mensagem que o João, com todo o contentamento de um marido feliz, nos enviou no dia 28 de Fevereiro de 2024:

Caro Luís Graca e Carlos Vinhal,
O que segue não será razão para um “post", mas talvez um tal “cartãozito”, como o Luís Graça costuma dizer, não seja despropositado.
O nosso passado e experiências comuns levaram à criação deste blogue que tanto nos une e aqui partilhamos por vezes coisas que nada têm a ver com a Guiné. Mas esta Guiné fez de todos nós irmãos… e os irmãos partilham as suas vidas. Partilhamos e choramos os momentos tristes e difíceis, mas também celebramos e nos regozijamos uns com os outros nos nossos aniversários e quando surgem momentos em que sentimos que temos mesmo de fazer os nossos amigos saberem o que se passa para celebrarem connosco. Incluindo felizes coincidências.

Vocês lembram-se eu contar ter reencontrado uma amiga de longa data, depois de 40 anos à sua procura. Não era motivado por nada mais do que a saudade de uma amizade. Não havia nada de romance nessa procura. Algumas pessoas suspeitaram e sugeriram ser esse o motivo da minha longa busca. Não era. Os que me conhecem sabem o quanto eu prezo amizades. A perca de um amigo é sempre traumático para mim. E isso sucede porque tanto quanto possível eu procuro alimentar as minhas amizades. Daí as festas familiares que frequentemente tenho organizado quando vou a Portugal, para as quais convido sempre os meus amigos que fiz ao longo da vida, incluindo os meus camaradas/irmãos da Guiné.

Mas, desculpem… pois saí do que estava a contar e tenho de voltar ao que dizia: Num dia 14 de Fevereiro de 2011, recebi uma chamada; que tinham encontrado a Vilma, um dos amigos/as de cujo paradeiro eu não sabia há muito tempo, desde que tinha ido para o Brasil. E já sabem o que sucedeu: o imprevisto aconteceu e ao fim de duas horas, contente por tê-la reencontrado e verificando que tínhamos tanto em comum, eu não estive com mais medidas e sem hesitações convidei-a, pedi-lhe que viesse viver comigo para Nova Iorque.

Sei que estou a ser longo, mas também sei que a nossa amizade me permite estes devaneios. Há três anos ela resolveu pedir a cidadania americana. Mas as coisas complicaram-se porque não pudemos comparecer a uma entrevista. Na altura tranquilizaram-nos, que dentro de algum tempo haveria uma segunda entrevista. Mas entretanto a pandemia e a chegada imprevista de muitas centenas de milhares de refugiados, e outros migrantes em busca de melhor vida, causaram uma longa espera: nem podíamos sair fora dos Estados Unidos ao mesmo tempo, receosos de que uma segunda carta aparecesse com uma data próxima para a entrevista.

Era difícil, mas nada havia a fazer senão ter paciência e esperar. Mas de repente veio a carta: que nos apresentássemos no dia 14 de Fevereiro para a segunda entrevista. Contentes e felizes, ainda por cima era num dia "14 de Fevereiro" como quando a reencontrei, lá fomos e viemos para casa com um documento que dizia: "Passou o teste". ”Parabéns”. Espere uma carta com a data para se apresentar para a cerimónia de juramento…
Entretanto apresentou-se uma razão para eu ir a Portugal. Enquanto esperávamos, a Vilma tinha de ficar, pelo sim e pelo não… não fosse essa carta aparecer quando estávamos os dois fora.

E a carta apareceu assim de repente: que se apresentasse para a cerimónia de juramento para a nacionalidade americana no primeiro dia de Março… É que o dia "1 de Março" é também o dia de aniversário da minha querida…

Que hei-de dizer mais? Que choro, canto e rezo? É tudo isso e muito mais… Andava a dar voltas à cabeça de como festejar o seu aniversário. Parei de pensar mais e aceitei irmos a um encontro da "Academia de Bacalhau”. Como no caso de “encontros" da nossa Tabanca, vamos estar com amigos. Ela ainda não sabe, mas eu já providenciei um bolo de aniversário, e com ou sem boa voz, vou pôr toda a minha gente a cantar.

Não sei se a Vilma é considerada ou não “membro" da nossa tabanca. Mas… mesmo que apenas a título de “esposa dum membro” podem providenciar um “cartãozito” de aniversário para ela? Ela sempre adorou o que apareceu a seu respeito em ocasiões passadas… E vai gostar mesmo dum “cartãozito" também…

Um abraço "parte-mantenhas" mesmo grande.
João

Monte Real > Palace Hotel > 25 de Maio de 2019 > XIV Encontro da Tabanca Grande > Três instantâneos do casal Vilma e João, captados por Manuel Resende

********************

3. Comentário do "editor de serviço":

Caro João,
Calhou neste dia o teu editor habitual, o Luís Graça, estar de "baixa" por ter sido submetido ontem a uma intervenção para remoção de cataratas. Coisa de velhotes. Assim, estando eu de piquete, fiz o melhor que pude e soube para assinalar este dia de felicidade para a Vilma e para ti. Se ela acrescenta mais um ano à sua existência, também a partir de hoje é cidadã de pleno direito desse grande país, os EUA para nós, USA para os que aí vivem. 

Ciente de que estou a partilhar o sentimento da tertúlia, deixo aqui um beijinho de parabéns e as nossas felicitações para a Vilma e para ti o nosso abraço de amizade. 

Os nossos votos de que sejam muito felizes e tenham saúde para manter o vosso casamento por muitos e bons anos.

Carlos Vinhal

____________

Nota do editor

Último post da série de 21 DE DEZEMBRO DE 2023 > Guiné 61/74 - P24983: Tabanca da Diáspora Lusófona (21): Visitando velhos amigos e camaradas... em Portugal (João Crisóstomo, Nova Iorque)

quinta-feira, 21 de dezembro de 2023

Guiné 61/74 - P24983: Tabanca da Diáspora Lusófona (21): Visitando velhos amigos e camaradas... em Portugal (João Crisóstomo, Nova Iorque)

1. Regressou ontem a casa, em Queens, Nova Iorque, o nosso amigo e camarada João Crisóstomo, depois de receber no passado dia 11, em Lisboa,  o Prémio Tágides 2023 (Categoria "Portugal no Mundo") (Foto à esquerda). 

Por razões de agenda, ficou por publicar uma sua mensagem, datada  de  domingo, 3/12/2023, 20:44.  Fazèmo-lo agora,  com o nosso pedido de desculpas pelo atraso. Mas o seu interesse e atualiddae mantêm-se.
 

Caro Luís Graca,

Desculpa o meu longo silêncio. Às vezes não dá para melhor! Mas aqui estou.

Por razões várias , umas que de longa data têm esperado concretização e outras inesperadas que não aceitam adiamentos, estou em Portugal. E também por razões que não dependem de nós, eu e a Vilma viemos e vamos voltar para Nova Iorque em datas diferentes. Ela só chega no dia 6 e volta a 18. Eu já estou aqui desde o dia 27 de Novembro e vou voltar a Nova Iorque em 20 de Dezembro. Ainda vamos a tempo de fazer algo para celebrar o Natal com os nossos queridos, mas as decorações e luzes na frente da nossa casa que costumam ser parte desta época natalícia vão ficar esperando para o próximo ano.

O muito que tencionava fazer obrigava-me a vir mais cedo, mas desta vez os ventos estavam a favor e inesperadamente acabei por resolver vários assuntos muito mais depressa do que antevia. Como resultado reorganizei a minha agenda de modo a poder ver familiares e amigos que, pensava eu, não ia ter tempo de ver. Dentre destes alguns camaradas da Guiné.

E assim:
a 29 de Novembro: tive a oportunidade de ver um camarada que esteve na Guiné na mesma altura que eu, o Germano Estêvão, da CCAÇ 1549, BCAÇ 1888, ainda meu primo. Recorda-se bem que nos encontrámos uma vez em Tite, facto que eu tinha esquecido mas de que depois me lembrei. Estava festejando o seu aniversário de casamento com a sua esposa Etelvina. Eu sabia disso e já tinha telefonado e convidado a aparecer um outro camarada nosso, o furriel Peixeira que na Guiné foi comandante do Germano e que tu conheces bem por muitos motivos. 

Como não podia deixar de ser as Guinés, de antes e de agora, estiveram presentes pois o Peixeira logo apresentou um calhamaço de fotos e outros documentos , incluindo uma 
Petição à Presidência da Assembleia da República para a qual ele está angariando assinaturas.

.


Na 1ª foto do lado direito: eu, o Germano e a senhora Etelvina,  sua esposa. No lado esquerdo o Peixeira e sua esposa. Na 2ª foto, um excerto da recolha de assinaturas de antigos combatentes, que está a efectuar o Joaquim Peixeira, para efeitos de petição à Assembleia da República.



No dia seguinte,  30 de Novembro,     fui a Leiria com o fim de ver o meu muito querido António Rodrigues, de quem também te deves lembrar pois estivemos juntos em vários "encontros das famílias Crisóstomo e Crispim”,   encontros em que eu incluia os meus amigos e camaradas da Guiné.

A sete de Maio passado o António ao sair de casa caiu e bateu com a cabeça num muro. E tem estado desde então num estado de coma quase total, primeiro em hospitais e agora numa casa “Lar para idosos “, a ADESBA , na Barreira de Leiria. 

 Fui-o ver, acompanhado de dois familiares que o visitam todos os dias mas não sabemos sequer ao certo se ele dá pela presença de alguém. É de partir o coração, mas a idade e a vida por vezes obriga-nos a ter de aceitar tanta coisa que nem dá para compreender.~

O tempo permitiu-me ainda uma outra visita, esta muito diferente da primeira: cumprindo a minha promessa que faço a muita gente por telefone.  especialmente pela época de Natal de, "se um dia ocasião propícia aparecer vou-te visitar”, eu fui ver um camarada, condutor, que pertencia à minha companhia CCAÇ  1439. É o António Agostinho  (comigo na foto a seguir) a quem chamávamos "o Marrazes” , nome da terra onde vive e onde eu o fui agora visitar.


Eu e o António Agostinho (o "Marrazes")



Apesar das minhas repetidas “promessas", parece que ele nunca acreditou que alguém aparecesse mesmo para o ver. . Assim me pareceu pelo abraço que me deu. "Não podes imaginar, repetia ele, a alegria que me deste.” Se assim foi, valeu a pena, pois por minha parte o rever e em boa saúde um camarada que não via há muitos anos foi satisfação grande também.

Dia 2 de Dezembro. Depois dum almoço no "Restaurante Braga”,   no Vimeiro, Lourinhã,  com a São, esposa do nosso saudoso Eduardo Jorge Ferreira, o Rui Chamusco e alguns seus familiares que o vieram visitar, sobrou-me tempo para o que bem entendesse. 

Depois de ver um sobrinho meu lembrei-me dum outro camarada da Guiné com quem andei na escola primária e que esteve na Guiné ao mesmo tempo que eu. Vi-o a última vez há mais de sete anos, em Abril de 2016, mas não me lembrava já onde ele morava, pelo que perguntei ao Germano, o meu primo de quem falei atrás se ele sabia e me podia ajudar. E lá fomos para o encontramos, muito cabisbaixo, sentado num banco ouvindo rádio. Estranhei que não nos ligasse muito, para logo nos dizer que estava só e muito triste pois que sua esposa estava num lar, sem grandes esperanças de a poder ver de novo na sua casa.


   

Eu e o Jaime Moreira


A Guiné e suas recordações foram o auxílio que ele precisava para se reanimar. Chama-se Jaime Moreira. Quando éramos garotos ele era o “Jaime dos aeroplanos”, mas eu nunca soube a razão de “aeroplanos”. Pertencia à CCAÇ 1417, BCAÇ  1856. Para logo me perguntar se eu conhecia o Alferes Ceril (?) e o capitão Aranha Gonçalves. Respondi que não, mas isso não foi razão para ele parar de lembrar bons e maus bocados, que lá passou. 

Lembrava bem Bafatá e Nova Lamego onde ia e passou muito tempo, graças, explicava ele , à situação de alguma maneira privilegiada da sua companhia , mercê dos conhecimentos e protecção de alguém bem relacionado junto do General Schultz. 

Mas lembrava também Madina do Boé e os maus bocados e aflições que aí passou; assim como uma grande operação em que tomou parte e em que o transporte/ passagem do Corubal de todo o material de todas as categorias levou quase três dias, durante os quais passou as ruas da amargura, enquanto o oficial que comandava/dirigia essa operação de passagem do Corubal o fazia sempre duma avioneta... .


O meu primo Germano, à esquerda


A esta altura o nosso camarada Jaime, que foi também meu colega de escola primária, já não era o mesmo homem que nos tinha recebido. Falava pelos cotovelos e queria e insistia em contar mais coisas que lembrava bem. E quando estávamos a partir ele disse ao Germano que o queria ver mais vezes para não se sentir tão sozinho. O Germano disse-me então que apesar de saber notícias dele e onde ele morava etc, realmente desde há muitos anos nunca mais o tinha visto talvez desde que saiu da tropa .

Oxalá este encontro e possivelmente outros, que fazem renascer velhos conhecimentos e amizades continuem ajudando a quem de companhia e contactos mais frequentes necessitam.


3 de Dezembro. É dia de aniversário do Manuel Leitão , o nosso querido “Mafra”. Também a ele eu tinha prometido fazer o possível para lhe ir dar um abraço. Aniversário de nascimento é só uma vez ao ano… Mas desta vez havia razão especial : a sua esposa Felismina já se encontrava em casa depois de longa e preocupante estadia no hospital.

Se o 80º aniversário do Mafra já era motivo de muita alegria , o facto de terem de volta a esposa e mãe multiplicou mil vezes essa satisfação. Mesmo sem grandes manifestações, eu imaginava o que o Mafra e os filhos estavam sentindo. Senti-me muito muito feliz por me terem deixado ser parte desta celebração e de momentos de tanta felicidade para todos eles.


Eu, o Manuel Calhandra  Leitão (o "Mafra") e a esposa, em dia de aniversário


Fotos (e legendas);  © João Crisóstomo (2023). Todos os direitos reservados [Edição e legendagem: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]




Já regressei a casa. Ainda queria ir visitar a Aranha Antunes, em Santa Cruz, mas senti-me cansado e a idade começa a ser mais forte toque as intenções.

Com muita antecipação de vos poder ver em breve, para ti e para a tua querida Alice um abraço grande.

E como costumas publicar os E mails que te envio em que falo dos nossos camaradas da Guiné, aproveito para, de coração desejar a todos os meus amigos/camaradas da Guiné, especialmente aos extraordinários voluntários teus ajudantes editores Carlos Vinhal, Eduardo Magalhães Ribeiro e Jorge Araújo que contigo conservam e alimentam a chama do nosso blog, uma época festiva tão boa como cada um possa desejar para si mesmo e os seus queridos.


João Crisóstomo

domingo, 26 de fevereiro de 2023

Guiné 61/74 - P24100: In Memoriam (473): António Cunha (Tony) (c. 1950 - c. 2022), ex-fur mil enf, 38ª CCmds, HM 241, CCS/BCAÇ 4514/72, e CCAÇ 6 (Bissau, Mansoa, Bolama e Bedanda, 1972/74): vivia nos EUA há mais de 40 anos (João Crisóstomo, Nova Iorque)


Tony Cunha (c. 1950-c. 2022)


1. Mensagem do João Crisóstomo (régulo da Tabanca da Diáspora Lusófona, Nova Iorque):

Data - sexta, 24/02, 18:43

Assunto - Uma triste notícia: a morte do Tony Cunha

Caro Luís Graça,

Sei que os meus e-mails são sempre enormes, mas não sou capaz de fazer por menos. E por isso também mais uma razão para usar antes de tudo o telefone… Depois então uso os e-mails e outras coisas assim que já são “alternativas”. De alguma maneira este tem as suas vantagens pois posso enviar-te algumas fotos que acho interessantes, cujas imagens te tencionava mostrar pelo WhatsApp.

Se vires que estou só a ser chato… eu não fico ofendido se enviares tudo para o respectivo destino ...

Mas primeiro uma notícia triste: Não sei se já sabes do falecimento de mais um nosso "camarada da Guiné", o António Cunha (Tony), membro da nossa Tabanca desde 13 de dezembro de 2018, no lugar de numero 782. (Guiné 61/74- P19287) (*).

Antes da pandemia eu tentei fazer um convívio com ele e outros camaradas em Newark. Mas não consegui despertar interesse suficiente. Com a ajuda do jornalista Fernando Santos, que esteve em Angola, tivemos então um almoço com o Jorge Ventura ( dos comandos , Angola) e Fernando Menezes que esteve em toda a parte, e cujo fim era preparar um convívio mais abrangente, com veteranos não só da Guiné como de Angola, Cabo Verde etc.

Mas entretanto veio o Covid . Não preciso dizer mais. Era por telefone que, na falta de encontros eu usava para manter os contactos e não deixar morrer a iddeia, que eu falava com o Tony : Ele tinha uma empresa de tipografia, sempre com muito trabalho, mas era nossa intenção encontrarmos-nos um dia.

Entretanto ele adoeceu . Na última vez que lhe falei ele sentia-se bastante mal.— pensei que tinha sido há escassos meses, mas agora depreendo que nem dei pelo tempo e já foi há mais de um ano. Agora porque não conseguia contactá-lo há tanto tempo, e nem o telefone da tipografia respondia, eu ontem liguei para o Fernando Santos, talvez ele me soubesse dar notícias (um dos livros dele foi impresso na tipografia do Tony). Foi ele que me disse do seu falecimento, não sei a data, mas creio que já há bastante tempo. Confesso que quase sinto remorsos de nunca o ter encontrado pessoalmente . Mas a vida é assim. Nem sempre nos é possível fazer tudo o que desejaríamos fazer. Paz à sua alma!

João Crisóstomo.

2. Comentário do editor:

João, obrigado. É mais uma triste notícia. Mas quantos antigos camaradas nossos, da Guiné, não têm morrido por esse mundo fora sem a gente sequer ter conhecimento ? Na nossa Tabanca Grande são 131, agora com o Tony Cunha, mas este número deveríamos acrescentar mais algumas dezenas: há amigos e camaradas que há muito não fazem prova de vida...

Por um pesquisa na Net, verifiquei, através do "Big Brother" americano (https://clustrmaps.com/)  que o nosso camarada, Antonio Cunha (Tony), ou melhor Antonio A Cunha, de quem nunca mais tive notícias, vivia num T2 em Arlington, ia fazer 72 anos de idade, em 31 de março (de 202...).  Era provavelmente casado com Denise M Cunha, de 69 anos. A sua pequena empresa, TD Printing Services, foi fundada em 1991.  Arlington fica no estado de New Jersey.

Estimamos que ele tenha nascido em 1950. E, pelo que nos conta o João, dos seus últimos contactos, julgamos que tenha morrido em 2022 ou 21.

À família enlutada apresentamos, mesmo que tardiamente, os votos de pesar dos amigos e camaradas da Guiné que se reunem à sombra do sagrado poilão da Tabanca Grande. (**)

(...) Enfim, já lá vão 44 anos, e não pensei muito naqueles tempos, até começar a ler os teus blogues. Já não me lembro de muita gente com quem convivi, lembro-me do Alferes Dino, do Furriel Fidalgo (que visitei em Setúbal), do Furriel Pires (a quem "salvei" a vida, levando-o aos fuzileiros, debaixo de fogo, quando foi ferido, e depois morreu num acidente de mota no Continente…), do doutor Nuno Ferreira (o meu médico quando cheguei a Bedanda).

Há mais de 40 anos nos Estados Unidos, nunca mais convivi com ninguém daquele tempo. Fui, aqui, reconhecido por um soldado do 4514 [ BCAÇ 4514/72], e é só… e tive um bom amigo ex-comando, chamado Nuno Álvares Pereira. Alguém o conhece?

Por favor não pares com os blogues. Mesmo que sejam acerca de pessoal que não conheço, todos são como família, na confraternização que nos une naquela Província que, embora pobre, nos enriqueceu na apreciação da amizade.

"Manga di abraço pra todo", tugas e não-tugas.

Tony


Contactos nos EUA:

Antonio Cunha (Tony)
President

TD PRINTING SERVICES
92 Park Avenue
North Arlington, NJ 07031 (...)

sábado, 24 de dezembro de 2022

Guiné 61/74 - P23913: Boas festas 2022/2023 (10): Mensagem dos nossos amigos nova-iorquinos Vilma e João Crisóstomo


Nova Iorque > Queens > Dezembro de 2022 >  A primeira coisa que fiz ao voltar de Portugal foi dar os devidos "ares de Natal” à minha casa. As luzes são menos este ano, excepto na entrada que está mais ou menos como em anos anteriores.


Nova Iorque > Dezembro de 2022 > Depois dum concerto de  Natal no ‘Carnegie Hall,  fomos ver a árvore de natal no “Rockefeller Center”. "Boas Festas”...



Newark, New Jersey > Dezembro de 2022 > cidade que conheço bem e onde ainda vou de vez em quando, especialmente para me fornecer de coisas portuguesas, como sucedeu na semana passada num dia das compras para o Natal: bacalhau, bolos-reis (para nós e presentes para os amigos),  azeite, vinho verde e tantas coisas que nos ajudam a matar saudades Na foto, a Vilma,  a minha filha Cristina e o meu neto Caton no meio da secção de bacalhau…

Fotos (e legendas): © João Crisóstomo  (2022). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas de Guiné]


1. Mensagem do João Crisóstomo, Nova Iorque, com data de hoje, às 14;44:


Caríssimo Luís Graça e Alice

Era minha intenção telefonar-vos hoje dia 24 (são agora 06.00 AM aqui, mas os fusos horários fazem uma hora já avançada para vocês), mas resolvi antes mandar este E mail.

Ontem ao deitar dei uma olhada pelo Blogue para ver se haviam mensagens de boas festas dos nossos camaradas . Últimamnente tenho andado mesmo ocupado e já há tempos que não tenho visitado o blogue.

E logo deparei com algo que me chamou a atenção e curiosidade : Um conto de natal em que um pobre (Um tal Garrinchas, criado pelo nosso grande Miguel Torga) consoou com a Nossa Senhora e o Menino Jesus). Que coisa linda de ler! Só mesmo um Miguel Torga! E só mesmo um Luís Graca para lembrar, encontrar e ter a ideia de nos enviar um presente destes como presente de natal . Obrigado meu caro. Com certeza muitos outros ( mesmo que não façam comentários) vão sentir o que eu senti. E só por isso já valeu bem o tempo que te levou a escrever este post de natal.(*=

E logo me lembrei que tenho de telefonar ao António Luís Malhado. O Peixeira tinha-me pedido para o contactar, pois não conseguia falar com ele já há bastante tempo. E fui a descobrir que este nosso "camarada da Guiné" vive relativamente perto de mim, em Newark, New Jersey, cidade que conheço bem e onde ainda vou de vez em quando, especialmente para me fornecer de coisas portuguesas, como sucedeu na semana passada num dia das compras para o Natal… (Ver foto: a Vilma , a minha filha Cristina e o meu neto Caton no meio da secção de bacalhau…) 

 Ele, como o meu primo Germano, era do pelotão do Joaquim Peixeira. Gostei de falar com ele e até ficamos de nos encontrar logo que possível. Porque ele usa computador,  vou tentar "aliciá-lo” para entrar para a Nossa Tabanca. Vamos a ver. Entusiasmos e situações semelhantes anteriores não levaram a sucesso. Oxalá neste caso tenha mais sucesso .

Mas o sono não vinha e logo decidi ver mais alguns posts recentes. E vi então muitas mensagens de Natal de camaradas nossos: joaquim Alves, Beja Santos, António Ramalho, Ramiro Jesus e Valdemar Queiroz. 

Mas aos Valdemar Queiroz e Beja Santos, de quem tenho os contactos telefónicos, vou logo que me for possível tentar chamar directamente. A todos os outros, mencionados ou não, que enviaram a sua amizade e saudações — e também outros como o Abel Rei que o fizeram no facebook, == de que tive conhecimento pela minha Vilma que frequenta essas paragens —  o meu Muito Obrigado com a certeza dos meus votos de Boas Festas e a minha amizade também. (**)

A minha “navegação”pelo blogue levou-me ao teu “Arquivo.pt” onde , entre muitas outras coisas fui deparar com muitas fotos, descrições de lugares que "foram meus" antes de "serem teus", como os casos de Bambadinca, Bafatá, Xime, etc, que,  embora na maioria dos casos já tenha visto em posts e ocasiões anteriores, me veio proporcionar relembrar divagar e sonhar uma vez mais nesta "quase véspera" de Natal de 2022/23…

E decidi ler alguns dos comentários aos blogues mais recentes para descobrir entre os comentários ao post P 23905, que "eu este ano, estou como o condenado à morte, da cama para o corredor para a cama, com uma escapadela (temerária) ao portátil, na mesa de trabalho... Apanhei /apanhámos uma virose ou uma gripe daquelas de caixão à cova... E coitadinha da neta que andou a espalhar os vírus, não sei como ela vai conseguir esta noite ir no 'avião grande« para a «Madeira Grande«... Por mim e pela a Alice, o Natal está feito...Faz-me tristemente lembrar as tristes crises palúdicas da Guiné"---

E eu que raramente rogo pragas (mas faço-o quase sem dar por isso quando as razões são fortes) dei comigo a acordar a Vilma e a praguejar contra mim mesmo… "Como é possível passarmos tanto tempo sem telefonar que o pobre do Luís Graca e a Alice estão doentes e nós nem sabemos nada?”

Bom meu caros…mea culpa, mea culpa… Very very sorry to hear this. Oxalá essa virose ou gripe malvada passe depressa. Ficamos “torcendo”,”rezando” ou o que quer que seja seja mais forte e dê mais resultados. Estamos com vocês. Com muita saudade e muita amizade,

João e Vilma
.___________


sexta-feira, 19 de agosto de 2022

Guiné 61/74 - P23538: Tabanca da Diáspora Lusófona (20): Um saudoso e apertado abraço para a Alice, que fez ontem anos... E lá vamos, hoje, a caminho de Toronto, Canadá: oxalá possamos encontrar antigos camaradas da Guiné (João Crisóstomo, Nova Iorque)




Vilma Kracun e João Crisóstomo, ela, eslovena, enfermeira, reformada, ele nosso camarada da diáspora, ex-alf mil, CCAÇ 1439 (Enxalé, Porto Gole e Missirá, 1965/67), luso-americano, mordomo reformado, ativista de causas sociais e humanitárias. Casaram em segundas núpcias em 2013: amigos já do tempo de  Londres, reencontraram.se ao fim de 40 anos... Uma linda história de amor.

O casal vive em Queens, Nova Iorque. O João nasceu em 22 de junho de 1944, em Paradas, Torres Vedras. Depois da Guiné, emigrou para o Brasil e, em 1975, para os EUA. Tem um curso superior em gestão hoteleira, Em Nova Iorque fez parte da a elite portuguesa dos mordomos que serviam a elite nova-iorquina. Principais causas humanitárias e sociais pelas quais ele se tem batido: defesa das gravuras de Foz Côa, autodeterminação de Timor Leste, e reabilitação da memória de Aristides Sousa Mendes... O casal vem com frequência a Portugal e, desde 2013, também à Eslovénia.

Foto (e legenda): © João Crisóstomo (2013). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]

1. Mensagem de quinta feira, 18/08/2022, 22:42

Caríssimos Alice e Luís Graça. Não sei (talvez seja de propósito ) ambos os vossos telefones vão imediatamente para a "answering machine”… Imagino que hoje teve de ser assim mesmo.

Não esquecemos que hoje foi/é um dia muito especial…e nós ( um pouco tarde, que o dia passou quase sem darmos por isso) queremos ainda ser parte dele.

Se de outra maneira não podemos estar festejando com o Luís Graça e demais queridos da nossa querida Alice, aqui vai pelo menos com um saudoso e apertado abraço!

Vamos amanhã até Toronto, como há tempos disse ser intenção de fazer. Vamos de carro, com paragens em Morgentown (Virgínia) para ver uns amigos e Cleveland (Ohio) onde existe a maior comunidade eslovena nos USA. Não preciso de dar mais explicações, certo?

Na volta vamos parar em Ithaca, "home” da Cornell University onde fui em 1975, pois tirar aí um curso de hotelaria foi a razão que me trouxe aos USA. Não pôde ser, mas ficou-me a vontade de aí voltar pois toda aquela zona (Finger Lakes) é um sonho.

Era nossa intenção parar também em Strathroy onde mora o nosso camarada Picanço para um abraço; mas terá de ser noutra ocasião. Aliás, duma tarde de telefonemas para camaradas da diáspora, tentando encontrar alguém para cavaquear um pouco, foi este o único camarada com quem consegui falar. E foi nos Açores que o encontrei…

A continuação de um dia muito feliz para todos especialmente para a nossa (de todos!) muito querida Alice.

Com saudades,

João e Vilma

2. Comentário do editor LG:

João e Vilma: obrigado pela vossa solicitude, carinho e amizade. Agradeço os votos de paarbéns em nome da Alice, que ontem, como devem imaginar, não teve um minuto de sossego. E depois à noite fomos jantar todos, com os filhos e a neta, num sítio que recomenda a Tasca da Memória, Calçada do Galvão, 8, Ajuda, Lisboa (está na moda, é obrigatório reservar mesa). Ainda vimos o vosso telefonema e tentámos marcar, de regresso a casa, no carro. De qualquer modo, foi um dia feliz, estivemos todos juntos, a família mais próxima, que é o mais importante.

João, em relação à viagem a Toronto, de que já me tinhas falado, entendo a tua frustração por não poder encontrar mais amigos e camaradas da Guiné.  Mas fica aqui, mais uma vez, o apelo para que a malta dê a cara e apareça.   Como sabes, é uma geração que lida ainda muito mal com a Internet, pelo que muitos (com destaque para açorianos e madeirenses) só descobrem o nosso blogue através de filhos e netos.

Espero que tu e a Vilma se divirtam e façam boa viagem. E, à volta, manda-nos a tua reportagem, pelo menos algumas fotos (com boa resolução... e legendas). Se eu puder e for a tempo, ainda vejo quem, do blogue, vive por aí... Temos um ou outro camarada.  Pelo menos temos 30 referências com  o descritor Canadá

Um chicoração do Luís (e Alice)

PS - Alguns membros da Tabanca Grande, que vivem em Toronto (ou no Canadá, como é o caso do José Manuel Espínola Piçanço, de que já tens os contactos)  

O mais recente é o Manuel Antunes, ex-Soldado Condutor Auto da CCAV 2484/BCAV 2867 (Jabadá, 1969/70); membro da Tabanca Grande nº 859: é mirandês, natural de Duas Igrejas, Miranda do Douro;

Mas temos outros (vivos e falecidos)... Vou procurar com tempo. Alguns visitam-nos mas não chegam a integrar a Tabanca Grande, perdendo-se o contacto. Casos, por exemplo, do:

  •  José (ou Joe) Ribeiro, que é de Leiria, ex- Sold Inf , 4º Gr Comb, CCAÇ 3307/BCAÇ 3833 (Pelundo, Jolmete, Ilha de Jete, 1970/72): vive em Toroto há de 45 anos);
  •  Luciano Vital, natural de Valpaços, Trás-os-Montes, ex-fur mil, de rendição individual, que andou pelas CCAV 3463 (Mareué), CCAÇ 3460 (Cacheu) e Adidos (Bissau), 1973/74

 Outros estão por cá e lá...É o caso do José Marcelino Gonçalves (ex-Al Mil Op Esp da CCAÇ 4152/73, que vive actualmente no Canadá; já foi aos nossos encomntros nacionais,em Monte Real).

Mas há mais... O  problema é que a América do Norte é um mundo, as distâncias são enormes... Em Toronto tenho gente conhecida, da nossa região Oeste. 

segunda-feira, 4 de julho de 2022

Guiné 61/74 - P23408: Tabanca da Diáspora Lusófona (19): Oh, home, sweet home!... De novo em casa, depois de um périplo de dois meses por Portugal, Inglaterra e Eslovénia (João Crisóstomo, Queens, Nova Iorque)


Foto nº 1 > Inglaterra >Stonehenge > 20/5/2022 > João e Vilma


Foto nº 2 > Inglaterra > Londres > Piccadilly Circus >
 18/5/2022> João e Vilma


Foto nº 3 > Inglaterra > Londres > 18/5/2022>
 "Depois do valente trambolhão da Vilma , 
escadas abaixo, neste ‘London bus', 
não houve vontade de mais fotos… e voltamos a Portugal"


Foto nº 4 >  Eslovénia  >  > 18/5/2022> Vilma no seu "jardim secreto", algures numa das montanhas da sua bela e querida terra natal


Fotos (e legendas): © João Crisóstomo (2022). Todos os direitos reservados. [Edição: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]



1. Mensagem de João Crisóstomo, membro da nossa Tabanca Grande, com cerca de 190 referências no blogue, conhecido luso-americano a viver em Queens, Nova Iorque, ativista social (tendo-se batido por causas como Foz Côa, Aristides Sousa Mendes e Timor Leste), régulo da Tabanca da Diáspora Lusófona, ex-alf mil inf, CCAÇ CCAÇ 1439 (Xime, Bambadinca, Enxalé, Porto Gole e Missirá, 1965/67):

Data - segunda, 27/06/2022, 00:23

Assunto - Home, sweet home!

Caríssimo:
 
Acabo de chegar dum encontro da “Academia de Bacalhau de Long island” (comemorando mais um aniversário) e lá fizemos os tradicionais brindes “Gavião do Panacho” (*)… Ao transmitir-lhes o abraço que o Rui Chamusco me instruiu esta manhã para fazer, eles decidiram dar uma pequena ajuda para a Escola S. Francisco de Assis em Timor Leste… Gente boa!

Chegámos bem, vindos da Eslovénia, depois de dois atrasos (menores): um Zagreb, minutos antes de nós deslocarmos eles fecharam tudo para uma aterragem de emergência, usando a pista que o nosso avião ia usar para deslocar. Avisaram-nos etc. etc., ao mesmo tempo que nos informaram ter tudo corrido bem sem acidentes para passageiros e tripulação. É tudo o que sei, nem sei sequer que avião foi. 

Depois em Lisboa, em trânsito , chegando atrasados, foi uma corrida para apanhar o avião para Nova Iorque. E ao fim e ao cabo não era preciso pois outros aviões chegaram atrasados e eles esperaram… Chegámos um pouco atrasados a Nova Iorque mas chegámos direitinhos.
 
Tínhamos um amigo nosso à nossa espera e estamos em casa. Oh, home, sweet home! Como é bom entrar no nosso próprio buraquinho! (Depois de dois meses fora, passando por Portugal, Inglaterra e Eslovénia, périplo de que te mando mais algumas fotos.)

Mando-te os contactos que me pediste do ex-fur mil da CCAÇ 1439, Joaquim Teixeira, bem como do "Mafra",  Manuel Leitão, e do filho, Pedro Leitão (**). Não encontrei o nome do "Mafra"  na  lista de essoal da CCaç 1439. Dizes tu que ele era de um Pelotão de Morteiros... E já é tarde para ligar para ele. Mas amanhã eu ligo.

Estou, estamos, cansados… vou-me mesmo deitar que a idade agora já exige destas coisas…
Abraços e beijos à Alice. E sempre na esperança de que vocês nos façam a surpresa de nos anunciarem a vossa visita…

João e Vilma

2. Em mensagem anterior, de 16 de junho de 2022, 19h02, o João (ainda na Eslovénia com a Vilma)  tinha-nos dito, entre coisas, o seguinte:

(...) Nós estamos bem, e quase de volta a nova Iorque. Entre as voltas que temos dado neste país de sonho fomos visitar o nosso "Secret Garden”. Fica numas montanhas a 973 metros de altitude. Em 2017, por brincadeira deixamos a nossa passagem marcada numa árvore (sei que é coisa de garotos, mas deu-nos para aquilo…) e no ano seguinte marcamos a nossa passagem outra vez. Depois veio a pandemia etc.,  e no ano passado eu não pude acompanhar a Vilma. E este ano fomos ver se o nosso “memo” ainda lá estava… e estava , como podes ver pela foto.

Aproveito para juntar um apendice ao livro LAMETA. Este é um corolário à Escola S. Francisco de Assis em Timor Leste. Como sabes a situação da falta de professores credenciados ainda não encontrou solução e continuamos a lutar com quantas forças temos e todos os meios que se nos apresentam. Neste apêndice falo também do “Dia da Consciência”, celebrado amanhã , 17 de junho, data que felizmente não tem sido esquecida.
 
Um grande abraço , já com com muitas saudades, J
oão e Vilma. (...) (***)

_________

Notas do editor:



domingo, 5 de setembro de 2021

Guiné 61/74 - P22516: Tabanca da Diáspora Lusófona (18): Lembrando, há 20 anos, o ataque às Torres Gémeas... E anunciando a minha primeira saída pós-pandémica à Eslovénia e a Portugal (João Crisóstomo, Nova Iorque)


1. Mensagem de João Crisóstomo, membro da nossa Tabanca Grande, com mais de 160 referências no blogue, a viver em Queens, Nova Iorque, ativista social, régulo da Tabanca da Diáspora Lusófona, ex-alf mil inf, CCAÇ CCAÇ 1439 (Xime, Bambadinca, Enxalé, Porto Gole e Missirá, 1965/67):


Data - sábado, 4/09, 15:26 

Assunto - 11 de setembro... e um abraço


Caro Luís Graça,

Há dias ao telefone disse-te que ainda não tinha coragem de viajar de avião e por isso um abraço mesmo real teria de esperar mais uns tempos. Mas depois de ter falado contigo fiz outros telefonemas; alguns dos meus amigos a quem eu fazia estarem aqui,  responderam-me nos seus móveis de Portugal; a minha filha e meu neto também não hesitaram em pegar o avião,  estão lá agora ; e de toda a parte a pergunta é sempre a mesma: "quando é que vens cá"? Mas se a vontade de ir era grande , a minha cobardia era ainda maior .

Entretanto a Vilma, mais afoita,  já tinha decidido ir à Eslovénia… e a mim não me apetecia mesmo nada ficar aqui sozinho…

Olha, para não te fazer perder mais tempo...já compramos bilhetes para Zagreb… ainda por cima na TAP… com escala por Lisboa. Depois da Eslovénia iremos dois dias a Paris onde temos bons amigos que não quero deixar de ver. E daí iremos passar pelo menos umas duas semanas em Portugal.

Ainda não sei as datas certas que tudo agora é feito “ em cima dois joelhos” . Mas conta connosco em princípios de Outubro. E podes avisar os nosso comuns amigos e camaradas que "vou ficar zangado" se não me for dada a possibilidade de lhes apertar bem as costelas…

Mas antes disso quero falar-te de um outro encontro muito importante para mim:
como sabes o nosso querido camarada e  amigo Valdemar Queiroz diz não estar em condições de saúde para se deslocar a algum encontro . E eu gostava mesmo de o ir ver e dar-lhe um grande abraço. 

Acabo de falar com ele ao telefone ( falamos frequentemente) e combinei com ele o seguinte: como eu vou fazer escala em Lisboa e vou ter a tarde do dia 14 de Setembro livre, vai ser essa a ocasião para o ir ver. Em princípio o Rui Chamusco vai-nos esperar ao aeroporto e leva-nos ao Valdemar em Agualva-Cacém. E se o Rui não puder fazê-lo , outra solução haverá, nem que seja um taxi…

Lembrei-me de te dar a conhecer isto, para o caso de haver mais alguém que queira fazer uma visita ao Valdemar nessa altura, uma vez que ele não pode deslocar-se a algum outro encontro que venha a acontecer. Não foram os teus problemas de locomoção, e eu estaria a convidar-te ou a desafiar-te para ires também. Vou tentar contactar o João Ferreira, filho do nosso saudoso Eduardo. Como ele vive em Lisboa, quem sabe possa e queira vir connosco...

Deixei ao Valdemar decidir  onde e como nos vamos encontrar, e logo que receba instruções dele eu informo-te. OK?

Entretanto aproxima-se o 20º aniversário do atentado às torres gémeas e com ele imagens, memórias e experiências desses dia e dias seguintes . Se por um lado "lembrar um mau passado para que se não repita” pode ser benéfico, mais vantagens ainda podem advir duma atitude de "esquecer o negativo e salientar o positivo” .

 Pois como vou esquecer o medo, o silêncio quase sepulcral que se apoderou de todos os nova-iorquinos nesta ocasião?  Recordo-me de tomar o “subway”, cada um olhando para o vizinho do lado receoso de que algum deles fosse um terrrorista suicida, que rumores desses não faltavam e não havia ninguém que dissesse uma palavra; as situações aflitivas,  especialmente nos arredores das torres,  de não se poder respirar fundo, obrigando-nos a uso de lenços e máscaras; as cenas dantescas dos escombros e da espessa camada de cinza que cobria toda a zona… se não posso esquecer tudo isto eu quase me esforço para lembrar antes boas memórias como foram as visitas de amigos que nessa altura aqui vieram: a do Sr. Bispo de Leiria/Fátima, Dom Serafim Ferreira que fez questão de, acompanhados dos dirigentes da “Blue Army “ carregando uma imagem da Senhora de Fátima, fez questão de visitar o “ground zero”; ou o Oscar Mascarenhas, nessa altura editor do “Diário de Notícias”, a quem sem esperar servi de cicerone e desenrasquei: é que a cidade por motivos e segurança tinha imposto as maiores restrições de entrada em toda a parte, incluindo a jornalistas que se apresentassem sem especiais autorizações emitidas para cada caso, especialmente jornalistas estrangeiros. 

O Oscar não tinha tido tempo de arranjar esse documento e sentia-se frustrado ter vindo a Nova Iorque para nada. Foi então que me lembrei de experimentar usar um cartão que me tinha sido emitido pelas Nãções Unidas na ocasião da preparação da Exposição "Visas for Life”, a cuja direcção eu tinha pertencido; e com ele tinha tido fácil acesso a toda a parte. Foi remédio santo: a apresentação desse cartão deu-me a mim e ao Oscar imediata entrada em toda a parte, para surpresa do Oscar que me creditava com conhecimentos muito maiores em Nova Iorque do que eu jamais tive.

Se são estas as memórias que sempre me vêm, mas há uma memória muito especial que me ficou para sempre:

Era dia de eleições. Vivia já no endereço actual em Queens, nos arredores de Nova Iorque,  e tinha decidido tirar o dia de folga para, além de votar , tratar de vários assuntos relacionados com a minha nova residência. Minha filha já estava a viver em Nova Iorque e minha esposa estava com ela nesse dia. As notícias e imagens do que se estava a passar deixaram-me duplamente aflito pois o meu filho trabalhava na altura no “ Goldman Sacks”, situado bem perto do Word Trade Center.

Se esse dia nos marcou a todos, que razões não faltaram, eu lembro esse dia também com muito orgulho. Aponta-se , muito apropriadamente, a abnegação, coragem e heroísmo dos bombeiros, polícias e e tantos outros que, mesmo conscientes dos perigos, e quem sabe de outros que podiam ainda estar para acontecer, sem pestanejar puseram todos os receios de lado e voaram ao local. Todos eles foram heróis; e muitos deles pagaram o seu heroísmo de acorrer e salvar vidas com a sua própria vida, como foi o caso do frade franciscano, Michael Judge, capelão dos bombeiros duma unidade no meio da cidade, a primeira vítima conhecida de entre os que acorreram ao local.

Mas, certos do heroísmo de todos eles cujas profissões os levaram ao local, outros casos de heroísmo sucederam, pouco mencionados: houve casos de altruísmo que pelo que mostram e inspiram merecem ser sempre lembrados e jamais esquecidos. Falo do heroísmo daqueles que em vez de seguirem o natural instinto de sobrevivência de fugir imediatamente para longe, se lembraram de que no local havia gente a necessitar da ajuda, gente mesmo desconhecida , cuja vida ou morte dependia talvez da bondade e coragem de outros. O meu filho, e segundo ele me contou depois ele, não foi o único, foi um destes.

Meu filho estava já no escritório quando o ataque às torres gémeas começou. Alertados, todos os que se encontravam no seu edifício foram instruidos para descerem ao abrigo subterrâneo , na base desse edifício. Entretanto eu estava em minha casa sem saber o que fazer; mas cedo eu recebia um telefonema dele: “ Pai , sei que deves estar preocupado, mas não há razão para isso. Encontro-me no abrigo subterrâneo do prédio do “Goldman Sacks” e temos água e víveres por muito tempo para todos nós; portanto não te preocupes comigo, que está tudo certo.”

Respirei fundo e agora aliviado decidi sair de casa e ir para a grande artéria de Queens Boulevard, esperando o seu regresso. Tudo parado, não havia transportes e quando lá cheguei esta artéria parecia já um rio de grosso caudal, que se alongava tão longe quanto a vista podia alcançar, de gente que de Nova Iorque a pé voltava para suas casas.

Esperei e esperei . E todo o dia não chegou. Chegou a noite e voltei a casa . Meu filho só voltou no dia seguinte. Logo que lhes foi dado autorização para deixarem o abrigo, em vez de voltar para casa ele decidiu dirigir-se ao local do atentado que eram agora os escombros das torres. Aí começou a acartar garrafões de água que dava aos bombeiros e a todos os que dessa ajuda necessitavam. A certa altura a polícia decidiu mandar embora todos os civis, mas ele, pretendendo acatar e seguir as instruções recebidas, logo voltava carregando garrafões. Nesta e noutras tarefas de que me falou na altura mas que agora prefere não falar mas esquecer, passou toda a noite. Só se decidiu a voltar a casa quando exausto não se podia aguentar mais em pé.

O meu filho insiste agora em não falar de tudo isto, e muito menos de relatar à imprensa as suas vivências desse dia. É que ele ficou muito aborrecido mesmo nessa altura quando notícias na imprensa falaram que ele se dirigiu às torres , "depois de ter saido dos escombros". situação em que nunca se encontrou.

Meu filho não se considera um herói pelo que fez. Mas eu não tenho dúvidas em assumir para mim o orgulho de ter um filho assim.

João Crisóstomo, Nova Iorque (*)
_________

Nota do editor:

sábado, 28 de agosto de 2021

Guiné 61/74 - P22494: Tabanca da Diáspora Lusófona (17): A(s) nossa(s) Academia(s) do Bacalhau: Long Island, Nova Iorque: "Gavião do penacho, de bico p'ra cima, de bico p'ra baixo, vai acima, vai abaixo"... (João Crisóstomo)


Estados Unidos da América >  Long Island, Nova Iorque > 25 de julho de 2021 > O João e a Vilma na festa de aniversário da Academia do Bacalhau de L.I., criada em 2008. 

Foto: cortesia da página do Facebook da Academia do Bacalhau de L.I., comunidade.



1. Mensagem do João Crisóstomo, membro da nossa Tabanca Grande, com cerca de 160 referências no blogue, a viver em Queens, Nova Iorque, régulo da Tabanca da Diáspora Lusófona, ex-alf mil inf, CCAÇ CCAÇ 1439 (Xime, Bambadinca, Enxalé, Porto Gole e Missirá, 1965/67):

Data - terça, 27/07, 05:20

Assunto - Academias de Bacalhau no Mundo




Meus caros Luís Graca e demais camaradas,

Com a melhoria da situação pandémica, a vida pouco a pouco está a voltar ao normal .

Ontem, dia 25 de Julho, fomos a uma “festa de aniversario " da Academia de bacalhau de Long Island onde eu e a Vilma nos fizemos membros há três anos.

As reuniões mensais desse "clube" deixaram de ser possíveis desde que começou a pandemia de Covid -19, mas agora foi uma satisfação grande rever os nossos amigos que não víamos há mais de um ano. E a Vilma, embora não seja portuguesa, é também membro de pleno direito. Aliás, até me surpreendeu pelos seus "conhecimentos de português" …

Estávamos nós a fazer uma saudação "Gavião do Penacho”... a que associamos em uníssono o apropriado refrão, "Gavião do Penacho, de bico p'ra cima, de bico pr’a baixo, vai acima, vai abaixo…(isto enquanto com os copos fazemos os respectivos movimentos)... E eu, entusiasmado, esqueci-me da frase e, "passando em vão” a frase seguinte, adiantava-me já para beber o meu copo, cantando "bota pr’a dentro", quando a Vilma me agarrou o meu copo e me parou : "Não, João, before "bota pr’a dentro" you have to say ”vai ao centro” … and then "bota p’ra dentro"…

Ora eu… que pensava que ela nunca mais ia falar português…

Por descuido meu ( até há duas horas não tencionava falar sobre isto), não fiz fotos, mas fica para a próxima vez! O repasto é sempre generoso: desta vez foi: bacalhau cozido com batatas; carme de porco à alentejana; arroz/paelha de mariscos; bacalhau no forno; galinha assada…salada de grão de bico, etc etc … para não falar já da variada sobremesa que é de fazer um santo franciscano pecar de gula…

E depois há dança. Ora como a minha “ciática" ainda me inibe para tanto, a Vilma não teve outro remédio e foi dançar com a fotógrafa… e pela foto podem ver que não estava a chorar…

Isto tudo vem a propósito das Academias de Bacalhau. Estive a falar com o Valdemar Queiroz e fiquei surpreendido que ele nunca tivesse ouvido falar dessa associação. E como não temos aqui ( por enquanto!) nenhuma “Tabanca", como vocês têm em Portugal, resolvi aproveitar o que tenho para vos dizer que não perdemos o nosso tempo. "Quem não tem cão, caça com gato", certo?

Mas, para os que não conhecem, aproveito para dar uma ideia do que são as Academias de Bacalhau. O nome não foi escolhido pelo seu relacionamento com o nosso popular pescado. Ou aliás foi, mas não directamente: O bacalhau foi desde sempre , e continua a ser, um “elo” comum a todos os portugueses espalhados pelo mundo; o nosso "fiel amigo", onde quer que estejamos.

Em 1968 na África do Sul no meio da comunidade portuguesa surgiu a ideia de se juntarem para celebrarem Portugal (o dia 10 de Junho) e a amizade que a todos os unia. 

Essa associação tinha também como finalidade ajudar alguém que precisasse de ajuda, uma associação de amigo para amigo. O símbolo e nome de bacalhau foi o escolhido por representar o amigo comum de todos os portugueses sempre e onde quer que estes se encontrem.

"A ideia pegou” e a essa primeira associação que é chamada desde então a "Academia Mãe" seguiram-se outras, primeiro na África do Sul, hoje com onze "academias" e depois pouco a pouco pelo mundo fora.

Neste momento há Academias de Bacalhau por toda a parte. Vim a saber que existem em Portugal dezoito academias, duas destas na Madeira e Porto Santo e três nos Açores. 

Na última lista que me foi dado ver encontrei duas no Canadá , cinco nos Estados Unidos, oito no Brasil, três na Venezuela, cinco na França; Moçambique e Suazilândia com duas cada. Bélgica, Luxemburgo, Inglaterra; Angola, Namíbia e Austrália cada um com a sua Academia.

A pandemia veio alterar os planos mais recentes, mas sei que no 48º congresso que teve lugar em Portugal, no Porto, em 2019, foram aprovadas três novas academias, uma em Macedo de cavaleiros, uma em Sydney, Austrália e outra em Quito, no Equador.

Se bem que o propósito ou fim desta associação seja, como na maioria dos outros clubes , além de de proporcionar tempos e meios de recreação, promover os nossos valores e assim conservar e manter unidas as comunidades onde existem,  é de salientar no caso especial das Academias de Bacalhau o espírito primordial de generosidade que caracteriza e anima estas Academias. Em todas as reuniões esse fim de altruísmo e de cuidado pelos que precisam é sempre relembrado; e sempre se é dado a conhecer o que se fez ou o que vai acontecer nesse sentido.

Lembro que, l
ogo que entrei para o clube, sem saber ainda desta sua notável característica especial de ajudar os outros, eu fui informado que aquela Academia do Bacalhau tinha decidido ajudar a escola S. Francisco de Assis em Timor Leste. Eu não tinha pedido nada, mas eles souberam, nem sei como, que eu, o Rui Chamusco, o casal Sobral e mais mais dúzia de pessoas estávamos a construir essa escola para as crianças esquecidas nas montanhas.

Foi pois uma surpresa grande quando me apresentaram um cheque de mil dólares para essa escola ; e logo essa quantia foi mais que dobrada pois houve um membro dessa Associação que decidiu de sua lavra aumentar essa quantia com uma ajuda pessoal no mesmo valor. E como os bons exemplos, quando conhecidos por vezes também se multiplicam, passados umas semanas depois esse gesto de solidariedade foi repetido pelas escolas portuguesas Antero de Figueiredo, de Farmingville e pela escola S. Teotónio,  de Brentwood.

Bom, meus caros, vamos gozando as nossas tertúlias e academias enquanto ciáticas e outras coisas da idade não nos chateiam e nos obrigam a "ter mais juízo” e a ficarmos de observadores, sentados nas mesas.

João Crisóstomo, Nova Iorque


Fotos: © João Crisóstomo (2021). Todos os direitos reservados. [Edição: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]

quarta-feira, 28 de julho de 2021

Guiné 61/74 - P22411: Tabanca da Diáspora Lusófona (16): Entrevista, à agência Lusa, do João Crisóstomo que iniciou a sua luta por causas sociais na casa da 5ª Avenida, em Nova Iorque, de Jacqueline Kennedy Onassis, de quem foi mordomo. (A antiga primeira-dama dos EUA detestava rosas vermelhas e faria hoje 92 anos, se fosse viva.)


Nova Iorque > V Avenida > Edifício 1040 > Foi aqui, num apartamento deste edifício, um T-14,   que viveu e morreu Jacqueline Kennedy Onassis (1929-1994), de quem o nosso camarada João Crisóstomo foi mordomo interno, de 1975 a 1979. 

Créditos fotográficos: Henrique Mano (2020) (reproduzidos aqui com a devida vénia...)


1. Mensagem do nosso camarada da diáspora, João Crisóstomo (Nova Iorque), ex-alf mil, CCAÇ 1439 (Enxalé, Porto Gole e Missirá, 1965/67):
 
Date: sábado, 24/07/2021 à(s) 22:50
Subject: entrevista à Lusa

 
Meus caros Luís Graca e  Rui Chamusco:

Como a data de nascimento da  antiga primeira  dama   Jacqueline Kennedy Onassis  se aproxima (nasceu a 28 de julho 1929,  em Southampton,  uma pequena cidade bem perto de onde moro), os "media" não deixam de a lembrar.  

E o facto de eu ter trabalhado para ela é motivo para me  procurarem.  Não tenho qualquer mérito por isso, sucedeu-me a mim,. podia ter sucedido a qualquer outro.

O que segue é assunto mais que batido, mas … que hei-de fazer, a culpa também não é minha.  Como vocês são os meus "manos"  em  todas as ocasiões, aqui está o que saiu hoje  na Lusa. (*)

Um abraço
João

2. Peça da agência imformativa LUSA:


LUSA > 24/07/2021 08:26 > Entrevista: João Crisóstomo iniciou ativismo em casa da família Kennedy em Nova Iorque (C/ áudio e vídeo)
 
Serviços áudio e vídeo disponíveis em www.lusa.pt *** (O conteúdo completo só está só disponível  para subscritores)


Elena Lentza, da agência Lusa 
 
Nova Iorque, 24 jul 2021 (Lusa) – O trabalho em casa da antiga primeira-dama norte-americana e filhos de John Kennedy, Presidente dos Estados Unidos entre 1961 e 1963, ajudou o antigo mordomo português João Crisóstomo a juntar atenção internacional para várias causas.

A preservação das gravuras rupestres de Foz Côa, salvas de uma barragem em projeto de construção, o reconhecimento dos feitos do diplomata português Aristides de Sousa Mendes e a autodeterminação de Timor-Leste foram das causas mais defendidas por João Crisóstomo, que fez sempre todos os esforços que podia a partir de Nova Iorque, começando pelo escritório do filho do antigo Presidente norte-americano.

"Eu digo que John [Kennedy júnior] foi o meu primeiro 'sponsor', o meu primeiro ajudante", disse, com um sorriso, João Crisóstomo, em entrevista à agência Lusa, em Nova Iorque.

A mãe de John Kennedy Jr. e ex-primeira-dama dos Estados Unidos, Jacqueline Kennedy Onassis, contratou João Crisóstomo em 1975 para 'tratar' da casa na 5.ª Avenida de Nova Iorque, quando o português "nem sequer sabia o que era um mordomo e não tinha experiência nenhuma" e estava nos Estados Unidos há apenas três meses.

Foi por recomendação de um amigo comum, que Jackie, como era conhecida, teve confiança: "Eu conheço o João e pela experiência que ele tem de hotelaria, ele vai ser o melhor mordomo que a senhora pode ter", disse o amigo que trouxe a sugestão, segundo contou João Crisóstomo à Lusa.

João Crisóstomo naturalizou-se norte-americano com ajuda de Jacqueline Kennedy e como despenseiro ou "encarregado da casa" durante três anos, teve duas colegas, sendo todos tratados "com carinho" enquanto serviam a família, num apartamento de 15 quartos.

Numa característica que sempre partilhou com a antiga primeira família norte-americana, também o português gosta de organizar encontros ou eventos. Para além das causas a que se dedica feramente, Crisóstomo gosta de conservar as amizades que, reclama: "são o melhor que a vida nos pode dar".

Mantendo sempre a "distância" devida, como "servente apenas", nos anos em que foi mordomo da família e nas ocasiões posteriores em que nunca recusou dar apoio a Jacqueline Onassis para a organização de encontros para a alta sociedade ou jantares, João Crisóstomo fez muitos contactos com pessoas influentes e conheceu pessoas que o poderiam ajudar nas causas de ativismo a que posteriormente se dedicou.

A paragem da construção da barragem em Foz Côa, para proteção das gravuras rupestres foi um dos exemplos e a primeira grande causa a que João Crisóstomo se dedicou, em 1995, depois de ler um artigo no The New York Times, que também foi lido por John Kennedy Junior, o filho da antiga fotógrafa e editora.

Quando o português se decidiu a fazer alguma coisa para a preservação do sítio arqueológico, John Kennedy Jr. ofereceu o seu escritório para que Crisóstomo pudesse telefonar, mandar fax e de uma maneira geral manter os contactos que entendesse necessários.

"Eu ia para lá de noite, para o escritório do John, na casa da Jacqueline, e era de lá que eu contactava, mandava 'faxes' para toda parte do mundo", explicou o antigo gerente de um hotel em Rio de Janeiro.

"A primeira pessoa que me ajudou [no ativismo] foi ele, porque me facilitou a contactar. Daí eu mandava cartas para toda a parte do mundo, jornais no Canadá, nos Estados Unidos e tudo mais" e daí se gerou a pressão internacional sobre Portugal para que se parasse a construção da barragem.

"Entre os muitos que eu contactei, foram as pessoas que eu conhecia e que tinham sido hóspedes da 'missus' Kennedy Onassis (…) Todos eles me diziam que sim", descreveu João Crisóstomo.

Uma "excelente senhora", "diplomata fantástica" e "muito inteligente", que o recebeu com um "sorriso" e o deixou ficar "à vontade", foi assim que João Crisóstomo recordou uma "primeira-dama extraordinária".

Mulher do Presidente dos EUA, John F. Kennedy, que lhe morreu no colo, assassinado quando faziam campanha para um segundo mandato e, mais tarde, casado com o magnata milionário grego Aristotle Onassis, Jacqueline Kennedy Onassis "era realmente a primeira-dama não dos Estados Unidos, [mas] a primeira-dama mundial, sem dúvida nenhuma", considerou o antigo mordomo à agência Lusa.

A família Kennedy Onassis eram das únicas pessoas que sabiam o segundo nome de João Crisóstomo e o chamavam de Francisco, para que não houvesse confusão do "John" que era chamado lá em casa – se era o filho de Jacqueline e do Presidente ou se era o português.

Elogiando a força e o "bom coração" da antiga patroa, João Crisóstomo lembra-se de um recado especial de Jackie: "Francisco, se alguma vez alguém enviar rosas vermelhas para mim, não mas dês, não quero vê-las. Rosas vermelhas lembram-me da morte do Presidente Kennedy". Eram as mesmas flores que levava no dia trágico de 22 de novembro de 1963, quando o marido foi assassinado.

Depois de três anos, o mordomo e a antiga primeira-dama nunca tinham perdido o contacto e qualquer "raminho de flores" que João Crisóstomo enviava nos aniversários era sempre agradecido com cartas e postais escritos à mão por Jacqueline Kennedy Onassis, que, para o antigo mordomo, mostravam "uma sensibilidade tremenda".

EYL // ELLusa

__________

Nota do editor: