C O N V I T E
JOSÉ BRÁS

Nasceu no concelho de Alenquer em 1943, estudou e trabalhou em Vila
Franca de Xira, onde participou ativamente na animação da secção
cultural da União Desportiva Vilafranquense, praticou remo de
competição e pegou toiros integrado no Grupo de Forcados local.
Mobilizado para a Guiné, aí fez a guerra colonial entre 1966 e 1968. Regressado, entrou para os quadros da TAP como Comissário de
Bordo. Fez teatro em grupos de amadores, foi ativista associativo e
animador cultural. Eleito Presidente do Conselho Municipal de Loures,
foi responsável pela organização do pelouro da cultura e desporto na
Câmara Municipal entre 1974 e 1981, tendo sido posteriormente,
eleito como Presidente da Junta de Freguesia de Loures até 1985.
Em 1986 foi galardoado com o Prémio Revelação da Associação
Portuguesa de Escritores e do Instituto Português do Livro e da Leitura,
na modalidade de ficção narrativa com o livro “Vindimas no Capim”,
editado pela Europa-América.
Em 1989 foi eleito Presidente da Direção do Sindicato do Pessoal de
Voo da Aviação Civil, cargo que exerceu até 1997, tendo, na sequência,
exercido a coordenação da Frente Sindical da TAP constituída por 16
sindicatos, até 1995.
A viver desde 1997 em Montemor-o-Novo, fundou uma escola de
pilotagem e exerceu as funções de instrutor de voo, tendo encerrado a
escola em 2008.
Livre de outras atividades, dedicou-se de novo à escrita, colaborando
com blogs na área da poesia e da “blogoterapia” da guerra, e, dessa
colaboração, tem, sem intenção de edição, “No Bin Fala Mantenha”,
textos de debate sobre as particularidades do colonialismo português e
sobre a Guerra Colonial.
Com chancela Chiado Editora, apresentou em janeiro de 2011 novo
trabalho de ficção narrativa com o título “Lugares de Passagem”.
Na área da composição lírica, tem reunido a sua produção em edições
pessoais que oferece a amigos via NET, desinteressado da edição no
mercado.
“Itinerân(s)ias”, “Na Volta do Correio”, POESIA quase… quase ERÓTICA”,
“Poesia da Guerra Colonial” “Litania de um Tempo de Dúvidas”, são
títulos não editados para o mercado, reunindo conjuntos de textos seus.
Tem ainda poemas seus incluídos em várias Antologias.
É, desde 2017, membro do Coral Fora D’oras, grupo de CANTE alentejano
de Montemor-o-Novo.
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"LAVAR DOS CESTOS – Liturgia de Vinhas e de Guerra"
SINOPSE
Protagonista e espectador de si próprio e da forte realidade no centro da mata sub-tropical do
sul da Guiné, ainda, então, colónia portuguesa à força do regime de Salazar, neste caso, contra
um Exército de Libertação aguerrido, bem treinado e habilmente liderado por Amílcar Cabral que tinha já como zonas libertadas extensas partes da colónia e populações, ocupando com
guerrilheiros muitas e importantes localidades do pequeno território, Filipe Bento, mais tarde
confundido com Arnaldo Matos e mesmo por vezes com José Brás, inicia uma viagem de vai e
vem, contra a linearidade da acção e mesmo do espaço e do tempo, que o irá retirar do agressivo
lugar de guerra da zona de Medjo-Guiledje-Gandembel-Gadamael Porto, navegando à sorte pelo
Rio Cacine, por Catió, por outras zonas de guerra, até Bolama, até Bissau, tendo em mira a volta
a Lisboa e ao Quartel de Caçadores de infantaria, onde, equivocado, julga ir deixar os restos de
si dos últimos dois anos.
Mas não acaba em Caçadores de infantaria esta sua viagem de ida e volta. Na aldeia descobre
que pouco mudou, apesar da aparência dos bairros novos que alargam a cidade nos despojos
que a guerra oferece a quem a serve de livre vontade; apesar da fuga dos ranchos das beiras para
paragens mais distantes e europeias; apesar da transformação dos meninos guerreiros de
retornados da guerra em serventes de pedreiro nos arrabaldes da cidade, em motoristas, em
padeiros, em polícias, em porteiros de prédios novos.
Filipe Bento anseia encontrar os meninos da sua aldeia e não os encontra. Busca perceber como
é que esses companheiros nascidos já escravos das vinhas, se haviam transformado em soldados
prontos a marchar de G3 para uma quente terra e uma guerra de que pouco ou nada conheciam.
Em que escola, em que catequese, em que relações de poder envolvendo gente sem terra,
ganhões de jorna pouca, pequenos agricultores, GNR’s, negociantes, armazenistas, caciques
locais e land lords de extensas vinhas e grandes adegas, com interesses económicos já noutros
negócios, patrões a quem começavam a faltar a mão de obra local e os beirões para tratar de
suas terras.
E, na sua busca, Filipe Bento volta a viver Bissau, volta ao mato do sul da Guiné, às emboscadas,
às patrulhas, às flagelações sobre miseráveis aquartelamentos onde vivera, volta a Guiledje e a
Medjo, e ao Rio Balana, e ao Corredor da Morte, aos amigos feridos e mortos. E retorna ao Cais
da Rocha e a Caçadores de Infantaria, e a Tavira; às vinhas de seus avós e à ingenuidade de mosca
que eram na base do sistema, presas na teia da pirâmide de um Poder e de um regime que se
mantinha no mito do Império que nunca foi, descobrindo que alguns desse meninos que
reencontra, começavam a aprender sobre a guerra em África, o que não sabiam quando para lá
partiram.
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Nota do editor
Último post da série de 7 de novembro de 2024 > Guiné 61/74 - P26124: Agenda cultural (864): Convite para o lançamento do livro "Um Grande Militar Português - General Bethencourt Rodrigues" da autoria de António Pires Nunes, a levar a efeito no próximo dia 5 de Dezembro, pelas 17h30, no Auditório das Instalações do Instituto Universitário Militar, em Pedrouços. A obra será apresentada pelo Major-general João Vieira Borges