quarta-feira, 21 de fevereiro de 2024

Guiné 61/74 - P25193: Efemérides (427): José António Paradela (1937-2023): um ano de saudade... ("Sou um ilhéu de nome, um ilhavense, um antigo insular, mas também faço parte de um arquipélago mais vasto, que é afinal o mundo todo, à minha volta")

Ílhavo > Costa Nova do Prado > Ria de Aveiro > 25 de Agosto de 2008 > Por aqui andava o nosso Zé António,  José Antóno Boia Paradela, de seu nome completo, arquiteto e escritor, amigo de família... "Fez a tropa" na pesca do bacalhau... É membro da nossa Tabanca Grande... Com a sua morte (em 21 de fevereiro de 2023), os seus amigos também morreram um pouco...  Mas agora também eles são todos, um pouco, "ilha...venses" de nome... 


Ílhavo > Costa Nova do Prado > Ria de Aveiro > 25 de Agosto de 2008 >  O anfitrião e amigo, o ilhavense arquitecto José António Boia Paradela (pseudónimo literário, Ábio de Lápara (Ílhavo, 1937- Aveiro, 2023)


Ílhavo > Costa Nova do Prado > Ria de Aveiro > 25 de Agosto de 2008 > Costumávamo passar um dia, no verão, com o Zé António e a Matilde, na sua adorada Costa Nova, antes de seguirmos para as vindimas, para o Norte, para Candoz, nos últimos dias de agosto... Na foto, a Alice e o Zé António atolados no "tarrafo" da ria... De repente, vi-me transplantado para as margens do Geba Estreito, nas proximidades de Mato Cão, quarenta anos atrás...
Fotos (e legendas): © Luís Graça (2024). Todos os direitos reservados.[Edição: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


1. É mais do que um ano de saudade, Zé António… São muitos anos de convívio e de amizade, grande parte, afinal,  das nossas vidas, ao longo do tempo em que os nossos filhos cresceram e se fizeram homens e mulheres…  Continuamos desolados com a tua perda, irreparável.

No ano em que se comemoram também os 50 anos do 25 de Abril, não podemos deixar de evocar o teu exemplo, não apenas como criador, arquiteto e artista de obra feita, mas também como cidadão, justo e livre, e  como homem, bom, afável, culto… 

Sempre foste amigo do teu amigo, estar contigo era um prazer e uma fonte de conhecimento, tu que tocavas tantas teclas do piano da cultura humana, das artes plásticas à música, da literatura às ciências do mar, da história pátria à “epopeia da faina maior”... Tu que adoravas o mar, as Berlengas, a tua ria de Aveiro, as tuas tertúlias, um bom copo,  um bom peixe vivinho da costa, um bom marisquinho,  o ensopada de enguias da tua Costa Nova do Prado … Tu que  sempre quiseste (e lutaste por) o melhor para a tua terra e o teu/nosso  querido país.   

Por tua causa, por "mor de ti (como se diz no Norte, na terra da Alice) somos também um pouco “ilha...venses", o que para ti queria dizer: 

"Sou um ilhéu de nome, un ilhavense, um antigo insular, mas também faço parte de um arquipélago  mais vasto, que é afinal o mundo todo, à minha volta; um ilhéu, mesmo de nome,  quando deixa a sua ilha  ou a sua península, quando embarca para a Terra Nova, na “Faina Maior", ou vai para Lisboa estudar e trabalhar, nunca destrói as pontes, nunca corta o cordão dunar e umbilical que o liga ao passado e ao futuro"...

Eu e a Alice (e seguramente também o João e a Joana) não podíamos deixar de te deixar aqui uma palavrinha de ternura, à procura das peugadas cósmicas que marcam ainda os nossos trilhos em vida... Um palavra que é também de conforto para com os teus (a Matilde, o Marco, o Jorge, a tua neta, a tua nora, os teus amigos mais próximos…).

 Teu "mano" Luís.

PS – Última mensagem do seu “alter ego”, Ábio De Lápara, no Facebook (foto *a esquerda), no dia em que se despediu da Terra da Alegria:

21 de fevereiro de 2023,  14:33

Querido Facebook, o destino levou-me para um local etéreo, onde descanso agora. Como última paragem despeço-me de todos os meus amigos dia 23 na Igreja Matriz de Ílhavo, por onde andei em seu redor descalço durante a minha meninice.

Agora, o início de algo que desconheço. Parti em Paz junto dos que me amam.

Cuida da minha conta,  meu Querido , um até já.

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