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segunda-feira, 6 de setembro de 2021

Guiné 61/74 - P22518: Notas de leitura (1378): José Jamanca, Ussumane Baldé, o eterno retorno dos meus bravos (Mário Beja Santos)

1. Mensagem do nosso camarada Mário Beja Santos (ex-Alf Mil Inf, CMDT do Pel Caç Nat 52, Missirá e Bambadinca, 1968/70), com data de 4 de Outubro de 2018:

Queridos amigos,
São coisas da vida, uma mudança de casa obriga a mexer em papéis e é neste insano guardar ou deitar fora que se atiça a memória, num contexto quase improvável, tudo se julgava já no seu devido lugar, o caso da correspondência que se entregou ao camarada Luís Graça, não se conhecia melhor prova de confiança e dedicação ao entrar de corpo inteiro no blogue. E aqui se fazem desabafos e se pede fraternalmente desculpa por alguma lamechice nesta polvorosa de recordações, cada um tem direito às suas, o absurdo (ou talvez não) é como elas estão tão vivas, pois a dedicação a tais pessoas, mesmo enviesada pelos alcatruzes da vida, foi e é plena.

Um abraço do
Mário



José Jamanca, Ussumane Baldé, o eterno retorno dos meus bravos

Beja Santos

Tudo começou com uma mudança de trastes, sai-se de uma casa e entra-se noutra, parece que nasce uma nova ordem, o que estava emparelhado pede agora uma outra configuração. Com a estante dos livros, é relativamente simples: o que está a mais, o que não se voltará a ler, é para oferecer, o resto aproxima-se entre a Literatura, a Arte, a História e tudo o mais. O pior são os papéis, as pastas de plástico com notas de viagem, até bilhetes de entrada em museus ou concertos, programas disto e daquilo, há que rasoirar, não se pode acumular tudo e portanto há que selecionar o que irremediavelmente vai para o lixo e aquilo que tem valor estimativo ou até mesmo sacramental, está metido na pele, deve conservar-se até ao último dia das nossas vidas, justifica a nossa presença, tem a ver com a nossa memória.

É nisto que se encontram papéis que já deviam estar noutros sítios, noutras mãos, coisas da Guiné, que falam alto de afetos, de gente desaparecida. Uma carta de Cherno Suane, o guarda-costas de alfero, o irmão que quis vir para Lisboa, que aqui trabalhou numa loja de eletrodomésticos, vivia no Largo de São Paulo, bem perto do Cais do Sodré. Desaparecido, uma terrível doença do foro respiratório liquidou-o em lume brando.

Cherno Suane.

Uma carta garatujada de Mamadu Camará, o 221, um turbulento Dom João que arranjava problemas na tabanca Mandinga, sempre endividado, a cobiçar os sapatos de alfero, a pedir adiantamentos, um soldado destimidíssimo, foi incorporado na 2.ª Companhia de Comandos, em Salancaur um tiro desfez-lhe um calcanhar, tudo se tentou até se chegar à amputação da perna. Vive entre a Pontinha e várias casas em Belfast, como ele diz, vai visitar os netos cor café com leite. Deve ser um tique irlandês, em qualquer estação do ano anda de gravata e colete, o que vemos aqui com pé firme no capim já não existe, temos agora um gentleman, um avô bondoso, de cabelo integralmente branco.

Mamadu Camará.

Entre folhas desirmanadas, solta-se esta fotografia do José Jamanca, uma saudade larvar toma-me por inteiro, regresso a Missirá, regulado do Cuor, em agosto de 1968, depois de Albino Amadu Baldé, o sargento que de facto comandava o pelotão de milícias n.º 101, quem falava o melhor português era Mamadu Baldé, o 86, que tinha vindo quase um ano a Lisboa, fazer cirurgia a um braço metralhado, e José Jamanca, que estudara numa escola missionária, com aproveitamento excecional. Exprimia-se soltando as sílabas todas, oferecendo-se para dar aulas aos meninos de Missirá, ainda na falta de professor, por decisão própria seguia à frente do nosso alfero, tal como aconteceu naquele dia de dezembro de 1968, em Chicri, num súbito encontro com uma coluna que vinha de Madina. Adorava conversar, queria continuar os seus estudos. Um dia partiu, rescindira o seu contrato como milícia. E anos depois, bateu à porta de alfero, em Lisboa. Tirara um curso de eletricista em Leningrado, trabalho em Lisboa não lhe faltava, explicava minuciosamente o que fazia e pediu ao alfero para passear com ele pela cidade. Os anos passaram, veio anunciar que estava tuberculoso, não queria ir tratar-se sem despedir-se, foi um encontro memorável, duas memórias ao desafio, e neste preciso instante estou a vê-lo a caminhar com uma bolsa de pano a tiracolo, com andar pausado, pés em sandálias de plástico, sorri-me em Mato de Cão, chove copiosamente, viemos sem poncho, tem que se estar naquele ponto alto na observação, não se preocupe, alfero, depois vem aí o sol, tudo seca, e vamos comer as laranjas de Canturé. É uma saudade imensa, ter consciência de uma dedicação que não se tratou por igual, registar este olhar com o seu pequeno estrabismo no olho direito que em nada compromete a força de caráter que salta da imagem. Fotografia que andava desviada, José Jamanca vai ficar no meu escritório para me lembrar a qualquer instante a verdadeira cor da amizade.

José Jamanca.

E por fim a mais esquecida das cartas, veio de Ussumane Baldé, o 104, o meu soldado prussiano, quando abordado empertigava-se, punha-se em posição rígida, os braços colados às pernas, as mãos com os dedos todos fechados, ao princípio parecia que falava a medo ou que se sentia atemorizado, com os anos a tensão diminuiu, confiava na fraternidade, fora permanente a camaradagem. A carta vem datada de perto do Natal de 1991, talvez mesmo no dia em que nosso alfero regressara a Portugal depois de uma cooperação cheia de vicissitudes, com êxitos e desastres. Ussumane fala do querido pai, da confiança que ganhara nos anos de tropa em comum, pede para vir trabalhar em Portugal, tinha perdido os seus documentos, como se fosse necessário envia-me o número mecanográfico 820332/66, estivera também na 2.ª Companhia de Comandos, manda referências de todos os seus documentos e pede a este seu querido pai que satisfaça o pedido daquele filho, pede resposta urgente, que nunca chegou.

Uma nota final. Quando, em 2010, combinei com Fodé Dahaba a viagem ao Cuor para me despedir dos meus soldados, ao chegar a Bambadinca fez-se um exame de quem fora abordado ou faltara abordar. E vieram os disparos brutais: Mamadu Silá morrera há pouco tempo, outros havia que viviam longe e não tinham dinheiro para tal viagem. E Ussumane, vive ainda no Cossé? Ao lado de Fodé estava Sadjo Seidi, outro dos bravos, a viver em Ponta Coli, entre o Xime e Amedalai, e sussurrou: morreu súbito, de paludismo, o ano passado, falava muito em ti.

É este o meu eterno retorno, a despeito de pensar ter todos os papéis arrumados e a carga emocional em ordem, há sempre estes imprevistos, na arrumação dos trastes todos os bravos, ou quase, reaparecem, têm este precioso condão de trazer ânimo ao presente pois se lembra que foram anos intensos e ali se lançou à terra uma semente de camaradagem para esta memória de longo porte, sempre a pedir mais água, os troncos das árvores sobem até às nuvens. E ponto final.

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Nota do editor

Último poste da série de 4 DE SETEMBRO DE 2021 > Guiné 61/74 - P22513: Nota de leitura (1377): Jorge Monteiro Alves: “No mato ninguém morre em versão John Wayne: Guiné, o Vietname português” (Lisboa, Livros Horizonte, 2021, 191 pp.) – Parte II (Luís Graça)

segunda-feira, 27 de fevereiro de 2012

Guiné 63/74 - P9542: In Memoriam (112): Lembranças de Cherno Suane, falecido em 24 de Fevereiro de 2012 (Mário Beja Santos)

IN MEMORIAM

1. Mensagem de Mário Beja Santos (ex-Alf Mil, Comandante do Pel Caç Nat 52, Missirá e Bambadinca, 1968/70), com data de 27 de Fevereiro de 2012, lembrando a memória do nosso camarada Cherno Suane falecido recentemente em Lisboa:

Lembranças de Cherno Suane

Em 24 de Fevereiro, nos cuidados intensivos do Hospital de Santo António dos Capuchos, Cherno Suane, depois de 20 dias em coma induzido, tudo produto, ao que parece, de uma infeção respiratória que o prostrou, fartou-se de lutar com as máquinas e deu a alma ao Criador.

Era cidadão português, grande deficiente das Forças Armadas, antigo soldado da 2ª Companhia de Comandos Africana e pertencera ao Pel Caç Nat 52, foi formado pelo nosso confrade Jorge Rosales, no CIM de Bolama, teve como 1º Comandante o nosso confrade Henrique Matos Francisco, andou por Porto Gole, Enxalé, Missirá, Bambadinca e Fá Mandinga. E percorreu toda a Guiné enquanto Soldado Comando.

Dei pelas qualidades deste soldado valoroso em 6 de Setembro de 1968, na primeira flagelação que sofri em Missirá, tinha chegado há pouco, todo aquele foguetório me escapava um pouco ao lado, procurava atinar com as melhores medidas na resposta ao fogo, corria entre abrigos e apercebi-me que havia um apontador de morteiro 60, perlado de suor, que percorria o perímetro sem desfalecimento, fazia o espetáculo sozinho, transportava prato e tubo e uma fieira de granadas ao pescoço. No final da refrega, pedi explicações ao Saiegh sobre tal procedimento e a resposta foi incisiva: o Cherno não tem medo de nada, não precisa de instruções debaixo de fogo.

Em meados de Outubro, Ieró Baldé, conhecido por Nova Lamego, que voluntariamente se propusera a intendência de ser meu guarda-costas, anunciou que ia pedir transferência para a região do Gabu e informava-me que encontrara a pessoa mais idónea para defrontar a Binta Sambu, a temível lavadeira destruidora de roupa de todas as cores, para limpar a G3, para arejar a morança e vir chamar nosso alfero a qualquer hora do dia ou da noite, estava assegurado que onde andasse nosso alfero Cherno Suane colava-se à sua sombra. Começava uma estima profundíssima que vem retratada nas memórias que escrevi neste blogue e que passaram a livros. Foram, tais livros, também dedicados a Cherno Suane. Quando nos separámos, em Agosto de 1970, o Cherno alistou-se na 2ª Companhia de Comandos Africana, se bem que tivesse sequelas de um duplo traumatismo craniano, por obra e graça do acionamento de uma mina anticarro dentro do Cuor (Canturé), a sua folha de louvores e condecorações era impressionante, foi prontamente incorporado.

Com a independência da Guiné-Bissau, iniciou-se o calvário do Cherno, preso sem culpa formada no Cumeré, foi sujeito a humilhações e atrocidades até ao golpe de Nino, em Novembro de 1980, conseguiu depois regressar ao Cuor, onde tinha constituído família e laços profundos ligavam-no aos Soncó e aos Mané. Trabalhou na região de Gambiel na empresa Socotram, unidade de corte e processamento de madeira, um daqueles empreendimentos ruinosos que vinham da era Luís Cabral. Em 1990, volto a Missirá e aí o encontro. Trabalhei depois mais de quatro meses na Guiné, em 1991, consegui tratar dos papéis, o Cherno veio e aqui se radicou. Todo o dinheiro que juntava era para a família, vivia permanentemente à míngua, tiranizado pelas obrigações familiares. Visitávamo-nos regularmente, para ele era sempre um prazer um almoço numa tasca na região de S. Paulo, era ali que comíamos polvo panado. Nos grandes eventos, dava-me a alegria da sua presença, ele, o Queta Baldé, o Mamadu Camará e o Abudu Soncó.

Não sei o que devo escrever para gritar esta ausência. Ele era zeloso, dedicado e grande companheiro. Estou a vê-lo a procurar aplacar o meu choro convulsivo, na minha morança, quando o Cabo Paulo Ribeiro Semedo ficou estropiado na região do Chicri, “Alfero, tem paciência, é a vontade de Deus!”, retirou-me a camisa com pastas de sangue do Paulo e abraçou-me. O que se passou na mina anticarro foi um verdadeiro milagre, basta ver a fotografia e perceber que com o fragor da explosão desapareceu o guincho, onde ia sentado o Cherno. No fim daquela tormenta, quando apontei um foco à procura dele e não o encontrámos, suspeitei que se tinha volatizado, a verdade é que foi descoberto quase a 20 metros de distância, como nos números do circo o sopro atirara-o para bem longe, teve sorte em cair em cima de vegetação, mas veio completamente destroçado, rasgado, demorou meses a recompor-se. E estou a vê-lo na hora da despedida, no Xime, onde fui tomar a LDM para Bissau. O Cherno desapareceu e alguém comentou: “Não gostamos que nos vejam a chorar. O Cherno não voltará a ser guarda-costas de mais ninguém, nosso alfero era para ele um irmão, ele vai ficar à espera que o chame”.

E assim estes homens valorosos vão desaparecendo, deixando buracos negros na consciência de quem perde o seu afeto, fica a memória, a recordação de uma dignidade e postura irrepreensíveis.

Peço desculpa de partilhar convosco esta mágoa sem fim.

Mário
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Nota de CV:

Vd. último poste da série de 22 de Fevereiro de 2012 > Guiné 63/74 - P9516: In Memoriam (111): Joaquim Fernando Ferreira Martins, ex-Fur Mil Inf.ª de Armas Pesadas que cumpriu a sua comissão de serviço no CTI da Guiné entre 1961 e 1963

quarta-feira, 12 de novembro de 2008

Guiné 63/74 - P3441: O Tigre Vadio, o novo livro do nosso camarada Beja Santos (6): Notícia do lançamento (Lusa) + Fotos (Luís Graça)


Lisboa > Museu da Farmácia > 11 de Novembro de 2008 > Cerimónia do lançamento do livro Diário da Guiné, 1969-1970: O Tigre Vadio (*) > No anfiteatro do museu > Da esquerda para a direita, o jornalista e escritor António Valdemar, a Dra. Guilhermina Gomes, representante da Editora (Círculo de Leitores e Temas & Debates), o Gen Ref Mário Lemos Pires, e o autor, o nosso querido amigo e camarada Mário Beja Santos. O embaixador da Guiné-Bissau chegou ligeiramente atrasado, tendo-se depois sentado à mesa e feito uma pequena alocução no fim.



Lisboa > Museu da Farmácia > 11 de Novembro de 2008 > Lançamento do livro Diário da Guiné, 1969-1970: O Tigre Vadio > O Gen Lemos Pires, que esteve na Guiné, no período de 1969/70, como chefe da Rep Apsico, foi o principal apresentador do livro, tendo-se debruçado sobre os aspectos militares, humanos e operacionais, da actuação do autor, que alferes miliciano, comandante do Pel Caç Nat 52, e de mais dois pelotões de milícias, de Finete e de Missirá (cerca de 100 homens em armas). A seu lado, o embaixador em Lisboa da República da Guiné-Bissau, Constantino Lopes, um antigo Combatente da Liberdade da Pátria, que esteve preso no Tarrafal, de 1962 a 1969, e que é hoje o único herdeiro e proprietário da Ponta do Inglês (exploração agrícola, de 50 hectares; o seu pai, Luís Lopes, tinha por alcunha o Inglês).



Lisboa > Museu da Farmácia > 11 de Novembro de 2008 > Lançamento do livro Diário da Guiné, 1969-1970: O Tigre Vadio > António Valdemar, amigo pessoal do autor, apresentou a obra, valorizando em especial os seus aspectos literários. Disse publicamente que, como homem de esquerda, era contra a guerra, em geral, e contra a guerra colonial, em particular. A seu lado, a Dra. Guilhermina Gomes, representante dos editores (Círculo de Leitores e Temas & Debates), que abriu a cerimónia, com um especial agradecimento à Associação Nacional de Farmácias, pela disponibilização do magnífico espaço que é o Museu da Farmácia, sito num palacete da Rua Marechal Saldanha, nº 1, ao Bairro Alto.


Lisboa > Museu da Farmácia > 11 de Novembro de 2008 > Lançamento do livro Diário da Guiné, 1969-1970: O Tigre Vadio > Emocionado, Beja Santos agradeceu a presença de tantos amigos e camaradas que ali se deslocaram, e fez questão de sublinhar o significado da presença do embaixador guineense em Portugal, Constantino Lopes. Este, por outro lado, reafirmou o desejo profundo dos guineenses de viverem em paz e de ganharem o direito a completar a sua luta de libertação.



Lisboa > Museu da Farmácia > 11 de Novembro de 2008 > Lançamento do livro Diário da Guiné, 1969-1970: O Tigre Vadio > Sessão de autógrafos: em primeiro plano, o escritor e os membros dos da nossa Tabanca Grande, Carlos Silva, que mora em Massamá-Queluz, e Carlos Marques dos Santos, que veio de Coimbra, com a sua esposa, a nossa amiga Teresa.



Lisboa > Museu da Farmácia > 11 de Novembro de 2008 > Lançamento do livro Diário da Guiné, 1969-1970: O Tigre Vadio > O Benjamim Durães, residente em Setúbal, que foi Fur Mil da CCS do BART 2917 (Bambadinca, 1970/72).



Lisboa > Museu da Farmácia > 11 de Novembro de 2008 > Lançamento do livro Diário da Guiné, 1969-1970: O Tigre Vadio > O Raul Albino e o nosso (elegantíssimo) co-editor Virgínio Briote. O Raul foi Alf Mil da CCAÇ 2402, unidade a que pertencia originalmente o Beja Santos e o Medeiros Ferreira (este não compareceu ao embarque para a Guiné, tendo pedido asilo político na Suiça; o Beja Santos, por sua vez, foi transferido para o Pel Caç Nat 52). Contou-me o Raul que há dias encontrou na rua o seu antigo camarada Medeiros Ferreira, hoje uma conhecida figura pública, mas que não teve lata de lhe falar... "Foi pena" - comentei eu. "Ele deveria de gostar de saber tuas notícias tuas".



Lisboa > Museu da Farmácia > 11 de Novembro de 2008 > Lançamento do livro Diário da Guiné, 1969-1970: O Tigre Vadio > Um dos maiores representantes, na diáspora, da cultura guineense actual, o mestre, tocador de Kora e cantor (didjiu) Braima Galissá, mandinga do Gabu. (Recorde-se que o didjiu era, no passado, o tocador e cantor que ia, de tabanca em tabana contando estórias e transmitindo as últimas notícias)…Foram os seus tetravós que inventaram este instrumento único que é o Kora. Na festa do Beja Santos, ele tocou, cantou e encantou. Temos registos em vídeo da sua audição, e que ele nos autorizou a reproduzir no nosso blogue. Será também futuramente um dos membros da nossa Tabanca Grande.



Lisboa > Museu da Farmácia > 11 de Novembro de 2008 > Lançamento do livro Diário da Guiné, 1969-1970: O Tigre Vadio > No hall do museu da Associação Nacional de Farmácias(riquimamentre revestido a tapeçarias de Portalegre, assinadas por conhecidos artistas plásticos portugueses como o Manuel Cargaleiro ou o Cruzeiro Seixas), três camaradas nossos fazem horas: Carlos Marques dos Santos (de costas), o António Santos, à sua direita, e o Belarmino Sardinha.


Lisboa > Museu da Farmácia > 11 de Novembro de 2008 > Lançamento do livro Diário da Guiné, 1969-1970: O Tigre Vadio > Representantes femininas da FAP - Força Aérea Portuguesa, que estiveram no teatro de operações durante da guerra do ultramar / guerra colonial. Este grupo de camaradas nossas fez doações ao Museu, de grande valor museológico, documental e simbólico. Tal como o Beja Santos que ofereceu um aerograma, enviado à noiva, Cristina Allen, onde são referidos alguns dos medicamentos que lhe foram prescritos, por ocasião de um internamento no Hospital Militar de Bissau.

Lisboa > Museu da Farmácia > 11 de Novembro de 2008 > Lançamento do livro Diário da Guiné, 1969-1970: O Tigre Vadio > O Carlos Marques dos Santos, ex-Fur Mil da CART 2339 (Mansambo, 1968/70), cumprimentando, a enfermeira pára-quedista, do 1º curso, Zulmira André, que conheceu bem o TO da Guiné.



Lisboa > Museu da Farmácia > 11 de Novembro de 2008 > Lançamento do livro Diário da Guiné, 1969-1970: O Tigre Vadio > Em primeiro plano, o antigo major Cunha Ribeiro, hoje Coronel, rijo nos seus 84 anos... Ei-lo aqui, o nosso querido Major Eléctrico, segundo comandante do BCAÇ 2852 (Bambadinca, 1968/72), à fala com o nosso camarada J. L. Vacas de Carvalho. Em segundo plano, à esquerda, o Cor Art Ref Coutinho e Lima, antigo comandante do COP 5 (Guileje), e membro da nossa tertúlia, que vai também fazer o lançamento do seu já anunciado livro de memórias, em 13 de Dezembro próximo. A seu lado, um Alferes Miliciano que também passou por Bambadinca em 1970 e que foi depois transferido para o Batalhão de Comandos Africanos. (Desculpa, camarada, mas não registei o teu nome).



Lisboa > Museu da Farmácia > 11 de Novembro de 2008 > Lançamento do livro Diário da Guiné, 1969-1970: O Tigre Vadio > O primeiro comandante do Pel Caç Nat 52 (Porto Gole e Enxalé, 1966/68), Henrique Matos, com o Queta Baldé. Depois desta cerimónia, estive o grato prazer de ir à Cervejaria Trindade jantar com o Henrique e mais um grupo de camaradas: o Humberto Reis, o Carlos Silva, o Jorge Cabral, o João Reis (Pel Caç Nat 52) e o José António Viegas (Pel Caç Nat 54). Estes dois últimos, mais o Henrique, vieram de propósito do Algarve para assistir à cerimónia. Vão também entrar na nossa Tabanca Grande.



Lisboa > Museu da Farmácia > 11 de Novembro de 2008 > Lançamento do livro Diário da Guiné, 1969-1970: O Tigre Vadio > O Queta Baldé, a "memória de elefante" do Beja Santos, e o Cherno Suane, guarda-costas do autor quando comandante do Pel Caç Nat 52 (Missirá e Bambadinca, 1968/70).

Fotos e legendas: © Luís Graça (2008). Direitos reservados.



1. Com a devida vénia, reproduzimos aqui um excerto da notícia da Lusa, publicada no Marão on line, Diário regional de Trás-Os-Montes, Douro, Tâmega e Sousa, onde o nosso camarada Mário é colaborador regular (igualmente reproduzida no sítio PNETliteratura, do Grupo PortugalNet):

Marão 'On Line'> 12 de Novembro de 2008 > GUERRA COLONIAL: Lançado segundo volume de memórias de Beja Santos sobre a guerra na Guiné-Bissau:


Mário Beja Santos, ex-combatente no Ultramar português, lançou terça-feira, em Lisboa, o segundo volume de memórias da guerra, no qual conta episódios que marcaram a sua passagem pela Guiné-Bissau.

Diário da Guiné - O Tigre Vadio é um testemunho e não me refugiei num heroísmo que nunca tive”, disse o autor do livro que, emocionado, recordou as histórias de pessoas que lhe morreram nos braços enquanto estava na guerra.

Beja Santos é um reconhecido especialista em questões de política do consumidor e colaborador do Marão Online e do Repórter do Marão há quase 20 anos, meios onde publica regularmente artigos sobre assuntos de consumo, saúde e cidadania.

Nas palavras do jornalista António Valdemar, que fez a apresentação do livro, a obra de Beja Santos tem “um forte conteúdo humano, narrado com a verdade de quem esteve presente em todos os momentos”.

Neste livro, com 440 páginas, o autor relata acontecimentos da guerra entre 1969 e 1970 e, segundo o prólogo escrito pelo próprio, Tigre Vadio foi, de todas, a operação “mais sangrenta” em que esteve envolvido.

Mário Beja Santos garantiu, na apresentação do livro, que vai continuar a escrever. “A memória está viva e vou procurar ser digno dela, trabalhando-a o melhor possível”, afirmou.

O primeiro volume do Diário da Guiné diz respeito aos anos de 1968 e 1969 - Na Terra dos Soncó. Ambos os volumes foram publicados pelas editoras Círculo de Leitores e Temas e Debates.

Beja Santos, assessor principal da Direcção-Geral do Consumidor, foi autor de programas televisivos, colaborador da rádio e da imprensa e é professor do ensino superior.

O lançamento do livro, a que assistiu o embaixador da Guiné-Bissau em Lisboa, integrou-se na celebração do Dia do Armistício, em que o Museu da Farmácia homenageou o soldado português.

Na homenagem estiveram presentes representantes da Força Aérea Portuguesa, que ofereceram várias farmácias portáteis utilizadas na guerra colonial.

Aproveitando também o 90.º aniversário do Armistício da Grande Guerra Mundial 1914-1918, seis enfermeiras pára-quedistas ofereceram uma farda utilizada quando vinham a Portugal.

Lusa

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Nota de L.G.:

(*) Vd. poste anterior > 11 de Novembro de 2008 > Guiné 63/74 - P3440: O Tigre Vadio, o novo livro do nosso camarada Beja Santos (5): As primeiras imagens do lançamento (V. Briote)