Mostrar mensagens com a etiqueta capelães. Mostrar todas as mensagens
Mostrar mensagens com a etiqueta capelães. Mostrar todas as mensagens

quarta-feira, 24 de julho de 2024

Guiné 61/74 - P25773: O melhor de... A. Marques Lopes (1944-2024) (6): Et maintenant que vais-je faire / De tout ce temps que sera ma vie... ?!

A. Marques Lopes, s/l
(EPI, Mafra ?)
 s/d (c. 1966 ?)
1. Os seminários da Igreja Católica forneceram às forças armadas portuguesas, e sobretudo ao exército (mas também à FAP e aos paraquedistas), importantes contingentes de graduados, milicianos, durante a guerra colonial. Furriéis, alferes, capitães. Mas também cabos e soldados, que não quiseram dar as habilitações literárias (ou que não chegaram a completar o 5º ano). (*)

Em quantidade e qualidade. Em geral, eram jovens com boa formação humana, moral e intelectual, com hábitos de disciplina, sacrifício, resiliência e abnegação, mas também de treino físico e prática desportiva... E em princípio estariam mais protegidos contra as "ideias subversivas" (ou "dissolventes") que grassavam nos liceus e universidades, sobretudo a partir da crise estudantil de 1962…
 
Tinham, além disso, competências relacionais (liderança, trabalho em equipa, 
comunicação, gestão de conflitos,  do tempo e do stress) que eram relevantes para a condução de grupos de combate, em difíceis teatros de operação como o da Guiné.  Tinham também uma boa cultura geral (com bons conhecimentos de latim e  do grego, e da literatura da antiguidade clássica), a par do gosto pela música.   Alguns animaram os "jornais de caserna" no mato e escreveram a histórias das unidades…

Muitos eram oriundos do meio rural, ou de pequenas cidades e vilas do interior, mais conservador do que o meio citadino. Vinham de famílias pobres ou remediadas, um ou outro excecionalmente da elite ou da classe média alta.  Em geral, eram cooptados por toda uma vasta rede informal de professoras do ensino primário, catequistas e párocos, angariadores de potenciais vocações sacerdotais de entre os melhores alunos do ensino primário obrigatório.

Os seminários menores e maiores, tanto diocesanos como das ordens religiosas (salesianos, franciscanos, dominicanos, jesuitas...) , ofereciam a estes jovens oportunidades de educação e mobilidade social ascendente que, à partida, lhes eram vedadas pela sua origem sociofamiliar e a tacanhez da terra onde viviam. O acesso, nomeadamente ao ensino liceal, era limitado a certas camadas da população urbana. A barreira começava na preparação e nos exames de admissão ao liceu. As provas, escritas e orais, eram feitas em geral nas capitais de distrito, bem longe das pacatas vilas e aldeias do interior do país…

Está por estudar o papel dos ex-seminaristas na nossa longa guerra colonial (1961/74)… Muitos deles, depois da saída do seminário (em geral, na sequência de uma dupla crise, vocacional e de fé), eram rapidamente chamados para a tropa… 

Recorde-se que, por força da Concordata de 1940 (assinada entre Portugal e o Vaticano), os sacerdotes católicos estavam dispensados do serviço militar obrigatório, podendo depois servir a Pátria como capelães castrenses, dependendo da vontade do seu bispo e das necessidades das Forças Armadas. Os seminaristas gozavam do mesmo privilégio no período da sua formação.

Sobretudo os que deixavam de frequentar o seminário maior (curso de teologia, que se iniciava no 7º ano, de um total de 12 anos letivos) eram rapidamente chamados às fileiras do exército. Recorde-se que as suas habilitações literárias não eram automaticamente reconhecidas pelo sistema de ensino oficial. Davam equiparação apenas para efeitos de emprego público e para a tropa. 

Os ex-seminaristas, com o 7º ano ou mais, não podiam inscrever-se automaticamente (e prosseguir os seus estudos) na escola pública e muito menos na universidade. Ou seja, o 7º ano do seminário (equivalente a 11 anos de escolaridade) não tinha os mesmos efeitos legais do 7º ano do liceu, para efeitos académicos.

Não tinham, por isso, direito ao famoso "adiamento", de que beneficiavam  os estudantes universitários que não reprovassem (e que se "portassem bem", não se metendo em "encrencas")… Não admira, por isso, que em quase todas as unidades ou subunidades houvesse um ou mais alferes miliciano, furriel miliciano, ou 1º cabo, ex-seminarista.  

Faltam-nos histórias de vida, relatos autobiográficos, diários, depoimentos, entrevistas, trabalhos de investigação, estatísticas… Temos mais de meia centena de referências com o descritor "seminário", no nosso blogue. 

Há já alguns romances ou livros de cariz autobiográfico sobre este tema (o seminário e a guerra colonial): recorde-se aqui, entre outros, a talhe de foice (todos eles com referências no nosso blogue): 

(i) "Construção e Desconstrução de um padre", de Horácio Neto Fernandes  (Porto, Papiro Editora, 2009) 

(ii) "O Seminarista e o Guerrilheiro”, de Cândido Matos Gago (Grândola, edição de autor, 2015); 

(iii) "Cabra-cega: do seminário para a guerra colonial", de João Gaspar Carrasqueira (pseudónimo do nosso camarada A. Marques Lopes) (Lisboa, Chiado Editora, 2015);

(iv) "O Silvo da Granada, Memórias da Guiné", de José Maria Martins da Costa (Lisboa, Chiado Books, 2021);


2. Retomamos o livro do A. Marques Lopes, "Cabra Cega", que tem no subtítulo, de maneira explícita, a figura do seminário: "do seminário à guerra colonial" (**). 

Este excerto do seu livro de memórias, é retirado das pp. 219/223 , seguindo a seleção que ele próprio fez na sua página do Facebook, na postagem de 27 de setembro de 2022, às 16:32 (aqui a narrativa era já feita na 1ª pessoa do singular, assumindo o autor que o "Aiveca" do livro era o seu "alter ego"...). Mantemos a versão do livro de 2015 ("Cabra Cega", Lisboa, Chiado Books).

Aiveca e os outros alferes da companhia, acabados de serem promovidos (Zé Pedro, Aprígio, Castro) falam da "missa de despedida", a que o primeiro se furtou de ir, argumentando que estava farto de missas, e que era bem melhor que o capelão pegasse no tema do Gilbert Bécaud, que se cantava na instrução em Lamego, no curso de operações especiais: "Et maintenant que vais-je faire / De tout ce temps que sera ma vie..." (E, agora, o que é que eu vou fazer / De todo este tempo que vai ser a minha vida...)


Et maintenant que vais-je faire, de tout ce temps que sera ma vie... ?!

por A. Marques Lopes (1944-2024)


Fomos promovidos a alferes antes do embarque. Ia haver também aquilo a que chamaram cerimónia de despedida, a que se seguiria uma missa na parada.

Aiveca não tinha vontade nenhuma de assistir à missa quando soube que ia haver. Com muito menos ficou quando o capitão, que os tinha reunido para falar do que havia, acrescentou que era o major-capelão Euclides que ia celebrar a missa.

– Que filho da puta  sussurrou entre dentes.

Os outros alferes olharam para ele.

 Disse alguma coisa, Aiveca ?  
– perguntou o capitão.

Ainda bem que não o ouvira.

 Meu capitão, estava a dizer que não vou à missa – r
espondeu.

Agora eram todos espantados, inclusive o capitão. Viu que tinha de dar uma explicação, mas não ia dar a verdadeira.

 É que eu não sou católico  
– foi a razão mais rápida que encontrou.

Admiração geral. O capitão ficou hesitante, parecia embuchado, sem palavras.

 Tá bem, se é assim…   
– lá acabou por dizer, mas pareceu contrariado por não ter argumentos.

Ainda se lembrava da conversa parva do padre Euclides quando o encontrara no Cais do Sodré, estava ele a trabalhar no porto de Lisboa. Quando soube disso abriu os olhos horrorizado: "Cuidado com os comunistas!"... 

Era uma besta, não gostava nada dele. Já sabia que ele e o padre Gama tinham ido para capelães-militares, o Gonçalves dissera-lhe quando estava no RI1, mas estava longe de ver aquele gajo ali. Se fosse o Gama,  era diferente. Ele fora o seu professor da instrução primária no colégio dos padres, dera-lhe uma ou outra palmatoada, é verdade, mas fora sempre um bom amigo dos miúdos. Se fosse ele até iria à missa e gostaria de falar com ele no final.

Meteu-se no bar de oficiais durante a missa mas não se livrou de a ouvir e ao sermão do Euclides, porque os altifalantes gritavam para todo o lado. Nada de novidade, já sabia que daquele não sairia outra coisa. Fez uma bela dissertação sobre o amor à pátria, a defesa do património nacional, etc. Esqueceu-se é de falar contra os comunistas.

Passado algum tempo depois de tudo terminar, apareceram os outros alferes. O Zé Pedro olhou para o meu copo e disse ao barista para lhe trazer também um whisky.

 Então, gostaram da missa?
 perguntocau o Aiveca.

O Castro e o Zé Pedro disseram que sim, mas sem grande ênfase. "Estão com receio de ferir as minhas crenças", pensou com um sorriso irónico. Ficaram silenciosos depois.

 
– Olha lá – decidiu-se o Aprígio, que não dissera que sim nem que não  , afinal qual é a tua religião?”

 
– Estava a ver que não me perguntavam – riu-se.  – Eu vou dizer. Mas não vão bufar nada ao capitão, tá bem?

Todos abanaram a cabeça e disseram seriamente que nem pensar, pá.

 Ó meus amigos, eu tenho de ser católico, apostólico, romano. Batizaram-me quando era bebé, ainda não sabia dizer nem que sim nem que não, só me deu para chorar, é o que dizem os meus pais. Depois, quando era puto e andava num colégio de padres, fiz a comunhão solene e fui crismado. Se dissesse que não queria corriam comigo, mas nem pensar pois estava lá de borla e os meus pais não me podiam pôr noutra escola. Mas, olhem, na altura até achei piada àquilo, foi giro. É isto. Como vêem sou oficialmente católico desde a nascença, como a maioria em Portugal.

Ficaram perplexos. Aiveca percebeu-se que esperavam uma novidade, algo que desse para fazerem mais perguntas. O Aprígio, sobretudo, pareceu desiludido. Só o Zé Pedro reagiu.

 Ó Aiveca, mas, então, porque não quiseste ir à missa?

– Não quis porque já estou farto de missas, é isso.

Não quis dizer que não gostava do major-capelão para não ter que explicar porquê. Nem porque estava farto. Fizera contas e chegara à conclusão que assistira a mais de 4.200 missas, contando as do seminário e as do colégio dos padres. Nunca lhes dissera que tinha estado no seminário e não era agora que ia dizer.

 
– É a tua maneira de ver  – continuou o Zé Pedro.   – Mas eu acho que esta missa foi importante para malta que vai para a guerra. Deu-nos mais calma e confiança na ajuda de Deus.

 
– Talvez, no geral, uma missa tenha esse objetivo, tá bem, pode ser que sim. Mas o desta não foi este. Foi antes um apelo à guerra, bem patente no sermão do major-capelão, nada diferente do que disse o comandante do Regimento na cerimónia da despedida nem do que dizem os membros do Governo.

– Isso é verdade, é todos o mesmo  – disse o Aprígio.  – E olhem, se eu não fosse para a guerra é que era uma grande ajuda de Deus. Podem ter a certeza que assim é que ficaria bestialmente calmo.

– Ó Aprígio, estou a ver que tu e o Aiveca não estão a entender.

–  Diga lá, doutor Castro.

O Aiveca sorriu sem o hostilizar, embora imaginasse que ia sair dali palermice.

 Não gozes. Os discursos de Salazar visam mentalizar o povo para a necessidade de fazer a guerra e o que disse o comandante do Regimento e o sermão do padre tiveram como objectivo motivar os soldados para se empenharem nela. Acho importante isso.

 O coronel e o Salazar percebo, é o papel deles. O padre é que não tinha nada que se meter nisso, fazer pandã com eles, não é esse o papel dele. Era melhor que glosasse aquela do Gilbert Bécaud que tu conheces lá de Lamego.

Quis ser mau e cantou: “Et maintenant que vais-je faire, De tout ce temps que sera ma vie, De tous ces gens qui m’indiffèrent.”

O Aprígio e o Zé Pedro riam-se, o Castro estava sério.

– Disto é que ele devia falar
 disse Aiveca acabando de cantar. – Mas estou a ver que não percebem nada de francês, nem tu, Castro. Ouvias sem saber o que o Bécaud dizia. Só fazia que saltasses da cama.


António Marques Lopes

Página do Facebook do A. Marques Lopes | 27 de setembro de 2022, às 16:32 e livro "Cabra Cega" (2015, pp. 219/223)


(Seleção, revisão / fixação de texto, título, negritos, itálicos, parênteses retos: LG)

_________





Capa do livro "Cabra-cega: do seminário para a guerra colonial", de João Gaspar Carrasqueira (pseudónimo do nosso camarada A. Marques Lopes) 
(Lisboa, Chiado Editora, 2015, 582 pp. ISBN: 978-989-51-3510-3, 
Colecção: Bíos, Género: Biografia).



Capa do livro "Cabra-cega", de A. Marques Lopes, lançado no Brasil (Paperblur, São Paulo, 2019). Não está à venda nas livrarias, é impresso sob encomenda, é um novo conceito de edição.
_____________

Notas do editor:

(*) Vd. poste de 26 de agosto de 2018 > Guiné 61/74 - P18954: (Ex)citações (343): porquê tantos ex-seminaristas nas fileiras do exército, durante a guerra colonial? (António J. Pereira da Costa / Virgílio Teixeira / José Nascimento / A. Marques Lopes / Juvenal Amado)

(**) Postes anteriores da série:

sexta-feira, 28 de julho de 2023

Guiné 61/74 - P24513: Álbum fotográfico do Padre José Torres Neves, ex-alf graduado capelão, CCS/BCAÇ 2885 (Mansoa, 1969/71) - Parte XI: Cutia, imagens diversas do quotidiano da tabanca e destacamento


Guiné > Região do Oio > Sector 4 (Mansoa) > BCAÇ 2885 (Mansoa, 1969/71) > Capinagem (1)


Guiné > Região do Oio > Sector 4 (Mansoa) > BCAÇ 2885 (Mansoa, 1969/71) > Capinagem (2)

Guiné > Região do Oio > Sector 4 (Mansoa) >  BCAÇ 2885 (Mansoa, 1969/71) > Capinagem (3)

Guiné > Região do Oio > Sector 4 (Mansoa) > BCAÇ 2885 (Mansoa, 1969/71) > Capinagem (4)


Guiné > Região do Oio > Sector 4 (Mansoa) > BCAÇ 2885 (Mansoa, 1969/71) > A caminho do poço

Guiné > Região do Oio > Sector 4 (Mansoa) > BCAÇ 2885 (Mansoa, 1969/71) > Crianças no poço (1)

Guiné > Região do Oio > Sector 4 (Mansoa) > BCAÇ 2885 (Mansoa, 1969/71) > Crianças no poço (2)

Guiné > Região do Oio > Sector 4 (Mansoa) > BCAÇ 2885 (Mansoa, 1969/71) >  Discussão de mulheres no poço (1)


Guiné > Região do Oio > Sector 4 (Mansoa) > BCAÇ 2885 (Mansoa, 1969/71) >  Discussão de mulheres no poço (2)


Guiné > Região do Oio > Sector 4 (Mansoa) > BCAÇ 2885 (Mansoa, 1969/71) >   Messe e... posto escolar e militar (1)


Guiné > Região do Oio > Sector 4 (Mansoa) > BCAÇ 2885 (Mansoa, 1969/71) >   Messe e... posto escolar militar (1)


Guiné > Região do Oio > Sector 4 (Mansoa) > BCAÇ 2885 (Mansoa, 1969/71) > Estrada... e eira.

Guiné > Região do Oio > Sector 4 (Mansoa) > BCAÇ 2885 (Mansoa, 1969/71) > Destacamento e tabanca de Cutia > Imagens diversas do quotidiano da tabanca

Fotos (e legendas): © José Torres Neves (2023). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


1. Continuação da publicação do álbum fotográfico do Padre José Torres Neves, ex-alf graduado capelão, CCS/BCAÇ 2885 (Mansoa, 1969/71). Desta vez tendo por tema o destacamento e a tabanca de Cutia, que ficava a meio caminho entre Mansoa e Mansabá. (*)

Estas são as fotos  de um quarto lote sobre Cutia. Temos mais de 35 referências a Cutia. O Jorge Picado tem aqui, no poste P2881, uma excelente descrição do destacamento e tabanca de Cutia do seu tempo (1970/72) (**).

Na altura, havia em Cutia um Pelotão da CCAÇ 2589 / BCAÇ 2855 (Mansoa, 1969/71) e ainda o Pel Caç Nat 61 (ou Pel Caç Nat 57) e ainda um Esquadrão de um Pelotão de Morteiros.

A oganização e a seleção das fotos são feitas pelo seu amigo e nosso camarada, o médico Ernestino Caniço, ex-alf mil cav, cmdt do Pel Rec Daimler 2208 (Mansabá e Mansoa), tendo passado depois pela Rep ACAP - Repartição de Assuntos Civis e Ação Psicológica, (Bissau) (Fev 1970/Dez 1971).

O José Torres Neves é missionário da Consolata, ainda no ativo. Vai fazer, em 2023, os 87 anos. Vive num país africano de língua oficial portuguesa. Esteve no CTIG, como capelão de 7/5/1969 a 3/3/1971. Estamos-lhe muito gratos pela sua generosa partilha.

As fotos (de um álbum com cerca de 200 imagens) estão a ser enviadas, não por ordem cronológica, mas por localidade, aquartelamentos ou destacamentos do sector de Mansoa.
____________


(**) Vd. poste de 24 de maio de 2008 > Guiné 63/74 - P2881: Estórias de Jorge Picado (2): Cutia, I Parte (Jorge Picado)

sexta-feira, 8 de maio de 2020

Guiné 61/74 - P20951: (In)citações (146): Homenagem ao ex-alf mil capelão, Arsénio Puim, CCS / BART 2917 (Bambadinca, 1970/72), no seu 84º aniversário - Parte I: "A coragem de um padre que não abdicou de o ser lá onde era o seu sítio: o altar" (Abílio Machado)


Viana do Castelo > 16 de Maio de 2009 > 3º Convívio do pessoal da CCS do BART 2917 (Bambadinca, , 1970/72). > O ex-alf mil capelão Arsénio Puim veio propositadamente dos Açores. (Aliás, voltaria no ano seguinte, para o 4º convívio, que se realizou em Corcuhe, em 27 de março de 2010.)

Há 38 anos que não via nem abraçava os seus camaradas e amigos do batalhão e subunidades adidas (**).  Para ele, o fim da comissão de serviço, no TO da Guiné. acabou abruptamente, ao cabo de 12 meses, em maio de 1971, com a sua expulsão das fileiras do exército e do CTIG.

Foto (e legenda):  © Benjamim Durães (2009). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


1. Do Miguel Puim, economista, filho mais novo do nosso camarada Arsénio Puim, recebemos, há mais de dois meses, o seguinte pedido:

Data: domingo, 16/02, 16:54

Assunto: Guiné, Arsénio Puim


Caro Luís Graça,

Apresento-me,  referindo que sou filho de Arsénio Puim, com o qual conviveu na Guiné. No próximo dia 8 de maio, Arsénio Puim fará 84 anos. (*)

Neste contexto, encontro-me a juntar um conjunto de felicitações / depoimentos sobre o meu pai, feitos por quem o conhece e com ele conviveu em diferentes etapas da vida, com o intuito de lhe ser oferecido no seu dia de aniversário.

Neste sentido, gostaria muito de poder contar com uma mensagem sua de felicitação. Tendo em conta igualmente que conviveu com o meu pai na Guiné, gostaria ainda de lhe pedir um testemunho sobre o meu pai, destacando algo que entenda relevante relativamente à sua ação na Guiné.

Poderia igualmente indicar-me a quem acha que devo pedir um testemunho (e se possível respetivos contactos de e-mail)? 

Tendo em conta que se pretende (vamos ver se será possível!) manter a surpresa, agradeço que não lhe refira este pedido até à data do aniversário.

Muito obrigado, Miguel Puim.


2. O nosso editor Luís Graça prontificou-se, de imediato, a colaborar com o Miguel, e fez contactos com outros camaradas que conviveram com o ex-alf mil capelão Arsénio Puim, em Bambadinca, ao tempo da CCS/BART 2917 (1970/72), da CCAÇ 12 (1969/71) e de outras subunidades, como o Pel Caç Nat 52, o Pel Caç Nta 63, o Pel Rec Daimler 2206, etc.

Foi possível juntar, em tempo útil,  com discreção, e em plena pandemia de COVID-19, alguns testemunhos, que aqui reproduzimos, com a devida autorização dos próprios e do Miguel Puim.

Um dos camaradas mais próximos do Puim foi o Abílio Machado, ex-alf mil, da CCS. No mail em que mandou, em anexo, o seu depoimento, escreveu o seguinte:

 "(...) O Puim (...) está seguramente entre  as pessoas que me marcaram e com quem convivi mais estreitamente em Bambadinca (além dos furriéis  da CCAÇ 12 - ainda hoje me pergunto porque me fui juntar a tal grupo de malandros, eu, o Bilocas"... ).

O Abílio Machado  tem 15 referências no nosso blogue.   Foi alferes miliciano, com a especialidade de contabilidade e administração, pertenceu à CCS (Companhia de Comando e Serviços) / BART (Batalhão de Artilharia) 2917, sediado em Bambadinca, 1970/72.

Foi também  um dos fundadores do grupo musical "Toque de Caixa"; vive na Maia; é autor do "Diário dos Caminhos de Santiago" (Porto, 2013). 

Profissionalmente, foi quadro superior da indústria farmacêutica. É pai de filhos e avô de netos...É natural de Riba D'Ave, Vila Nova de Famalicão... A malta da CCAÇ 12 (, eu, o Tony Levezinho, o Humberto Reis, o Gabriel Gonçalves...) tratávamo-lo, com todo o respeito e ternura, por "Bilocas", o "Bilocas da Cooperativa"... Referência às suas origens, em Riba d'Ave.

O Machado era "habitué" das nossas noites loucas no bar de sargentos de Bambadinca, um "bar aberto", se bem que o Arsénio não o frequentasse, a não ser pontualmente: falávamos mal, bebíamos em excesso, ladrávamos contra os "cães grandes", invectávamos Deus e o Diabo... Havia mais alferes, como o J. L: Vacas de Carvalho, do Pel Rec Daimler 220que tocava viola, bem como  praças, por exemplo, o 1º cabo cripto da CCAÇ 12, o GG, o Gabriel Gonçalves, também outro exímio tocador de viola...O bar de sargento de Bambadinca, naquela época, era a única "ilha"  da "cova do lagarto" (nome de Bambadinca, em mandinga) onde não havia "apartheid"...


Lisboa > Centro Comercial Colombo > Loja FNAC > 12 de março de 2010 > Apresentação, ao vivo,.  do novo CD ", "Cruzes Canhoro", do grupo musical "Toque de Caixa" Edição: Ocarina. N foto, de pé, à esquerda, o porta-voz (e co-fundador) do grupo: Abílio Machado (que esteve connosco em Bambadinca, entre maio de 1970 e março de 1971; ex-Alf Mil, CCS / BART 2917, Bambadinca, 1970/72. fizemos lá uma bela amizade: ele, um periquito, um alferes de secretaria da CCS, e nós, operacionais, "pretos de 1ª classe", da CCAÇ 12, uma companhia de intervenção africana, ao serviço dos senhores da guerra de Bambadinca e de Bafatá; nós, eu, o Humberto Reis, o Tony Levezinho, o Zé da Ilha, o GG - Gabriel Gonçalves e outros, noctívagos, que gostávamos de cantar, beber, conviver, de preferência, pelas altas horas da noite... 
A malta de Bambadinca apareceu em força: aqui o Machado troca impressões com  ex-alf mil sapador Luis R. Moreira (DFA,  reformado como professor do ensino secundário) e Júlio Campos, ex-fur mil sapador, ambos da CCS / BART 2917... O Júlio, de rendição individual, chegará a Bambadinca em março de 1971, quando a malta da CCAÇ 12 faziam as maltas, aguardando o respectivo periquito... Menos de dis meses seria expulso das fileiras do exército e do TO da Guiné o ex-alf mil capelão Arsénio Puim.

Foto (e legenda): © Luís Graça (2010). Todos os direitos reservados. [Edição: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


3. Depoimento de Abílio Machdo > Arsénio Chaves Puim:  A coragem de um padre que não abdicou de o ser lá onde era o seu sítio: o altar. 

Dizem-me que botas já p’ra riba de dois carros, não sei se em Sta. Maria que te deu à luz usam vocês estes ditos quando se quer dizer que alguém tem mais de 80; seremos só nós aqui no Minho a usá-los, meio galegos somos, e rurais, que até avaliamos a idade do vizinho pelos alqueires de milho que uma junta de bois carrega.

Mas vamos ao que aqui me trouxe.

Pediram-me um testemunho, testemunho darei, porque testemunha fui de tudo o que vou contar. E interveniente.

Se isto tribunal fora e juiz houvera, diria que abono em favor da vítima… e da vítima direi que, cordeiro imolado, julgada vencida, ressurgiu vencedora. Dos réus, que os há, alguns já lá estão; outros, se o não saldaram neste mundo, no outro o pagarão: é a esperança que fica a quem, incréu como eu, já não crê em outros mundos, tão assustador lhe parece este.

* 1

Alguém me fez chegar a notícia que algo se passava com o Pe. Puim.  Larguei o serviço. Entrei. Irrompi, diria melhor, pelo quarto dentro.

O Puim, sentado na cama, enxovalhado ( o enxovalho só deslustra quem o lança… ), mas não humilhado (só nos humilha quem nós deixamos)…

Sento-me ao seu lado, pergunto mais por gesto que palavras “que se passa?“.  Não responde…

Vasculhavam o quarto, dois ou mais serventuários…

- Nosso alferes, não pode estar aqui… - alguém me diz.

Tive de sair, expulso do quarto.  Já não fui para o gabinete, fiquei por ali, na parada, à espera do desenlace.  O tempo passou… vi passar o Puim a caminho do DO 27, mais sereno, apesar do terror que tal barcarola sempre lhe causou.

E fiquei-me por ali a pensar que negro destino lhe reservariam… e a rememorar o companheiro de tantos momentos e desabafos.

( A coragem de um padre que não abdicou de o ser lá onde era o seu sítio: o altar.

Já corriam, porventura trazidos pela brisa que vinda de certa Casa ribeirinha se espalhava às vezes serena, às vezes inquieta pela parada do quartel, uns ditos de que o padre Puim se desmandava nas homilias. – escrevi eu no blog Luis Graça e camaradas da Guiné).


No dia 1 de Janeiro de 1971, Dia Mundial da Paz, sobre a paz predicaste. Disseste-mo.

Eu não ia às tuas missas, como sabias: as minhas missas contigo eram grandes conversas, edificantes, pela noite fora.

( Lembro que uma das últimas missas a que assisti, à boca de ser arregimentado para Mafra, foi em Macieira da Lixa: oficiava o Padre Mário, corriam gentes dos quatro cantos do Norte a ouvi-lo, não crentes dos mistérios divinos muitos deles, mas sequiosos todos da palavra.

Só mais tarde – ironias que o Olimpo nos reserva – vim a saber que o Pe. Mário tivera, anos antes, o destino que te estava reservado.

Também despadrou, como tu… tenho comigo que é mandinga que a Guiné lança aos padres jovens e generosos, a dizer-lhes que o seu reino é deste mundo e nele devem exercer a palavra, o Verbo).

Poderá ter sido a ajuda, o desvelo com que trataste as mulheres e crianças capturadas em certa operação e abandonadas à sua sorte, sem eira nem beira, como dizemos por cá, sem

grão para comer nem palha para deitar.

Poderá… mas para mim, foi a palavra que te condenou.

Verba volant, scripta manent: as que são ditas do altar não as leva o vento, calam dentro dos espíritos como recados escritos na pedra.

Não esqueças que em certos domingos deixávamos o quartel, descíamos ambos a ladeira que levava ao Geba e ancorávamos em certa casa: Casa Gouveia.

A umas entradas de banana-pão salteada de pequenos cubos de salpicão frito, seguia-se um chabéu (que, como a Coca-Cola, primeiro se estranha e depois se entranha, como dizia o outro ) arrastado, lento pela tarde fora: os fígados jovens a deslaçar o óleo de palma.

E uma ou duas bazucas a acompanhar, que calor está hoje, santo Deus!

Varreu-se-me de todo de como surgiu o convite e criámos o hábito de tais repastos: ao invés lembro bem que o dono da casa se dava por Mesquita e que fora nado e criado em Joane, V. N. de Famalicão, a dois passos da minha terra, do outro lado do cabeço do monte.

Mal te levaram, nunca mais lá voltei… ainda veio um convite, não houve segundo.
*2

O caso do furriel Uloma, da cabeça decepada e das fotos é agora contado …

Tu eras um dos presentes, por certo. Era o fim do jantar em que passávamos ao bar para os digestivos… retomávamos o debate tido durante o repasto sobre a natureza do exército, a sua intervenção na sociedade, o problema da guerra, das guerras, com o comandante Magalhães Filipe a sustentar a controvérsia… eis senão quando, a uma observação sua sobre a ética militar, rapo do bolso duas fotos da cabeça que trazia comigo e mostro-lhas:

- Diga-me, meu comandante, como é que um exército que se pauta por esses princípios se permite actos destes?

Um silêncio de cemitério…

De imediato, reunião do comando e, com o 2.º comandante a coordenar a caçada, ordens para chamar os autores das fotos, saber a lista dos compradores e proceder à recolha de todas.

Compreenda-se o pânico do comando, o país via-se isolado no contexto internacional, devi-do à ditadura e à sua política colonial… o Papa Paulo VI, amigos, recebera os líderes dos movimentos rebeldes, a psico do Spínola caminhava o seu caminho, fotos daquelas eram fogo nas mãos do inimigo.

Quem fosse por essa altura iniciado na política – eu passara por Coimbra nos anos da brasa – sabia que documentos desse tipo dariam não pequeno desassossego ao ministro Rui Patrício.

Eu próprio - tinha comprado 6 fotos – fui com o cabo Silva, do meu departamento e um dos autores das fotos, ao local onde se depositava o lixo e, miraculosamente, consegui, de dedo no nariz, três ou quatro bocados de fotos que comprovavam o que dissera, que às minhas, agoniado, as deitara ao lixo.

Algumas chegaram à Metrópole (duas trouxe eu: estão nas mãos de um conhecido comentador político e hoje com uma obra meritória de recolha de material de interesse histórico, “efémero” ou não…). Quebremos a confidencialidade, vamos aos arcanos da memória: o citado comentador, pelos fins dos anos 60 era visita assídua da minha terra e de casa do meu futuro sogro, e, por alturas de 73, recruta-me para o CMLP( Comité Marxista-Leninista Português), passando a ser o meu controleiro.

Numa conversa sobre a guerra, falei das fotos: entreguei-lhas… pelo meticuloso que é, não duvido que as tenha ainda hoje em sua posse.

*3

Li, num dos excertos do teu diário, publicado no blog, que também andaste no barco turra.  Sim, eu fui contigo para Bissau, em missão de patacão… irias tu prestar contas ao [Major Capelão] Gamboa?

O Batalhão rejubilava quando o Machado (Machadinho, na tua versão), a cada mês, pasta na mão, rumava a Bissau ao BNU levantar manga de patacão.

Não pouco trabalho me deu a missão nos primeiros meses: as notas bem eu as acadimava, agora as moedas (traze-me moedas para pagar aos praças – pedia-me o 1.º Brito ) enchiam um saco militar de uns bons vinte quilos.

Com o tempo, conheci outros tesoureiros: sincronizávamos a ida a Bissau, ao jantar, um ficava de atalaia ao patacão de três ou quatro batalhões, dormíamos em sobressalto, por travesseiro um monte de notas como nunca mais veria em dias da minha vida…


*4

E lembro, claramente lembro a noite em que no teu quarto ouvimos (sigilosamente, como se fora a Rádio Moscovo) na Rádio Conacri as primeiras declarações do tenente Januário sobre o assalto à cidade capital da ex-Guiné francesa.

Após a passagem, certa noite, dos Comandos Africanos por Bambadinca (manga de ronco, nosso alferes!), em que a expectativa se juntava ao secretismo da missão, uma barafunda tamanha, euforia que anunciava coisa grossa, as declarações do Januário foram para nós a certeza de que o ataque fora obra nossa e nem tudo correra bem ( guardei para mim um secreto contentamento…)

O regresso dos Comandos (uma feira: kalash.s à venda, guitarras eléctricas, chapéus cubanos, alguém me presenteou com um ), mais cimentou a ideia de que todo o espalhafato, o ronco, mal escondiam o desaire da missão.


*5

Termino, em jeito de memória:

Foi mais ou menos assim
que se passou com o Puim,
padre daquela fornada
do Vaticano segundo
e capelão militar:
criticou a hierarquia
por usar e abusar
dos prisioneiros de guerra,
velhos, mulheres e crianças…

O romanceiro do Padre Puim que o Carlos Rebelo escreveu…

Carlos com quem me encontrei um dia, aqui nesta parvónia encostada à Maia: morava à distância de uma pedrada de mim. E que, malfadadamente pelo que tinha ainda para dar à vida e dela receber, a doença levou tão jovem. Vi-o bastas vezes, umas debilitado, outras como ressurgido, até que a morte o levou consigo.

Para onde um dia todos iremos.

Não tu, Arsénio Chaves Puim, que não te deixamos ir: nos nossos corações permaneces porque da tua vida fizeste exemplo que orientou a nossa, a dos que te estimam e amam.

Abílio Machado (***)

________________

Notas  do editor:

(*)  Vd. poste de 8 de maio de 2020 > Guiné 61/74 - P20950: Parabéns a você (1799): Arsénio Puim, ex-Alf Mil Capelão do BART 2917 (Bambadinca, 1970/72)

(**)  Vd. poste de 23 de maio de 2009 > Guiné 63/74 - P4404: Convívios (136): CCS do BART 2917: a emoção do reencontro, 38 anos depois (Arsénio Puim)

Guiné 61/74 - P20950: Parabéns a você (1799): Arsénio Puim, ex-Alf Graduado Capelão da CCS/BART 2917 (Bambadinca, 1970/71)

____________

Nota do editor:

Último poste da série: 5 de maio de  2020 > Guiné 61/74 - P20941: Parabéns a você (1798): Joaquim Gomes Soares, ex-1.º Cabo At Inf da CCAÇ 2317 (Guiné, 1968/69)

sexta-feira, 18 de outubro de 2019

Guiné 61/74 - P20253: Consultório militar do José Martins (49): Das leis do Reino e da República, às leis da Igreja, com influência nas Forças Armadas (5)

 
Conclusão da série de cinco postes com o trabalho do José Martins (ex-Fur Mil TRMS, CCAÇ 5, Gatos Pretos, Canjadude, 1968/70), dedicado aos Capelães Militares, com um enquadramento histórico, como só ele sabe fazer, fruto de muita pesquisa e paciência.

Desde já o nosso obrigado ao Zé Martins por mais esta preciosa colaboração que vem enriquecer o espólio deste Blogue.



____________

Nota do editor

Vd. postes de:

14 de outubro de 2019 > Guiné 61/74 - P20239: Consultório militar do José Martins (45): Das leis do Reino e da República, às leis da Igreja, com influência nas Forças Armadas (1)

15 de Outubro de 2019 > Guiné 61/74 - P20242: Consultório militar do José Martins (46): Das leis do Reino e da República, às leis da Igreja, com influência nas Forças Armadas (2)

16 de Outubro de 2019 > Guiné 61/74 - P20244: Consultório militar do José Martins (47): Das leis do Reino e da República, às leis da Igreja, com influência nas Forças Armadas (3)
e
17 de outubro de 2019 > Guiné 61/74 - P20247: Consultório militar do José Martins (48): Das leis do Reino e da República, às leis da Igreja, com influência nas Forças Armadas (4)

quinta-feira, 17 de outubro de 2019

Guiné 61/74 - P20247: Consultório militar do José Martins (48): Das leis do Reino e da República, às leis da Igreja, com influência nas Forças Armadas (4)

 

Quarto poste de uma série de cinco com mais um trabalho do José Martins (ex-Fur Mil TRMS, CCAÇ 5, Gatos Pretos, Canjadude, 1968/70), desta vez dedicado aos Capelães Militares, com um enquadramento histórico, como só ele sabe fazer, fruto de muita pesquisa e paciência.

Desde já o nosso obrigado ao Zé Martins por mais esta preciosa colaboração que vem enriquecer o espólio deste Blogue.




(Continua)
____________

Nota do editor

Poste anterior de 16 de Outubro de 2019 > Guiné 61/74 - P20244: Consultório militar do José Martins (47): Das leis do Reino e da República, às leis da Igreja, com influência nas Forças Armadas (3)

quarta-feira, 16 de outubro de 2019

Guiné 61/74 - P20244: Consultório militar do José Martins (47): Das leis do Reino e da República, às leis da Igreja, com influência nas Forças Armadas (3)

 

Terceiro poste de uma série de cinco com mais um trabalho do José Martins (ex-Fur Mil TRMS, CCAÇ 5, Gatos Pretos, Canjadude, 1968/70), desta vez dedicado aos Capelães Militares, com um enquadramento histórico, como só ele sabe fazer, fruto de muita pesquisa e paciência.

Desde já o nosso obrigado ao Zé Martins por mais esta preciosa colaboração que vem enriquecer o espólio deste Blogue.




(Continua)
____________

Nota do editor

Último poste da série de 15 de Outubro de 2019 > Guiné 61/74 - P20242: Consultório militar do José Martins (46): Das leis do Reino e da República, às leis da Igreja, com influência nas Forças Armadas (2)

terça-feira, 15 de outubro de 2019

Guiné 61/74 - P20242: Consultório militar do José Martins (46): Das leis do Reino e da República, às leis da Igreja, com influência nas Forças Armadas (2)

 

Segundo poste de uma série de cinco com mais um trabalho do José Martins (ex-Fur Mil TRMS, CCAÇ 5, Gatos Pretos, Canjadude, 1968/70), desta vez dedicado aos Capelães Militares, com um enquadramento histórico, como só ele sabe fazer, fruto de muita pesquisa e paciência.

Desde já o nosso obrigado ao Zé Martins por mais esta preciosa colaboração que vem enriquecer o espólio deste Blogue.




(Continua)
____________

Nota do editor

Poste anterior de 14 de outubro de 2019 > Guiné 61/74 - P20239: Consultório militar do José Martins (45): Das leis do Reino e da República, às leis da Igreja, com influência nas Forças Armadas (1)