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sexta-feira, 16 de julho de 2021

Guiné 61/74 - P22375: In Memoriam (398): José Martins Rosado Piça (1933-2021), 1º srgt inf ref (CCAÇ 2590 / CCAÇ 12, Contuboel e Bambadinca, 1969/71), nosso grã-tabanqueiro nº 660... Mais do que "o nosso primeiro", um grande amigo e melhor camarada.



Tabanca da Ponta de Sagres - Martinhal > 2014 > O José MartinsRosado Piça, em fotograma de vídeo que nos mandou o régulo, o Tony Levezinho (*)... Conheci-o em Santa Margarida, por volta de abril de 1969, por ocasião da formação da CCAÇ 2590 (futura CCAÇ 12), mobilizada para o CTIG. Teria então 38 anos (, pelo que terá nascido em 1931), e já com três comissões de serviço no ultramar (se não erro). 

Foi o sargento mais "bacano" que conhecia na vida e, em Bambadinca, foi um grande camarada e um amigo... para a vida!...Para todos os efeitos, foi o "nosso primeiro", substituindo o Fragata quando este foi frequentar a Escola Central de Sargentos em Águeda. 

Integrou a Tabanca Grande em 2014. Ainda nos vimos, depois da "peluda", duas ou três vezes, e falámos várias vezes ao telefone. Lamentavelmente, nunca o cheguei a visitar em Évora onde vivia. E também, infelizmente,  tem poucas referências no blogue. Mas vai deixar-me uma grande saudade,  a mim, ao Tony, ao Humberto Reis e demais camaradas que tiveram o privilégio de com ele conviver, nomeadamente na tropa e na guerra. 

O José Martins (e não Manuel...) Rosado Piças nasceu em Aldeias de Montoito, em 25 de setembro de 1933. Morreu, pois, com 87 anos anos, (LG).


1. Acabo de saber, pelas redes socais, da triste notícia da morte do nosso querido camarada e amigo, José Martins Rosado Piça, ontem, quinta-feira. 

Hoje, sexta-feira, chegará o corpo por volta das 17h30m à capela de Montoito (Évora), sua terra natal.  O funeral será amanhã, sábado, dia  17, às 12h00, seguindo posteriormente para o crematório de Elvas.

A sua neta, psicóloga. Tânia Caçador, escreveu o seguinte, na sua página do Facebook:

(...) O meu avô Zé! Que me acompanhou, guiou, orientou e protegeu desde que sou gente, um PAI, partiu, e com ele leva um pedaço de mim. Homem de trato fácil, com uma gargalhada inconfundível e altamente sociável, nunca encontrei quem não gostasse dele!

 Foi um BRAVO avô, o mais bravo deste pelotão da vida, essa é a verdade, e os bravos jamais serão esquecidos. Hoje o céu está em festa, disso tenho a certeza, e nós, eu, profundamente infelizes...para mim é insuperável, enfrentar um mundo do qual já não faz parte, simplesmente terei de 8esperar até que possamos novamente nos reencontrar, mas, e quando chegar a hora, sei que estará lá e será a sua mão que agarrarei...amo-o com todo o foi um privilégio tê-lo como avó e estou imensamente grata pela sua vida e pelos momentos e memórias inesquecíveis que me proporcionou, que nos proporcionou. Até sempre...Até já...(...)


2. Escreveu, com grande propriedade e ainda maior carinho, em 2014,  o Tony Levezinho (**);

(...) Sobre o nosso Sargento José Martins Rosado Piça ("Piça para servir V. Exa.",  como ele gostava, por brincadeira, de se apresentar) não serão precisas muitas palavras para descrever este homem simples.

Oriundo de Aldeias de Montoito, Évora, este alentejano, na altura em que convivemos, apenas o separava de nós, a idade, (teria uns 40 anos) e o facto de ser um profissional do quadro permanente do Exército.

Quanto ao mais, a sua relação com os milicianos do Bando (era assim que ele se referia à nossa companhia) fazia toda a diferença, pela positiva, dos demais elementos da sua classe, com quem nos cruzámos, ao longo da nossa aventura pelas fileiras do Exército.

Com efeito, era homem de piada fácil, mas também muito sensível aos afetos. Era disso expressão óbvia o brilhozinho nos seus olhos. De alegria, quando partilhávamos momentos de relaxamento, tais como, as cartadas, os copos, as cantorias, etc., ou de preocupação/tristeza sempre que nos via partir, em missão, para fora do perímetro do aquartelamento.

Era clara para nós a necessidade que sentia de estar por perto dos seus furriéis, muito mais do que partilhar a mesa de jogo com os seus iguais, do quadro. E este seu comportamento teve a sua expressão maior, depois da partida do 1.º Sargento da companhia, o que se compreende.

Diria que o elenco que ele encontrou na CCaç 12 o terá tocado, de forma particular. Atrevo-me a fazer esta afirmação porque, há um par de meses, encontrei-o, em Portimão, ao fim destes anos todos, acompanhado da mulher.

A alegria e o abraço apertado foram mesmo espontâneos. Achei ainda muito significativo o facto da sua mulher, que eu não conhecia, ter dito que ele não se cansa de falar de nós. Logo me pediu o contacto do Henriques, do Reis, o meu, e a verdade é que, desde então, já falamos algumas vezes, ao telefone, e está combinado um encontro em Sagres, quando a oportunidade surgir.

Ele continua no Alentejo e tem um apartamento em Portimão, terra onde a filha vive, passando, por isso, algum tempo nesta cidade algarvia.

Apesar dos seus 80 e picos anos, continua com uma memória de elefante, tal foi o desbobinar de episódios daquela época que evocou, em detalhe, nos breves 20-30 minutos que durou o nosso encontro acidental.

Que continue com a mesma capacidade de comunicar, como a que lhe reconheciamos, à época e que, acreditem, se mantém.

Se há elemento que merece ser puxado para a nossa tabanca é, sem dúvida, o Sargento Piça. (...)


3. Na apresentação à Tabanca Grande, eu escrevi o seguinte (**):

(...)  Meu amigo, camarada, compincha: como vês, somos uma espécie em vias de extinção, os últimos soldados do império... É por isso, também, que te queremos cá, sentado sob o poilão da nossa Tabanca Grande. Passas a ser o nosso grã-tabanqueiro n.º 660, um  número bonito e fácil de decorar. Um dia destes telefono-te a dar-te mais dicas para te manteres ligado a nós. O Tony Levezinho já disse tudo ou quase tudo a teu respeito. Não poderias ter melhor "padrinho". Muita saúde e longa vida porque tu mereces tudo. E faz favor de partilhar o teu álbum fotográfico connosco!.. Um xico...ração. O Henriques.(...)


E acrescentei em comentário, ao poste P13325 (**): 

(...) O Piça era (e é) dotado de um desconcertante sentido de humor... Recordo-me de nos ter contada esta, dos seus primórdios da tropa...

Como muitos alentejanos, pobres, da sua geração, o Piça casou-se "à maneira da época"... As famílías de um lado e de outro não tinham dinheiro para custear a despesa de um casório com boda... A única solução, para não se ficar mal perante amigos e vizinhos, era "simular o rapto"... O noivo "raptava" a noite e ficava o assunto resolvido...Juntavam os trapinhos e esperavam por melhores dias...

Um das soluções - para além da emigação interna e externa - era a tropa. Foi o que fez o Piça. Meteu o xico. Mas agora era preciso dos papéis e regularizar o seu estado civil: casado "de facto", mas não "de jure"...

Um belo dia, foi lá ao padre, às 8 da manhã, com a noiva para receber o santo sacramento do matrimónio... E logo a seguir, às 9h, trouxe a filhota para batisar...O padre, espantado, interpelou-o:
- Já, tão cedo?!
- Ó sr. padre, de mamhã é que se começa o dia! (..:) 


 Uma figura impagável da Bambadinca do meu/nosso tempo!... Um grande amigo, para além de camarada, no verdadeiro sentido da palavra...Nunca conheci sargento tão "bacano" como ele... Como eu era do "reviralho", chamava-me na brincadeira o "Soviético"...

Daqui envio para toda a família, e para os seus amigos mais íntimos, os votos de pesar, meus, da Alice, e de toda a Tabanca Grande. (***)
__________


(***) Último poste da série > 10 de julho de  2021 > Guiné 61/74 - P22360: In Memoriam (397): Renato Monteiro (Porto, 1946 - Lisboa, 2021), ex-fur mil, CART 2439 / CART 11 (Contuboel e Piche, 1969), e CART 2520 (Xime e Enxalé, 1969/70)... "Morreu o meu querido amigo, no passado dia 7... Escrevo a notícia a chorar" (Valdemar Queiroz)

quarta-feira, 9 de março de 2016

Guiné 63/74 - P15835: Inquérito 'on line' (41): "Nunca apanhei um pifo de caixão à cova na tropa ou no TO da Guiné"... (Comentários de Luís Graça, Abílio Duarte, Francisco Baptista e Valdemar Queiroz)

Valdemar Queiroz, CART 11, Nova Lamego, c. 1969-70
Enquanto está a decorrer esta semana mais um inquérito 'on line', aqui ficam alguns comentários ao poste do Valdemar Queiroz, P15827 (*)

(i) Luís Graça, editor 

Valdemar, meu camarada de Contuboel (, que pena não termos uma foto em conjunto, foi escasso o nosso convívio, de menos de dois meses!), acompanho-te na pergunta: quem nunca apanhou um pifo na Guiné, daqueles de caixão à cova, pois que levante, não o copo, mas a garrafa vazia!...

Até os oficiais superiores apanhavam pifos, na nossa guerra!... E até os puritanos que pregavam a lei da abstinência (alcoólica e sexual): "Quem não sabe beber vinho, que beba merda!"... Ora merda era o que a gente comia e bebia quando ia para o mato... Ou dentro do "quartel" (, melhor dizendo, bu...rako, para muitos de nós)... Merda era, afinal, aquela guerra a que fomos condenados!...

É uma boa pergunta para um próximo inquérito de opinião... (**)


(ii) Abilio Duarte:

Nós, na CArt 11, éramos uns sortudos, pois tínhamos vinho e whisky, como mato, como a companhia era de africanos, e eles não bebiam bebidas alcoólicas, e tínhamos a mesma dotação, que uma companhia de brancos, era uma alegria. Eu tinha uma embalagem de morteiro 60, carregada de garrafas, pois, além das 2 obrigatórias, podia comprar as que quisesse.

Como andei muito no mato, e sempre fui bem recebido, por toda a gente, quando esses amigos passavam, pelo nosso Quartel em Nova Lamego, tinha muito gosto em retribuir, essa amizade com uma garrafa do dito escocês. Muitas vieram para Portugal, ainda vieram comigo quase quarenta garrafas, a maior parte de whisky. Mas fui apanhado no Aeroporto de Lisboa (lembras-te, Queiroz?), mais o Matias e tu, e tivemos que pagar imposto. Tu que escreves bem, conta aí essa nossa aventura no Aeroporto.


(iii) Francisco Baptista:

Estava à espera do testemunho de outros camaradas para ganhar coragem. Afinal só apareceu o nosso professor e mestre Luís Graça a confessar esses pecados mas o testemunho dele traz a compreensão e absolvição do sociólogo. Isso me basta.

Em Buba, uma noite, com o quartel cheio de gente, pois a coluna de reabastecimento do batalhão não pôde regressar por causa do mau tempo, houve uma bebedeira geral com muito alarido. Imaginem o exemplo e o espectáculo de um capitão e alguns alferes aos tiros para o ar. O capitão seria conduzido à enfermaria para levar uma injecção. Eu não tive necessidade disso mas fiz bem o meu papel.

Em Mansabá contrariamente aos soldados da companhia de madeirenses que gastavam todos os trocos em cerveja os graduados eram no geral bastante abstémios. Lá nunca participei em grandes festas de cerveja mas passei a beber muita água do castelo com gelo e whisky. Era um refresco que me dava boa disposição físíca e mental. Com a companhia já quase de partida para Bissau, a aguardar o regresso, roubei uma garrafa de whisky ao Marques, furriel enfermeiro, de quem era amigo, convidei-o para beber dela e ele quando soube não gostou nada desse meu abuso. Mais tarde fiquei com remorsos, que ainda hoje não me largaram, já procurei o Marques para lhe dar uma boa garrafa para o compensar mas o Carlos Vinhal, também dessa companhia, já há decadas que lhe perdeu o rasto. 

Tu camarada, Valdemar Queiroz, curaste-te, pelos vistos com uma garrafa. Eu como sofria dum mal maior, gastei muitas com o tratamento.

O camarada Abílio Duarte diz que comprou muitas, confessa que trouxe muitas e que ofereceu a amigos mas não diz se ele as bebia como remédio para a dor de dentes ou para brindar à vida e esquecer a puta da vida que nos tinha calhado na roda da fortuna.


(iv) Abilio Duarte:

Francisco Baptista, bebi muitas,e hoje ainda bebo, e posso dizer, que é o que me traz de pé.
Muitas noites na varanda da nossa messe, em Nova Lamego, onde a malta que estava de descanso, ao som de uma boa música, no meu leitor de cassetes, conversando e jogando umas partidas de Copas, ou King, lá passamos bons bocados.

Não me esqueço de um dia em que estava de Sargto. de Dia, e o Furriel Macias, chegou de férias do continente, trazendo uns enchidos, da terra dele, Aldeia Nova de São Bento, apanhei, uma piela de todo o tamanho. Durante uns tempos nem podia tocar no whisky, e virei-me para o Gin.
Mas em Paúnca, voltei a apreciar o escocês até hoje.


(v) Valdemar Queiroz

Viva, meu camarada Luís Graça.

É verdade: quem nunca apanhou um grande pifo que levante o primeiro copo. (excelente revisão Luís).

Uns mais outros menos, por lá se apanharam grandes bezanas, umas por festejos, outras por nem tanto, muitas pelo stresse e outras por nenhuma razão.

Suas excelências também se atiravam aos copos, daí não vem mal nenhum, também por lá andavam, por profissão, o mal era quando os senhores da guerra com uns copos a mais faziam perigar muita gente. 

Vendo bem, já na altura nos parecia que por cá todas as extraordinárias excelências estavam com uma grande e prolongada bebedeira. Ao menos podiam ter procedido como qualquer bêbado e apenas dar vivas à república, mas não. Era uma bebedeira sem lucidez, era uma bebedeira violenta, era uma bebedeira de guerra.

Nós na CArt 11, nesses momentos, sempre trauteávamos ...Ó bioxene... ó bioxene, fazendo lembrar a letra da canção do John Lennon 'Give a chance ...'

Quanto ao nosso relacionamento em Contuboel, com certeza que tivemos troca de opiniões. Para ser franco eu não me lembro com nitidez da rapaziada da futura CCaç 12. Lembro-me das vossas tendas (Tarrafal), lembro-me do Sargento Piça e, principalmente, do Levezinho,  por ser familiar dum colega de trabalho e julgo que do râguebi na Amadora, mas não mais que isto a não ser que os soldados do meu pelotão de instrução foram todos para a vossa Companhia, ex.,  Umaro Baldé, Sori,  J. Carlos Suleimane Baldé, Cimba, Cherno e muitos outros.

Quanto às garrafas de bioxene que o Abilio Duarte se refere na Alfandega do Aeroporto da Portela, já contei o episódio no blogue, mas qualquer dia volta à cena por ser absolutamente delirante.

PS - A grande canção e grande música de John Lennon é "GIVE PEACE A CHANCE" [, 1969,][clicar aqui aqui para o vídeo no You Tube].

Oiçam e digam se não parece que é cantado: Ó bióxe..ne ... Ó bióxe..ne. ..Ó bióxe..ne...Ó bióxe...ne. (Era assim trauteada, quando se estava mais ou menos com os copos. Oiçam e arranjem uma tradução da letra). (***)
_______________

Notas do editor:

(*) Vd. poste de 7 de março de 2016 > Guiné 63/74 - P15827: (De)caras (35): Quem nunca apanhou um pifo, de caixão à cova, que levante o primeiro copo!... (Valdemar Queiroz, ex-fur mil, CART 2479 / CART 11, Contuboel, Nova Lamego, Canquelifá, Paunca, Guiro Iero Bocari, 1969/70)

(**) Último poste da série > 6 de março de  2016 > Guiné 63/74 - P15825: Inquérito 'on line' (40): Num total de 126 respostas, quatro razões principais são apontadas em termos de "problemas" das NT logo no início da guerra: (i) Deficiente instrução (73%); (ii) Deficiente equipamento (63%); (iii) Cansaço (62%); e (iv) Instalações inadequadas (61%)

(***)  Eis a letra original e uma tradução [, Cortesia do sítio brasileiro Vagalume]

Give Peace A Chance

Two, one two three four
Ev'rybody's talking about
Bagism, Shagism, Dragism, Madism, Ragism, Tagism
This-ism, that-ism, is-m, is-m, is-m
All we are saying is give peace a chance
All we are saying is give peace a chance

C'mon
Ev'rybody's talking about Ministers
Sinisters, Banisters and canisters
Bishops and Fishops and Rabbis and Pop eyes
And bye bye, bye byes

All we are saying is give peace a chance
All we are saying is give peace a chance

Let me tell you now
Ev'rybody's talking about
Revolution, evolution, masturbation
flagellation, regulation, integrations
meditations, United Nations
Congratulations

All we are saying is give peace a chance
All we are saying is give peace a chance

Ev'rybody's talking about
John and Yoko, Timmy Leary, Rosemary
Tommy Smothers, Bobby Dylan, Tommy Cooper
Derek Taylor, Norman Mailer
Alan Ginsberg, Hare Krishna
Hare, Hare Krishna

All we are saying is give peace a chance
All we are saying is give peace a chance


Dê uma chance à paz

Um, dois, três, quatro
Todos estão falando sobre
Bagismo, Shaguismo, Draguismo, Madismo, Ragismo, Tagismo
Esse ismo, ismo, ismo
Tudo o que dizemos é dê uma chance à paz
Tudo o que dizemos é dê uma chance à paz

Qual é
Todos estão falando sobre Ministro
Sinistro, Corrimãos e Latas
Bispos, Peixes, Coelhos, Olhos Abertos
E tchau, tchau

Tudo o que dizemos é dê uma chance à paz
Tudo o que dizemos é dê uma chance à paz

Vou falar agora
Todos estão falando sobre
Revolução, Evolução, Masturbação
Flagelação, Regulação, Integrações
Mediações, nações unidas
Parabéns

Tudo o que dizemos é dê uma chance à paz
Tudo o que dizemos é dê uma chance à paz

Todos estão falando sobre
John e Yoko, Timmy Leary, Rosemary
Tommy Smothers, Bobby Dylan, Tommy Cooper
Derek Taylor, Norman Mailer
Alan Ginsberg, Hare Krishna
Hare Hare Krishna

Tudo o que dizemos é dê uma chance à paz
Tudo o que dizemos é dê uma chance à paz

sábado, 19 de julho de 2014

Guiné 63/74 - P13416: Amigos para sempre (1) : Da Tabanca da Ponta de Sagres - Martinhal, do Tony Levezinho, Piça e Humberto Reis, para o Luís Graça, um abraço de saudade e camaradagem




Vídeo (0 '48'') >  Vila do Bispo >  Martinhal > Julho de 2014 > Saudações por parte do ex-2º srgt inf Piça, José Martins Rosado Piça (de seu nome completo, de batismo)  ao seu ex-camarada e editor deste blogue, Luís Graça, ex-fur mil arm pes inf, CCAÇ 2590 / CCAÇ 12 (Contuboel e Bambadinca, 1969/71).



Vila do Bispo > Sagres > Martinhal > Julho de 2014 >  Da esquerda para a direita, o Humberto Reis, o Piça, a  Isabel Leveziuho, a Leonor, a esposa do Pica, e a Joana, companheira do Humberto, minha vizinha da Lourinhã.


Vila do Bispo> Sagres > Martinhal> Julho de 2014> Três "amigos para sempre": da direita para a esquerda,, o Tony Levezinho (anfitrião), o Piça e o Humberto Reis... Brindando ao passado, ao presente e ao futuro.


Vila do Bispo> Sagres> Martinhal> Julho de 2014> A Leonor e a Joana.

Foto: © António levezinho (2014). Todos os direitos reservados. [Edição: LG]


1. No passado dia 16, o Tony Levezinho mandou-me a seguinte telegráfica mensagem:
A visita dos nossos amigos: http://youtu.be/190Jz4ZZiAM

Mais tarde enviarei algumas fotos [, o que fez hoje, 19]
Só faltaste tu.
Um abraço
Tony
Enviado de Samsung Mobile

2. Comentário de L.G.:

Já lhe agradeci, pessoalmente. Gostei de os ver, aos três, mais as respetivas "caras metade", todos reunidos à volta da mesa, na nova Tabanca da Ponta de Sagres - Martinhal, onde pontifica o régulo Tony Levezinho. Não vem na lista da Boa Cama e Boa Mesa do Expresso, e ainda bem, mas é seguramente um dos sítios algarvios com  5 estrelas para a gente, os amigos, abancarem... Prometo todos os anos passar por lá, mas só consegui cumprir um ou duas vezes...

Quanto ao Piça(*), que já não vejo há anos, confesso que fiquei agradavelmente surpreendido... Conheci-o há 45 anos, tinha ele 38, se não erro... Agora, não é que o nosso amigo de Aldeias de Montoito, Évora,  está na mesma ? O tempo (e as 4 comissões em África) não passou (passaramn) por ele... 

Não é todos os dias que se junta um trio destes, de amigos que não precisam de estar juntos a toda a hora, mês e ano, para que deles se diga que são "amigos para sempre"... Obrigado Tony, Piça e Hunmberto. Obrigado Isabel, Leonor e Joana.

_____________

Nota do editor:

terça-feira, 24 de junho de 2014

Guiné 63/74 - P13325: Tabanca Grande (440): o 2º srgt Piça, da CCAÇ 12 (Bambadinca, 1969/71), nosso novo grã-tabanqueiro, o xico mais bacano que conhecemos na tropa (Tony Levezinho / Luís Graça)


Guiné > Zona Leste > Setor L1 > Bambadinca > CCS/BCAÇ 2852 (1968/70) > Malta da  CCAÇ 2590/CCAÇ 12. Messe de sargentos. Agosto de 1969. Festa  de aniversário do "nosso Pastillhas", o fur mil enf enfermeiro João Carreiro Martins; à sua esquerda, o 2º sgrt José Martins Rosado Piça; à sua direita, o fur mil SAM Jaime Soares Santos e o fur mil at inf  António Eugénio da Silva Levezinho.


Guiné > Zona Leste > Setor L1 > Bambadinca > CCAÇ 12 > Da direita para a esquerda: o José Fernando G. Almeida (fur mil trms), o 2º srgt Videira, o 2º srgt Piça e o Tony Levezinho (2º pelotão).


Guiné > Zona Leste > Setor L1 > Bambadinca > CCAÇ 12 > Abril de 1970. Junto ao espaldão do morteiro 81, sobranceiro à bolanha de Bambadinca > Da esquerda para a direita, 2º srgt inf Piça, o Henriques (fur mil armas pes inf, hoje Luís Graça...) e o Tony Levezinho...


 Guiné > Zona Leste > Setor L1 > Bambadinca > CCAÇ 12 > O 2º srgt Piça e o fur mil at inf Tony Levezinho


 Guiné > Zona Leste > Setor L1 > Bambadinca > CCAÇ 12 > O Piça e Tony Levezinho (2º pelotão).

Fotos (e legendas): © António Levezinho (2014). Todos os direitos reservados. (Edição: L.G.)

1. Uma pequena homenagem ao nosso novo grã-tabanqueiro, José Martins Rosado Piça, nº 660... Vive em Évora, tem um livro de poesia publicado (de que me prometeu oferecer um exemplar autografado). Fez 4 comissões no ultramar. Esteve em 1969/71 na CCAÇ 2590/12. Foi o mais bacano dos xicos... que eu conheci na tropa... 

Obrigado ao Tomy Levezinho pelas fotos do seu  álbum...(LG)
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Nota do editor

Ú/ltimo poste da série > 22 de junho de  2014 >  Guiné 63/74 - P13317: Tabanca Grande (439): José Martins  Rosado Piça, 1º srgt inf ref (CCAÇ 12, Contuboel e Bambadinca, 1969/71), nosso grã-tabanqueiro nº 660

domingo, 22 de junho de 2014

Guiné 63/74 - P13317: Tabanca Grande (439): José Martins Rosado Piça, 1º srgt inf ref (CCAÇ 12, Contuboel e Bambadinca, 1969/71), nosso grã-tabanqueiro nº 660

1. A CCAÇ 2590 (mais tarde, a partir de janeiro de 1970, CCAÇ 12, formada por soldados do recrutamento local) tinha dois 2ºs sargentos, o Piça e o Videira que, em princípio, deveriam ser comandantes de secção...

O José Martins  Rosado Piça, o mais velho (terá hoje oitentas e picos anos), acabou por ficar a fazer as vezes do 1º sargento, o 1º srgt cav Fernando Aires Fragata, que foi para Águeda, fazer o curso de serviço geral do exército (que permitia a passagem a oficial, o mesmo curso que irá, depois da guerra, frequentar o nosso saudoso 1º sargento Fernando Brito, da CSS/BART 2917, Bambadinca, 1970/72).

O 2º Srgt Inf Alberto Martins Videira por sua vez e por ser mais adoentado, ficou também com funções de apoio. Nenhum deles foi operacional. No entanto, ao Piça, o mais bacano, quisemos pregar-lhe uma partida e convencêmo-lo a alinhar, com os "piras", na Op Rato Traquinas (*), no dia 28 de fevereiro, já com 21 meses de Guiné!...

O camarada Piça deixou-se "praxar", alinhou, teve o seu batismo de fogo, na mítica Ponta do Inglês (!), regressou connosco no T/T Uíge (**) e ainda fez mais uma comissão, em Angola (se não me engano).

Está vivo, recomenda-se, nunca perdeu o seu sentido do humor e eu faço questão de apresentá-lo hoje à Tabanca Grande. Foi o xico mais porreiro que eu alguma vez encontrei na tropa. Pedi ao nosso comum amigo e camarada Tony Levezinho que, em nome da Tabanca Grande, fizesse o discurso de boas vindas

[Foto acima, do Humberto Reis: O nosso 2º srgt inf Piça, Bambadinca, Natal de 1969. Editada por L.G.]

2. Em 16 de maio passado, mandei ao  Tony Levezinho que vive em Sagres,  com a sua querida Isabel, a seguinte mensagem:

Olá, Tony, como vais? E a tua Isabel? ... Eu cá vou recuperando e andando...

Estou a contactar-te pelo seguinte: o que é tu sabes desta história? Alinhaste nesta operação com os nossos "piras" (só os furriéis)? Op Rato Traquinas: Ponta Varela, Poindon... Ponta do Inglês.... Houve contacto, sem baixas... O Piça alinhou... 

Julgo que em vez da porrada disciplinar (com a história do jipe e dos putos...), foi "aconselhado" por nós a aceitar esta "sugestão" do capitão... para não estragar a sua folha de serviços... Pensávamos que era um passeio, mas para ele foi o batismo de fogo... Recordo-me de ele vir muito alvoraçado, a contar as peripécias do dia (28/2/1971)...

Outra coisa: gostava que fosses tu a escrever duas linhas para eu/nós apresentar/mos o Piça à Tabanca Grande. É da mais elementar justiça tê-lo aqui entre nós, mesmo sabendo que ele não é homem de escritas, ou de estórias escritas... Há tempos telefonou-me, de Évora...
Aquele abraço.
Luís

[Foto acima à direita: Portimão, 21 de novembro de 2013 > O reencontro de dois bons velhos amigos e camaradas da CCAÇ 12: o ex-2º srgt inf José Martins Rosado Piça (Évora) e o Tony Levezinho, ex-fur mil at inf (Sagres, Vila do Bispo). Foto: © António Lezevinho (2013). Todos os direitos reservados.]

3. Também, a propósito da Op Rato Traquinas (*), escreveu-me o ex-alf mil at inf Abel Maria Rodrigues [, cmdt do 3º Gr Comb da CCAÇ 12, 1969/71], no mesmo dia 16 de maio passado, respondendo a um pedido meu de esclarecimento:

Luís: Desta operação, eu sei tudo, pois fui o actor principal. Penso que dos velhinhos só fomos três (capitão, Piça e eu).

Depois da flagelação o 2º pelotão que ia na vanguarda, recusou-se a avançar. Passei com o meu pelotão para a frente e completámos a operação sem mais qualquer problema, porque os guerrilheiros vieram esperar-nos em Madina Colhido. Deviam ter-se fartado de esperar por nós, como não aparecíamos desmobilizaram, deduzindo que nós já estaríamos no quartel do Xime.

Foi a 28/2/1971 um domingo. Devo dizer que tivemos muita sorte não nos termos encontrado, pois pelo rasto que deixaram onde estiveram à nossa espera, não eram poucos .Um grande abraço, Abel




O Piça e a esposa Leonor,  na sua casa em Évora (presume-se). Foto da neta Tânia Caçador, aqui reproduzida com a devida vénia, retirada da sua (dele)  página no Facebook [Edição:LG

4. A 17 de maio o Tony Levezinho, escreveu-me a seguinte mensagem:

Viva, Luís: Espero que continues no bom caminho para uma recuperação sem percalços e, sobretudo, de sucesso total.

Cá deste lado, tudo corre.  Dentro de 4 dias estaremos de viagem para a Polónia, como, aliás, tive oportunidade de te dar conta, na altura do teu internamento, no Amadora-Sintra.

Felizmente, o nosso querido Abel que aproveito para saudar com um abraço, antecipou-se e correspondeu ao teu desafio, ao referir-se, em detalhe, à operação onde o Piça acabou por participar.
É que eu, sinceramente, não tenho a menor ideia deste episódio, o que me leva a concluir que, provavelmente, não o presenciei.

Sobre o nosso Sargento José Martins Rosado Piça (Piça para servir V. Exa., como ele gostava, por brincadeira, de se apresentar) não serão precisas muitas palavras para descrever este homem simples.

Oriundo de Aldeias de Montoito, Évora, este alentejano, na altura em que convivemos, apenas o separava de nós, a idade, (teria uns 40 anos) e o facto de ser um profissional do quadro permanente do Exército.

Quanto ao mais, a sua relação com os milicianos do Bando (era assim que ele se referia à nossa companhia) fazia toda a diferença, pela positiva, dos demais elementos da sua classe, com quem nos cruzámos, ao longo da nossa aventura pelas fileiras do Exército.

Com efeito, era homem de piada fácil, mas também muito sensível aos afetos. Era disso expressão óbvia o brilhozinho nos seus olhos. De alegria, quando partilhávamos momentos de relaxamento, tais como, as cartadas, os copos, as cantorias, etc., ou de preocupação/tristeza sempre que nos via partir, em missão, para fora do perímetro do aquartelamento.

Era clara para nós a necessidade que sentia de estar por perto dos seus furriéis, muito mais do que partilhar a mesa de jogo com os seus iguais, do quadro. E este seu comportamento teve a sua expressão maior, depois da partida do 1.º Sargento da companhia, o que se compreende.

Diria que o elenco que ele encontrou na CCaç 12 o terá tocado, de forma particular. Atrevo-me a fazer esta afirmação porque, há um par de meses, encontrei-o, em Portimão, ao fim destes anos todos, acompanhado da mulher.

A alegria e o abraço apertado foram mesmo espontâneos. Achei ainda muito significativo o facto da sua mulher, que eu não conhecia, ter dito que ele não se cansa de falar de nós. Logo me pediu o contacto do Henriques, do Reis, o meu, e a verdade é que, desde então, já falamos algumas vezes, ao telefone, e está combinado um encontro em Sagres, quando a oportunidade surgir.

Ele continua no Alentejo e tem um apartamento em Portimão, terra onde a filha vive, passando, por isso, algum tempo nesta cidade algarvia.

Apesar dos seus 80 e picos anos, continua com uma memória de elefante, tal foi o desbobinar de episódios daquela época que evocou, em detalhe, nos breves 20-30 minutos que durou o nosso encontro acidental.

Que continue com a mesma capacidade de comunicar, como a que lhe reconheciamos, à época e que, acreditem, se mantém.

Se há elemento que merece ser puxado para a nossa tabanca é, sem dúvida, o Sargento Piça.

Um abraço
Tony Levezinho

5. Comentário de L.G.:

O Piça, não obstante a idade, tem uma página no Facebook, dando um bom exemplo a muitos camaradas nossos, muito mais novos, que se queixam de não saberem trabalhar com um computador, mandar um email, consultar o  nosso blogue  ou criar uma página no Facebook... Penso que só nos vimos duas ou três vezes, no máximo, depois do nosso regresso. 

Alguns de nós, que regressámos no mesmo navio, o T/T Uíge em 17 de fevereiro de 1971 (**), já não estamos vivos: dos furriéis, lembro o Luciano Severo de Almeida (que era do Montijo) e, disseram-me há dias (o António Fernando Marques), que o António António Manuel Martins Branquinho (ex-.fur mil at inf, 1.º Gr Comb) também morreu recentemente (vivia em Évora era reformado da Segurança Social)). Dos  alferes, já referimos que partiu, para a eterna morada, há já uns largos anos, o José António G. Rodrigues (Lisboa), que era o cmdt do 4.º Gr Comb.

Meu amigo, camarada, compincha: como vês, somos uma espécie em vias de extinção, os últimos soldados do império... É por isso, também, que te queremos cá, sentado sob o poilão da nossa Tabanca Grande. Passas a ser o nosso grã-tabanqueiro n.º 660 (****), um número bonito e fácil de decorar. Um dia destes telefono-te a dar-te mais dicas para te manteres ligado a nós. O  Tony Levezinho já disse tudo ou quase tudo a teu respeito. Não poderias ter melhor "padrinho". Muita saúde e longa vida porque tu mereces tudo. E faz favor de partilhar o teu álbum fotográfico connosco!.. Um xico...ração. O Henriques...
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Notas dos editor:

(*) Vd. poste de 16 de maio de  2014 > Guiné 63/74 - P13148: A minha CCAÇ 12 (30): fevereiro de 1970: batismo dos "piras" que nos vieram render... Adeus, Bissau, em 17 de março de 1971, no T/T Uíge... A CCAÇ 12 será extinta em 18 de agosto de.. 1974 ! (Luís Graça)

(**) Vd. I Série do blogue > 9 de maio de 2006 > Guiné 63/74 - DCCXXV: Amigos para sempre (Tony Levezinho, CCAÇ 12)

(...) António Eugénio da Silva Levezinho, Tony para os amigos, o melhor de todos nós... Em 1969, ei-lo furriel miliciano da CCAÇ 2590, mais tarde CCAÇ 12... Hoje, no seu retiro algarvio, Martinhal, Sagres, Vila do Bispo ... onde ao lado da sua querida Isabel continua, sempre de porta aberta, afável e disponível para os amigos.

É um gentleman, tal como o pai, que eu ainda tive o privilégio de conhecer pessoalmente na sua casa da Amadora, nos primeiros anos da década de 1970... Antigo quadro da Petrogal aonde chegou a chefe de divisão (o que não era fácil a um self-made man como ele, numa empresa de engenheiros), o Tony era(ainda é) um perito na arte do impor-export do petróleo e seus derivados... Graças às suas ligações à Sacor, nunca nos faltava o fiel amigo à mesa, em Bambadinca. O bacalhau e outras iguarias chegavam-nos à Guiné, regularmente, através do navio-tanque da Sacor... (...)


(***) Vd. poste de 24 de novembro de 2013 > Guiné 63/74 - P12337: O nosso livro de visitas (169): Imaginem quem eu encontrei no hipermercado, em Portimão ?... O nosso sargento José Martins Rosado Piça! (Tony Levezinho, ex-fur mil, CCAÇ 12, Bambadinca, 1969/71)

domingo, 24 de novembro de 2013

Guiné 63/74 - P12337: O nosso livro de visitas (169): Imaginem quem eu encontrei no hipermercado, em Portimão ?... O nosso sargento José Martins Rosado Piça! (Tony Levezinho, ex-fur mil, CCAÇ 12, Bambadinca, 1969/71)



Portimão, 21 de novembro de 2013 > O reencontro de dois bons velhos amigos e camaradas da CCAÇ 12: o ex-2º srgt inf José Martins Rosado Piça (Évora) e o Tony Levezinho, ex-fur mil at inf (Sagres, Vila do Bispo)

Foto: © António Lezevinho (2013). Todos os direitos reservados.

1. Mensagem do Tony Levezinho, com data de 21 do corrente:

Assunto - Uma muito grata surpresa 

Olá,  Amigos [Luís e Humberto]:

Olhem só quem eu encontrei, há um par de horas, no Continente, em Portimão!

É verdade, o nosso Amigo Piça,  nos seus bem conservados 80 anos, sempre com a boa disposição que lhe reconhecemos.

Por que ele me pediu, dei-lhe os vossos números de telefone. Ele tem um apartamento em Portimão, onde passa algum tempo e, assim, ficou agendada uma visita aqui a Sagres, para breve.

Um abraço para vocês.
Tony Levezinho

2. Comentário de L.G., a partir de resposta enviada no mesmo dia ao Tony:


(i) Ganda Tony!... Muito me contas. Pensei que esse gajo já tinha batido a bota (, cruzes, canhoto!)...Andou estes anos todos sem dar sinal de vida. Ora isso não se faz aos amigalhaços como tu, eu, o Humberto e muitos mais para quem ele foi o mais miliciano dos chicos que a gente conheceu na Guiné!  Com 15 anos de diferença, ele era o nosso mano mais velho... 

Afinal, esse alentejano de boa cepa ainda está aí para as curvas com um ar de fazer inveja a muitos de nós... Manda-me o telefone dele. Quando chegar a Lisboa, ligo-lhe. Só o voltei a ver uma vez, depois do nosso regresso da Guiné... E acho que foi através de ti, em Lisboa...

Amigalhaços!... Ou melhor, amigos para sempre, jurámos nós, à despedia, no Uíge, de regresso a casa.... Ficámos com os endereços uns dos outros... De Évora, eram dois, o Piça e o Branquinho. Confesso, e penitencio-me: fui a Évora, em lazer ou trabalho, uma boa dúzia de vezes, nestes últimos 40 anos... e nunca os procurei...



N/M Uíge > 17 de março de 1971 > Dois dos nomes e moradas que ficaram escritos nas costas da ementa do jantar desse dia, que foi o primeiro da viagem de  regresso a casa, com paragem de umas horas no Funchal... Dois eram alentejanos de Évora... O Branquinho nunca mais o vi. O José Martins Rosado Piça, o ganda Piça, para os amigos, esse, voltei a encontrá-lo uma  vez em Lisboa... Ele continua a morar em Évora, mas agora na Rua Florbela Espanca...

Foto: © António Levezinho (2006). Tpdos os direitos reservados


Amigos para sempre

17 Março de 1971 :
Dia da partida de Bissau para Lisboa.
Regressávamos da guerra,
uns com a morte na alma 
e todos com mazelas no corpo,
num navio da nossa gloriosa marinha mercante, o Uíge.
E jurámos ser amigos para sempre...
Lembras-te, Tony ?
Foste tu que me mandaste fotocópia da ementa do jantar desse dia...
Como se a vida continuasse a correr como dantes,
como se pudéssemos retomar as nossas vidas do passado, 
nessa viagem de regresso à pátria servia-se a bordo, 
no jantar desse dia,
na classe turística, reservada aos sargentos,
uma sopa de creme de marisco,
seguida de um prato de peixe, Pescada à baiana,
e um de carne, Lombo Estufado à Boulanger...
sem esquecer a sobremesa:
a bela fruta da época,
o bom café colonial,
o inevitável cigarro a acompanhar um uísque velho,
antes de mais uma noitada de lerpa ou de king...
Já, em tempos agradeci ao Humberto Reis
e à sua proverbial memória de elefante
por me lembrar, por nos lembrar,
que o 17 de Março de 1971
foi, afinal, o primeiro dia do resto das nossas vidas...


Ainda hoje o recordo, com amizade e ternura, o nosso sargento Piça...Em vésperas de saídas para o mato, em noites de muita insónia e muito álcool, o nosso amigo e camarada, a exercer funções de primeiro sargento da Companhia, Piça, de seu apelido de família,  o alentejano mais castiço e quiçá sarcástico que eu conheci na tropa,  natural de Aldeias de Montoito, Évora, gostava de manter-nos, a nós, operacionais, com o moral em maré alta, fazendo questão de relembrar os feitos dos nossos maiores em tom brincalhão, jocoso,  mas nunca ofensivo:

Portugueses, punheta!,
Quando rebentou a República, caralho!,
Foram homens de colhões,
C... da mãe!


Da nossa parte, éramos uns sádicos!... Pregámos-lhe uma partida, antes do fim da comissão: obrigámo-lo a ir connosco numa operação, com os periquitos (que nos vinham render), lá para os lado do Poindom, no Xime. Sabíamos que ía haver "fogo de artifício"... E não queríamos que ele voltasse, connosco, de regresso a casa, sem o competente "batismo de fogo",  averbado na caderneta militar... Devo dizer que ele se portou galhardamente, como um verdadeiro bravo da CCAÇ 12!... Teria já os seus 38 anos, tal como o capitão... 

Tratou-se de um patrulhamento ofensivo a dois grupos de combate, enquadrando os novos graduados (exceto oficiais), realizada em 28/2/1971, sob o nome de código Op Rato Traquinas. Depois de 15 de minutos debaixo de fogo, as NT (60 "gatos pingados") chegam à Ponta do Inglês. onde não encntraram vestígios nem do IN nem de população.... Três meses antes, em 26 de novembro de 1970, as NT (a 8 grupos de combate) tinham sofrido uma violentíssima emboscada na antiga estrada Xime-Ponta do Inglês (Op Abencerragem Candente). A Ponta do Inglês tornou-se um mito.

(ii) Bem, meu velho, por estes dias, estou na ilha de Luanda... Estou a dar uma formação a futuros médicos do trabalho... São cerca de 30 médicos... Mas uma boa meia dúzia são gente ligada aos petróleos (como tu o foste, na Petrogal)...

Já cá vim, a Luanda,  uma meia dúzia de vezes, desde 2003... Desta vez, encontrei um "neto" nosso, da CCAÇ 12, o António Duarte, de 1973/74... Viemos no mesmo avião. Volto sábado, na véspera dos teus anos... Já temos o postezinho de parabéns alinhavado, que o meu coeditor Carlos Vinhal nunca se esquece de ti... Quanto ao nosso Humberto, agora vejo-o mais vezes, lá para as bandas da minha terra...

Um xicoração fraterno...

Luís

PS - Descobri que ele tem uma página no Facebook. Clicar aqui.
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