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quinta-feira, 20 de julho de 2023

Guiné 61/74 - P24490: Tabanca Grande (550): João de Jesus Moreira, ex-Fur Mil At Cav MA da CCAV 2721 (Olossato e Nhacra, 1970/72), que se vai sentar no lugar 878 do nosso poilão

1. Mensagem do nosso camarada e novo tertuliano, João de Jesus Moreira, ex-Fur Mil At Cav MA da CCAV 2721 (Olossato e Nhacra, 1970/72), enviada ao Blogue no dia 15 de Julho de 2023:

Boa tarde Carlos Vinhal
Sou leitor do blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné desde as primeiras publicações - ainda como "FORANADA.BLOGSPOT.COM - mas nunca me decidi em colaborar no mesmo.

Como ultimamente, o Luís Graça se vem queixando da falta de colaboradores e publicações para "alimentar" o Blogue, resolvi oferecer a minha colaboração.

Para isso, estive a reler a história da minha Companhia e a relembrar as várias situações e "estórias" vividas naquelas terras vermelhas, quentes e chuvosas.

Desdobrei a história da minha Companhia em várias partes, para não ficarem muito "pesadas" e levarem os nossos camaradas a desistirem da leitura antes de chegarem ao final.

Já tenho a história da minha COMPANHIA DE CAVALARIA 2721 em emails individualizados.
Só preciso que me informes a data a partir da qual posso começar a enviar-te para publicação.
Pensei em mandar um email por semana, para não ficar muito maçador.

Se concordares com este prazo, diz-me o dia de semana que preferes que envie.

Votos de saúde.
Abraço.
JOÃO MOREIRA
Ex-Furriel Miliciano


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2. No mesmo dia foi enviada resposta ao João Moreira

Caro João:
Muito obrigado pelo teu contacto e pela tua disponibilidade para aderires à nossa tertúlia, não para seres mais um, mas prometendo desde já colaborar "forte e feio" com as tuas memórias.
Na verdade estamos muito necessitados de sangue novo, não forçosamente em idade, mas de camaradas que queiram deixar, na nossa página, as suas memórias, escritas e fotográficas, destinadas a serem consultadas pelos nossos vindouros e pessoas que, de alguma maneira, queiram ler os testemunhos, na primeira pessoa, de quem "por lá" andou e sofreu na pele as consequências de uma guerra que não quis.

As tuas memórias militares começarão quando e como quiseres. A recruta foi o nosso começo mas o fim, esse parece vir só com o fim da nossa existência. Estás à vontade para começares até na inspecção militar.

A periodicidade para o envio e publicação dos teus textos e fotos, será conforme queiras, mas acho que semanalmente não estava mal.

Não esqueças que de ti queremos saber: o nome, posto, especialidade, unidade, datas de ida e volta da Guiné, locais de acção, etc.

As fotos que enviares deverão ser acompanhadas por legendas (à parte), onde constará a identificação dos retratados (caso não vejas inconvenientes nisso), data, local e situação. Quando as quiseres intercalar nos textos, ou as colocas tu, ou fazes uma nota no local para nós as localizarmos durante a edição.

Deves mandar as tuas coisas, sempre para: luis.graca.prof@gmail.com e para mim, carlos.vinhal@gmail.com, para assim teres a certeza de que eu e/ou o Luís vai ler.
Vamos fazer uma prévia apresentação tua à tertúlia, pelo que podes aproveitar para aí começares a contar a tua vida militar e outros pormenores que aches que possamos saber de ti, por exemplo, formação académica, profissão, etc.

Acho que o essencial está dito, mas estou sempre por aqui para qualquer dúvida.

Recebe um abraço do camarada, de há muito, e amigo desde hoje
Carlos Vinhal


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3. Nova mensagem do camarada João Moreira ainda no mesmo dia:

Carlos e Luís Agradeço a aceitação do meu pedido de inscrição no grupo.
Em resposta ao Carlos Vinhal, informo que tomei nota das tuas sugestões.
Comunicar-vos-ei os elementos que sugeriste. Não garanto que seja hoje, mas se se proporcionar ainda informo neste fim se semana. Se não puder, envio durante a próxima semana.

Informo-vos que enviarei um email por semana, para publicação e que neste ritmo posso tenho stock para mais de um (1) ano.

Abraço e bom fim de semana.

JOÃO DE JESUS MOREIRA
FURRIEL MILICIANO (porque não quis virar as divisas)

João Moreira na actualidade

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4. No dia 16 recemos a mensagem em que o nosso novo amigo, João Moreira, faz um resumo do seu percurso militar:

Boa tarde Carlos e Luís,

As sugestões do Carlos Vinhal, iriam ser satisfeitas ao longo das publicações que irei enviar.

De qualquer forma e para fazer a minha apresentação vou enviar os dados que o Carlos Vinhal sugeriu.

Chamo-me JOÃO DE JESUS MOREIRA-

Nasci no dia 05 de Junho de 1946, no lugar do Candal, freguesia de Santa Marinha, concelho de Vila Nova de Gaia.

Tirei o Curso Geral do Comércio na Escola Industrial e Comercial de Vila Nova de Gaia.
Fiz a Secção Preparatória para o Instituto Comercial, na Escola Oliveira Martins, no Porto.
Fiz a admissão e frequentei o Instituto Comercial do Porto mas não acabei o curso.

Fui trabalhar na secção de peças duma empresa Comercial do Porto, que entre outras actividades também vendia máquinas industriais.

Com o desenvolvimento dessa secção foi criado um departamento de contabilidade só para esse sector e eu fui transferido para a contabilidade até ir para a tropa.

Quando vim do ultramar fui reintegrado na secção de peças, que passei a chefiar e a ser o gestor de stocks.

Na vida militar fui furriel miliciano com a especialidade de atirador de cavalaria. Também tirei a especialidade de Minas e Armadilhas, em Tancos.

Em Janeiro de 1969 fui para Estremoz para formar batalhão para a Guiné, mas não embarquei por estar internado no Hospital Militar de Évora.

Quando tive alta do Hospital Militar vim gozar os 10 dias da mobilização para ir ter com a minha Companhia que estava em Ingoré. Ao 2.º ou 3.º dia recebi um telefonema do 1.º sargento da secretaria do RC 3 de Estremoz, a dizer para regressar ao quartel, porque tinha sido desmobilizado.

Fiquei lá até Dezembro de 1969, data em que fui transferido para o RC 4, em Santa Margarida, para formar a Companhia de Cavalaria 2721, novamente para a Guiné.

Embarquei no T/T Carvalho Araújo, no dia 04 de Abril de 1970, ou seja já tinha sido incorporado há 27 meses (21 meses de tropa efectiva mais 6 meses das 2 especialidades perdidas. Já era furriel desde Janeiro, embora ainda não me tivessem promovido.

Fui para o Olossato, que tinha um destacamento no Maqué. Ficavam na estrada Mansoa, Bissorã, Olossato, Farim. No final de Maio de 1971, metade da Companhia foi para Nhacra e a outra metade, onde estava o meu grupo de combate, só fomos no dia 09 de Junho.

Ao princípio da noite sofremos um ataque (penso que foi o primeiro ataque a Nhacra). Em Nhacra também passei pelos destacamentos de Dugal e Ponte de Ensalmá.

Regressamos num avião dos TAM, no dia 28 de Fevereiro de 1972.

Curiosamente o Vinhal foi e veio nos mesmos transportes, 2 semanas depois de eu ter ido, e esteve também na mata do Oio. Estávamos a cerca de 10 quilómetros de distância, em linha recta, com o mítico MORÉS, no meio.

Nhacra, 1971 - João Moreira

Reprodução, com a devida vénia, da pág. 512 do 7.º Volume - Fichas das Unidades - Tomo II - Guiné, da Resenha Histórico-Militar das Campanhas de África (1961-1974), publicação do Estado-Maior do Exército.

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5. Comentário do Coeditor CV:

Caro amigo, e camarada de armas, João Moreira, como prometi, estás apresentado formalmente à tertúlia.
Tens reservado para ti o lugar 878 do nosso poilão.

Acho que sabes que tens na tertúlia um companheiro da tua CCAV 2721, o ex-Alf Mil Op Esp, Paulo Salgado, que escreveu o livro "Guiné - Crónicas de Guerra e Amor". Não sei estiveste na apresentação aqui no Porto.

Temos, como disseste, um percurso quase paralelo na Guiné, vocês embarcaram para lá no dia 4 de Abril de 1970, indo no "Carvalho Araújo", e nós no dia 13 do mesmo mês, no Porto do Funchal, no navio "Ana Mafalda". Fomos quase vizinhos, Olossato e Mansabá não ficavam asssim tão distantes, fazendo as duas localidades parte do "empreendimento turítico" do Morés.
Se a tua Companhia substituiu em Abril, no Olossato, a CCAÇ 2402 do BCAÇ 2851, a minha substituiu também em Abril, mas em Mansabá, a CCAÇ 2403 do mesmo batalhão.

Apesar de tudo, a CCAV 2721 teve mais sorte porque em Maio/Junho de 1971 se mudou para um local bem mais pacífico, Nhacra, enquanto a 2732 aguentou estoicamente, em Mansabá, até Fevereiro de 1972, chorando ainda a perda de dois camaradas, em Janeiro, na zona de Mamboncó, um dos carreiros de e para o Morés. A CCAV 2721 regressou a casa em 28FEV72 e a CART 2732 só em 19 de Março.

Ah! Ainda mais uma coincidência, temos ambos uma "pós-graduação" em Minas e Armadilhas.
Posição relativa do Morés, uma importante base estratégica do PAIGC. © Infografia Luís Graça & Camaradas da Guiné

A tua Companhia a partir do Olossato, e a minha, em Mansabá, foram forças activas no Plano de Operações Faixa Negra, que tinha como missão o apoio logístico e manter a segurança aos trabalhos de asfaltamento da estrada Mansabá-Farim, obra reatada no Bironque, até à margem esquerda do rio Cacheu. As nossas Companhias faziam parte das chamadas Forças de Intervenção, a minha integrada no Sub-Agrupamento "M", juntamente com a CCP 122, 2 GCOMB/CCP 121, mais 1 Pelotão(-) do EREC 2641. A tua 2721 fazia parte do Sub-Agrupamento "O", juntamente com a CCP 121(-) mais 21.º PelArt (10,5).

Posição relativa do Bironque na estrada Mansabá-Farim. © Infografia Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné

Ainda a propósito da tua ida tão tardia para a Guiné, e uma vez que já terias tempo suficiente para a promoção a Furriel Miliciano, antes do embarque, nunca chegou a sair à ordem a tua promoção a 2.º Sargento? Éramos mesmo muito mal tratados, no fim do curso de sargentos promoviam-nos(?) a cabos, e quando tatingíamos o tempo para promoção a 2.ºs sargentos, esqueciam-se de nós.

Como o poste já vai longo, resta-me deixar aqui um abraço de boas-vindas em nome dos editores e da tertúlia.

Estamos por aqui sempre disponíveis para qualquer dúvida que tenhas em relação ao funcionamento do Blogue, e já que nos indicaste a tua data de nascimento, a menos que não queiras, terás direito ao nosso singelo postalinho de aniversário. CV

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Nota do editor

Último poste da série de 1 DE MAIO DE 2023 > Guiné 61/74 - P24275: Tabanca Grande (549): As "fotos da praxe" do cor inf ref Mário Arada Pinheiro, que completou 90 anos em 12/12/2022... Foi 2.º cmdt do BCAÇ 2930 (Catió, 1971/73) e Cmdt do Comando Geral de Milícias (1973)

sexta-feira, 1 de janeiro de 2021

Guiné 61/74 - 21724: Op Mabecos Bravios: a participação da CCAÇ 2403, na retirada de Madina do Boé, em 6 de fevereiro de 1969 (Hilário Peixeiro, cor inf ref)


Foto nº 1 > Guiné > Região de Gabu > Canjadude > Op Mabecos Bravios > 2  fevereiro de 1969 >  Canjadude foi o local onde as NT se reuniram para o início, propriamente dito, da Operação. À esquerda os pilotos da FAP Cap Pilav José Nico (filmando) [, hoje ten gen pilav ref] [1] e o Sarg mil  Honório [2] e o Cmdt da Operação,  Cor Inf Hélio Felgas [, Cmd Agrup 2957, Bafatá, 1968/70][3].



Foto nº 2 Guiné > Região de Gabu > Canjadude > Op Mabecos Bravios > 2 de fevereiro de 1969 >  Concentração das NT em Canjadude, quartel guarnecido pela CCAÇ 5.



Fotos (e legendas): © Hilário Peixeiro (2011). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]



1. Há dias falou-se aqui do cor inf ref Hilário Peixeiro, que foi capitão no CTIG, cmdt da CCAÇ 2403 / BCAÇ 2851, Nova Lamego, Piche, Fá MandingaOlossato e Mansabá, 1968/70, mas de quem não temos notícias há já uns anos largos (*). 

Num poste já antigo, de 16/5/2011, há documentação interessante (texto e fotos) sobre a participação da CCAÇ 2403 / BCAÇ 2851 na operação de retirada de Madina do Boé (Op Mabecos Bravios) (**). Reeditamos agora esse materal, valorizando em especial a documentação fotográfica. (***) 

Recorde-se que o desastre do Cheche, em 6 de fevereiro de 1969, fez 47 vítimas mortais. Foi há 52 anos. É uma efeméride difícil de esquecer por todos nós.


 Op Mabecos Bravios: a participação da CCAÇ 2403

por Hilário Peixeiro (**)


Durante o mês de Janeiro [de 1969] tiveram lugar os preparativos e reconhecimentos na zona do Boé, com vista à Operação de evacuação de Madina do Boé, denominada “Mabecos Bravios”.

Para além da CCaç 1790, local, comandada pelo Cap inf Aparício,  participaram na operação outras 6 Companhias [, incluindo da CCaç 2405, Destacamento F].

A 2 de Fevereiro [de 1969] a CCaç 2403, com 3 G Comb  (...)  [Destacamento ], deslocou-se para Canjadude e depois para o Cheche onde chegou já no final do dia, transportada nas viaturas destinadas ao transporte, no regresso, dos materiais da CCaç 1790 e da população de Madina. Desta vez todos os Gr Comb eram comandados pelos respectivos Alferes.

Juntamente com a CCaç 2405, do Cap Jerónimo [Destacamento F], atravessou o Corubal numa das jangadas, recém-construídas para o efeito, indo cada uma ocupar as colinas que flanqueavam a estrada para Madina, á esquerda e á direita. 

Quando as Companhias se separaram, já noite fechada, o IN lançou 2 granadas de morteiro sobre a estrada, sem consequências o que, 15/20 minutos antes, poderia ter tido resultados bem diferentes. 

Na manhã seguinte [, 3 de fevereiro], as Companhias seguiram, apeadas, rumo a Madina, sempre sobrevoadas por 1 T6 ou 1 DO até ao final do dia.

 
Foto nº 3 > Guiné > Região de Gabu > Cheche > Op Mabecos Bravios > 3 de fevereiro de 1969 > Progressão da coluna em direção a Madina do Boé, sob a proteção da DO 27 do srgt pil Honório



Foto nº 4 > Guiné > Região de Gabu > Cheche > Op Mabecos Bravios > 3 de fevereiro de 1969 > Progressão da coluna em direção a Madina do Boé, sob a proteção da DO 27 do srgt pil Honório


A meio da manhã [do dia 3 de fevereiro] houve um reabastecimento de água, planeado e, mais à frente, não planeado, um fortíssimo ataque de abelhas à CCaç 2405  {Destacamento F] que deu origem à evacuação de alguns homens no heli do Comandante da Operação, Cor Felgas, que aterrara entretanto.

Este contratempo provocou grande atraso na coluna e a certa altura o efeito do calor e das abelhas fez-se sentir mais acentuadamente sobre a CCaç 2405, tendo a CCaç 2403 [, Destacamento D] que ia na retaguarda, passado para a frente com o intuito de pedir a Madina reabastecimento de água para o pessoal mais atrasado que estivesse em dificuldades. 

Quando, cerca de 10 minutos depois, um Gr Comb se preparava para sair do quartel, chegou a outra Companhia [, CCAÇ 2405].

Enquanto o pessoal foi instalado,  os Capitães receberam do Comandante a missão para o dia seguinte  [4 de fevereiro] que consistia na ocupação dos morros que se estendiam a sul de Madina entre esta e a República da Guiné.



Foto nº 5 > Guiné > Região de Gabu > Cheche > Op Mabecos Bravios > 3 de fevereiro de 1969  > Evacuação de vítimas de ataques de abelhas e insolação,  com o helicanhão a sobrevoar a zona.

 

Foto nº 6 > Guiné > Região de Gabu > Cheche > Op Mabecos Bravios > A caminho de Madina do Boé > 3 de fevereiro de 1969 > Viaturas das NT abandonadas (Mercedes)



Foto nº 7  > Guiné > Região de Gabu > Cheche > Op Mabecos Bravios > A caminho de Madina do Boé  > 3 de fevereiro de 1969 > Viatura das NT abandonada (Berliet)



Foto nº 8  > Guiné > Região de Gabu > Cheche > Op Mabecos Bravios > A caminho de Madina do Boé > 4/5 de fevereiro de 1969 > Viatura das NT abandonada (Berliet)



Foto nº 9 > Guiné > Região de Gabu > Cheche > Op Mabecos Bravios >  Madina do Boé > 5 de fevereiro de 1969 > Reparação
 de GMC (rebocada) e sem paragem da coluna, de regresso a Cheche,


Quando se fez dia  [em 5 de fevereiro de 1969] o pessoal ficou surpreendido com o cabeço a que Madina estava encostada e os que a rodeavam. Eram autênticas “montanhas” na Guiné, onde tudo era plano. 

As Companhias ocuparam as elevações que lhes foram indicadas e aí permaneceram nesse dia enquanto as viaturas chegaram e no dia seguinte enquanto se procedeu ao seu carregamento com os materiais da guarnição e da população civil que ia ser deslocada para Nova Lamego. 

No dia 6 [de fevereiro], logo que se fez dia, deslocaram-se para a coluna que já se encontrava em movimento a caminho do Cheche, assumindo a segurança dos flancos e retaguarda. 

Antes de atingir o rio Corubal,  a coluna ainda foi alvo de mais um feroz ataque de abelhas que só provocou, como vítimas, a morte de dois cães da população.



Foto nº 10 > Guiné > Região de Gabu > Cheche > Op Mabecos Bravios > Cheche > 6 de fevereiro de 1969 >  I
magem das jangadas com a CCaç 2403 a embarcar para a última travessia antes da tragédia



Foto nº 11 > Guiné > Região de Gabu > Cheche > Op Mabecos Bravios > Cheche > 6 de fevereiro de 1969 >  I
magem das jangadas com a CCaç 2403 a embarcar para a última travessia antes da tragédia



Foto nº 12 > Guiné > Região de Gabu > Cheche > Op Mabecos Bravios > Cheche > 6 de fevereiro de 1969 >  I
magem das jangadas com a CCaç 2403 a embarcar para a última travessia antes da tragédia



As viaturas e pessoal foram atravessando o rio até só restarem as 2 Companhias e parte da CCaç 1790 de Madina. Comandava a Operação de carregamento da jangada o Cap Aparício [, da CCAÇ 1790]. 

Na penúltima travessia foram transportadas a CCaç 2403 e parte da CCaç 2405, tendo a primeira recebido imediatamente ordem do Cor Felgas para montar a segurança do flanco esquerdo da coluna que partiria, logo que pronta, rumo a Canjadude.

Para a última travessia, seria embarcado o pessoal que restava das CCaç 2405 e CCaç 1790, muito menos de 100 homens. 

Enquanto se aguardava a chegada do pessoal que faltava para a coluna se pôr em marcha foram disparadas 1 ou 2 granadas das armas pesadas do Destacamento do Cheche. 

Pouco depois surgiu um soldado a correr em direcção ao rio, a chorar, dizendo que a jangada se havia virado e que muita gente tinha caído à água no meio do rio. 

Através do rádio do Capitão,  foi ouvido o Cor Felgas em comunicação com o General Spínola, que não esteve no local, dizendo que havia muitos homens desaparecidos no rio. 

Com grande atraso em relação à hora prevista, a coluna iniciou o deslocamento para Canjadude onde pernoitou.

No dia seguinte [, 7 de fevereiro] chegou a Nova Lamego, onde o Comandante-Chefe falou às tropas participantes na Operação.

Com a chegada da CCaç 1790 a Nova Lamego,  a CCaç 2403 recebeu ordem de marcha para o Olossato com passagem por Fá Mandinga (...) e aí ficou mais de 1 mês, em missão de intervenção do Comando de Agrupamento de Bafatá. (...)

[Revisão / fixação de texto: LG]

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Notas do edidtor:


(*) Vd. poste de 31 de dezembro de 2020 > Guiné 61/74 - P21715: Em busca de... (310): Hilário Peixeiro, capitão que conheci no Forte da Graça, em Elvas, em 1973/75 (João Rico, ex-fur enfermeiro)

Vd. poste de 13 de julho de 2013 > Guiné 63/74 - P11837: Op Mabecos Bravios (1-8 de fevereiro de 1969): a retirada de Madina do Boé, com o trágico desastre no Cheche, na travessia do Rio Corubal, foi há 44 anos (1): Relato do cmdt da CCAÇ 2405 / BCAÇ 2852 (Galomaro e Dulombi, 1968/70)


(...) 2. Extractos de: Guiné 68-70. Bambadinca: Batalhão de Caçadores nº 2852. Documento policopiado. 30 de Abril de 1970. c. 200 pp. Classificação: Reservado. Cap. II. 36-38..

(...) Iniciada a Op Mabecos Bravios, em 1 [de Fevereiro de 1969], com a duração de 8 dias, para retirar as nossas tropas de Madina do Boé. 

Entre vários destacamentos, tomou parte no Destacamento F a CCAÇ 2405 [ .Comandante: Cap. Mil. José Miguel Novais Jerónimo; 1º Gr Comb – Alf Mil Jorge Lopes Maia Rijo; 3º Gr Comb  – Alf Mil Rui Manuel da Silva Felício; 4º Gr Comb  – Alf Mil Paulo Enes Lage Raposo]. (...)

1 de fevereiro de 1969

(...) O Dest F com o efectivo de 112 homens (4 oficiais, 10 sargentos e 98 praças - estão incluídos 1 secção de sapadores e 8 condutores auto), saiu de Galomaro em 1 de Fevereiro de 1969, pelas 9.30h, e chegou a Nova Lamego por volta das 13.00h do mesmo dia, sem qualquer novidade.

Aqui fizeram-se os preparativos finais da organização da coluna que partiu às 5.30h do dia 2 [D]. (...)

2 de fevereiro de 1969

(...) A coluna saiu de Nova Lamego para Canjadude com o pessoal totalmente embarcado e atingiu-se esta povoação por volta das 9.00h sem qualquer problema. A partir de Canjadude a coluna progrediu com guardas de flancos,  tendo o Dest F colaborado na guarda da rectaguarda da coluna fazendo uma progressão apeada que não estava prevista.

Atingiu-se o Cheche [entre Canjadude e Madina do Boé] por volta das 17.00h (sempre com uma cobertura aérea excelente).

3 de fevereiro de 1969

(...) O IN não voltou a manifestar-se mas obrigou-nos a uma vigilância nocturna permanente e a uma mudança de posição por volta das 23.00h.  (...)

Pelas 5.30h [do dia 3, D + 1] mandou-se um Pelotão a Cheche buscar um Pelotão do Dest E que fazia guarda imediata às viaturas e que eu [, cmdt da CCAÇ 2405,] devia levar até Madina.

Cerca [ das 10.00h ] o Dest F sofreu um violento ataque de abelhas e teve que recuar cerca de um quilómetro para se reorganizar de novo. Um soldado, em consequência, ficou imediatamente fora de acção. Foi pedida a respectiva evacuação bem como a de outro soldado que apresentava sintomas de insolação.

As evacuações fizeram-se para Nova Lamego  (...)

O héli desceu mais tarde para reabastecer o pessoal de água.

O Dest D [CCaç 2403[ passou para a frente e reinicou-se a marcha, sempre fora da estrada até à recta que leva a Madina. Nada mais se passou além do sofrimento intenso das tropas por via do calor. O Det D foi reabastecido de água. 

Atingimos Madina [do Boé] por volta das 19.00h [do dia 3 de fevereiro ] desligados do Dest D que prosseguiu a sua marcha quando F teve que parar para reajustar o dispositivo e tratar os mais debilitados (4 praças e 1 furriel).

Houve descanso em Madina e tomou-se uma refeição quente (...)

4 de fevereiro de 1969

(...) No dia 4 (D + 2)  o Dest F dirigiu-se para [ Felo Quemberá, ilegível] ocupando a posição 3 que se atingiu sem dificuldade por volta das 11.00h. Alternadamente ocupou-se as posições 3 e 4 de acordo com o plano.(...)

5 de fevereiro de 1969

(...) Em D + 3 [5 de Fevereiro de 1969] por volta das 7.30h,  recebemos ordens do PCV [Posto de Comando Volante] para a abandonar a nossa posição e seguir ao encontro da coluna. 

Uma hora depois atingimos o campo de aviação de Madina onde fomos reabastecidos de água e r/c [rações de combate]. 

Pelas 9.00h a coluna pôs-se em movimento e meia hora depois 4 carros da rectaguarda tiveram um acidente. Não obstante, a coluna prosseguiu e o pessoal do Dest F mais os mecânicos resolveram a dificuldade.

6 de fevereiro de 1969

(...) Próximo de Cheche recebi ordens para ocupar a posição que ocupara que tivera em D / D+1 porque o Exmo. Comandante da Operação [, cor inf Hélio Felgas,] entendeu dever poupar alguns quilómetros ao Dest F e D, bastante atingidos pela dureza dos respectivos percursos. Essa foi a razão porque não transpus o [Rio] Corubal em D + 3 [ 5 de Fevereiro] só o vindo a fazer em D + 4 [6 de Fevereiro] por volta das 9.00h.(...)

(...) Durante a transposição do Corubal a jangada em que seguiam 4 Gr Comb [da CCAÇ 2405 e da CCAÇ 1790], respectivos comandos e tripulação afundou-se espectacularmente acerca de um terço da largura do rio, provocando o desaparecimento de 17 militares do Dest F e grandes quantidades de material perdido. (...)

(...) Por voltas das 10.00h de D+ 4 [6 de Fevereiro] saímos de Cheche para Canjadude que atingimos por volta das 16.30h com o pessoal deste Dest embarcado. (...)

7 de fevereiro de 1969

(...) Descansou-se e em D + 5 [7 de Fevereiro] às primeiras horas a coluna pôs-se em movimento para Nova Lamego que foi atingida por volta das 11.00h. 

Às 12.00h as tropas ouviram uma mensagem do Exmo. Comandante-Chefe [, brig António Spínola,] que se deslocou propositadamente para a fazer.

quinta-feira, 31 de dezembro de 2020

Guiné 61/74 - P21715: Em busca de... (310): Hilário Peixeiro, capitão que conheci no Forte da Graça, em Elvas, em 1973/75 (João Rico, ex-fur enfermeiro)




O hoje cor inf ref  Hilário Peixeiro, ex-cap,  
CCAÇ 2403 / BCAÇ 2851, Nova LamegoPicheFá Mandinga,
 Olossato e Mansabá, 1968/70


1. Mensagem do nosso leitor  João Rico, que foi fur enfermeiro, no Forte de Elvas, no período de 1973/75, é atualmente professor e vive em Mira:


Data: quarta, 25/11/2020 à(s) 23:47
Assunto: Hilário Peixeiro 


Faz hoje exatamente 45 anos que dei por finda a minha atividade militar (1973/75), tendo tido a sorte de ter servido o capitão Hilário Manuel Pólvora Peixeiro no Forte da Graça, em Elvas. 

Tentei, por diversas vezes, saber onde ou como o poderia encontrar ou contactar, sempre sem sucesso. Hoje, numa leitura pela vossa (de todos, afinal) "Tabanca", deparou-se-me o seu nome e não resisti à tentação.

Assim e desde já pedido-lhe desculpa pela ousadia de o incomodar sem o conhecer, agradecia-lhe que lhe solicitasse autorização para me facultar os seus contactos.

Para o ajudar, lembre-lhe que fui furriel enfermeiro, no Forte de Elvas, que: 

(i) conseguimos que a direção escolar nos autorizasse a fazer (e fizemos) exames da quarta classe aos militares; 

(ii)  conseguimos fazer uma enfermaria com 6 camas;

(iii) jogámos futebol na equipa do Forte.

Acrescento que sou professor e que resido em Mira.

Obrigado.
João Rico

 2. Resposta do editor LG:

Caro João Rico: Ficamos na dúvida se, na devida altura, lhe respondemos ao seu pedido. Se sim, espero que tenha conseguido contactar o nosso camarada que procurava, o Hilário Peixeiro. Se não, esperamos que ainda vá a tempo. 

Segue, por outra via, o endereço de email do nosso camarada,  cor inf ref Hilário Peixeiro. Não temos tido notícias dele, esperamos que esteja bem de saúde. Vamos em breve reeditar algumas das suas fotos relativas à Op Mabecos Bravios (5-6 fevereiro de 1969) (retirada de Madina do Boé). (**)

Vamos também editar a sua mensagem (, omitindo apenas os seus contactos pessoais que apenas seguem para o Hilário Peixeiro), na expetativa de o nosso camarada entrar em contacto  consigo e/ou connosco. (***)

Desejamos-lhes uma boa entrada no ano de 2021. Luis Graça

 PS - O Hilário Peixeira foi cap inf, CCAÇ 2403 / BCAÇ 2851, Nova Lamego, Piche, Fá Mandinga, Olossato e Mansabá, 1968/70. É membro da nossa Tabanca Grande desde 10 de maio de 2011 (*). Tem 15 referências no nosso blogue.

Tem facebook activo: https://www.facebook.com/hilario.peixeiro
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Notas do editor:

(*) Vd. postes de:


(...) "Sou Coronel reformado e, como complemento à minha vida militar, contida na história da CCaç 2403 que vos enviei (**),  acrescento que, depois da primeira comissão na Guiné,  iniciei a segunda em Maio de 1972 em Moçambique.

Ofereci-me para os Comandos donde saí a meu pedido e ingressei nos GEP (Grupos Especiais Pára-quedistas) depois de fazer o respectivo curso, regressando em Junho de 1974.

Fui colocado no Forte da Graça em Elvas onde estive até Setembro de 1977. Seguiu-se Santa Margarida, 2 anos, Casa de Reclusão de Elvas, Curso de Estado Maior e colocação no Estado Maior do Exército, Regimento de Elvas, Quartel General de Évora e Tribunal Militar de Elvas onde, aproveitando a chamada lei dos Coronéis, passei à situação de Reforma. (...)


(**) Vd. postes de:

14 de Maio de 2011 > Guiné 63/74 - P8273: História da CCAÇ 2403 (Hilário Peixeiro) (1): Deslocação para a Guiné e chegada a Nova Lamego

16 de Maio de 2011 > Guiné 63/74 - P8284: História da CCAÇ 2403 (Hilário Peixeiro) (2): Actividade da CCAÇ 2403 e participação na Operação Mabecos Bravios

19 de Maio de 2011 > Guiné 63/74 - P8299: História da CCAÇ 2403 (Hilário Peixeiro) (3): Actividade da CCAÇ 2403 e participação na Operação Mabecos Bravios

terça-feira, 29 de abril de 2014

Guiné 63/74 - P13065: Furriel Enfermeiro, ribatejano e fadista (Armando Pires) (14): O fadista regressa ao palco - II (Ou quando o apurar dos factos nos leva à procura do militar desconhecido)

1. Mensagem do nosso camarada Armando Pires (ex-Fur Mil Enf.º da CCS/BCAÇ 2861, Bula e Bissorã, 1969/70), com data de 18 de Abril de 2014:

Fantástico!
Não sei se por estarmos na Páscoa, se por estarmos em período festivo, no que à vida do blog respeita, sei que esta equipa editorial é bestial.
Está um homem preocupado com o bom andamento da recuperação do Editor-Chefe, escreve ao Sub-Editor e diz-lhe, “ó Carlos, tenho aqui uma coisa escrita para enviar, mas não sei se o hei de fazer para o Luís ou se directamente para ti”. Responde o Carlos, “fácil, aos dois!”

Pois aqui têm, caros Luís Graça e Carlos Vinhal, decidam agora qual de vós descasca esta amêndoa. O que vos proponho não é uma nova história. É uma espécie de adenda ao que anteriormente escrevi com o titulo de “O fadista regressa ao palco”.

E por ser uma adenda, dei-lhe o 13-A como número de série. E esta adenda parece caída do céu, parece surgida com o propósito de assinalar o 10º Aniversário do nosso blog. Porque sem ele, sem a sua importância e vitalidade, não teriam sido possíveis os reencontros a que vão assistir. E o que os protagonistas dizem, entre si, é um verdadeiro hino em louvor da nossa Tabanca Grande. Acho que talvez mereça a pena ilustrar o texto com as fotos dos então capitães Barros e Hilário, hoje coronéis, cuja localização parece óbvia.

Resta-me desejar ao Luís rápida recuperação, desejar a ambos uma Boa Páscoa, e tornar este último voto extensivo a todos os nossos camaradas tabanqueiros.
Armando Pires


FURRIEL ENFERMEIRO, RIBATEJANO E FADISTA

13-A - O fadista regressa ao palco – Parte II

Ou quando o apurar dos factos nos leva à procura do militar desconhecido

Urge proceder à reformulação da divisa desta Tabanca Grande.
De facto, onde ela proclama que “o mundo é pequeno e a nossa Tabanca … é grande”, já não é sem tempo que se aumente o grau ao adjectivo, passando então a escrever-se que, “o mundo é pequeno e a nossa tabanca… é muito grande”.
Ocorreu-me isto após as incidências que resultaram do meu post anterior (P12905*), no qual, desastradamente, troquei o nome a um capitão. A correcção chegou num comentário do nosso camarada Grantabanqueiro, coronel Hilário Peixeiro, feito nos termos que aqui recordo.

Caro Armando Pires. 
Também estive em Bissorã, uns dias apenas, por volta de MAI/JUN70, para onde fui enviado, enquanto aguardava marcação de embarque para a Metrópole para comandar a CCS do Batalhão, em substituição do Cap. Luís Andrade Barros, do meu curso da Academia Militar que já tinha o embarque dele marcado. 
Foram realmente apenas alguns dias, razão porque não me lembro de ninguém. Na foto do bingo é precisamente o Capitão Barros que está presente. 
Parabéns pelo aniversário muita saúde e um abraço deste amigo que provavelmente ainda foi seu comandante de Companhia por alguns dias.

Hilário Peixeiro
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Meu comandante de Companhia por alguns dias? Foi aqui que o sino tocou a rebate, e que se iniciou uma troca de email’s, cujos eu vou citar nas partes que mais importam a esta história, não lhes acrescentando se não uma ou outra pequena nota de rigor, porque os conteúdos são suficientemente claros para que se compreenda toda a trama.
Comecemos, pois, pelo email que dirigi ao Coronel Hilário Peixeiro.

Caro Coronel. Camarada. 
Começo por lhe agradecer os parabéns o abraço que me deixou no nosso blog. 
Deixe que lhe manifeste a minha estupefação pelo que me revelou. Que esteve em Bissorã, ainda que de passagem, por referir que "terá" comandado a CCS de que fiz parte, e por identificar o Capitão que está na foto da sessão de bingo, comigo e com o Furriel Bonito, como sendo o Cap. Luís Andrade Barros. 
Permita-me que lhe faça um pedido que virá ajudar a "refrescar" a memória que temos desses tempos.

1 - Em que período, ao certo, esteve em Bissorã? 
2 - Não percebi em que circunstância "substituiu" o Cap. Barros 
3 - Dado que foi seu camarada na Academia Militar, pode ajudar-me a "refazer" o percurso dele na Guiné? 
4 - Peço-lhe que me confirme que o oficial que está na foto comigo e com o Furriel Bonito é o Cap. Barros que eu identifico, erradamente, por Cap. Caldeira. 
5- Finalmente, o camarada (permita-me que siga aqui o tratamento em uso no nosso blog) tem alguma fotografia sua da época, se não mesmo de Bissorã, que nos permita ajudar a identificá-lo? 

Aceite as minhas desculpas pela "trabalheira" que lhe dou, mas, como calcula, ao sinalizar a sua presença em Bissorã, deixou-nos a braços com uma imensa curiosidade, com uma enorme necessidade de preencher correctamente certos itens da nossa história.

Aceite um abraço do 
armando pires
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Caro Armando Pires, um grande abraço. 
Não tenho comigo nenhum documento que me permita saber com exactidão quando estive em Bissorã mas vou dar referências que podem trazer luz sobre o assunto. 
Fui comandante da CCaç 2403 que embarcou em 24jul68, no Uíge e regressou em 28mai70 no Carvalho Araújo. 
Em Jul69 fui evacuado para Lisboa e regressei à Guiné em 20jan70, indo comandar a CCS do BCaç 2851 que estava em Galomaro. 
Quando o Batalhão foi para Bissau aguardar embarque, eu fiquei a aguardar que Lisboa informasse do despacho sobre a minha doença da baixa, e mandaram-me para Bissorã substituir o Cap Luís Andrade de Barros, que já tinha regressado a Bissau por ter terminado a comissão e por isso não nos encontrámos em Bissorã. 
Se quiser ver fotos minhas da época, pode dar-se ao incómodo de ver no nosso Blogue uma resumida história da CCaç 2403.

Hilário Peixeiro 
Grantabanqueiro
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Último jantar a bordo. Na mesa do Imediato os Cmdts da CCaç 2401, CCaç2403 e CCaç 2405. Na outra mesa, de costas, o Cmdt da CCaç 2402
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Caro Coronel. Camarada. 
Muito lhe agradeço a brevidade com que respondeu às minhas interrogações. Até porque elas vieram por um ponto final numa dúvida que há muito se tinha instalado naqueles a quem pedi que identificassem pelo nome o capitão (e seu antigo camarada de curso) que substituiu o Capitão Alcino Veiga dos Santos. 
Já pedi ao Luís Graça que fizesse as necessárias correcções ao texto do meu Post. 
Quanto ao "meu coronel", melhor dito, "meu capitão", já foi devidamente identificado, sobretudo pela malta das transmissões, a quem hoje dei contra do seu relato. Sim, recordam-se de si, embora sempre com esta nuance, "ó pá, mas ele esteve muito pouco tempo lá em Bissorã". Pois é para esta questão que peço me diga em que "data" saiu de Bissorã.

Aceite um abraço do 
armando pires
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Caro Armando 
Não sei precisar a data da minha saída de Bissorã mas terá sido em finais de Julho porque eu julgo que regressei em Agosto à Metrópole. Não tenho nada escrito sobre estas datas. 
Hei de pedir uma cópia da minha nota de assentos principalmente por causa destas datas. 

Um abraço e obrigado pelo contacto. 
Gosto imenso de recordar a Guiné e por isso estou muito grato ao Luís Graça e aos restantes administradores do excelente Blogue que criaram para todos nós e que eu consulto com frequência. 

Hilario Peixeiro
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Cap Hilário Peixeiro > Natal de 1968 em Nova Lamego (Gabú)
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Meu caro coronel. 
Aqui tem uma excelentíssima razão para eu não estar muito seguro da sua presença em Bissorã. É que ela corresponde exactamente ao período em que vim de férias a Portugal. 

Um abraço e grato pela sua disponibilidade. 
armando pires
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Caro Armando 
Para a hipótese de querer contactar o Coronel Barros e convidá-lo a incorporar os Tabanqueiros aqui lhe deixo o seu e-mail 
HP
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Cap Hilário Peixeiro > Natal de 1968 em Nova Lamego (Gabú)

Fotos ©: Hilário Peixeiro
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Fantástico!!! 
Muito obrigado. 
Amanhã já lhe vou escrever. 
Abraço. 
AP.
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Meu caro Senhor Coronel Luís Andrade de Barros. 
Chamo-me Armando Pires, fui furriel miliciano enfermeiro da CCS do BCAÇ 2861 (Bissorã) que o senhor Coronel, à época capitão, comandou. Este endereço de email foi-me dado pelo coronel Hilário Peixeiro, seu camarada do Curso da Academia. Acontece que ele e eu escrevemos memórias da Guiné num blog que tem o seguinte link.

… A última memória que publiquei foi sobre as sessões de bingo que realizávamos no bar de sargentos, e das noites de fado em que era eu que cantava. Nessa memória publiquei uma fotografia onde o senhor coronel, se me permite ainda, o "meu capitão", está ladeado por mim, à direita, e pelo Furriel Bonito, já falecido, à sua esquerda. É essa fotografia que tenho a honra de lhe oferecer.

Aceite os cumprimentos do 
armando pires
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Caríssimo Armando Pires, furriel enfermeiro, ribatejano, fadista e companheiro da guerra . 
Recebi com muito agrado as suas notícias de Bissorã, nomeadamente recordando as sessões de bingo com uma afluência capaz de fazer inveja às melhores casas da especialidade. Lembro o entusiasmo que tal iniciativa despertou, a preparação - decoração da sala com pinturas alusivas e os convites para o evento, incluindo a amigos do IN, isto na certeza de então não sermos atacados. E havia também as diversões no club do Michel. 
Estive em Bissorã até 23 de julho de 1970, tendo ali permanecido cerca de cinco meses. Guardo algumas fotografias e também boas recordações de Bissorã .

Um abraço amigo do 
Luis Andrade de Barros.
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Caríssimo Coronel. 
Obviamente que vai ter que me perdoar por lhe ter trocado o nome. Só me apercebi do equívoco quando o seu camarada Hilário falou de si no comentário que fez no meu post. Mais uma vez lhe apresento as minhas desculpas, dizendo-lhe que ontem mesmo escrevi ao Luís Graça, o "pai" do Blog, a solicitar-lhe a devida correcção. 
Já agora, se o meu amigo me permite, porque razão só esteve cinco meses connosco? Segundo me disse o Hilário, terminou o seu tempo de serviço. Sendo assim, o "meu capitão" já se encontrava na Guiné. Importa-se de esclarecer mais este capitulo da nossa história? E deixe-me lançar-lhe um desafio, que me foi sugerido pelo coronel Hilário. Porque não se torna o senhor coronel membro da Tabanca Grande?

Fico na expectativa de notícias suas e peço-lhe que aceite um abraço, um abraço sincero, do 
armando pires
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Caríssimo Armando Pires, furriel enfermeiro e companheiro da guerra.
Vou já responder-lhe porquanto é meu princípio não deixar para amanhã o que posso fazer hoje.
Antes de ir para Bissorã estive a comandar a C.Caç.1788 desde Julho de 1968, em substituição do capitão falecido por acidente em atividade operacional, na sequência do rebentamento de uma granada - armadilha das NT.

Nota: o Coronel Luís Barros refere-se ao capitão Artur Manuel Carneiro Geraldes Nunes. Sobre este acidente de guerra consultar o P3813.
Prosseguindo com o email do cap Barros:

Tive situações difíceis, mas também bons momentos em Catió / Cabedu e Farim. 
Vou só contar a tourada em Farim, uma iniciativa muito parecida com as sessões de bingo em Bissorã. 
Estava no gabinete quando me aparece um alferes seu vizinho (era alentejano) dizendo-me : 
- Meu capitão, não queira saber a nossa sorte! Temos um boi que marra! 
Isto referindo-se a um bezerro vindo do Senegal e destinado a bifes. 
- E o que é que isso interessa! respondi-lhe surpreendido. 
- O que interessa ?!... Antes de o comermos temos de fazer uma tourada!
 Depois de algum espanto com a ideia, alinhei e colaborei com ela. Comprámos um burro para servir de cavalo; improvisou-se com as viaturas uma praça de touros; convidaram-se civis e militares da cidade e até se afixaram cartazes publicitários. 
O bezerro foi toureado duas vezes a pé e a cavalo de burro, valendo tudo. Não houve uma terceira corrida porque o touro partiu um corno quando o metiam no curro (um abrigo ), o que acelerou o seu fim.

Quanto ao convite para me tornar membro da Tabanca Grande, agradeço, considerando muito interessante a sua atividade na constituição de amizades e de recordações boas e mas, sendo certo que se não fosse a Tabanca Grande não teria "regressado" a Bissorã, indiscutivelmente o melhor lugar que tive na comissão da Guiné … fica só a minha disponibilidade para colaborar e nos termos em que agora o faço com muito gosto. Como reformado vou passando o tempo desocupado em Coimbra e de vez em quando vou até à aldeia, em Figueira de Castelo Rodrigo, onde faço agricultura bastante para sacrificar o corpo. E já fiz um livro de 400 páginas sobre a minha aldeia, o que para mim constitui um motivo de alegria e de realização pessoal, isto além de ter concluído a licenciatura em Direito em Coimbra.

Um abraço de muita consideração com votos de uma Boa Páscoa do 
Luis Andrade de Barros.
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Caro Coronel. Meu Capitão. 
Em primeiro lugar. Deixe-me dizer-lhe que está a provocar grande "frisson" entre malta da nossa companhia o facto de nos termos reencontrado. Só não tenho reacções do lado dos oficiais porque, à excepção do Dr. Oliveira, (com quem falei agora mesmo ao telefone e que pediu que lhe enviasse os seus cumprimentos) não tenho contactos com mais ninguém. Foi para mim preciosa a sua resposta à minha pergunta central, porque ela me permite escrever a história por linhas direitas. Da mesma forma que me "localizou" no blog do Graça, sugiro-lhe que localize uma referência que lá vem à CCAÇ 1788, onde é dada nota de ter o sr. coronel substituído o falecido capitão Artur Nunes.
… Aceite um forte abraço e fico a aguardar as suas notícias. 
armando pires
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Terminada a epistolar e muito cerimoniosa troca de correspondência, fica por saber quem foi o 4º Homem. Sim, não sei se se deram ao trabalho de terem vindo a contar o número de capitães que comandaram a CCS do BCAÇ 2861, a saber, em primeiro lugar o capitão Alcino dos Santos, o tal que tendo sido promovido a major passou a oficial de operações, depois o Capitão Luís Andrade Barros, seguiu-se-lhe, quase me apetece dizer, em regime de parte-time, tão breve foi o tempo que lá esteve, o Capitão Hilário Peixeiro, e vão três, pois então, mas tendo o Capitão Hilário terminado a sua missão em Julho de 1970, quem foi o homem, o tal quarto homem, a comandar-nos até ao fim da comissão, ou seja, até Dezembro de 1970?

Deixem-me abrir um parêntesis para dizer que, não sendo caso raro, o nosso Batalhão foi pródigo em trocas de comandantes de Companhia. Só Capitão Melo de Carvalho se manteve fiel, do principio ao fim, à sua CCAÇ 2465. Quanto às restantes, a CCAÇ 2466 teve três comandantes e a 2464, dois.

Fechado o parêntesis, quero dizer que muito tenho interrogado os meus camaradas sobre que memória ainda lhes acode do 4º Homem. Nada. Ninguém está seguro de nada. Alguns até se questionam se existiu um 4º Homem. Outros têm uma vaga ideia de um tipo que era baixo, magro, até há quem o diga, havendo mesmo quem ponha bigode a recortar o lábio superior, mas só de um ou dois ouvi dizer que ele se chamava Castro.

“E que tal ires à história da Companhia?”, perguntarão os que me estejam a ler. Pois atentem na minha incredibilidade ao ler a Resenha Histórica Militar das Campanhas de África, 7º Volume, Tomo II, da qual consta que a minha Companhia foi comandada pelo capitão Castro, da arma de Infantaria, acrescentando o livro que “não foi obtida a identificação completa”.

Quase em choque, dirigi-me ao Arquivo Histórico Militar, requisitei a história do meu Batalhão, da minha Companhia em particular, e do Capitão Castro nenhuma referência, nenhuma notícia, ali o homem não existiu. Ora eu não acredito que aquele capitão tenha ido à Guiné, a fazer um biscate, entre Julho e Dezembro de 1970, como comandante da minha Companhia.
Aquele capitão ou já estava na Guiné e, por uma qualquer razão, foi destacado para o comando da CCS do BCAÇ 2861, ou chegado de Portugal, em rendição individual, foi direitinho para Bissorã para nos comandar mas, chegando a nossa comissão ao fim, a ele ainda lhe restaria muito tempo de serviço por cumprir.

Então, de onde veio o Capitão Castro, oficial da arma de infantaria?
Então, para onde foi o capitão Castro, oficial da arma de infantaria?
Será que alguém me ajuda a dar nome a este “militar desconhecido”?

(FIM)

Armando Pires
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(*) Vd. poste de 27 DE MARÇO DE 2014 > Guiné 63/74 - P12905: Furriel Enfermeiro, ribatejano e fadista (Armando Pires) (13): O fadista regressa ao palco

segunda-feira, 1 de abril de 2013

Guiné 63/74 - P11333: O Nosso Livro de Visitas (164): Dionildo Nunes Guardado (ex-sold, CCAÇ 2403 / BCAÇ 2851, Nova Lamego, Piche, Fá Mandinga, Olossato e Mansabá, 1968/70)

Guiné > Região do Oio > Mansabá > CART 2732 (1970/72) > 12 de Novembro de 1970 > Ataque do PAIGC... Enfermaria militar atingida por munição de canhão sem recuo. A CART 2732 foi render a CCAÇ 2403.

Foto: © Carlos Vinhal (2010) / Blogue Luís Graça & Camaradas. Todos os direitos reservados


1. Mensagem de 29 de março último, do nosso leitor (e camarada Dionildo Nunes Guardado;

De: Dionildo Nunes Guardado 
Data: 29 de Março de 2013 à32 10:19
Assunto: Camaradas da Guiné

Camarada Luís

Eu fiz parte da CCAÇ 2403,  era do 3º pelotão, da secção de metralhadoras mas estive a maior parte do tempo a trabalhar na cozinha.

Quando fomos para Mansabá,  fui trabalhar para a messe.

Tenho bastantes recordações, lembro-me no tempo que tivemos em Nova Lamego. Por exemplo, lembro-me que um pelotão da nossa companhia ia fazer uma escolta e fazer proteção aos camiões que iam fazer o abastecimento a um outro destacamento. Sofreu  uma emboscada.  Um roquete inimigo conseguiu  furar a chapa da Fox. Morreram os dois operadores que manobravam a viatura.

Também me lembro que, não sei precisar o dia, numa escolta de Mansoa a Mansabá também tivemos uma emboscada onde morreu um camarada nosso que, ao lançar um dilagrama com a bala apropriada foi com a vala real e a granada expludiou e ele teve morte imediata.

Mas há muito mais para recordar como a tragédia do Rio Corubal. Agora termino com um
abraço para todos os camaradas da Tabanca Grande

Dionildo Nunes Guardado
ex-sold, CCAÇ 2403/BCAÇ 2851, Nova Lamego, Piche, Fá Mandinga, Olossato e Mansabá, 1968/70); é atualmente coronel na reforma):
Email: nunesdionilo@sapo.pt

2. Comentário de L.G.:

Camarada Dionildo, sê bem vindo. A história da tua companhia e das vossas andança pela Guiné já aqui foi contada pelo teu ex-comandante, Hilário Peixeiro, hoje coronel na reforma. Mas as tuas recordações serão bem vindas, caso queiras integrar a nossa Tabanca Grande. Teremos muito gosto em publicá-las. O preço é simbólico: mandas duas fotos tuas, uma do teu tempo de tropa e outra atual, e contas, com maior detalhe, um história de que te lembres. Boa saúde, longa vida. A malta do blogue encontra-se todos os anos. O nosso VIII Encontro Nacional vai ser em Monte Real, Leiria, a 8 de junho de 2013. Um Alfa Bravo. Luis Graça
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Nota do editor:

Último poste da série > 24 de fevererio de 20134 > Guiné 63/74 - P11145: O nosso livro de visitas (163): Sónia Miranda, filha do nosso camarada, já falecido, Francisco Pacheco Miranda, ex-1º cabo, presumivelmente da CCAÇ 274, mobilizado pelo BII 18, Ponta Delgada (Fulacunda, 1962/64) (José Martins)

quarta-feira, 18 de janeiro de 2012

Guiné 63/74 - P9370: (Ex)citações (172): Que riqueza este nosso blogue! (Hilário Peixeiro, ex-Cmdt da CCAÇ 2403, 1968/70)


Guiné-Bissau > Região de Tombali > Parque Nacional do Cantanhez > Cananima > 9 de Dezembro de 20090 > 18h00 > Barco e pescador de Cananima, aldeia piscatória frente a Cacine, situada na margem direita do Rio Cacine... Não existia no tempo da guerra, não vinha no mapa...

Foto: ©
João Graça (2009) / Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné. Todos os direitos reservados .


1. Comentário, com data de 3 do corrente,  de Hilário Peixeiro, ao Poste P9296(*) (Recorde-se que este nosso camarada, membro da nossa Tabanca Grande, foi comandante da CCAÇ 2403/BCAÇ 2851, Nova Lamego, Piche, Fá Mandinga, Olossato e Mansabá, 1968/70; é atualmente coronel na reforma):

 Caro Luís:

Como admiro quem, em meia dúzia de linhas, consegue exprimir os sentimentos e emoções vividos por tantos milhares dos que passaram por 13 longos anos de guerra,quando eu, em mil páginas, não o saberia fazer.

Que riqueza este nosso blogue onde nos encontramos de coração aberto ao que de melhor tem o ser humano.

Obrigado aos seus administradores com votos não só de um Feliz Ano Novo mas de longa vida para continuarem esta possibilidade de melhor nos recordarmos. (**)

Hilário Peixeiro
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Notas do editor:

(*) Vd. poste de 31 de dezembro de 2011 >
Guiné 63/74 - P9296: Blogpoesia (174): Dies irae! (Luís Graça)

(**) Último poste da série > 4 de janeiro de 2012 > Guiné 63/74 - P9311: (Ex)citações (171): A propósito de citações e comentário do Mais Velho (José Manuel Matos Dinis)

segunda-feira, 25 de julho de 2011

Guiné 63/74 - P8601: Era uma vez ... (Ernestino Caniço) (1): De burro a cavalão, ontem, em Mafra; hoje, médico de família, em Tomar...


Monte Real > Palace Hotel > 4 de Junho de 2011 > VI Encontro Nacional da Tabanca > Grande > Da esquerda para a direita, Jorge Picado (Ílhavo), Ernestino Caniço (hoje médico, em Tomar), Semião Ferreira (médico das Termas de Monte Real, e que não há meio de entrar para o blogue, apesar das nossas insistências, que são sempre amáveis,  mas pouco convincentes.  convites; esteve na Guiné como operacional) e António Estácio (Mem Martins / Sintra)... Os três primeiros conheceram-se na região do Oio (Mansoa, Cutia, Mansabá...) e estiveram em animadíssima conversa...  O Ernestino Caniço é membro da nossa Tabanca Grande desde Maio passado (*).

Foto: © Manuel Resende (2011) / Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné. Todos os direitos reservados.


1. Mensagem do nosso camarada Ernestino Caniço [, foto à esquerda; comandante do Pel Rec Daimler 2208, Mansabá e Mansoa, 1970/71), 


Data: 24 de Julho de 2011 22:26
Assunto: História 1


Caros camaradas

Foi com enorme satisfação que,  num encontro [, o VI Encontro Nacional do nosso blogue,]  em que a maioria dos participantes terá vivido há décadas emoções semelhantes, revi com alegria alguns camaradas como o Simeão, o Zé Luis V. Carvalho, o [Carlos] Vinhal e o [Jorge] Picado, bem como outros que conheci, nomeadamente o Luís Graça.

Apesar da minha disponibilidade estar limitada, vou tentar contar alguns episódios da minha vida militar. Desta vez referirei um,  em Mafra,  durante a recruta, que intitulo de "o burro cavalão". Desde já quero dizer, que não existe qualquer aspeto presuntivo na narrativa, mas apenas o querer mostrar a subjetividade da análise de ex-camaradas.

Um grande abraço
Ernestino Caniço


2. Era uma vez... (1) > De burro a cavalão... 
por Ernestino Caniço [, foto à direita]

Os mancebos do meu pelotão, em Mafra,  eram quase todos licenciados com exceção de dois, sendo eu um deles. Durante quatro anos, na Faculdade de Medicina de Coimbra, fiz apenas uma cadeira, na perspetiva de ir à guerra e, obviamente, não ter garantido o regresso. 

Havia,  portanto, que aproveitar bem o tempo noutras atividades. De volta, não tendo argumentos para não estudar, lá fiz as restantes 37 [ cadeiras] em 4 anos e meio.

Pelo putativo insucesso inicial, entendiam os camaradas do pelotão que eu era um grande burro. E como nos treinos chegava quase sempre em primeiro lugar, com duas ou três armas dos mais fracos, recebi o título de... cavalão.

Pois bem, na esperança que algum deles leia estas breves palavras, o tal burro é hoje: (i) médico, (ii) chefe de serviço da carreira de medicina familiar, (iii) gestor de serviços de saúde, (iv) pós graduado em direito da medicina e, por fim, (v)  formador inscrito no IEFP (Instituto de Emprego e Formação Profissional).

Como alguém dizia: E o burro sou eu?
E esta, hein?

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Notas do editor:

(*) Vd. poste de 21 de Maio de 2011 >
Guiné 63/74 - P8308: Tabanca Grande (285): Ernestino Caniço, ex-Alf Mil, CMDT do Pel Rec Daimler 2208 (Mansabá, Mansoa e Bissau, 1970/71)

(i) Ribatejano, nasceu em Almeirim, em 1/12/1944;
(ii) Tirou a a especialidade de Carros de Combate M47, na Escola Prática de Cavalaria de  Santarém;
(iii) Alferes Miliciano, foi Comandante do Pel Rec Daimler 2208;
(iv) Chegou  a Bissau em Fevereiro de 1970:
(v) Esteve em Mansabá cerca de quatro meses com metade do pelotão e adido à CCaç 2403, comandada pelo Capitão Carreto Maia;  e posteriormente à Cart 2732  (onde conheceu o Carlos Vinhal, entre outros camaradas);
(vi) Mais tarde foi para Mansoa onde ficou  cerca de seis meses com a outra metade do Pelotão, dependente do BCAÇ 2885;
(vii) Findo esse período, foi desativado o Pelotão;
(viii) Foi então colocado na Repartição de Assuntos Civis e Ação Psicológica em Bissau, até ao seu regresso à Lisboa, em Dezembro de 1971.

(**) Vd. poste de 15 de Junho de 2011 > Guiné 63/74 - P8421: Monte Real, 4 de Junho de 2011: O nosso VI Encontro, manga de ronco (9): Os apanhados pela objectiva do Manuel Resende (Parte II)

sábado, 21 de maio de 2011

Guiné 63/74 - P8309: História da CCAÇ 2403 (Hilário Peixeiro) (4): Actividade da CCAÇ 2403 em Mansabá, com passagem pelo Olossato, e regresso à Metrópole




1. Quarta e última parte da publicação da História (resumida) da CCAÇ 2403/BCAÇ 2851, Nova Lamego, Piche, Fá Mandinga, Olossato e Mansabá, 1968/70), envida pelo seu Comandante, ex-Cap Mil Hilário Peixeiro*, actualmente Coronel na situação de Reforma.






História (resumida) da CCaç 2403 – Guiné 1968/70 (4)

Actividade da CCAÇ 2403 em Mansabá, com passagem pelo Olossato, e regresso à Metrópole


Olossato

Uma das personalidades mais conhecidas do Olossato era a lavadeira Rosa que aplicava uma tabela de preços pela sua actividade, baseada no princípio de que quem mais ganha mais paga e, assim, não interessando quem entregava mais ou menos roupa para lavar, o Capitão pagava mais que todos, depois vinham os Alferes, os Furriéis e Praças sucessivamente, não havendo argumentos que a convencessem de que devia cobrar de acordo com a roupa que cada um lhe entregava. Fazia-se acompanhar pela filha pequena sempre que ia buscar e entregar roupa e um dia levou consigo uma jovem já quase adulta para a apresentar ao Capitão, como a segunda mulher do seu marido, comprada recentemente.

Contacto com a população

A estadia da Companhia no Olossato, anunciada como última até ao fim da comissão, foi de pouca duração. Poucos dias após a chegada, Mansabá sofreu um dos seus maiores ataques*, com uma duração inusual de cerca de 40 minutos que provocou grandes estragos materiais e muitas vítimas entre a população e algumas entre os militares. Logo após este ataque, a CCaç 2403 recebeu ordem de transferência para aquele aquartelamento por troca com a CCaç 2402 que ali estava colocada.

Mansabá

Em Mansabá o BCaç 2851 era comandado pelo Major Borges em substituição do Ten Coronel Luz Mendes a quem o General Spínola retirou o Comando após o ataque ao quartel. O Major Bispo tinha sido transferido para Bissau para o Serviço de Justiça, o Major Martins tinha sido evacuado por, dias antes, ter pisado uma mina, mas continuavam o Capitão Bento e o Capitão Gamelas e os Alf Mil Pimentel, Sousa, Amaral e Bentes da CCS. Foi criado um Comando Operacional sob o Comando do Ten Cor Paraquedista Fausto Marques, constituído pela CCP 122 comandada pelo Tenente Silva Pinto, a CCaç 2403 e a CCaç (?) de pessoal madeirense sob o comando do Capitão Carvalho.

Foi atribuída às Companhias do Exército, reforçadas com o Pel Daimler do Alf Mil Belo, a missão de protecção próxima dos trabalhos da estrada, enquanto a CCP 122 faria a protecção afastada através de heli-assaltos onde fossem localizadas posições do In. O COP iniciou a sua acção com o assalto a uma posição do In no Morés com o GComb do Tenente Bação, que tinha ficado em Bissau, para o efeito. Depois da actuação dos Fiats sobre o objectivo e largado o Grupo no mesmo, os helis dirigiram-se a Mansabá para transporte do resto da Companhia. Quando regressaram para transportar o terceiro Grupo, entregaram 1 Metralhadora e 1 ou 2 armas ligeiras capturadas pelo Grupo ido de Bissau.

Seguiram-se outros assaltos sempre iniciados com o Grupo que estivesse em Bissau, Tenente Terras Marques ou Tenente Avelar de Sousa, mas já sem capturas de material. A CCaç 2403 com a do Capitão Carvalho estabeleceram o sistema de protecção com 2 GComb 24 horas por dia no exterior, junto ao desenrolar dos trabalhos e desde o primeiro dia, em que foram levantadas as minas anti-pessoal colocadas na noite anterior, nunca mais, uma só que fosse, foi colocada. Quando a Companhia chegou a Mansabá, as minas, colocadas em grande quantidade, era tanto o pavor do pessoal como uma grande fonte de rendimento, dado que cada uma levantada valia bom dinheiro.

Para além da protecção aos trabalhos a CCaç 2403 ainda fez duas Operações em conjunto com a de Páras sendo, na segunda, recolhida (pela primeira vez ) de helicóptero.

Quando os trabalhos se afastaram do quartel, dificultando o apoio de fogo à reacção a prováveis ataques ou flagelações do In, a Engenharia Militar empenhada nas obras e dirigida, inicialmente pelo Capitão Engº Veiga e depois pelo seu substituto, Alf Mil Engº, também de apelido Veiga, construiu uma posição para o Morteiro 10,7 existente no quartel, a cerca de 3Km deste, protegido por um GComb. Numa das primeiras noites, após a instalação desta arma, a posição foi atacada, provocando 2 feridos ao GComb da Companhia madeirense que nessa noite a ocupava. Ou pela reacção encontrada e acção dos Páras no dia seguinte ou por outra qualquer razão foi o último ataque aos trabalhos. A partir daí apenas se verificavam flagelações de 1 ou 2 granadas de Morteiro 82 a que sempre respondia o Morteiro 10,7.

A certa altura a estrada era completamente finalizada com pavimento asfaltado, à ordem de 100 metros por dia e assim continuou até serem interrompidos os trabalhos por motivo das chuvas intensas da época. Foram terminados cerca de 6 quilómetros, até à região de Birongue, até princípios de Agosto.

Em finais de Julho o Capitão baixou ao Hospital de Bissau e foi evacuado para Lisboa, por motivos de saúde.

Após o fim dos trabalhos o Comando do COP foi transferido para a região de Bafatá e o Comando do BCaç 2851 para Galomaro, ficando apenas a CCaç 2403 em Mansabá, integrada no Batalhão de Mansoa.

Quando se encontrava em Lisboa o Capitão foi informado pelo 1.º Sargento da Companhia que o Alf Mil Brandão, em acção de patrulhamento que lhe tinha sido imposta para poder entrar de licença dias depois, tinha falecido, em 18/09/69, com um tiro, disparado, por acidente pelo Tenente que o tinha substituído no comando da Companhia, da arma de um guerrilheiro, abatido. Foi o terceiro morto da Companhia.

Não teve capacidade para vencer o pavor que tinha de sair para o mato e o Capitão nunca soube lidar com essa situação. Encontrou a morte da forma mais inesperada e estúpida.

Teve a hombridade de não ter desertado o que, quem sabe, o poderia ter tornado num importante político. Paz à sua alma.

Quando em Janeiro o Capitão teve alta do HMP contactou o Capitão Carreto Maia, então Comandante da Companhia informando-o da chegada a Bissau no dia 20 e propondo-lhe a troca de funções com a que lhe viesse a ser atribuída. No dia 21 contactado o QG de Bissau a troca não se fez porque a colocação disponível era na Companhia do Jolmete e o Capitão Maia só aceitava ficar em Bissau ou numa Companhia do Batalhão de Mansoa a que, então, pertencia e de que gostava.

No regresso a Mansabá, em 23 de Janeiro de 1970, a Companhia sofreu uma emboscada e na reacção, um acidente com um dilagrama provocou dois mortos, o 1.º Cabo Rebelo e o Soldado Alexandre e um ferido de média gravidade, o Soldado “Caracol”. Foram o quarto e quinto mortos e o primeiro ferido da Companhia.

Entretanto o General Spínola requisitou para a Câmara Municipal de Bissau o Comandante da CCS/BCaç 2851 por ser arquitecto e determinou a sua substituição por um Capitão disponível o que levou o Capitão Peixeiro de volta ao seu Batalhão, em Galomaro. Comandava o Ten Coronel António José Ribeiro e os restantes Oficiais eram praticamente os anteriores.

Em meados de Maio, com a comissão terminada, o Batalhão reuniu-se novamente em Bissau onde, 22 meses antes, tinha sido desmantelado.

Na formatura de despedida do General Spínola às tropas que regressavam à Metrópole foi lido o louvor atribuído pelo Comandante-Chefe à CCaç 2403.

Não regressaram com a Companhia: o Capitão Peixeiro que ficou a aguardar despacho do seu auto por doença em serviço; o Capitão Maia, os Alf Mil Carias e Amaral por não terem ainda terminado as suas comissões; e o Alf Mil Tavares que ficou na comissão liquidatária.

Assim, embarcou em Bissau no Navio Carvalho Araújo, em 28 de Maio e desembarcou em Lisboa em 04 de Junho de 1970, comandada pelo Fur Mil Casimiro Santos, a CCaç 2403.

Navio Carvalho Araújo

(FIM)
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Notas de CV:

Vd. postes anteriores da série de:

14 de Maio de 2011 > Guiné 63/74 - P8273: História da CCAÇ 2403 (Hilário Peixeiro) (1): Deslocação para a Guiné e chegada a Nova Lamego

16 de Maio de 2011 > Guiné 63/74 - P8284: História da CCAÇ 2403 (Hilário Peixeiro) (2): Actividade da CCAÇ 2403 e participação na Operação Mabecos Bravios
e
19 de Maio de 2011 > Guiné 63/74 - P8299: História da CCAÇ 2403 (Hilário Peixeiro) (3): Actividade da CCAÇ 2403 e participação na Operação Mabecos Bravios

(*) Vd. poste de 24 de Agosto de 2008 > Guiné 63/74 - P3146: História da CCAÇ 2402 (Raul Albino) (12): Ataque a Mansabá