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domingo, 19 de outubro de 2025

Guiné 61/74 - P27332: Seis jovens lourinhanenses mortos no CTIG (Jaime Silva / Luís Graça) (6) José João Marques Agostinho (Reguengo Grande, 1951 - Bula,1973): era 1º cabo at cav, CCAV 8353/72 (Cumeré, Bula e Pete, 1973/74)





Guião da CCAV 8353/72 (Cumeré, Bula e Pete, 1973/74)




Guiné > Zona Oeste > Regiãode Cacheu > Carta de Bula (1953) / Escala 1/50 mil > Posição relativa de Bula, Binar, Capunga, Pete... E a nordeste, Choquemone, Pelabe, Dungor...O lourinhanense, 1º cabo at cav José João Marques Agostinho morreu entre Dungor e Choquemone,  no  dia 5/5/1973, sábado.

Infografia: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné (2025)


I. Continuamos a reproduzir, com a devida vénia, alguns excertos do livro recente do Jaime Bonifácio Marques da Silva, "Não esquecemos os jovens militares do concelho da Lourinhã mortos na guerra colonial" (Lourinhã: Câmara Municipal de Lourinhã, 2025, 235 pp., ISBN: 978-989-95787-9-1), pp.189-190. (*)




JOSÉ JOÃO MARQUES AGOSTINHO
(24.12.1951 - 05.05.1973)

Localidade do falecimento - Guiné
1º Cabo atirador cavalaria nº E – 151117/ 72
Naturalidade - Reguengo Grande
Local da sepultura - Cemitério do Reguengo Grande, Lourinhã



1. REGISTO DE NASCIMENTO

José João Marques Agostinho nasceu a 24 de dezembro de 1951, às vinte e duas horas e vinte minutos no lugar e freguesia de Reguengo Grande. 


Filho legítimo de Francisco Ribeiro Agostinho de 26 anos, casado e com a profissão de moleiro, natural de Roliça, concelho de Bombarral e de Maria Augusta Ferreira Marques de 21 anos de idade, casada, doméstica e natural de Reguengo Grande e domiciliados no lugar de Reguengo Grande. (...)


A declaração do registo de nascimento foi feita pelo pai, às dez horas do dia vinte e um, de janeiro de 1952 no Posto do Registo Civil de Reguengo Grande. Teve como testemunhas João Ferreira Marques, solteiro, maior, jornaleiro, Maria do Carmo Hipólito casada, doméstica e Narcisa Silva Boavida Rocha, casada, doméstica e todos residentes em Reguengo Grande.


O Registo foi lavrado, em substituição do Conservador, por Diamantina do Carmo Salvador, não tendo o declarante e as testemunhas assinado por não saberem escrever. Registo realizado a 21 de janeiro de 1952 na Conservatória do Registo Civil da Lourinhã

2. REGISTO MILITAR

Recenseamento: o José João Marques Agostinho foi recenseado pelo DRM 5 em 1969 com 18 anos. Solteiro, com a Profissão de Pintor de construção civil, tinha como habilitações literárias o exame do 2º Grau (4º classe do ensino primário).


Inspeção Militar: apresentou-se a 22 de julho de 1971. Tinha 1.57 de altura, pesava 68 kg. Foi “apurado para todo o serviço Militar”, tendo sido alistado na mesma data e sendo-lhe atribuído o Número mecanográfico: E – 151117 /72. 


A 2 de janeiro de 1973 marcha para Estremoz a fim de se apresentar no Regimento de Cavalaria 3, para onde foi transferido, para frequentar a IE/4º T/72, sendo colocado na CCAV 8353/72,  com o nº 1785/72 (OS 8). 

A 21 de fevereiro termina com aproveitamento a IE /4º T/72 (OS 84) e, a 25 de fevereiro de 1973, finaliza com aproveitamento e com a classificação de 15.30 valores a Escola de Cabos na especialidade de Atirador de Cavalaria (OS 48).

2.1. Comissão de serviço no ultramar, Guiné

Mobilizado a 26 de fevereiro de 1973, é nomeado por imposição para servir no CTIG, nos termos da alínea c) do artº 20 do Dec.49107, de 07.07.69, com destino à CCAV 8353 / RCAV 3 (OS 50).


Embarque: a 16 de março de 1973, pelas 07H00, fazendo parte da CCAÇ 8353, marcha para Lisboa a fim de embarcar para o CTIG por via marítima (OS 73). É promovido nesta data ao posto de 1º Cabo.


Desembarque: a 22 de março de 1973 desembarcou na Guiné, desde quando conta 100% de tempo de serviço.


Data do falecimento: 5 de maio de 1973.


Causas da morte: ferimentos recebidos em combate.


Local do acidente: Entre Dungor e Choquemone


Abatido ao efetivo: a 5 de maio de 1973 foi abatido ao efetivo da CCAV 8353 por ter falecido por ferimentos recebidos em combate.


Despacho do Comando Militar: 23 de maio de 73, por despacho do Exmo Brigadeiro Comandante Militar do CTI Guiné foram considerados como adquiridos em combate os ferimentos sofridos e que motivaram a sua morte em 5 de maio. (Nota nº 7372, de 30 de maio, SJD/QG/CTI Guiné).


Local da operação: Dungor – Choquemone


Tempo de serviço:1972, 69 dias.1973, 124 dias


Local da sepultura: Cemitério Paroquial de Reguengo Grande


Unidades onde prestou serviço: BCAÇ 8, 24.10.1972. RCAV 3, 03.01.1973


Contagem do tempo de serviço: 1972, 69 dias. 1973,124 dias

2.2. Registo disciplinar: condecorações e louvores

Medalha: segunda classe de comportamento (Artº 188º do RDM) é lhe atribuída em 24 de outubro de 1972

3. PROCESSO DE AVERIGUAÇÕES AO ACIDENTE: ANOTAÇÕES E CONTEXTO

(No seu processo, consultado no AGE, não consta o Auto de Averiguações ao acidente que lhe provocou a morte.)


Fonte: Excerto de 


II. Até à data, o único representante do da CCAV 8353/72 na nossa Tabanca Grande é  o Armando Ferreira, ex-fur mil cav, ribatejano de Alpiarça, reconhecido artista plástico,  escultor e pintor (vd. página no Facebook).

IIa. Excerto da ficha unidade:

Unidade Mob: RC 3 - Estremoz
Cmdt: Cap Mil Cav António Mota Calado
Divisa: "Primus lnter Pares"
Partida: Embarque em 16Mar73; desembarque em 22Mar73 | Regresso: Embarque em 30Ag074

Síntese da Actividade Operacional


Após a realização da IAO, de 26Mar73 a 22Abr73, no CML, em Cumeré, seguiu em 23Abr73 para Bula, a fim de efectuar o treino operacional sob orientação do BCav 8320/72. 

Em 09Mai73, assumiu a função de intervenção e reserva do BCav 8320/72, com a sede em Bula e, a partir de 23Mai73, assumiu, cumulativamente, a responsabilidade do subsector de Bula, em substituição da 1ª Comp/BCav 8320/72. 

Em 16Dez73, destacou dois pelotões para realização dos trabalhos do reordenamento da Ponta de S. Vicente e promoção socioeconómica das populações.

Em 24Mar74, substituída pela 2ª Comp/BCav 8320/72, assumiu a responsabilidade do subsector de Pete, com destacamentos em Capunga, João Landim e Mato Dingal, mantendo-se integrada no dispositivo e manobra do BCav 8320/72.

Em 17Abr74, rendida no subsector de Pete pela 3ª Comp/BCav 8320/72, seguiu para Ilondé, a fim de ser integrada nas forças de reserva à disposição do Comando-Chefe, em substituição da 2ª Comp/BCaç 4516/73, tendo então efectuado escoltas a colunas de reabastecimento a Farim.

Em 29Abr74, foi deslocada para Bissau, a fim de reforçar o dispositivo de segurança e protecção das instalações e das populações e de manutenção da ordem pública, sob dependência do COMBIS, e onde se manteve até ao seu embarque de regresso.

Observações Tem História da Unidade (Caixa n." 107 - 2ª Div/ 4ª Sec, do AHM).

 Fonte: Excerto de Portugal. Estado-Maior do Exército. Comissão para o Estudo das Campanhas de África, 1961-1974 [CECA] - Resenha Histórico-Militar das Campanhas de África (1961-1974). 7.º volume: Fichas das Unidades. Tomo II: Guiné. Lisboa: 2002, pág. 522.


IIb. Vídeo (11' 29'') do Armando Ferreira, nosso grã-tabanqueiro nº 704, disponível no You Tube > Armando Ferreira. Faz homenagem aos 4 mortos e 13 feridos da emboscada do dia 5/5/1073.


A CCAV 8353/72 veio substituirm en Bula,  a companhia do cap cav Salgueiro Maia, a CCAV 3420 (Bula, 1971/73). 

 Neste vídeo, de mais de 11 minutos, o Armando faz um emocionado e emociante relato do historial da sua companhia, declamando em "voz off" um dramático e longo texto poético, a que deu significativamente o título "A ternura dos 20 anos"...

O vídeo foi colocado no You Tube, 42 anos depois do "batismo de fogo" do Armando e dos seus camaradas, a trágica emboscada que a companhia sofreu em 5/5/1973, a nordeste de Bula, entre Dungor e  Choquemone, de que resultaram as 17 primeiras baixas da companhia, 13 feridos e 4 mortos (a seguir listados):

(i) fur mil cav Serafim de Jesus Lopes Fortuna, natural da Madalena, Vila Nova de Gaia, e que era um dos seus grandes amigos;

(ii) 1º cabo at cav José João Marques Agostinho, natural de Reguengo Grande, Lourinhã;

(iii) Sold at cav João Luís Pereira dos Santos, natural de Brejos da Moita, Alhos Vedros, Moita; e

(iv) Sold at cav Quintino Batalha Cartaxo, natural de Castelo, Sesimbra.

Mais tarde, em 4/11/1973, da mesma companhia morrerá, também em combate, Madaíl Baptista, natural de Carvalhais, Ponte de Vagos, Vagos. (Dados do portal UTW - Dos Veteranos da Guerra do Ultramar).

Esta ação de 5/5/1973, é referida no livro da CECA, sobre a atividade operacional dos anos de 1971/74, nos seguintes termos:

Acção - 05Mai73

Forças dos Pel Mil 291, 293 e 341 (BCav 8320/72) realizaram patrulhamento conjunto com emboscada na região do Choquemone, 01-A. Tiveram três contactos com o ln, sendo o último à tarde, de que resultou no segundo, 3 mortos e 1 desaparecido do Pel Mil  293. 

Naquela altura acorreram em auxílio forças de 1 GCombl /  1ª C/BCav8320/72 e 2 GComb  / CCav 8353/72, que realizavam um patrulhamento em Ponta Mátar, l Pel (-) / ERec 3432 e APAR (apoio de artilharia). 

Quando as NF se dirigiam de Ponta Mátar para a região da emboscada, em Petabe,  o 2° GComb / CCav8353/72 estabeleceu contacto com o ln em Bula 2H2.80, sofrendo 4 mortos, 5 feridos graves e 3 ligeiros.

Na batida feita posteriormente foram recolhidas peças de equipamento e fardamento, munições de armas ligeiras, géneros alimentícios e detida l mulher. O ln teve baixas prováveis comprovadas por grandes manchas de sangue.

Fonte: Excertos de: Estado-Maior do Exército; Comissão para o Estudo das Campanhas de África (1961-1974). Resenha Histórico-Militar das Campanhas de África; 6.º Volume; Aspectos da Actividade Operacional; Tomo II; Guiné; Livro III; 1.ª Edição; Lisboa (2015), pp. 300/301    (Com a devida vénia...).

(Revisão / fixação de texto, negritos: LG)
 

sexta-feira, 3 de outubro de 2025

Guiné 61/74 - P27280: Manuscrito(s) (Luís Graça) (274): Vindimas, ainda são o que eram ? - Em Candoz, sim, no essencial - II (e última) Parte

 

Foto nº 19 > Quinta de Candoz > Vindimas >  11 e 19 de setembro de 2025 > Uvas da casta Trajadura
(para saber algo mais sobre as castas brancas do vinho verde, ver aqui este sítio)... Candoz pertence à subregião de Amarante, em que predominamo Pedernã / Arinto, Azal, Avesso e Trajadura...

Foto nº 20 > Quinta de Candoz > Vindimas > 11 e 19 de setembro de 2025 > Videira (jovem) carregada de uvas da casta Pedernã  (ou Arinto).


Foto nº 21 > Quinta de Candoz > Vindimas 11 e 19 de setembro de 2025 > Casta Azal (original das b-subregiões de Amarante, Basto, Baião e Sousa)

Foto nº 22 > Quinta de Candoz > Vindimas >  11 e 19 de setembro de 2025 > Casta Avesso  (típica sa subregião de Baiáo, aqui ao lado,a 500 metros, em passando a linha do camainho de ferro do Douro).


Foto nº 23 > Quinta de Candoz > Vindimas > 11 e 19 de setembro de 2025 > Casta Alvarinho (típica da subregião de Monção e Melgaço)


Foto nº 24 > Quinta de Candoz > Vindimas > 11 e 19 de setembro de 2025 > Casta Loureiro (cultivada principalmente na zona norte-litoral da Região Demarcada dos Vinhos Verdes: subregiões de Lima, Cávado, Ave)


Foto nº 25 > Quinta de Candoz > Vindimas > 11 e 19 de setembro de 2025 > Casta Loureiro:  é pela folha que se conhece a casta... Loureiro e das demais. (Eu ainda tenho que ver a etiqueta, que o nosso "engenheiro" fixa nas videiras é para os vindimadores não se fazerem a devida seleção...)


Foto nº 26 > Quinta de Candoz > Vindimas 11 e 19 de setembro de 2025 > Um luxo de uvas, que foi para a Aveleda, em Penafiel...Impecáveis, sem um bago podre ou seco... Deram 13,8 graus de álcool provável... Não adianta: a Alveleda só paga melhor até 11,5º...  Mas ajudamos a empresa a ser talvez a melhor da Região Demarcada dos Vinhos Verdes. Devíamos ter pelo menos direito ukm "like", na página do Facebook da Aveleda, somos uma das formiguinhas que trabalham para eles...


Foto nº 27 > Quinta de Candoz > Vindimas > 11 de setembro de 2025 > Os jovens tiram férias para vir às nossas vindimas...Claro, eles são o futuro. E estão-nos a dar cartas, aos mais velhos... Sempre foi assim em Candoz: as gerações, e já são oito, desde 1820,  cada geração traz o seu "valor acrescentado", a sua marca de inovação, o seu paradigma de mudança...

Foto nº 28 > Quinta de Candoz > Vindimas > 19 de setembro de 2025 > Está na hora do almoço...

Foto nº 29 > Quinta de Candoz > Vindimas > 19 de setembro de 2025 > Apesar do trator, há muito trabalho braçal... E sobretudo muito boa interajuda, cumplicidade, boa disposição... É isso que é a magia das vindimas nas terras do Zé do Telhado... (O fantasma dele ainda vagueia por aqui à noite,)

Foto nº 30 > Quinta de Candoz > Vindimas > 19 de setembro de 2025 > Uma pausa para retemperar forças e beber a "bejeca"... (Super Bock, no Norte, passe a publicidade; cada "tribo" tem direito à sua idiossincrasia; só eu é que sou plural: tanto bebo do branco como do tinto, da Sagres ou da Superbock...

Foto nº 31 > Quinta de Candoz > Vindimas > 19 de setembro de 2025 >  Já têm sido, nas vindimas, muito mais à mesa... Desta vez só foram 18, pelos pratos que eu contei... A uma sexta feira, dia útil da semana, nem todos os "citadinos" podem comparecer à chamada...ou simplesmente fazer o gosto ao dedo... Eu, por  exemplo, não cortei um cacho  de uvas (minto, cortei alguns)... O meu papel foi o do fotógrafo, que é mais confortável. Mas alguém tem de se "sacrificar" e deixar registos para a posteridade, escrever as histórias,  as memórias, os afetos...


Foto nº 32 > Quinta de Candoz > Vindimas 11 e 19 de setembro de 2025 > O tacho desta vez foram... "tripas à moda do Porto"...A "chef" Alice esteve á frente do departamento dos "Comes & Bebes" durante as vindimas....Comida apropriada para os trabalhadores da vinha... Um prato tripeiro (e patriótico) por excelências... Oxalá, Enxalé, Inshallah, a gente apanhasse disto no "rancho" na Guiné... Tínhamos ganho a guerra, naqueles anos, só a comer esparguete com cavala, ou bianda com bianda... e a beber "água de Lisboa" (quer dizer, do Beato)...

Foto nº  33 > Quinta de Candoz > Vindimas > 19 de setembro de 2025 >   No fim do dia está toda a gente cansada que nem dá tempo para dar um mergulho na piscina...

Fotos (e legendas): © Luís Graça 2025). Todos os direitos reservados [Edição: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


1. Muitos de nós aprendemos a apreciar o vinho verde (branco) só na Guiné...Muitas das marcas de referência, que ainda hoje existem e têm sucesso no mercado  (interno e externa), dos vinhos verdes, foi lá que as conhecemos: Aveleda, Casal Garcia, Gatão, Gazela, Lagosta, Três Marias, Campelo, Casal Mendes, incluindo o "príncipe dos alvarinhos", que era então o "Palácio da Brejoeira". Poucos bebiam "Mateus Rosé"... (Passe a publicidade!...). Também se bebia Dão. A TAP fazia uma boa promoção do Mateus e do Dão.  Não me lembro de ver Verde a bordo avião da TAP, quando fui e vim de férias (ainda não tinha o prestígio que tem hoje à mesa dos apreciadores)...

Eu sempre desconfiei que a Região Demarcada dos Vinhos Verdes (numa época em que ainda  se produzia 90% de tinto e 10% de branco) tinha que ir à minha terra, ao Oeste  (Lourinhã, Torres Vedras, Bombarral, Cadaval...) buscar um "reforço" de vinho leve (ainda não se falava em vinho leve): eram brancos com baixo teor alcoólico que, levados em camiões-cisterna,  abasteciam os armazéns do Norte... 

A Lourinhã, por exemplo, sempre produziu ao  longo dos últimos dois séculos bons vinhos para "queimar" (produzir aguardente vínica para o vinho do Porto...). E não é por acaso que, com toda a justiça, é Região Demarcada da Aguardente Vínica da Lourinhã. 

Lê-se no sítio da  Aguardente DOC  Lourinhá: (...) "As vinhas cultivadas nesta região têm a predominância de castas brancas. Pela sua exposição e solos permitem que as suas uvas deem uma vinificação de baixo teor alcoólico e elevada acidez, obtendo-se a partir desse vinho destilado uma aguardente de grande qualidade. Devido a esta qualidade excecional, esta aguardente foi utilizada pelos produtores do vinho do porto há cerca de duzentos e dez anos" (...)

Ora quem fazia "vinho do Porto", também fazia "vinho verde"... Era só preciso haver "mercado", dizem os economistas... (Aliás, ainda hoje é assim: quem náo tem uvas, compra aos espanhóis...).

Ainda me lembro de ter feito uma reportagem, para o jornal "Alvorada",  sobre a Adega Cooperativa da Lourinhã, em 1966, em plena azáfama das vindimas... Cito de cor, mas naquele tempo, eles deviam receber umas 7 mil toneladas de uvas... O vinho aqui era abundante e barato. De tal modo que arrancaram as vinhas todas, com o fim do mercado de África. (Todas, é um exagero: ainda há as suficientes, de castas rigorosamente definidas, que dão excecionais aguardentes, produzidas e envelhecidas na Adega Cooperativa da Lourinhã e na Quinta do Rol, os únicos dois produtores do mundo desta Aguardente DOC Lourinhá, que estão fartos de ganhar prémios.).

A África Portuguesa (Angola, Moçambique, Guiné), com centenas de milhares de consumidores, entre civis e militares,  eram um grande mercado cativo para os nossos vinhos.

O vinho era um bem de consumo identitário para os portugueses, nascidos num país em que o vinho marcava presença à mesa e no altar (!), uma fonte, além disso, de sociabilidade e de ligação à terra de origem. Claro que as empresas  exportadoras tinham aqui uma oportunidade de ouro.

Misturados, loteados, gaseificados,  e com rótulo de verde, geladinhos, estes vinhos de lote passavam muito bem por "vinho verde", a 4 mil, 8 mil, 12 mil quilómetros de distância... 

Os oficiais e sargentos do quadro permanente, e os milicianos tinham patacão, os colonos de África ainda mais, e a sede era terrível naquele clima medonho... 

Por falta de literacia (como diríamos hoje)  nesta matéria, o  consumidor de vinhos  em África (militar ou colono) não questionava a origem do produto nem a qualidade:  o paladar fresco e gaseificado convencia qualquer um, num clima como aquele, tropical... E, depois, o frio e o gás escondem os defeitos de qualquer vinho. Em qualquer parte dou mundo.

Estas práticas, ilegais,  que o laxismo e a incompetência dos organismos públicos de regulação e fiscalização do sector deixavam passar, cá  e lá, na metrópole e no ultramar, acabaram por trazer muito  má fama ao vinho verde branco: durante anos, será associado a vinho “fraco” ou “de segunda”... Para não dizer a martelo".

"Bons tempos", o do vinho branco verde de 2ª, para o branco de 2ª!... A guerra sempre trouxe, em toda a parte, a corrupção económica... O Estado Novo não foi exceção..., embora o cinismo dos seus saudosistas insista na narrativa do regime impoluto e austero como o do seu  chefe, sempre trancado no Palácio de Belém, longe das tentações e frivolidades do mundo.

Só muito mais tarde comecei a perceber a diferença entre um "vinho branco leve" da Estremadura, de 8/9 graus, gaseificado,  e um nobre "vinho branco verde", DOC... 

Eu sabia lá, camaradas e amigos, com que castas se fazia este vinho único no mundo!... Os segredos do cultivo da vinha,  do enxerto e da poda à "poda verde", sem esquecer a prevenção e o tratamento do míldio, do oídio, do "black rot" (ou "podridão negra"), até à apanha das uvas e da sua vinificação... 

Ainda hoje não sei, confesso... Vou aprendendo alguma coisa com os "trabalhadores da vinha", na Quinta de Candoz... Para vergonha minha, nem podar sei... Preguiça mental: em 50 anos tinha obrigação de saber...

De facto, poucos de nós, os lisboetas, os do Sul, conheciam a Região Demarcada dos Vinhos Verdes (que já existia desde finais da monarquia, em  1908, de resto  uma das mais  antigas da Europa). 

Mas foi preciso esperar por uma nova geração de produtores que profissionalizou o "negócio", por uma autêntica revolução de tecnologias mas também de mentalidades, sem esquecer o aparecimento de uma competente e talentosa  geração de jovens enólogos, mas também o papel fundamental da Comissão de Viticultura da Região dos Vinhos Verdes (CVRVV), na regulação e fiscalização do setor, etc .... 

Hoje fazer vinho é uma arte e uma ciência.. E, claro, um negócio. No nosso caso, também é paixão, utopia,  devoção, amor, resiliência, experimentação, gozo... 
_____________

Nota do editor LG:

Último poste da série > 29 de setembro de 2025> Guiné 61/74 - P27266: Manuscrito(s) (Luís Graça) (273): Vindimas, ainda são o que eram ? - Em Candoz, sim, no essencial - Parte I

segunda-feira, 29 de setembro de 2025

Guiné 61/74 - P27266: Manuscrito(s) (Luís Graça) (273): Vindimas, ainda são o que eram ? - Em Candoz, sim, no essencial - Parte I


 Foto nº 1 > Quinta de Candoz > Vindimas > 19 de setembro de 2025 > As uvas estavam no ponto; nestas vindimas (as segundas e últimas, sendo a colheita destinada à Casa Aveleda; as primeiras, a 11, foram para fazer o "nosso vinho",  Nita, Doc, Escolha, 2025)... O grau atingiu o recorde histórico de 13,8 graus de álcool provável...Muita gente, no Sul, não sabe que o vinho branco verde faz-se com uvas maduras, bem maduras, como se pode ver pelas fotos a seguir...

 Foto nº 2 > Quinta de Candoz > Vindimas > 19 de setembro de 2025 > A 250/300 metros de altitude, em encostas roubadas à antiga floresta de carvalhos, sobreiros e castanheiros, com muros de pedra seculares ou reconstruídos, alguns de 2, 3, 4 metros de altura, é difícil a mecanização.  Sobretudo em pequenas quintas como a de Candoz... Aqui fazer a vitivinicultura ainda é  arte, não indústria... É um ato de amor, em que cada cacho é colhido como uma flor...

 Foto nº 3 > Quinta de Candoz > Vindimas > 19 de setembro de 2025 > Uvas da casta Pedernã... Ao fundo,  a Linha do Douro, o viaduto da Pala, entre as estações do Juncal (Marco de Canaveses) e a Pala (Baião), já na albufeira da barragem do Carrapatelo... É a partir daqui que a Linha do Douro passa a acompanhar de perto as margens do rio Douro, o que a torna uma das linhas férreas mais cénicas do mundo. Fazer uma viagem de Mosteiró ao Pocinho é uma experiência que vale a fazer, pelo menos uma vez na vida!

Foto nº 4 > Quinta de Candoz > Vindimas > 19 de setembro de 2025 > A propriedade confina, a nascente, com a estrada municipal nº 642 (Paredes de Viadores, Marco de Canaveses). A vinha, que se estende para poente, pela encosta acima, em cinco parcelas, todas suportadas por muros de pedra ("socalcos", como se diz aqui), pertence à subregião de Amarante, da Região Demarcada dos Vinhos Verdes. Principais castas: Pedernã (ou Arinto) e Azal; e, em menor quantidade, Trajadura, Avesso, Loureiro, Alvarinho...

Foto nº 5 > Quinta de Candoz > Vindimas > 19 de setembro de 2025 >  A parcela principal, a que chamamos o "campo": há meio século era um campo de milho, e a vinha era de bordadura... Do lado esquerdo, junto à estrada (CM nº 642), no início da propriedade, há dois soberbos sobreiros (que aqui crescem, tal como os carvalhos e os castanheiros, a "olhos vistos").


Foto nº 6 > Quinta de Candoz > Vindimas > 19 de setembro de 2025 


Foto nº 7 > Quinta de Candoz > Vindimas > 19 de setembro de 2025 >


Foto nº 8  > Quinta de Candoz > Vindimas > 19 de setembro de 2025 >  Toda a gente ajuda, família, amigos, vizinhos (1): a Madalena (Lisboa), a Zezinha (Matosinhos)... Numa sexta feira, alguns tiraram férias...


Foto nº 9 > Quinta de Candoz > Vindimas > 19 de setembro de 2025 >  Toda a gente ajuda, família, amigos, vizinhos (2): a Susana (Porto)...


Foto nº 10 > Quinta de Candoz > Vindimas > 19 de setembro de 2025 >  Toda a gente ajuda, família, amigos, vizinhos (3):  a Zezinha (Matosinhos) e a Susana (Porto), num momento de descontração...e de pose (para a fotografia); em segundo plano, o vizinho e amigo da casa, o  Zé do Chelo e o Adriano (Matosinhos)...


Foto nº 11 > Quinta de Candoz > Vindimas > 19 de setembro de 2025 >  Toda a gente ajuda, família, amigos, vizinhos (4): o Adriano, o Eduardo, ambos de Matosinhos..



Foto nº 12 > Quinta de Candoz > Vindimas > 19 de setembro de 2025 >  Toda a gente ajuda, família, amigos, vizinhos (5): o Eduardo...



Foto nº 13 
 > Quinta de Candoz > Vindimas > 19 de setembro de 2025 >  Toda a gente ajuda, família, amigos, vizinhos (6): a Joana (Lisboa)...


Foto nº 14  > Quinta de Candoz > Vindimas > 19 de setembro de 2025 >  Toda a gente ajuda, família, amigos, vizinhos (7): a Berta (Madalena / V. N. Gaia)...


Foto nº 15 > Quinta de Candoz > Vindimas > 19 de setembro de 2025 >  Toda a gente ajuda, família, amigos, vizinhos (8):  Miguel (Matosinhos), Xico (Matosinhos), Adriano (Matosinhos), Gusto (V. N. Gaia)...Mas  o pior são as bordaduras, é preciso escadote (1)...



Foto nº 16 
 > Quinta de Candoz > Vindimas > 19 de setembro de 2025 >  Toda a gente ajuda, família, amigos, vizinhos (9):  mas o pior são as bordaduras, é preciso escadote (2)...


Foto nº 17 
> Quinta de Candoz > Vindimas > 19 de setembro de 2025 >  Toda a gente ajuda, família, amigos, vizinhos (10): mas o pior são as bordaduras, é preciso escadote (3)




Foto nº 18  > Quinta de Candoz > Vindimas > 19 de setembro de 2025 >  Toda a gente ajuda, família, amigos, vizinhos (11): o  Xico (Matosinhos), o Miguel (Matosinhos), o Luís F'lipe (Porto), o Gusto (Madalena / Vila Nova de Gaia)...O transporte dos cestos de uvas... Antigamente, era tudo às costas...Uma canseira, com aqueles desníveis todos...


Fotos (e legendas): © Luís Graça 2025). Todos os direitos reservados [Edição: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


1. E as vindimas no Norte ainda são o que eram ?, perguntam-te cá no Sul.

Há dias vi, no Facebook,  uma máquina de vindimar, gigantesca, marca New Holand (passe a publicidade) a operar numa empresa de vinhos, conhecida, da Península de Setúbal (tem mais de 500 hectares de vinha, mas só usa a vindima mecânica num terço das vinhas, já adaptadas para esse efeito)... Agora imagino o que serão as vindimas em grandes explorações, com milhares e mlhares  hectares, em  países como os EUA, a Austrália, a França, a Espanha, a Itália... 

As nossas maiores empresas (Sogrape, Ermelinda, Aveleda...) produzem entre 50 a 20 milhões de litros de vinho).  São empresas de pequena dimensão à escala global, onde as maiores produzem entre os 300 milhões e  os 3 mil milhões de litros...

Não fiquei nem deslumbrado nem invejoso com o solitário vindimador mecânico, confortável na sua cabine climatizada... Despacha aquilo em meia dúzia de dias... Claro que o vindimador mecânico (amanhã um robô...) vem aumentar a produtividade das vindimas, baixar custos, "democrtatizar" o consumo do vinho, etc. Mas também vem acabar com o encanto, a magia, a alegria, a festa, o romantismo, a poesia, a convivialidade, a solidariedade, etc., que tinha a colheita da uva nosso tempo de meninos e moços... E que ainda tem hoje.  Aqui, em Candoz... Passei lá quase 4 semanas, desde fins de agosto...

No passado, havia as "serviçadas", um termo que desgraçadamente nem vem nos nossos dicionários... Os especialistas da língua ainda não grafaram o termo que aqui se usa (ou usava) para designar o sistema de troca de serviços ou ajuda mútua entre vizinhos e membros da comunidade, especialmente em tarefas agrícolas sazonais, de grande esforço, como as vindimas,  a malha do centeio, a desfolhada do milho, a espadelada do linho, a 
a limpeza dos "montes" (pinhais e carvalhais), a manutenção das levadas (a "água de Covas"), etc., e até a matança do porco e o fabrico dos enchidos...  

A mão de obra era rotativa, não havia "jornaleiros", "ganhões", como no Sul: quando uma família tinha uma tarefa agrícola urgente e pesada (como a vindima), os vizinhos iam ajudar, oferecendo a sua mão de obra gratuitamente. A remuneração não era em dinheiro, mas  em troca de serviços.

 Numa agricultura de quase subsistência, numa economia fracamente monetarizada, e ainda no tempo de fortes laços comunitárias, em regiões de povoamento disperso, e com elevada percentagem de "rendeiros" (antes do 25 de Abril), não havia o "vil metal"... (Até as "rendas", pagas ao "fidalgo", eram em géneros!)... 

Nas "serviçadas", o "patacão" era (é), em Candoz,  a boa vizinhança, a solidariedade, o dom, a convivialidade, a festa.  

O trabalho era duro, mas transformava-se  em  momentos de amziade, convívio, canto e alegria. O dono da terra que  que beneficiava da "serviçada"  esmerava-se em oferecer  uma refeição abundante e  vinho com fartura. As mulheres animavam a vindima com os seus fabulosos "cantaréus"... A família (de fora, os parentes do Porto) também vinham, nesses dias, reforçar a mão de obra... Alguns faltavam ao trabalho na fábrica para ir ajudar a família nas vindimas...

Outros tempos: nos anos 50, na Lourinhã, no meu tempo de escola primária,  já não apanhei nada disso. As vindimas eram já feitas pelos "ratinhos"... 

Os chamados "ratinhos" ou "malteses" era trabalhadores rurais sazonais, sobretudo das Beiras, que vinham em bandos (às vezes famílias inteiras!),  em especial para as vindimas na Estremadura, as mondas no Ribatejo, as ceifas no Alentejo.

Eram mão-de-obra barata, muitas vezes maltratada, mal alojada e mal alimentada, mas indispensável ao funcionamento das médias e grandes quintas agrícolas no sul. Mas também das pequenas, quando a mão de obra familiar não bastava.  (H0je , os "ratinhos" vêm da Ásia, da África..., para os morangos, a pera rocha, a abóbora, as hortícolas...)

Esse fenómeno (o dos "rationhos") insere-se numa tradição de migração interna que antecedeu as grandes vagas de emigração externa. Com o passar do tempo, sobretudo a partir dos anos 60, a miséria do campo, a guerra colonial, a falta de oportunidades e a repressão política levaram muitos a procurar futuro nas cidades de Lisbao e Porto e sobretiudo fora de Portugal: primeiro em França, Alemanha, Luxemburgo, depois espalhados um pouco por toda a Europa (e antes pelo Brasil, EUA, Canadá)...

Sou desse tempo, conheci os "ratinhos" que faziam as vindimas na Quinta do Bolardo, Nadrupe (de meus tios), e as quintas todas à volta... E  tive vizinhos   que começaram a ir para a Índia..., para a Angola, para a guerra...E depois tive colegas de escola e de rua que iam com os pais, de mala aviada,  para as Américas... Até que começaram a desatar a fugir,  muitos outros, "a salto", para França... E depois fui eu para a Guiné...E quando voltei o mundo estava a mudar... E tive dificuldade a reconhecer a minha terra... Acabei por ir para Lisboa...Regressei só agora...

Vindimas ? Já nada é como dantes... Aliás, na minha terra, arrancaram as vinhas todas. Mas hoje é a Região Demarcada da Aguardente da Lourinhã... Só há mais duas no mundo: Cognac e Armagnac... Já me perguntaram, no Norte, como é que a "a gente fazia aguardente sem vinho"... Claro, não tomei a pergunta como uma provocação, mas como simples ignorância... 

Com paciência expliquei que há dois produtores, a Adega Cooperativa da Lourinhã e a Quinta do Rol... E que fazem excelentes aguardentes vinícas, regularmente premiadas, capazes de rivalizar com as outras duas, que há no mundo, o Cognac e o Armagnac... A única diferença é a tradição, o mareketing e a escala... A região de Cognac pode produzir 200 milhões de garrafas por ano... A de Armagnac 7 milhões... E a Lourinhã 200... mil. 

É como Candoz e a Aveleda: mandamos para lá as melhores uvas, mas somos apenas um "quintal"... A Aveleda tem uma quinta, aliás tem várias, e centenas de fornecedores de uvas... e exporta para todo o mundo o nosso "binhinho berde", incluindo alguns milhares de litros de Candoz... A Aveleda produz 20 milhões de garrafas de vinho, tem uma máquina que engarrafa 6 mil por hora... Em Candoz, engarrafamos mil, à mão, e só estão prontas daqui a um ano, depois de estagiarem nas nossas minas (de água), à temperatura do interior da terra... 

Mas ainda se diz, aqui no Norte, em tom de brincadeira: "Mas tu julgas que eu sou da Lourinhã ?!"...Em Penafiel, sede da Aveleda, devem perguntar o mesmo: "Mas tu julgas que eu sou de Candoz ?!"... 

Em suma, felizmente que ainda há algumas coisas boas na vida que não têm preço. Mas o nosso "engenheiro", que é economista, lembra-nos que têm um custo... Tudo afinal tem um custo, direto, indireto, oculto... A começar pelo feroz individualismo, o mercantilismo, o imediatismo consumista, incompatíveis, no passado, com as "serviçadas"...

Respondendo à pergunta "as vindimas ainda são o que eram ?" Hoje, já não, na maior parte dos sítios. Não, felizmente, por muitas razões. Não, infelizmente por outras... Mas em Candoz, sim, no essencial... (*)

(Contimua)


PS - Declaração de conflito de interesses: a Quinta de Candoz (passe a publicidade: tem um "site" próprio, visitável por quem tem  mais mais de 18 anos...) é apenas um dos cerca de quatrocentos produtores-engarrafadores da região demarcada do Vinho Verde, num universo de mais de 13 mil produtores e de 24 mil hectares de vinha... 

A vindima também já não é como era  "antigamente", se bem que ainda seja (e será) manual, dada a pequena dimensão da propriedade.  A dimensão média das explorações na Região Demarcada dos Vinhos Verdes é inferior a dois hectares (1,832 ha), sabendo-se que a área total é de 24 mil hectares, mesmo assim uma das maiores da Europa, e que o nº de produtores é de 13,1 mil. 

A feitura do vinho, essa, modernizou-se, com a introdução das cubas de aço, o controlo de frio, o serviço de enólogo, etc. (**)


(**) Vd. outros postes  relacionados com as vindimas em Candoz:

24 de setembro de 2024 > Guiné 61/74 - P25975: Manuscrito(s) (Luís Graça) (255): Tabanca de Candoz. Vindimas de 2024 - Parte I: menos quantidade, mas ainda de melhor qualidade do que em anos anteriores

25 de setembro de 2024 > Guiné 61/74 - P25979: Manuscrito(s) (Luís Graça) (255A): Tabanca de Candoz. Vindimas de 2024 - Parte II: à mesa, para 2 dezenas de "bicos", o prato forte foi dobrada à moda da "chef" Alice, uma variante mourica, com coentros, das tripas à moda do Porto

24 de setembro de 2020 > Guiné 61/74 - P21388: Manuscrito(s) (Luís Graça) (191): Quinta de Candoz: vindimas, a tradição que já não é o que era... (Augusto Pinto Soares) - Parte I