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domingo, 10 de junho de 2018

Guiné 61/74 - P18731: (In)citações (119): Coisas e Loisas acerca da nossa Guerra de África, das nossas Forças Armadas e da Descolonização e dos seus Destroços (1) (Manuel Luís Lomba)

1. Mensagem do nosso camarada Manuel Luís Lomba (ex-Fur Mil da CCAV 703/BCAV 705, Bissau, Cufar e Buruntuma, 1964/66) com data de 31 de Maio de 2018, trazendo-nos uma reflexão intitulada Coisas e Loisas acerca da nossa Guerra de África, das nossas Forças Armadas e da Descolonização e dos seus Destroços.


Coisas e Loisas acerca da nossa Guerra de África, das nossas Forças Armadas 
e da Descolonização e dos seus Destroços

I 

Pertencemos à geração, ora grisalha, que “FOI ATÉ ONDE A PÁTRIA FOI”, que fez o 25A74 e o 25N75, a destituir governos que não gostava e que reconstruiu Portugal dos destroços da Descolonização e do PREC.

Somos uma fonte da nossa história, depomos na primeira pessoa, como actores vivos dos seus factos acontecimentais. Ninguém é obrigado a condescender com o branqueamento da que vem sendo escrita “sob o manto diáfano da fantasia” ideológica, nem com a sua perversão por parte dos complexados “cientistas sociais” emergentes.

De facto, tudo o que nos séculos XV e XVI os Portugueses descobriram já existia – mas estava encoberto. A gesta dos Descobrimentos, em primeiro; a saga e a diáspora da Expansão, depois. E sempre. A guerra africana dos Portugueses tem designação matricial: do Ultramar para nós e de Libertação para quem combatíamos. A terceira designação de Guerra Colonial pertence a terceiros, é semântica, mesquinha, redutora, com carga depreciativa sobre o nosso país e a nossa própria cidadania. Aos discordantes: ao menos aceitem essa realidade como aceitam o Novo Acordo Ortográfico…

Os mesmos que montavam emboscadas e faziam cercos, assaltos, etc a grupos armados, portadores do armamento mais evoluído, que manobravam segundo as mais avançadas tácticas de guerra, arriscavam as vidas e integridade física a proteger as populações indefesas, as sementeiras e as colheitas da subsistência das suas comunidades, garantiam-lhe a mobilidade por terra, ar e água, construíam-lhes casas, infra-estruturas urbanas, postos médicos de serviços universais, escolas, estrada e em escoltas para salvar doentes e parturientes. Jamais os países da CPLP beneficiaram de cooperação tão eficiente, extensa, profunda e inclusiva – e a custo zero. Existia um Estado e obrigámo-nos a fazê-lo funcionar. Essa realidade era uma guerra colonial?

De personalidade complexa, Salazar (e a sua circunstância), para além de ditador suave (comparável a De Varela, da Irlanda, a grande distância da de Franco, da Espanha, Mussolini da Itália, Hitler, da Alemanha, Estaline da URSS ou da de Fidel Castro, de Cuba) foi um grande patriota. Pegou num Estado em falência total, consequência da nossa guerra na África e participação na Europa – a nossa derrota em La Lys aconteceu há 100 anos - e da irresponsabilidade dos “progressistas” da I República, lidou com a Guerra Civil da Espanha e com II Guerra Mundial.

Levantou o Estado Português “orgulhosamente só”, começando por mandar regressar de Genebra os diplomatas, que penosamente negociavam um empréstimo emperrado na Sociedade das Nações, obviamente à “custa dos mesmos” do costume; entrou da nossa história como estadista de primeira água, até mais até pela sua seriedade – não se apropriou do que pertencia a todos; o invés dos políticos poltrões e corruptos desta era “Pós Verdade”, desde deputado a presidente da câmara, (salvo muitas e honrosas excepções), que além de conduziram o país à falência, em época de paz e prosperidade, colocaram o Estado Português sob o protectorado do FMI, do BCE e da Comissão Europeia, com a tarefa de levantarem de novo o Estado Português, também às “custas dos mesmos” do costume, obviamente.

Não me esqueço ter sentido arrepios ao ver do General Garcia Leandro, grande capitão da Guiné, do 25A74 e do 25N75, a dizer na televisão, ainda comovido, ter chorado na madrugada da chegada desse dia da chegada da “troika”!

Sem lhe desculpar o modo esdrúxulo como se auto-impôs Presidente do Conselho, no contexto do tufão Humberto Delgado, um dos seus ex-capitães, Salazar terá lidado com o caso da Índia e com o desencadear da guerra africana num estádio de acentuada senilidade.

(Lembremo-nos o desempenho político do notável Mário Soares, nos seus últimos tempos de vida).

(continua)
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Nota do editor

Último poste da série de 21 de março de 2018 > Guiné 61/74 - P18442: (In)citações (118): sociocoreografia de um batuque (Cherno Baldé / Valdemar Queiroz)

sábado, 26 de fevereiro de 2011

Guiné 63/74 - P7868: Notas de leitura (209): A Academia Militar e a Guerra de África (Mário Beja Santos)

1. Mensagem de Mário Beja Santos (ex-Alf Mil, Comandante do Pel Caç Nat 52, Missirá e Bambadinca, 1968/70), com data de 21 de Fevereiro de 2011:

Queridos amigos,
Um volume da maior utilidade para entender o papel da Academia Militar no decurso da guerra. A estrutura do seminário permitiu obter um leque variado de opiniões, desde o contexto internacional, passando pela análise da sociedade portuguesa e olhar de vários oficiais sobre a evolução dos três teatros de operações.

Um abraço do
Mário



A Academia Militar e a guerra de África

Beja Santos

Em 28 de Maio de 2009 a Academia Militar promoveu um seminário intitulado “A Academia Militar e a Guerra de África”. O acervo documental desde evento deu lugar a uma publicação: “A Academia Militar e a Guerra de África”, edição da Academia Militar e Prefácio Edições, 2010. Sumariam-se algumas das questões tratadas no decurso dos trabalhos.

O Prof. António Telo abordou o enquadramento internacional e a situação política nacional nesse período de 13 anos. Considera ter havido dois momentos fundamentais no decurso do conflito no que diz respeito aos apoios externos para a estratégia seguida por Salazar: no início da década de 60 ocorreu um afastamento em relação à Grã-Bretanha e aos EUA o que foi acompanhado de uma aproximação à França e à RFA; na segunda metade dos anos 60 registou-se uma aproximação à África do Sul e à Rodésia, o regime apostou na construção de uma estratégia comum para a África Austral. O Reino Unido descolonizara de maneira pacífica, aceitou os ventos da História, isto enquanto, ainda no mandato de Eisenhower, se inflectia para uma política de descolonização e tal doutrina acentuou-se com a administração Kennedy. Sem estes apoios, o regime, necessitando de um exigente esforço militar, procurou dois parceiros com interesses na região. Está hoje bem esclarecido porque é que a RFA praticou tão boa vizinhança com o regime de Salazar: tendo enveredado pelo rearmamento próprio, a NATO precisava de dispor de uma retaguarda segura para essa frente da Europa Central, a Espanha não fazia parte da NATO, optou-se por Portugal. A RFA assinou três dezenas de grandes acordos de cooperação com Portugal: base de Beja, o uso de Alverca, modernização da indústria de defesa em Portugal, a espingarda G3, a pistola Walther, as metralhadoras ligeiras passaram a ser fábricas em Braço de Prata e outras unidades, montagem em Portugal do Unimog, aquisição de aviões Do-27, etc., etc. Escreve o historiador: “O que acontece na década de 60 é que Portugal desenvolve duas estratégias nacionais: uma oficial e outra real. Na estratégia oficial, Portugal aposta tudo no conceito de “pátria pluricontinental e multirracial”, o que implica o envolvimento nas três guerras de África e a criação de um mercado de livre circulação do escudo, que abarcava Portugal e as suas colónias. Na estratégia real, Portugal aproxima-se cada vez mais da RFA e da França que eram a locomotiva da CEE, tanto em termos de comércio, como dos financiamentos, dos fluxos técnicos ou humanos”. E de facto a França e a RFA foram os grandes apoios internacionais na primeira fase do esforço das guerras de África. Os problemas vão surgir com o fim da guerra da Argélia e com a viragem política da RFA aproximando-se do Leste. A política diplomática de Salazar, virou-se para outras alternativas: Lisboa apoiou, em 1966, a declaração unilateral da independência da Rodésia branca; assinam-se acordos com a África do Sul, tanto no campo económico como na cooperação militar. Em absoluto sigilo, desenha-se um entendimento estratégico que abarcava toda a África Austral. A África do Sul, a partir de 1967, fornece equipamento militar e intervém em operações, nomeadamente com helicópteros, primeiro, e acções combinadas e a criação de uma força internacional, depois. Quando se chega ao 25 de Abril, a CEE era de longe o maior parceiro de Portugal em termos de comércio e na África Austral estava em curso uma operação que procurava consolidar a supremacia branca em Angola e Moçambique.

Numa comunicação sobre a formação de oficiais entre 1960 – 1974, o coronel Vieira Borges realçou o papel da Academia Militar como escola de formação dos oficiais dos quadros permanente do Exército e da Força Aérea, destacou as preocupações dos diferentes comandantes da Academia nestes períodos, os planos dos cursos e também a formação dos quadros de complemento. A Academia formou entre 1960 e 1974 mais de 1100 oficiais; a formação foi-se adaptando à guerra subversiva.

O coronel David Martelo debruçou-se sobre o recrutamento de oficiais, destaca, através dos números, o desgaste provocado pela guerra e a necessidade de recorrer aos capitães milicianos bem como à formação de oficiais na Escola Central de Sargentos. Analisou com minúcia a controversa legislação de 1973 que fez estalar o descontentamento dos oficiais do quadro com os estímulos aos capitães do QEO e introduziu dinâmica ao chamado movimento dos capitães.

A professora Maria Helena Carreiras procedeu a uma intervenção sobre o papel das mulheres na sociedade portuguesa, durante o período do conflito africano, deteve-se no MNF – Movimento Nacional Feminino, as Madrinhas de Guerras, as enfermeiras pára-quedistas e as mulheres dos militares, tanto na retaguarda como na linha da frente. “Falar da guerra só no masculino é contar apenas uma parte da história”, concluiu.

Num diagnóstico sobre o retrato do militar português, o tenente-general Abel Couto começou por apresentar a evolução dos comportamentos da juventude face ao serviço militar obrigatório. O que ressalta das estatísticas é o crescimento da percentagem dos apurados e a elevada percentagem de faltosos, adiados e voluntários. Traçou o enquadramento do militar na guerra, sobretudo o carácter do soldado e referiu-se aos efectivos e baixas.

Os oradores seguintes referiram-se aos três teatros de operações. O tenente-coronel Pires Nunes deixou bem claro na sua exposição que a situação militar em Angola reduzira a estilhas os três grupos de guerrilheiros. O coronel Matos Gomes, a propósito de Moçambique, referiu detalhadamente as estratégias do general Augusto dos Santos e do general Kaúlza de Arriaga, considerando que a estratégia de Kaúlza se revelou inadequada e incapaz de estabilizar militarmente Moçambique, não contribuindo para a resolução do problema político. O general Manuel Monge, a quem competiu a análise do teatro de operações da Guiné, concluiu a sua intervenção da seguinte maneira: “O general Spínola não aceitou, em 1973, permanecer na Guiné porque quando comunicou ao professor Marcelo Caetano que só uma solução política era possível para a guerra, a resposta dada foi de que era preferível uma derrota militar com honra do que ter que negociar com terroristas. Os militares sabiam o que os políticos de então consideravam “uma derrota militar com honra, pelo modo como as Forças Armadas tinham sido tratadas na Índia. Obviamente que Spínola não podia aceitar isso, foi substituído pelo general Bethencourt Rodrigues. Um grande general foi cumprir uma missão de sacrifício quando já não havia esperança: a Guiné estava perdida. Então os centuriões perceberam que já não era possível defender a Pátria nas fronteiras do Império. Havia que volver à Europa. Foi o que fizemos no 25 de Abril”.

O volume termina com a publicação das conclusões.

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Nota de CV:

Vd. último poste da série de 22 de Fevereiro de 2011 > Guiné 63/74 - P7839: Notas de leitura (208): Antologia Poética da Guiné-Bissau (Mário Beja Santos)

segunda-feira, 14 de junho de 2010

Guiné 63/74 - P6594: Notas de leitura (122): A Guerra de África, 1961-1974, Volume II, por José Freire Antunes (1) (Mário Beja Santos)

1. Mensagem do nosso Camarada Mário Beja Santos (ex-Alf Mil At Inf, Comandante do Pel Caç Nat 52, Missirá e Bambadinca, 1968/70), com data de 9 de Junho de 2010:

Queridos amigos,
Acho que nos faz bem a todos rever o conjunto de depoimentos referentes à Guiné recolhidos pelo José Freire Antunes.
Sem ele, teríamos demorado mais tempo para saber que o Governo de Caetano estava a negociar com o PAIGC ou que o sistema financeiro avançava rapidamente para o colapso.

Um abraço do
Mário


A Guerra de África, 1961 – 1974, Volume II

Por José Freire Antunes


Beja Santos

A obra em dois volumes “A Guerra de África”, organizada por José Freire Antunes, obedece à metodologia designada por “história oral”, o investigador, a propósito de uma determinada época em análise, convoca protagonistas, dá-lhe voz ou socorre-se da sua escrita. Esta metodologia não é hoje completamente aceite como primeiro recurso, exige-se-lhe que seja complementada com outras diferentes fontes, posta em confronto com outros testemunhos, documentos e até com o tratamento do contraditório. Seja como for, há que reconhecer que no acervo dos protagonistas seleccionados por José Freire Antunes trazem um importante contributo para a história de guerra da Guiné. Como se compreenderá, são exclusivamente este tipo de protagonistas os que aqui vão ser enunciados.

Começando por Lemos Ferreira, General da Força Aérea, que serviu na Guiné onde comandou a Base Aérea n.º 12. Referindo-se ao último período da guerra, o general observa: “A convicção do PAIGC era a de que seria possível uma vitória militar e então arriscou e fez o contrário da guerrilha, que era aparecer no terreno com forças relativamente vultosas. Eles consideravam que o que faria a diferença seria a parte aérea, portanto, o que eles precisavam era qualquer coisa que anulasse a Força Aérea. Isto foi perfeitamente claro e apareceram os mísseis Strella. E o que aconteceu foi que, de repente, numa tarde, nós perdemos três aviões: um T6 e dois DO. Quando se tem um núcleo de 60 ou 70 pessoas e, só numa tarde, em duas ou três horas se perde cinco por cento da sua capacidade, isto é muito complicado. Um soldado de infantaria podia-se preparar num mês e meio, um piloto demorava muito mais tempo.

Criaram-se vícios de forma nas Forças Armadas. Pensava-se que era possível realizar tudo devido à cobertura aérea. Mas a nova situação levou a que se decidisse que tinha que haver algumas restrições. Tivemos que ser inventivos: se a ideia do adversário era de que a Força Aérea estava de gatas, havia que provar o contrário. E provar o contrário como? Com a utilização muito mais intensa da arma aérea. Eu nunca fiz tantos bombardeamentos na vida, nunca fiz tantos disparos, como nessa altura, exactamente para a contraprova. Normalmente, a noite era o refúgio do guerrilheiro e, por isso, nós tivemos que inverter a situação. A maior parte flagelações que eles faziam às nossas guarnições eram feitas de noite, muitas delas com morteiros. Havia que responder de forma muito mais pesada. Na altura, vimo-nos no embaraço de consumirmos mais munições – bombas e foguetes – na Guiné do que consumiam Angola e Moçambique juntos”.

O brigadeiro Martins Marquilhas serviu na Guiné entre 1966 e 1968. O seu depoimento é alusivo à instrução dos comandos. Comenta ele: “O inimigo da Guiné era mais aguerrido, mais evoluído culturalmente a nível do soldado. Não estou a falar das elites. Uma gala da Guiné, que era dos fulas, era mais evoluído. Um exemplo era a capacidade de decisão: um terrorista guineense, num aperto, era capaz de tomar uma decisão muito mais rápida e acertada do que um quioco. Na Guiné, a própria religião islâmica desenvolvia-os um bocadinho mais”. Falando dos comandos, observa: “Na Guiné, mataram-nos depois do 25 de Abril, não a todos mas a muitos. Mataram-nos com o receio da reacção deles em relação aos que tinham poder na altura, não foi por mais nada”.

O depoimento do general Almeida Bruno é detalhado, começa por explicar o projecto da Guiné Melhor e as dificuldades militares que Spínola encontrou quando chegou à Guiné. Spínola pretendia em simultâneo aumentar a actividade operacional e desenvolver a Guiné, queria dialogar com o PAIGC numa posição de força. Refere ao pormenor as tentativas de negociação de Spínola e como elas foram inviabilizadas por Caetano. E desabafa: “Quando saí da Guiné em Julho de 1973, nós tínhamos perdido a batalha no plano político. Enquanto se fez a guerra na esperança de que a solução estava à vista porque estávamos a ganhar terreno no plano político, tudo bem. Mas quando nos apercebemos que no plano político tínhamos perdido a batalha, voltámos ao princípio de fazer a guerra pela guerra... Quando percebi que tinha perdido essa batalha, só vi uma hipótese: derrubar o regime. Aderi e ajudei a derrubar o regime, vi na queda do regime a única hipótese de continuar Portugal através da lusofonia”.

O testemunho de Manuel Maria Monteiro Santos, combatente do PAIGC conhecido por “Manecas” tem igualmente muita importância. Destaco o seguinte comentário: “Quando Spínola foi para a Guiné substituir Schultz como comandante-chefe, a situação militar já era nitidamente favorável ao PAIGC. Schultz fez muitas asneiras. Não fez uma anti-guerrilha moderna, dado que os portugueses estavam a bater-se contra um movimento bem estruturado e bem equipado. Schultz não fazia trabalho com as populações... o PAIGC sempre procurou constituir a suas unidades com elementos vindos de todas as etnias. Procurou, mesmo, fazer mover todas as unidades do Sul para o Norte, do Norte para o Leste, do Leste para o Sul, etc., para não vincular nenhum combatente à sua área, à sua região ou à sua etnia”. Falando da sua preparação sobre os mísseis Strella, explicou: “Estive na União Soviética, numa escola militar, com o grupo de soldados que foi lá fazer o estágio dos foguetes anti-aéreos. Da primeira vez vieram umas 24 instalações de lançamento Strella, via Conacri. Os Strella acabaram com a guerra no sentido em que o exército colonial ficou completamente na defensiva. Foi exactamente nesse momento que começamos a fazer operações de maior envergadura, de dia... Em termos de luta armada, o assassinato de Cabral teve um efeito oposto àquele que se esperava: houve um recrudescimento da actividade armada e, quando chegaram os Strella, foi a gota de água. Lembro-me que a chegada de Bethencourt Rodrigues foi saudada com uma operação ofensiva que os portugueses fizeram. Foi uma operação no chão dos manjacos com duas companhias de comandos que se infiltraram ali de helicóptero mas que os helicópteros já não puderam ir buscar por causa dos mísseis terra-ar. Essas suas companhias foram perfeitamente destruídas e até foi capturado o comandante de uma delas”. Deixamos para o próximo texto os depoimentos de Dias Rosas, Tomé Pinto, Hélio Felgas e o Rui Patrício.

(Continua)
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Nota de CV:

Vd. postes de:

9 de Junho de 2010 > Guiné 63/74 - P6569: Notas de leitura (120): A Guerra de África, 1961-1974, Volume I, por José Freire Antunes (1) (Mário Beja Santos)
e
11 de Junho de 2010 > Guiné 63/74 - P6577: Notas de leitura (121): A Guerra de África, 1961-1974, Volume I, por José Freire Antunes (2) (Mário Beja Santos)