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quarta-feira, 24 de julho de 2024

Guiné 61/74 - P25773: O melhor de... A. Marques Lopes (1944-2024) (6): Et maintenant que vais-je faire / De tout ce temps que sera ma vie... ?!

A. Marques Lopes, s/l
(EPI, Mafra ?)
 s/d (c. 1966 ?)
1. Os seminários da Igreja Católica forneceram às forças armadas portuguesas, e sobretudo ao exército (mas também à FAP e aos paraquedistas), importantes contingentes de graduados, milicianos, durante a guerra colonial. Furriéis, alferes, capitães. Mas também cabos e soldados, que não quiseram dar as habilitações literárias (ou que não chegaram a completar o 5º ano). (*)

Em quantidade e qualidade. Em geral, eram jovens com boa formação humana, moral e intelectual, com hábitos de disciplina, sacrifício, resiliência e abnegação, mas também de treino físico e prática desportiva... E em princípio estariam mais protegidos contra as "ideias subversivas" (ou "dissolventes") que grassavam nos liceus e universidades, sobretudo a partir da crise estudantil de 1962…
 
Tinham, além disso, competências relacionais (liderança, trabalho em equipa, 
comunicação, gestão de conflitos,  do tempo e do stress) que eram relevantes para a condução de grupos de combate, em difíceis teatros de operação como o da Guiné.  Tinham também uma boa cultura geral (com bons conhecimentos de latim e  do grego, e da literatura da antiguidade clássica), a par do gosto pela música.   Alguns animaram os "jornais de caserna" no mato e escreveram a histórias das unidades…

Muitos eram oriundos do meio rural, ou de pequenas cidades e vilas do interior, mais conservador do que o meio citadino. Vinham de famílias pobres ou remediadas, um ou outro excecionalmente da elite ou da classe média alta.  Em geral, eram cooptados por toda uma vasta rede informal de professoras do ensino primário, catequistas e párocos, angariadores de potenciais vocações sacerdotais de entre os melhores alunos do ensino primário obrigatório.

Os seminários menores e maiores, tanto diocesanos como das ordens religiosas (salesianos, franciscanos, dominicanos, jesuitas...) , ofereciam a estes jovens oportunidades de educação e mobilidade social ascendente que, à partida, lhes eram vedadas pela sua origem sociofamiliar e a tacanhez da terra onde viviam. O acesso, nomeadamente ao ensino liceal, era limitado a certas camadas da população urbana. A barreira começava na preparação e nos exames de admissão ao liceu. As provas, escritas e orais, eram feitas em geral nas capitais de distrito, bem longe das pacatas vilas e aldeias do interior do país…

Está por estudar o papel dos ex-seminaristas na nossa longa guerra colonial (1961/74)… Muitos deles, depois da saída do seminário (em geral, na sequência de uma dupla crise, vocacional e de fé), eram rapidamente chamados para a tropa… 

Recorde-se que, por força da Concordata de 1940 (assinada entre Portugal e o Vaticano), os sacerdotes católicos estavam dispensados do serviço militar obrigatório, podendo depois servir a Pátria como capelães castrenses, dependendo da vontade do seu bispo e das necessidades das Forças Armadas. Os seminaristas gozavam do mesmo privilégio no período da sua formação.

Sobretudo os que deixavam de frequentar o seminário maior (curso de teologia, que se iniciava no 7º ano, de um total de 12 anos letivos) eram rapidamente chamados às fileiras do exército. Recorde-se que as suas habilitações literárias não eram automaticamente reconhecidas pelo sistema de ensino oficial. Davam equiparação apenas para efeitos de emprego público e para a tropa. 

Os ex-seminaristas, com o 7º ano ou mais, não podiam inscrever-se automaticamente (e prosseguir os seus estudos) na escola pública e muito menos na universidade. Ou seja, o 7º ano do seminário (equivalente a 11 anos de escolaridade) não tinha os mesmos efeitos legais do 7º ano do liceu, para efeitos académicos.

Não tinham, por isso, direito ao famoso "adiamento", de que beneficiavam  os estudantes universitários que não reprovassem (e que se "portassem bem", não se metendo em "encrencas")… Não admira, por isso, que em quase todas as unidades ou subunidades houvesse um ou mais alferes miliciano, furriel miliciano, ou 1º cabo, ex-seminarista.  

Faltam-nos histórias de vida, relatos autobiográficos, diários, depoimentos, entrevistas, trabalhos de investigação, estatísticas… Temos mais de meia centena de referências com o descritor "seminário", no nosso blogue. 

Há já alguns romances ou livros de cariz autobiográfico sobre este tema (o seminário e a guerra colonial): recorde-se aqui, entre outros, a talhe de foice (todos eles com referências no nosso blogue): 

(i) "Construção e Desconstrução de um padre", de Horácio Neto Fernandes  (Porto, Papiro Editora, 2009) 

(ii) "O Seminarista e o Guerrilheiro”, de Cândido Matos Gago (Grândola, edição de autor, 2015); 

(iii) "Cabra-cega: do seminário para a guerra colonial", de João Gaspar Carrasqueira (pseudónimo do nosso camarada A. Marques Lopes) (Lisboa, Chiado Editora, 2015);

(iv) "O Silvo da Granada, Memórias da Guiné", de José Maria Martins da Costa (Lisboa, Chiado Books, 2021);


2. Retomamos o livro do A. Marques Lopes, "Cabra Cega", que tem no subtítulo, de maneira explícita, a figura do seminário: "do seminário à guerra colonial" (**). 

Este excerto do seu livro de memórias, é retirado das pp. 219/223 , seguindo a seleção que ele próprio fez na sua página do Facebook, na postagem de 27 de setembro de 2022, às 16:32 (aqui a narrativa era já feita na 1ª pessoa do singular, assumindo o autor que o "Aiveca" do livro era o seu "alter ego"...). Mantemos a versão do livro de 2015 ("Cabra Cega", Lisboa, Chiado Books).

Aiveca e os outros alferes da companhia, acabados de serem promovidos (Zé Pedro, Aprígio, Castro) falam da "missa de despedida", a que o primeiro se furtou de ir, argumentando que estava farto de missas, e que era bem melhor que o capelão pegasse no tema do Gilbert Bécaud, que se cantava na instrução em Lamego, no curso de operações especiais: "Et maintenant que vais-je faire / De tout ce temps que sera ma vie..." (E, agora, o que é que eu vou fazer / De todo este tempo que vai ser a minha vida...)


Et maintenant que vais-je faire, de tout ce temps que sera ma vie... ?!

por A. Marques Lopes (1944-2024)


Fomos promovidos a alferes antes do embarque. Ia haver também aquilo a que chamaram cerimónia de despedida, a que se seguiria uma missa na parada.

Aiveca não tinha vontade nenhuma de assistir à missa quando soube que ia haver. Com muito menos ficou quando o capitão, que os tinha reunido para falar do que havia, acrescentou que era o major-capelão Euclides que ia celebrar a missa.

– Que filho da puta  sussurrou entre dentes.

Os outros alferes olharam para ele.

 Disse alguma coisa, Aiveca ?  
– perguntou o capitão.

Ainda bem que não o ouvira.

 Meu capitão, estava a dizer que não vou à missa – r
espondeu.

Agora eram todos espantados, inclusive o capitão. Viu que tinha de dar uma explicação, mas não ia dar a verdadeira.

 É que eu não sou católico  
– foi a razão mais rápida que encontrou.

Admiração geral. O capitão ficou hesitante, parecia embuchado, sem palavras.

 Tá bem, se é assim…   
– lá acabou por dizer, mas pareceu contrariado por não ter argumentos.

Ainda se lembrava da conversa parva do padre Euclides quando o encontrara no Cais do Sodré, estava ele a trabalhar no porto de Lisboa. Quando soube disso abriu os olhos horrorizado: "Cuidado com os comunistas!"... 

Era uma besta, não gostava nada dele. Já sabia que ele e o padre Gama tinham ido para capelães-militares, o Gonçalves dissera-lhe quando estava no RI1, mas estava longe de ver aquele gajo ali. Se fosse o Gama,  era diferente. Ele fora o seu professor da instrução primária no colégio dos padres, dera-lhe uma ou outra palmatoada, é verdade, mas fora sempre um bom amigo dos miúdos. Se fosse ele até iria à missa e gostaria de falar com ele no final.

Meteu-se no bar de oficiais durante a missa mas não se livrou de a ouvir e ao sermão do Euclides, porque os altifalantes gritavam para todo o lado. Nada de novidade, já sabia que daquele não sairia outra coisa. Fez uma bela dissertação sobre o amor à pátria, a defesa do património nacional, etc. Esqueceu-se é de falar contra os comunistas.

Passado algum tempo depois de tudo terminar, apareceram os outros alferes. O Zé Pedro olhou para o meu copo e disse ao barista para lhe trazer também um whisky.

 Então, gostaram da missa?
 perguntocau o Aiveca.

O Castro e o Zé Pedro disseram que sim, mas sem grande ênfase. "Estão com receio de ferir as minhas crenças", pensou com um sorriso irónico. Ficaram silenciosos depois.

 
– Olha lá – decidiu-se o Aprígio, que não dissera que sim nem que não  , afinal qual é a tua religião?”

 
– Estava a ver que não me perguntavam – riu-se.  – Eu vou dizer. Mas não vão bufar nada ao capitão, tá bem?

Todos abanaram a cabeça e disseram seriamente que nem pensar, pá.

 Ó meus amigos, eu tenho de ser católico, apostólico, romano. Batizaram-me quando era bebé, ainda não sabia dizer nem que sim nem que não, só me deu para chorar, é o que dizem os meus pais. Depois, quando era puto e andava num colégio de padres, fiz a comunhão solene e fui crismado. Se dissesse que não queria corriam comigo, mas nem pensar pois estava lá de borla e os meus pais não me podiam pôr noutra escola. Mas, olhem, na altura até achei piada àquilo, foi giro. É isto. Como vêem sou oficialmente católico desde a nascença, como a maioria em Portugal.

Ficaram perplexos. Aiveca percebeu-se que esperavam uma novidade, algo que desse para fazerem mais perguntas. O Aprígio, sobretudo, pareceu desiludido. Só o Zé Pedro reagiu.

 Ó Aiveca, mas, então, porque não quiseste ir à missa?

– Não quis porque já estou farto de missas, é isso.

Não quis dizer que não gostava do major-capelão para não ter que explicar porquê. Nem porque estava farto. Fizera contas e chegara à conclusão que assistira a mais de 4.200 missas, contando as do seminário e as do colégio dos padres. Nunca lhes dissera que tinha estado no seminário e não era agora que ia dizer.

 
– É a tua maneira de ver  – continuou o Zé Pedro.   – Mas eu acho que esta missa foi importante para malta que vai para a guerra. Deu-nos mais calma e confiança na ajuda de Deus.

 
– Talvez, no geral, uma missa tenha esse objetivo, tá bem, pode ser que sim. Mas o desta não foi este. Foi antes um apelo à guerra, bem patente no sermão do major-capelão, nada diferente do que disse o comandante do Regimento na cerimónia da despedida nem do que dizem os membros do Governo.

– Isso é verdade, é todos o mesmo  – disse o Aprígio.  – E olhem, se eu não fosse para a guerra é que era uma grande ajuda de Deus. Podem ter a certeza que assim é que ficaria bestialmente calmo.

– Ó Aprígio, estou a ver que tu e o Aiveca não estão a entender.

–  Diga lá, doutor Castro.

O Aiveca sorriu sem o hostilizar, embora imaginasse que ia sair dali palermice.

 Não gozes. Os discursos de Salazar visam mentalizar o povo para a necessidade de fazer a guerra e o que disse o comandante do Regimento e o sermão do padre tiveram como objectivo motivar os soldados para se empenharem nela. Acho importante isso.

 O coronel e o Salazar percebo, é o papel deles. O padre é que não tinha nada que se meter nisso, fazer pandã com eles, não é esse o papel dele. Era melhor que glosasse aquela do Gilbert Bécaud que tu conheces lá de Lamego.

Quis ser mau e cantou: “Et maintenant que vais-je faire, De tout ce temps que sera ma vie, De tous ces gens qui m’indiffèrent.”

O Aprígio e o Zé Pedro riam-se, o Castro estava sério.

– Disto é que ele devia falar
 disse Aiveca acabando de cantar. – Mas estou a ver que não percebem nada de francês, nem tu, Castro. Ouvias sem saber o que o Bécaud dizia. Só fazia que saltasses da cama.


António Marques Lopes

Página do Facebook do A. Marques Lopes | 27 de setembro de 2022, às 16:32 e livro "Cabra Cega" (2015, pp. 219/223)


(Seleção, revisão / fixação de texto, título, negritos, itálicos, parênteses retos: LG)

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Capa do livro "Cabra-cega: do seminário para a guerra colonial", de João Gaspar Carrasqueira (pseudónimo do nosso camarada A. Marques Lopes) 
(Lisboa, Chiado Editora, 2015, 582 pp. ISBN: 978-989-51-3510-3, 
Colecção: Bíos, Género: Biografia).



Capa do livro "Cabra-cega", de A. Marques Lopes, lançado no Brasil (Paperblur, São Paulo, 2019). Não está à venda nas livrarias, é impresso sob encomenda, é um novo conceito de edição.
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Notas do editor:

(*) Vd. poste de 26 de agosto de 2018 > Guiné 61/74 - P18954: (Ex)citações (343): porquê tantos ex-seminaristas nas fileiras do exército, durante a guerra colonial? (António J. Pereira da Costa / Virgílio Teixeira / José Nascimento / A. Marques Lopes / Juvenal Amado)

(**) Postes anteriores da série:

quinta-feira, 29 de outubro de 2020

Guiné 61/74 - P21491: Os nossos capelães (11): Em busca dos sete franciscanos que estiveram no CTIG (João Crisóstomo, régulo da Tabanca da Diáspora LUsófona, Nova Iorque)


Braga > Convento e seminário de Montariol > 1959 > Esta foto foi a foto dos “finalistas" de Montariol de 1959 (5º ano), prontos a ir para o Varatojo, em Torres Vedras, “tomar o hábito de noviços". Sem desprimor para os outros, permito-me identificar o Padre capelão (falecido), José Sousa Brandão (*), que é o segundo na última fila, da direita para a esquerda [, assinalado a amarelo, com o nº 1].


No centro está o Padre, meu primo direito, António Alves Sabino (de Vale Martelo, Silveira, Torres Vedras). Era o prefeito do colégio nessa altura. [2].


A seu lado, estou eu, o único de braços cruzados [3] …A meu lado, a à minha esquerda, está o Padre Diamantino Maciel [4], fundador duma paróquia ( igreja St.Antónjo da Arancária, Vila Real ) onde ainda hoje é pároco. Em reconhecimento do seu trabalho social no seu 50º aniversário de presbitero homenagearam-no com uma estátua (, em tamanho natural, ) em frente dessa igreja!



Vila Real > Paróquia de Santo António > s/d > Foto, tirada no dia do 50º aniversário do Padre Diamantino Maciel, OFM: da direita para a esquerda: P. Melícias; depois está o capelão militar na Guiné, José Marques Henriques (*), que está em Faro. eu estou a seguir a ele.


~
Nova Iorque > 12 de dezembro de 2016 > No dia da entrada de António Guterres nas Nações Unidas, o P. Melícias passou por minha casa . Ele era convidado do António Guterres ; e eu e a Vilma , como convidados do Embaixador de Portugal na ON, fomos, atrelados a ele à cerimónia…



Braga > Convento Montariol > 2018 > Eu e o P. Melícias fomos a Montariol visitar dois amigos comuns: na foto ( tirada pelo P .Melícias, creio eu) estão, da esquerda para direita, o Padre António Alves Sabino (, meu primo e meu antigo prefeito), com 93 anos, eu, de pé, e o padre David Antunes, 102 na altura. Ambos faleceram no ano passado.


Fotos (e legendas): © João Crisóstomo (2020). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné].



1. Mensagem de João Crisóstomo, régulo da Tabanca da Diáspora Lusófona, Nova Iorque]:

[Mail, de que nos deu conhecimento e liberdade para publicar, sobre “capelães franciscanos na Guiné", enviado a dois desses sete capelães , da Ordem dos Frades Manores, que estiveram no TO da Guiné, "para ver se eles podiam ajudar com a informação pedida" (*)]:


Date: domingo, 25/10/2020 à(s) 03:32
Subject: capelaes.franciscanos na Guiné


Caros José Marques Pereira Gonçalves (**),


Sou o João Crisóstomo. de Nova Iorque. Espero que se lembrem de mim. Eu entrei em Montariol em 1954, (do curso do Luís Marques e do P. Diamantino Maciel que está em Vila Real, e a cujo aniversário dos seus 50 anos eu também tive ocasião de estar presente, graças ao Sr. Padre Vitor Melícias que me convidou a ir com ele e até me deu boleia !) .


Encantámo-nos lá, lembras-te?

Felizmente tive já a ocasião de estar várias vezes com o P. José Henriques; mas o mesmo não sucedeu como P, Pereira Gonçalves de quem me lembro apenas vagamente. Desculpa, P.Pereira!.. é a idade...


A razão deste é seguinte:

Eu estive na Guiné ( 1965/67) como alferes miliciano. Depois disso a pretexto de melhorar línguas, andei pela Inglaterra, França, Alemanha e de novo Inglaterra onde casei.


Daí parti para o Brasil, onde como subgerente de um hotel e quando se me ofereceu uma oportunidade de ir aos USA fazer o mestrado de hotelaria, não hesitei. Logo verifiquei que não tinha possibilidades financeiras e quando me preparava para voltar, ofereceram-me ficar a trabalhar como mordomo para a ex-primeira Dama Jacqueline Kennedy Onassis.


Uma vida bastante invulgar como devem imaginar.Aqui há dez anos tive conhecimento dum blogue de antigos camaradas da Guiné. Inscrevi-me e em boa hora o fiz: De alguma maneira todos fomos beneficiados — e alguns de nós em medida tão grande que só os próprios o podem sentir — criação deste salutar movimento de vivência de memórias nas diversas vertentes em que se apresenta.


Foi e é altamente benéfico o despertar de consciências que este movimento ocasionou e que continua a desafiar ainda cada dia os que dele têm conhecimento; deu um relevante contributo para a história de Portugal, da Guiné: vejam-se o número de livros escritos que nunca teriam visto a luz do dia…


Portugal e os portugueses, a cultura e história de Portugal tornaram-se e ficam ainda cada dia mais ricos graças a este blogue que o Luis Graça, em boa hora, criou. Ultrapassamos os 800 membros já e em visualizações/visitas na Internet ultrapassam 12 milhões.

Um dos assuntos que por vezes é mencionado, ao lembramos as nossas experiências, é/ foi a presença dos capelães militares e médicos, cujo papel, contributo e apoio a todos os camaradas foi tão importante mas que não está suficientemente representado neste blogue.


Há tempos, no dia 4 de Outubro, eu enviei um abraco de Paz e Bem aos meus irmãos em S. Francisco e aos meus camaradas da Guiné (**). E foi neste dia que o Luís Graça teve a feliz ideia de convidarmos os nossos camaradas capelães e médicos a entrarem e se sentarem à mesa redonda da nossa Tabanca.

O Luís Graça deu-me então a lista dos sete franciscanos que andaram em terras da Guiné (*). E o dr. P. Domingos Casal Martins fez-me o favor de me dar os endereços destes nossos camaradas, para mim, meus irmãos em S.Francisco.


De alguns tenho suficientes informações:

Nunca perdi o contacto com o Horácio [Fernandes], pois é da minha terra e por amizade sempre somos irmãos. O Luís Graca, (também conterrâneo, da Lourinhã) tinha perdido o contacto dele (, de resto, seu parente), mas o nosso reencontro onde compareceram mais uma dúzia de camaradas foi uma tarde cheia de recordações e emoções fortes que não esquecemos nunca.

José António Correia Pereira:

Já o encontramos . O nosso camarada Manuel Oliveira Pereira conhecia-o de Leça de Palmeira e respondeu : ele até fez parte da comissão de celebração do 50º aniversário da missa nova. Foi um grande regozijo e satisfação para todos. (**)


José Marques Henriques e Manuel Pereira Gonçalves:

Gostaria que vocês os dois nos dessem também o prazer da vossa presença como membros da nossa tabanca. A vossa participação será preciosa em ambos os sentidos: os camaradas já membros que os querem receber de braços abertos terão muito a ganhar ,mas creio que a vossa satisfação não será menor.

Se me quiserem facilitar podem-me dar em duas ou três linhas um resumo do vosso "curriculum", pão pão , queijo queijo, para não virmos a saber por outros aquilo que a natural modéstia por vezes pode esquecer de mencionar.

E não esqueçam a Guiné: em que anos, em que unidades ?Companhia, batalhão, navio em que foram, quartéis do mato onde estiveram… navio de regresso… e alguns detalhes mais que queiram partilhar connosco...

E se nos puderem ajudar com alguma informaçnao dos que seguem, se alguma tiverem, mesmo pouca, fico agradecido:

José de Sousa Brandão ( do meu curso de Montariol, Varatojo, Leiria) já falecido.

Manuel faria da Silva Estrela, também falecido.


Manuel Gonçalves….

Gostaríamos de saber quando estiveram na Guine e a que unidades pertenciam . E mais alguma info, se for o caso. E se não tiverem, eu vou ter de ter paciência ; e vocês terão de ter paciência e compreensão pela minhas perguntas…


Lembrando com saudades...

E notícias recentes:.

Nós estamos bem; a Vilma está óptima já e eu estou ainda a cuidar uma "ciática"; já deixei as muletas e agora já ando de simples bengala; mas... já está quase boa…

Quanto a notícias,...

1--Esta foi notícia que me encheu de alegria e, sem intuitos de falsa modéstia, muito e creio justificado orgulho, pelo papel que nela desempenhei [na reabilitação da memória de Aristides Sousa Mendes]


2— Esta não tem nada de especial; mas diz como passamos parte do nosso tempo, aqui em Queens, Nova Iorque; e como veio no jornal, aqui está a título de info.


Digam algo, sim?!


Um Grande abraço de Paz e Bem.

____________

Notas do editor:

(*) 6 de outubro de 2020 > Guiné 61/74 - P21425: Efemérides (337): O 4 de Outubro, dia do meu mentor espiritual, Francisco de Assis (1181-1226)... É uma ocasião também para lembrar os 7 capelães do Exército, no CTIG, que eram da Ordem dos Frades Menores (João Crisóstomo, Nova Iorque)

(...) Além do Horácio Neto Fernandes (nº 42) (, que esteve no CTIG de 1/11/1967 a 3/11/1969), cite-se mais os seguintes capelães, da Ordem dos Frades Menores (OFM), por ordem alfabética:

José António Correia Pereira (nº 84): de 26/3/1972 a 21/3/1974;
José de Sousa Brandão (nº 79): de 25/9/1871 a 22/12/1973;
José Marques Henriques (nº 97): de 28/4/1974 a 9/10/1974):
Manuel Gonçalves (nº 58): de 19/7/1969 a 30/6/1971;
Manuel Maria F. da Silva Estrela (nº 11): de 27/9/1963 a 14/8/1965;
Manuel Pereira Gonçalves (nº 91): de 28/5/1968 a 29/6/1974):

Pode ser que algum leitor nos ajude a localizar o batalhão a que pertenceram estes capelães franciscanos. (...)

terça-feira, 6 de outubro de 2020

Guiné 61/74 - P21425: Efemérides (337): O 4 de Outubro, dia do meu mentor espiritual, Francisco de Assis (1181-1226)... É uma ocasião também para lembrar os 7 capelães do Exército, no CTIG, que eram da Ordem dos Frades Menores (João Crisóstomo, Nova Iorque)


João Crisóstomo, luso-americano, natural de Torres Vedras, conhecido ativista de causas que muito dizem aos portugueses: Foz Côa, Timor Leste, Aristides Sousa Mendes... Régulo da Tabanca da Diáspora Lusófona; ex-alf mil, CCAÇ 1439 (Enxalé, Porto Gole e Missirá, 1965/67): vive desde 1975 em Nova Iorque; tem  cerca de 120 referências no nosso blogue.


1. Mensagem do João Crisóstomo 
 
Data - 04/10/2020, 21:01
Assunto - 4 de Outubro, Dia de São Francisco de Assis


 Caríssimos irmãos:

Entre telefonar para Montariol, Varatojo, Portela de Leiria e Seminário da Luz escolhi o velho Varatojo para um abraço mais directo.  Falei com o sr. P. Vitor Melícias que me prometeu transmitir ao P. Castro e demais residentes o meu abraço de saudades e de Paz e Bem. E como não dá para falar a todos vocês pelo telefone tenho mesmo de usar estas possibilidades que as novas tecnologias de múltiplos endereços proporcionam.

Este abraço vai pois para todos vocês também, para que o espírito do Pai Francisco continue a nortear as nossas vidas e o nosso viver.

E se todos os membros de outras ordens justificadamente lembram e celebram os seus fundadores, é gratificante verificar o lugar especial de carinho e afecto com que "o nosso" Francisco de Assis é celebrado: 

 Num mundo tão egoista como este em que vivemos hoje, o seu desinteresse por coisas “materiais’, o seu amor pela natureza em todas as suas vertentes é de tal maneira inspirador que até o próprio Papa achou pertinente escolher o nome de Francisco. E se não de outra maneira, pelo menos como protector dos animais ele já era conhecido de muita gente, agora verifico com muita satisfação a maior relevância com que em toda a parte neste dia o seu espírito de simplicidade e de desinteresse é lembrado e apontado como exemplo.

Regozijemo-nos todos os que logo de pequenos tivemos a sorte de dele ouvir falar e o termos agora como guia e mentor do nosso viver.

Um apertado abraço de PAZ e BEM.

João Crisóstomo
Nova Iorque

2. Comentário do editor LG:

João. como sabes o nosso blogue é ecuménico, mas "laico",  cabem cá todos os crentes e não-crentes, homens e mulheres de paz e boa vontade... 

Não sabia que o teu "mentor espiritual" tinha sido o Francisco de Assis (c. 1181-1226) (... a par do padre Vitor Melícias).  A maneira como falas dele é tão genuina que eu achei por bem publicar o teu poste, de resto sabendo que tu e outros milicianos que fizeram a guerra colonial na Guiné passaram pelos seminários da Ordem dos Frades Menores (OFM), ou Franciscanos. (**)

É, de resto,  o clero regular mais representado (, são 7 ao todo), na nossa  amostra de capelães militares, publicada no poste P19023.

E de entre esses sete é de destacar o nosso amigo comum (e meu parente)  Horácio Neto Fernandes, nascido em Ribamar, Lourinhã: o nº 42 da lista, era também franciscano (, fui à sua Missa Nova, em 1959), e esteve lá dois anos, primeiro em Catió e depois em Bambadinca e Bissau, de novembro de 1967 a novembro de 1969.

C0mo já tive ocasião de escrever, há aqui um pormenor intrigante: nunca nos encontrámos em Bambadinca, nem eu conheci nenhum capelão, entre julho de 1969 e maio de 1970, em Bambadinca, no primeiro batalhão, a que esteve adida a minha companhia, a CCAÇ 12: refiro-me ao BCAÇ 2852 (1968/70). 

Sabemos que, ainda mais do que os médicos, os  capelães militares eram em número insuficiente para as necessidades do exército, no TO da Guiné. E o batalhão a seguir, que eu servi, o BART 2917 ficou sem capelão ao fim de ano:  era o nosso Arsénio Puim... Um e outro são membros da nossa Tabanca Gramde.

Além do Horácio Neto Fernandes (nº 42) (, que esteve no CTIG de 1/11/1967 a 3/11/1969), cite-se mais os seguintes capelães, da Ordem dos Frades Menores (OFM), por ordem alfabética:

José António Correia Pereira (nº 84): de 26/3/1972 a 21/3/1974;

José de Sous Brandão (nº 79): de 25/9/1871 a 22/12/1973:

José Marques Henriques (nº 97): de 28/4/1974 a 9/10/1974):

Manuel Gonçalves (nº 58): de 19/7/1969 a 30/6/1971;

Manuel Maria F. da Silva Estrela (nº 11): de 27/9/1963 a 14/8/1965;

Manuel Pereira Gonçalves (nº 91): de 28/5/1968 a 29/6/1974):

Pode ser que algum leitor nos ajude a localizar o batalhão a que pertenceram estes capelães franciscanos.


(**) Último poste da série > 6 de outuibro de 2020 > Guiné 61/74 - P21423: Efemérides (336): No dia 5 de Outubro, homenagem aos Antigos Combatentes de Guifões falecidos em campanha e depois de regressados da Guerra do Ultramar (Albano Costa, ex-1.º Cabo At Inf da CCAÇ 4150)

sábado, 15 de setembro de 2018

Guiné 61/74 - P19017: Álbum fotográfico de Virgílio Teixeira, ex-alf mil, SAM, CCS / BCAÇ 1933 (Nova Lamego e São Domingos, 1967/69) - Parte XLIII: O alf mil capelão Carlos Augusto Leal Moita


Foto nº 7 > Guiné > Região do Cacheu > São Domingos > CCS / BCAÇ 1933 (1967/69) > 1969 > O nosso Capelão, à civil, lendo a Bíblia [?].
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Foto nº 8 > Guiné > Região de Gabu > Nova Lamego > CCS / BCAÇ 1933 (1967/69) > Dezembro de 1967 > Cerimónia religiosa local, Natal 67.


Foto nº 4A > Guiné > Região do Cacheu > São Domingos > CCS / BCAÇ 1933 (1967/69) > Noiute de Natal > 24 de dezembro de 1968. 9h e meia da noite. Noite. Em primeiro plano, o capelão Moita fumando. O Virgílio Teixeira, é p segundo, de óculos, na segunda fila, a contar da esquerda para a direita.


Foto nº 4A > Guiné > Região do Cacheu > São Domingos > CCS / BCAÇ 1933 (1967/69) > Noiute de Natal > 24 de dezembro de 1968. 9h e meia da noite.


 Foto nº  5 > Guiné > Região do Cacheu > São Domingos > CCS / BCAÇ 1933 (1967/69) > Noite de Natal > 24 de dezembro de 1968 >  Outra foto da consoada. Fim de jantar.


Foto nº 1 > Guiné > Região de Gabu > Nova Lamego > CCS / BCAÇ 1933 (1967/69) > Numa coluna na estrada de Nova Lamego-Piche, Novembro 67. Eu sou o do meio do grupo, e do lado esquerdo o Capelão Moita, e à direita o Alferes Mesquita, responsável das Transmissões.


Foto nº 2 > Guiné > Região de Gabu > Nova Lamego > CCS / BCAÇ 1933 (1967/69) >Na coluna para Piche, em cima do mesmo Unimog, agora noutra perspectiva. Nov./67. O operador da Bazooka tinha de ser eu, para a foto, ao lado o Capelão Moita e outro pessoal
  

Foto nº  3 > Guiné > Região do Cacheu > Piche > CCS / BCAÇ 1933 (1967/69) > Novembro de 1967 > Já no Quartel de Piche, sendo a figura principal o Capelão Moita de costas. O médico Lema Santos, que ali está de óculos, ao meu lado.


Fotos (e legendas): © Virgílio Teixeira (2018). Todos os direitos reservados [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]



1. Mensagem do Virgílio Teixeira:

Data: 21/08/2018, 17:25
Assunto - Guerra e Paz, a Alma e o Espírito: o alferes capelão Moita

Caro amigo e camarada Luís Graça:

Vou procurando e encontro novos temas, mais pequenos, mais fáceis de digerir.

Acho que este é um tema que ainda não vi tratado aqui, e parece interessar a alguns praticantes e não só. A presença de um representante da Igreja no seio daquele conflito, era sempre bem vindo. Já morreu, Paz à sua alma.

Vai para o lote, espero que não cause problemas na tua organização. Obrigado e até muito breve.

Virgílio Teixeira


2. Continuação da publicação do álbum fotográfico do Virgílio Teixeira (*), ex-alf mil, SAM, CCS / BCAÇ 1933 (Nova Lamego e São Domingos, set 1967/ ago 69); natural do Porto, vive em Vila do Conde, sendo economista, reformado; tem já cerca de 80 referências no nosso blogue.

Guiné - Portugal 67/69 - Álbum de Temas:

T055 – O NOSSO CAPELÃO, ALFERES GRADUADO MOITA, QUE SE JUNTOU MAIS TARDE AO BCAÇ1933


I - Anotações e Introdução ao tema:

INTRODUÇÃO:

A nossa guerra não se fez só de armas, minas, emboscadas, flagelações, bebedeiras, mulheres e outras coisas mais, também o espirito precisava de alguma paz de alma, e para aqueles que nunca se esqueceram da fé, da religião, da missa, de um conforto, então cada Unidade – maior ou menor – tinha o seu Padre Capelão, normalmente Alferes Graduados, acho que era assim, mas não tenho a certeza disso.

O meu batalhão [, o BCAÇ 1933,] partiu sem Capelão, e ainda esteve um mês pelo menos sem ele, mas quando chegou foi bem-vindo, a passou a integrar na perfeição as tropas todas que já estavam no terreno, foi uma companhia muito interessante.

Ele tinha de se deslocar às várias unidades aquarteladas pelos Sector a que pertencia, e foi a todas, penso eu, até talvez a Madina do Boé, não garanto, se alguém souber da sua presença pode e deve vir contrariar este texto.

Eu tenho de confessar que não fui daqueles que mais ‘utilizou’ o seu trabalho, a sua missão. Estivemos juntos num ou noutro ‘velório’ e pouco mais, em termos religiosos, acho que nunca assisti a uma missa naquele tempo todo.

Aliás, e pensando bem, já nem me lembro bem onde ficavam as capelas, em Nova Lamego conheço, porque lá estive num velório, mas em São Domingos não me lembro mesmo nada.  Nem sei onde eram as suas instalações, ele devia ter alguma coisa só para ele.

Fomos amigos e camaradas, andamos em várias colunas, mas não tenho grandes reportagens disso, pois as saídas em coluna só em Nova Lamego, em São Domingos só de barco, e não me lembro de ele nos acompanhar nessas deslocações, nem interessa isso.

Ele fazia as suas refeições na messe de oficiais como era da praxe, mas muitas vezes estaria por fora, noutros aquartelamentos.

Foi um bom companheiro, além do culto religioso, era também brincalhão, quase não parecia um padre, mas um amigo.

Juntei alguns elementos, fotos, onde ele aparece, devo ter mais, mas estes chegam para nos lembrarmos da sua memória, pois já faleceu, segundo disseram num almoço convívio. Ele foi a alguns, mas eu nunca mais o encontrei, viajamos no Uíge e depois acabou.

Espero que os leitores gostem e apreciem também estes ex-combatentes, independentemente da sua religião, porque eles estavam lá, mas não tinham arma distribuída.

Paz à sua alma.

Alferes Miliciano Carlos Augusto Leal Moita, desconheço qual a sua localidade de origem.

[Nota do editor LG: 

Soubemos, por pesquisa na Net, que em 1988 continuava como capelão militar, com o posto de major... Em 1967, frequentou o 1º Curso de Formação de Capelães Militares , integrado num grupo de mais de 50. O curso realizou-se na Academia Militar, de 23 de agosto a 17 de setembro de 1967. Nele participaram, por exemplo, dois membros da nossa Tabanca Grande: Horácio Neto Fernandes, e Mário de Oliveira (mais tarde conhecido como Padre Mário da Lixa)]

II – As Legendas das fotos:

F1 – Numa coluna na estrada de Nova Lamego-Piche, Novembro 67. Eu sou o do meio do grupo, e do lado esquerdo o Capelão Moita, e à direita o Alferes Mesquita responsável das Transmissões.

F2 – Na coluna para Piche, em cima do mesmo Unimog, agora noutra perspectiva. Nov./67. O operador da Bazooka tinha de ser eu, para a foto, ao lado o Capelão Moita e outro pessoal, que leva a tiracolo uma máquina fotográfica e pela capa parece a minha, uma Konica, talvez seja apenas a capa pois a máquina tirava-se fora, e a foto é da minha máquina.

F3 – Já no Quartel de Piche, sendo a figura principal o Capelão Moita de costas. Piche, Nov./67. Esta foto já conhecida a quando do paradeiro do Médico Lema Santos, que ali está de óculos, ao meu lado, e mais longe o Capitão comandante da CCAÇ1662, e lamento não saber agora o nome dele. Está também o alferes Mesquita ao lado de outro que não sei quem é, e o respectivo ‘empregado de mesa’ a servir a malta.

F4 / F4A – O Capelão Moita, fumando a sua cigarrada, no fim do jantar. São Domingos, 1968. Também não sei a data desta foto, mas parece um jantar na messe de oficiais, com algum motivo especial, pois o nosso Tenente Bigodes está com uma garrafa de champanhe na mão. Ao lado esquerdo do capelão Moita, de costas, parece-me o alferes Almodôvar, ainda lá estava pelos vistos. Ao lado de olhar esgueiro o alferes Mesquita. Lá atrás, temos da esquerda para a direita, o Capitão Martins, o alferes Carneiro, o alferes Teixeira, o Tenente Bigodes, depois em pé um soldado condutor que servia na messe, muito educado e de boas maneiras, e sentado na ponta o alferes Machado, mais conhecido por ‘Machadão’ dado o seu enorme corpo e peso, era o Minas e Armadilhas. Era do Porto, encontrei-o algumas vezes, mais tarde soube que já tinha falecido, devido talvez ao coração, pois ficou ainda mais pesado do que era.

Não vejo a mesa do Comando, e esta disposição não era a usual, por isso me leva a pensar que já é posterior à evacuação do nosso comandante, Tenente Coronel Armando Saraiva, ocorrida em Novembro de 1968, por isso ou é a noite de Natal, ou a noite de Fim de Ano, por causa da garrafa de champanhe. E pelas roupas e pelo aparato da mesa, deve ser um destes eventos.

F5 – Outra foto mas o mesmo tema, o Capelão Moita. Fim de jantar em São Domingos, 24dez1968. Aqui além dos restantes indicados acima, pode ver-se em primeiro plano o nosso Capitão Cardoso, novo comandante da CCS/BCAÇ1933, e a sua jovem esposa ainda em plena Lua-de-mel. Acho que esta cabeça em frente é do Major Graciano Henriques, o nosso Comandante não estava mesmo lá.

F7 – O nosso Capelão, à civil, lendo a Bíblia. São Domingos, 1969.

F8 - Cerimónia religiosa local, Natal 67, Nova Lamego Dez 67

Em, 2018-08-21

Virgílio Teixeira

«Propriedade, Autoria, Reserva e Direitos, de Virgílio Teixeira, Ex-alferes Miliciano do SAM – Chefe do Conselho Administrativo do BATCAÇ1933/RI15/Tomar, Guiné 67/69, Nova Lamego, Bissau e São Domingos, de 21SET67 a 04AGO69».

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Nota do editor:

(*) Último poste da série > 10 de setembro de 2018 >Á Pistas e aeronaves (ii): Nova Lamego, 1º trimestre de 1968

terça-feira, 26 de dezembro de 2017

Guiné 61/74 - P18141: Feliz Natal 2017 e Melhor Bom Ano Novo 2018 (13): From Toronto with love (João e Vilma Crisóstomo)

1. Mensagem do nosso grã-tabanqueiro João Crisóstomo, com data de 24 do corrente, dirigido ao Eduardo Jorge Ferreira (régulo da Tabanca de Porto Dinheiro, que foi a Londres passar o Natal com os filhos e netos), com conhecimento ao nosso editor Luís Graça, ao  Horácio Fernandes (ex-alf mil capelão, CCS/BART 1913, Catió, 1967/69) , ao Gaspar Sobral (, ativista timorense) e, por extensão, a todos os demais amigos e camaradas da Guiné:


Meus caros,

"Same here”: mea culpa!  

Passei (literalmente ) os últimos três dias ao telefone a ligar para muitos amigos mundo fora a quem falo menos frequentemente; assim o faço todos os anos, para não perder contacto com tantos que me são queridos. Pelo menos uma vez ao ano eu quero ouvir a sua voz real do outro lado da linha. 

Amizades são para ser alimentadas, senão com o tempo, relacionamentos que nos foram/são preciosos, a pouco e pouco desaparecem: esquecemo-nos uns dos outros. E perder a amizade de alguém que um dia foi preciosa é para mim devastador . 

O teu email veio-me lembrar que, com tanto cuidado em telefonar a tanta gente acabei por deixar de chamar aqueles que na verdade são os meus mais chegados, mas a quem por estar em contacto mais frequente acabei por não telefonar durante esta maratona dos últimos dias. Mea culpa, mea culpa, mea culpa!

Agora não dá mais para chamar ao telefone: estou em Toronto e a minha gente nem tempo para uma mensagem ao computador me querem dar…

Com muita amizade, de coração,um abraço grande para ti e tantos outros meus queridos amigos a quem, como sucedeu contigo, não cheguei a telefonar agora.
João e Vilma
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Nota do editor:

Último poste da série > 26 de dezembro de 2017 > Guiné 61/74 - P18140: Feliz Natal 2017 e Melhor Bom Ano Novo 2018 (12): mensagens de Adolfo Cruz, Jorge Cabral, A. Marques Lopes, José Pinela, Mário Leitão, António Manuel Sucena Rodrigues, Carlos Alberto e Irene Cruz

sábado, 26 de agosto de 2017

Guiné 61/74 - P17701: Convívios (822): Lourinhã, Tabanca de Porto Dinheiro, 18/8/2017 - Parte I: Fotos de Luís Graça


Foto nº 1 >  Lourinhã > Porto Dinheiro > Tabanca de Porto Dinheiro > Convívio anual > 18 de agosto de 2017 > A chegada do régulo. Eduardo Jorge Ferreira


Foto nº 2 >  Lourinhã > Porto Dinheiro > Tabanca de Porto Dinheiro > Convívio anual > 18 de agosto de 2017 > O régulo dando os parabéns à aniversariante Maria Alice Ferreira Carneiro


Foto nº 3 >  Lourinhã > Porto Dinheiro > Tabanca de Porto Dinheiro > Convívio anual > 18 de agosto de 2017 > À esquerda, o nosso mais ilustre tabanqueiro, que veio de propósito da Eslovénia... Na véspera, tinha estado no Porto com o bispo timorense Dom Ximenes Belo... À direita, o Álvaro Carvalho, marido da Helena do Enxalé... Foi, com o nosso editor Luís Graça. o fotógrafo que fez a cobertura do evento.


Foto nº 4 >  Lourinhã > Porto Dinheiro > Tabanca de Porto Dinheiro > Convívio anual > 18 de agosto de 2017 > O novo membro da Tabanca de Porto Dinheiro: natural do Sabugal, vive parte do ano na Lourinhã, professor reformado de educação física, e ativista da causa de Timor (lidera um projeto de construção de escolas nas montanhas de Timor Lorosae)


Foto nº 5 >  Lourinhã > Porto Dinheiro > Tabanca de Porto Dinheiro > Convívio anual > 18 de agosto de 2017 > O João Crisóstomo trouxe, da viagem a Timor em abril de 2017, uma coleção de panos, ou "tais", com que tem presenteado os amigos. Nesta ocasião, trouxe um pano para a Alice, que fazia anos. O "tais" tem um grande significado na cultura timorense.


Foto nº 6 >  Lourinhã > Porto Dinheiro > Tabanca de Porto Dinheiro > Convívio anual > 18 de agosto de 2017 >  A aniversariante, ostentando o "tais" que o João Crisóstomo lhe ofereceu como prenda de
anos



Foto nº 7 >  Lourinhã > Porto Dinheiro > Tabanca de Porto Dinheiro > Convívio anual > 18 de agosto de 2017 >  Mais outra das nossas joviais tabanqueiras, neste caso  a "duqueza do Cadaval", a Maria do Céu, a mulher do nosso camarada Joaquim Pinto de Carvalho, Em segundo plano, a Maria do Rosário Hen, esposa do Estêvão Alexandre Henriques,



Foto nº  8 >  Lourinhã > Porto Dinheiro > Tabanca de Porto Dinheiro > Convívio anual > 18 de agosto de 2017 > O Estêvão Alexanrde Henriques: com a especialidade de radiomontador, embarcou para a Guiné a 18 de agosto de 1965 a bordo do navio Niassa, chegando a Bissau a 24. Era furriel miliciano. Fazia parte da CCS/BCAÇ 1858. Está de há muito convidado para integrar a Tabanca Grande. [Tem página no Facebook, clicar aqui].



Foto nº 9 > Lourinhã > Porto Dinheiro > Tabanca de Porto Dinheiro > Convívio anual > 18 de agosto de 2017 > Um convidado muito especial e atento a tudo o que se passava à volta: o "chihuahua", o   canito mexicano do Jaime e da Dina.


Foto nº 10 > Lourinhã > Porto Dinheiro > Tabanca de Porto Dinheiro > Convívio anual > 18 de agosto de 2017 >  Um tacho com a caldeirada  à moda do restaurante "O Viveiro", de Porto Dinheiro.


Foto nº 11 > Lourinhã > Porto Dinheiro > Tabanca de Porto Dinheiro > Convívio anual > 18 de agosto de 2017 > O ramo de rosas amarelas que a Lena do Enxalé, a Maria Helena Carvalho, e o marido, Álvaro Carvalho, ofereceram à Alice. Por coincidênica, a nossa amiga Lena também tinha acabado de fazer anos, uns dias anos, sendo portanto "leoa" como a a Alice...


Foto nº 12 > Lourinhã > Porto Dinheiro > Tabanca de Porto Dinheiro > Convívio anual > 18 de agosto de 2017 > O bolo do duplo aniversário; o da Alice (72) e o da Lena do Enxalé (66), Foi oferecido pela Alice, tal como o espumamte.


Foto nº 13 > Lourinhã > Porto Dinheiro > Tabanca de Porto Dinheiro > Convívio anual > 18 de agosto de 2017 > Aspeto parcial dos tabanqueiros, cantando so parabéns a vocè...





Foto nº 14 > Lourinhã > Porto Dinheiro > Tabanca de Porto Dinheiro > Convívio anual > 18 de agosto de 2017 > Mensagem que o João mandou para a Vilma, depois de tentar, em vão, falar com ela ao telemóvel... "Trying to call... we are all in Porto Dinheiro (21 people...), everybody mad with me because I did not bring you with me. Hugs from everybody"...

[Tradução do inglês: "Estiu a tentar ligar-te... Estamos aqui todos no Porto Dinheiro (21 pessoas ...). Eles estão bravos comigo porque não te trouxe. Abraços da malta toda" ...]


Fotos (e legendas): © Luís Graça (2017). Todos os direitos reservados. [Edição; Blogue Luís Graça / Camaradas da Guiné]


1. Foi um boa almoçarada e um melhor convívio, o da Tabanca de Porto Dinheiro, na praia de Porto Dinheiro,  freguesia de Ribamar, concelho da Lourinhã.
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Marcaram presença vinte e um amigos  e camaradas. Da malta da Guiné, comparaceran à chamada o régulo da Tabanca, Eduardo Jorge Ferreira, o Luís Graça, o João Crisóstomo, o Joaquim Pinto Carvalho, o Belarmino Sardinha, o Estêvão Henriques e o Arcílio Marteleira, mais a Helena do Enxalé... 

O Jaime Bonifácio Marques da Silva. embora nosso grã-tabanqueiro, esteve em Angola. Trouxe com ele a esposa, Dina, a filha Sofia e o genro José, porfessor universitário. (A Sofia doutorou-se recentemente em ciências do desporto, e está de parabéns, por esse motivo e por esperar um bebé).

O Belarmino Sardinha e a esposa Antonieta vieram do Cadaval onde têm segunda casa, em Rocha Forte. Claro  que não podiam faltar os "dques do Cadaval", os Pinto Carvalho, o Joaquim e a Maria do Céu, da Artvilla, Vila Novca, Vilar, Cadaval. 

Da Lourinhã, vieram os casais Luís Graça e Alice Carneiro, Elisabete e Arcílio Marteleira, Fenando e Ângela... O Esrêvão e a Maria do Rosário vivem no Seixal, Lourimhã. tal como o Jaime e a Dina. Nosso novo tabanqueiro é o Rui Chamusco, proefessor de educação física, tal como o Eduardo de quem é velho amigo. É do Sabugal, e tem um projeto solidásrio com Timor Lorosae, de que nos falou. 

O João Crisóstomo veio diretamente da Eslovénia, mas sem a Vilma...Esteve há dias com o secretário de Estado do Vaticano para angariar apoios para o projeto do Rui Chamusco em Timor Leste... A Lena do Enxalé veio com o seu Álvaro Carvalho e este, por sua vez, veio com o superequipamemto fotográfico que lhe custou os olhos da cara: reproduziremos, em segundo poste, algumas das "chapas" que ele nos tirou.... Aniversariantes deste mês, a Helena a 9, e a Alice, a 18,  tiveram direito a um alegre coro que cantou os "Parabéns a vocè"...

Tudo bem comido e bem regado (, a caldeirada recomenda-se aqui no restaurante "O VIveiro"), com direoto a bolo de anos,  espumante e ginginha de Óbidos. O tacho ficou por 18 morteiradas "per capita"... O João Crisóstomo estava com saudades das nossas comidinhas. A Estónia é linda de morrer e é a terra da sua amada Vilna, mas a comida é, no mínimo, uma coisinha deslavada...

Faltou, desta vez, o nosso "capelão", o Horácio Fernandes e a Milita, que vivem no Porto... O Horácio é de Ribamar...

Mais uma vez esteve de parabéns o régulo Eduardo Jorge Ferreira que tem sabido zelar pela nossa saúde e bem-estar com toda a competência, dedicação, ternura e bom humor... Um régulo de cinco estrelas... que foi reeleito para novo mandato,por...unanimidade e aclamação.

Obrigado, Eduardo! Obrigado aos nossos amigos e camaradas da Tabanca de Porto Dinheiro!... LG

(Continuação - Parte II: fotos do Álvaro Carvalho)
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quinta-feira, 16 de julho de 2015

Guiné 63/74 - P14885: Nas férias do verão de 2015, mandem-nos um bate-estradas (6): Convívio da Tabanca de Porto Dinheiro, 12 de julho de 2015 (Parte III): Álvaro e Helena do Enxalé, sejam bem-vindos à Tabanca Grande!...Oxálá / inshallah / enxalé nos possamos voltar a reunir mais vezes para partilhar memórias (e afetos)... Vocês passam a ser os grã-tabanqueiros nºs 695 e 696



Foto nº 1  - O grupo dos tabanqueiros de porto Dinheiro... Falta o fotógrafo, o Álvaro Carvalho


Foto nº 2  > De pé o Álvaro Carvalho... Sentados, Luís Graça, João Crisóstomo e o António Nunes Lopes (está convidado para integrar a nossa Tabanca Grande, mas não tem endereço de email, aguardo o da esposa)


Foto nº 3 >   João, Luís e António Lopes,  falando do Xime


Foto nº 4 > A Alice a Helena


Foto nº 5 > Luís, Helena e Eduardo: folheando um livro sobre a Guiné-Bissau, editado a seguir à independência, e que a Helena trouxe consigo



Foto nº 5 > Alice, Helena, Luís, Eduardo e Vilma (que ainda não fala português: entendemo-nos em inglês e francês)


Foto nº 6 > Três grandes amigos: João, Horácio e Milita


Foto nº 7 > Luís e João... Raramente o nosso editor aparrece aqui nas fotos de convívios, descontraído, sem máquina fotográfica... Nada como ter um fotógrafo de serviço... E que fotógrafo!


Foto nº 8 > A Dina e o Jaime



Foto nº 9 > Restauarante O Viveiro

Lourinhã > Ribamar > Tabanca de Porto Dinheiro > 12 de julho de 2015 > Restaurante O Viveiro > Convívio anual da Tabanca de Porto Dinheiro. Régulo:  Euardo Jorge Ferreira, (*)

Fotos: © Álvaro Carvalho (2015)  Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem: LG]


1. Seleção de um lote de 100 fotos [, além de vídeos...] que o Álvaro e a Helena Carvalho, nos enviaram com a seguinte mensagem simpatiquíssima:

Tabanca do Porto Dinheiro, passaremos a chamar-lhe ponto de reencontro, dos sentimentos sinceros da Amizade.

A Helena do Enxalé e o Álvaro partilharam com excelentes seres humanos uma tarde onde os temas foram variados. À Vilma e ao João Crisóstomo pediuos-lhes o favor de serem sempre felizes... extensivo a todos.
Enfim recordar também é viver.

Um Abraço ao Grande Régulo Eduardo que se portou à altura, bem escolhido pelo Luís Graça.

Um Fraterno Abraço a toda a "equipa" presente que vamos  citar pela ordem da foto de grupo, acima publicada: da esquerda para a direita, António Nunes Lopes, João Crisóstomo, Helena do Enxalé, Vilma Crisóstomo, Dina, Milita (primeiria fila); Eduardo Jorge Ferreira, Maria Alice Carneiro, Alexander Rato ], presidente da junta de freguesia de Ribamar,], Horácio Fernandes e Jaime Bonifácio Marques da Silva (segunda fila).

Álvaro e Maria Helena
 


2. Comentário de LG:

Obrigado, Álvaro e Helena, pela completíssima e competentíssima cobertura fotográfica da reunião da Tabanca do Porto Dinheiro. Oxala/inshallah/enxalé nos possamos voltar a reunir, mais vezes, nesta ou noutras tabancas. O que vai acontecer seguramente a avaliar pela composição da nossa mesa.. Mais uma vez se comprova que o Mundo é Pequeno e a nossa Tabanca...é Grande. (Tabanca Grande é o nome da nossa comunidade virtual e real, de amigos e camaradas da Guiné, espalhados pelos quatros  do mundo, Portugal, a Gun+e.Bissau e a diáspora lusófona).

Tiro o quico, à boa maneira da tropa, à espantosa naturalidade e grande generosidade com que vocês, Álvaro e Helena, se juntaram a nós, como se nos conhecêssemos há décadas e fôssemos velhos e bons amigos de há muito... É fruto deste sortilégio, desta magia, que é a "nossa" Guiné, essa terra verde e vermelha (e por extensão a Africa lusófona), que nos marcou a todos/as, nos tocou a todos/as, de diferentes maneiras, e cujo espírito procuramos reviver, preservar e promover, sentando-nos à sombra de um secular, protetor, fraterno, simbólico poilão, o poilão da nossa Tabanca Grande...

O Álvaro e a Helena passam, a partir de hoje, a constar na lista alfabética dos membros da nossaTabanca Grande, cujo nº se aproxima já dos 700 (mais do que um batalhão!) e donde já constam, além do meu nome, os nomes do Eduardo, do João, do Jaime, do Horácio, e da Alice... (Vd. fiolha de  rosto do blogue, coluna do lado esquerdo).

Não é preciso "curriculum vitae", civil ou militar, bastam os dois amarem aquela terra e já terem bebido a água do Geba.. Eu mesmo faço questão de os apresentar, formalmente...

Como eu gosto de dizer, não é (felizmente!|) o Panteão Nacional, é melhor... é a nossa Tabanca Grande. O nosso objetivo é muito simples, é o de partilhar memórias (e afetos). E, por outro lado, muito sinceramente, penso que vale muito mais um camarada vivo (e quem diz camarada diz amigo), do que um herói morto...

Nenhum deles é camarada, mas são amigos da Guiné. Os camaradas tratamo-los por tu, o Álvaro e Helena, sem terem sido "tropa", merecem o mesmo tratamento: do general ao soldado, do almirante ao marinheiro, tratamo-nos todos por tu, porque é mais prático e desinibidor... Aqui não há títulos, académicos, sociais, profissionais, tirando os velhos postos do tempo da tropa (que nos ajudam a identificar a malta9... Trato, de resto, a maioria dos amigos da Guiné por tu como sinal de distinção e porque faço questão também que me tratem por tu...

Álvaro e Helena, sejam bem vindos, a esta e às demais tabancas sob a "jurisdição" da Tabanca Grande...

Que Deus, Alá e os bons irãs vos/nos protejam, a todos/as!... Luis



Guiné-Bissau > O Enxalé... In šāʾ Allāh (em árabe: إن شاء الله, [in ʃæʔ ʔɑlˤˈlˤɑːh]),  romanizado como Insha'Allah ou Inshallah ou Inshalá, é uma expressão árabe que quer dizer  "se Deus quiser" ou "se Alá quiser". Deu "oxalá" (em português) e "ojalá" em castelhano.(Fonte: Wikipedia). Parte do coração da Maria Helena ficou lá, no Enxalé...

Infografia; Blogue Lu+is Graça & Camaradas da Guiné (2015)


PS - A Maria Helena Carvalho, mais conhecida por Helena do Enxalé, nasceu na Guiné, em 1951 (**). O pai, natural de Seia, o "Pereira do Enxalé",  Amadeu Abrantes Pereira era uma figura muito conhecida e respeitada no território. Instalou-se estrategicamente no Enxalé, na margem norte do Rio Geba, frente ao Xime. Lá tinha uma destilaria de aguardente de cana. Fez uma escola e construiu uma pequena capela. Amílcar Cabral foi visita da casa. bem como o poderoso régulo do Enxalé, Abna Na Onça. capitão de 2ª linha.  E alguns futuros guerrilheiros do PAIGC tiveram o Pereira como patrão. 

Em 1962, e com o início da guerrilha, o Pereira mudou-se para Brá. No Enxalé, a dificuldade maior era a livre circulação e o abastecimento da matéria.priama, a cana de acúcar. Em 1958, se não erro, a Helena vem para Bissau e depois segue para a metrópole para poder estudar. Voltava à Guiné nas férias grandes. Foi educada por uma madrinha. Em 1974, com 23 anos, e já casada com o Álvaro, assiste ás festas da independência, sentindo-se perfeitamente em casa... 

Entretanto, a mºae já tinha morrido e o pai acabava de falecer, algumas semanas antes, em agosto de 1974....Voltaria mais tarde à Guiné-.Bissau, creio que em 1989,  para tratar de assuntos da família, incluindo o património edificado no Enxalé e em Bissau. Das coisas mais bonitas que lhe aconteceram  e que ainda hoje recorda com orgulho e emoção foi verificar como o nome da  sua família era respeitada pelas gentes do Enxalé: (i) o régulo veio com uma petição escrita para ela dar autorização aos habitantes locais para poderem  continuar a colher os  citrinos que continuavam a nascer na ponta; (ii) uma bajuda veio-lhe entregar as chaves de casa...

O casal vive e trabalha nas Caldas da Raínha. O pai do Álvaro era ourives. Ele mantém o negócio, que agora já passou para a terceira geração. Adora cicloturismo (apesar de um grave acidente que teve há anos) e fotografia. Tem "slides" da independência da Guiné-Bissau que me prometeu mostrar  um dia quando passar lá por casa... Entretanto a Helena foi adoptada  pela "rapaziada" que passou pelo Enxalé, nomeadamente a CCAÇ 1439 (1965/67) (*). Foi ela que organizou,, este ano, o convívio anual da companhia. É uma mulher de armas!...


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Notas do editor;: