Guiné > Bissau > Santa Luzia > QG / CTIG >"Cartão que nos foi distribuído para podermos circular no QG depois da bomba. Reparem nas datas de emissão e validade (parece que contavam comigo até ao fim da comissão)"..De facto,o cartão era válido de 27 de abril de 1974 a 27 de março de 1975... A bomba no QG/CTIG terá sido em 22 de fevereiro de 1974...
Foto (e legenda): © Abílio Magro (2013). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]
Tentando criar alguma luz sobre o assunto, resolvi escrever um texto que envio em anexo e que poderá servir de alerta para a verdade documentada, embora eu saiba bem que é essa que conta "para o totobola", mas factos são factos.
Permite-me que te dê a sugestão de, através do blog, convocares todos os "homens grandes" que estavam naquela data no local do "crime" para usar da palavra sobre o assunto e, se eu estiver enganado, lá terei de me apresentar junto de ti descalço e com a corda ao pescoço.
1. Mensagem de ontem, enviada às 16h20 pelo Abílio Magro (ex-fur mil amanuense, CSJD/QG/CTIG, 1973/74) (*), que não era Alberto, mas Valente... Mesmo com o nome errado, entrava e saía todos os dias do QG/CTIG, em Santa Luzia, com o cartão acima reproduzido...
Caro Luís, tudo bem contigo? Espero que sim e que já tenhas tomado as 2 (vacinas).
Caro Luís, tudo bem contigo? Espero que sim e que já tenhas tomado as 2 (vacinas).
Realmente esta confusão de datas (*) é mesmo muito estranha.(**)
Tentando criar alguma luz sobre o assunto, resolvi escrever um texto que envio em anexo e que poderá servir de alerta para a verdade documentada, embora eu saiba bem que é essa que conta "para o totobola", mas factos são factos.
Permite-me que te dê a sugestão de, através do blog, convocares todos os "homens grandes" que estavam naquela data no local do "crime" para usar da palavra sobre o assunto e, se eu estiver enganado, lá terei de me apresentar junto de ti descalço e com a corda ao pescoço.
Abraço, AM
2. Casos: a verdade sobre a data do atentado no Café Ronda, Bissau... Nem tudo o que parece, é... (Abílio Magro)
2. Casos: a verdade sobre a data do atentado no Café Ronda, Bissau... Nem tudo o que parece, é... (Abílio Magro)
Notas sobre as Conclusões do Seminário “Guerra de África – Portugal Militar em África 1961- 1974 – Atividade Militar” realizado no IESM em 12 e 13 de Abril de 2012 Por Carlos de Matos Gomes e Aniceto Afonso
http://www.cd25a.uc.pt/media/pdf/ConclusoesdocoloquioIESM.pdf --- x --- 1974
(*) Vd. poste de 27 de fevereiro de 2013 > Guiné 63/74 - P11164: Um Amanuense em terras de Kako Baldé (Abílio Magro) (6): Regresso a Bissau
(**) Vd. poste de 10 de maio de 2021 > Guiné 61/74 - P22191: Casos: a verdade sobre ...(22): A deflagração de um engenho explosivo no Café Ronda, em Bissau, em 26 de fevereiro de 1974 (Carlos Filipe Gonçalves, Mindelo, São Vicente, Cabo Verde)
(excerto)
Janeiro, 21 - Primeira acção do PAIGC na cidade de Bissau, com lançamento de engenhos explosivos contra autocarros da Força Aérea, seguidos, uma semana depois, de dois outros engenhos do mesmo tipo num café da mesma cidade frequentado por militares portugueses
Fevereiro, 26 - Atentado num café de Bissau. Este atentado seguiu-se a outros ataques a autocarros da Força Aérea. Duas granadas de mão defensivas com disparador de atraso explodiram no recinto do café Ronda, em Bissau, causando cinco feridos graves e 44 feridos ligeiros entre os militares e um morto e 13 feridos entre os civis.
A confusão continua: “uma semana depois” não nos leva a fevereiro, certo? E se foi em janeiro, ainda aceito com alguma relutância porque nessa altura o meu irmão Álvaro ainda por lá andava, mas continuo a pensar, como o Kalu (**), que foi por volta do mês de setembro e digo isto apenas pelo facto de nesse atentado ter sido gravemente ferido o Fur Mil Romão, chegado à Guiné um dia ou dois antes e que ia substituir na CSJD o meu camarada Costa que tenho ideia de ter acabado a sua comissão uns meses antes de janeiro de 1974.
Mas, claro, com todas estas confusões, já começo a duvidar. O certo, certo é que eu estava no cinema UDIB (julgo que o rebentamento se deu pouco depois das 21h00) e o meu irmão Álvaro estava lá por perto, mas em 26/02/1974 já não estava na Guiné.
Não deixa de ser estranho também que, tendo o atentado sido executado, segundo está escrito, por volta das 22h30, uma mensagem seja enviada no início da tarde do dia seguinte pelo Comando Chefe à Defesa Nacional já com referência a resultados de averiguações.
Os historiadores, antigamente, socorriam-se das ‘verdades’ dos historiadores que os precederam e essa era a ‘verdade documentada’, estivesse correcta ou não. O historiador inglês Jack Lindley acrescentou à investigação, nos finais do século XX, o princípio da separação entre a ‘verdade documentada” e a ‘verdade aceitável’. E quando a ‘verdade’ documentada contém erros grosseiros, sou levado a aceitar a verdade sustentada na minha memória e na dos que por lá andavam na altura.
Os erros grosseiros em documentos militares eram mais que muitos e nem sempre havia tempo ou pachorra para os ‘catar’ todos. A mim entregaram-me um cartão para acesso ao QG (depois da bomba) onde constava Abílio Alberto Lamares Magro quando o correcto é Abílio Valente Lamares Magro, mas como o nome do meu pai era Acácio Alberto Lamares Magro, o erro deu-se compreensivelmente, mas eu nunca troquei o cartão porque o erro não me impedia de entrar no QG.
Depois também temos os jornalistas e historiadores contemporâneos, alguns com uma falta de profissionalismo exasperante e, depois, há quem se sustente nas ‘bacoradas’ por estes proferidas/publicadas.
Aqui há tempos, a propósito da morte do Marcelino da Mata, ouvi na TV o ‘historiador’ Fernando Rosas a desancar furiosamente naquele militar português apelidando-o de tudo e mais alguma coisa, chegando ao ponto de afirmar que o Marcelino foi o fundador dos Comandos africanos, e o maior responsável pela invasão da Guiné-Conacry. “Um país estrangeiro!” vociferava ele ... enfim.
Esse ‘historiador’ também andou pela Guiné-Bissau aqui há uns anos a gravar uns episódios sobre a guerra e o PAIGC e, quando falou sobre a bomba no QG (Santa Luzia), estava em frente ao QG/ CCFAG (Amura), apontando para este como tendo sido alvo daquela bomba.
Como podemos dar crédito a tudo o que se escreve e diz nos órgãos de comunicação social?! Terá a data de 26/02/1974 sido erradamente colocada naquele documento oficial? Será que ninguém deu pelo erro e toca a aceitá-la como boa durante anos e talvez séculos?
O facto de o meu irmão Álvaro ter assistido de perto a este acontecimento e de já não estar na Guiné em 26/02/1974, levam-me a estranhar estas divergências de datas e a entrar em conjecturas na tentativa de perceber o assunto. Conjecturando: será que o “evento” se deu a 21 de janeiro de 1974 e houve atraso/esquecimento em o comunicar à Defesa Nacional e houve que inventar uma data?
Resta-me aceitar a “verdade” documentada (a oficial), mas … Pela verdade oficial eu tive duas irmãs gémeas (oficialmente e registado, nasceram no mesmo dia), mas pela verdade aceitável (a real) elas tinham dois anos de diferença.
Siga para bingo!
Abílio Magro
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Notas do editor: