quinta-feira, 3 de outubro de 2019

Guiné 61/74 - P20199: Controvérsias (139): As doenças sexualmente transmíveis: profilaxia e tratamento... Recordando o nosso saudoso camarada Armandino Alves (!944-2014), ex-1º cabo aux enf, CCAÇ 1589 (Beli, Fá Mandinga e Madina do Boé, 1966/68)



Capa de uma brochura sobre higiene sexual, sem data [, 1954?],  publicada pela Direcção do Serviço de Saúde Militar, e com destino  essencialmente às praças do exército.

Reproduzida, com a devida vénia, da página da CCAÇ 3387, Escorpiões (Angola, 1971/73), mobilizada pelo RI 2  (Abrantes). bem como o excerto, abaixo ("ligeiros conselhos de higiene sexual").

Os nossos especiais agradecimentos ao Mário Ferreira da Silva, de Cacia, que criou e alimenta esta página, e a quem damos os nossos parabéns: era 1º cabo padeiro.



1. O documento aqui reproduzido é antecedido de uma pequena nota introdutória, da responsabilidade do editor da página da CCAÇ 3387:

Numa época em que um homem ainda podia ter relações sexuais sem o risco de apanhar doenças incuráveis, para as quais ainda não há qualquer hipótese de tratamento à vista [, referência  ao HIV/SIDA], o exército português, na segunda metade do século XIX [ou XX ?], tinha não apenas o cuidado de efectuar acções de sensibilização para os problemas das doenças venéreas, como também distribuía frequentemente documentação escrita, em forma de pequenas publicações num formato A5, na esperança de que os militares a lessem.

Volvidos mais de 30 anos após o término de um período em que os nossos homens eram obrigados a férias forçadas por terras distantes [, referência à guerra colonial],  vão-nos chegando verdadeiras relíquias documentais, que aqui arquivamos e damos a conhecer, após a devida conversão para um formato electrónico.

O presente documento é uma publicação da Direcção do Serviço de Saúde Militar, rigorosamente transcrito e do qual reproduzimos apenas a capa da publicação, num formato A5, tal como anteriormente dissemos.

O citado documento foi inserido em 1/7/2009, na página da CCAÇ 3387-


DIRECÇÃO DO SERVIÇO DE SAÚDE MILITAR

LIGEIROS CONSELHOS DE HIGIENE SEXUAL


Segundo pesquisa que fizemos na Porbase - Base Nacional de Dados Bibliográficos, esta brochura ou folheto,  de 2 folhas, data de 1954: 

Título Profilaxia das doenças venéreas no Exército: ligeiros conselhos de higiene sexual
Publicação: [S.l. : s.n.], 1954 ( Lisboa:  Tip. Pap. Fernandes)
Descrição física: 2 fl; 11 cm.


De qualquer modo é de registar que o exército (ou o seu serviço de saúde militar), nessa época já distante, sete anos antes do início da guerra colonial,  era muito mais pragmático e muito menos hipócrita, em matéria de prevenção  e tratamento das doenças sexualmente transmissíveis  do que a generalidade das outras instituições da sociedade portuguesa da época...

Recorde-se que a  ilegalização da prostituição e das casas de passe (ou de tolerância, ou casas toleradas, como a famosa Casa da Mariquinhas), com efeitos a partir de 1 de janeiro de 1963, foi feita pelo Decreto-Lei nº. 44579, de 19 de setembro de 1962, emanado dos Ministérios do Interior e da Saúde e Assistência, do Governo de Salazar (**).

Claro que o documento não deixa de ser misógino, diabolizando a  prostituição feminina... O médico miitar, qie terá redigido os conselhos, esqueceu-se de acrescentar que em todos os tempo a prostituição segue a tropa... Muitas mulheres que trabalhavam nas casas depasse, em 1963, terão emigrado para Angola (**)...


LEMBRA-TE:

– Que depois de teres contacto sexual com mulher é obrigatório procurares o posto antivenéreo  [PAV] da tua unidade; e deves procurá-lo dentro de 3 horas, o máximo, depois desse contacto, para tirares resultado;

– Que tens no PAV a garantia da tua saúde; e sabes que a tua saúde é o melhor capital de que dispões;


– E que, não procurando o PAV, não te desinfectando, arruínas a tua saúde para sempre, contraindo doença venérea; e depois levas para casa mal ruim que pegarás à tua mulher e que transmites a teus filhos.


FICA SABENDO:

– Que essas doenças venéreas são a blenorragia (corrimento de pus pela uretra) e que aparece alguns dias depois do contacto sexual;

– As feridas no pénis e órgãos genitais e até na boca e no ânus (cavalos duros) podem aparecer só passadas algumas semanas, e que muitas vezes se não dá pelo aparecimento, porque podem não doer; e há outras fendas no pénis (cavalos moles) que dão muitas vezes inchaços nas virilhas (as mulas).


TOMA CUIDADO:

– Com as mulheres que se dizem muito sérias e saudáveis e em geral são mais perigosas do que as outras. E procura não ter relações sexuais com mulher que tenha feridas, caroços nas virilhas ou no pescoço, rouquidão, aftas, purgação ou qualquer corrimento, que tenha as roupas manchadas, ainda que para isso te dê qualquer desculpa e que diga não ter isso importância alguma.


PROCURA:

– Fazer uma completa e boa desinfecção e para isso segue as regras que estão afixadas no PAV e assim:

– Urina com força (pois que, urinando, fazes uma boa lavagem da uretra) e baixando as roupas convenientemente utiliza o mictório,  cavalgando com a face voltada para a parede e ensaboa, com o sabão desinfectante, durante um minuto, tudo o que esteve em contacto com as partes genitais da mulher, lava bem tudo com bastante água e, a seguir, repete a lavagem com mais sabão e durante 2 a 3 minutos.

ATENÇÃO:

– Nunca te fies na experiência apregoada das praças velhas e procura sempre o PAV, nunca te esquecendo que o tens de fazer dentro de 3 horas, o máximo, pois que, mais tarde, a desinfecção já não tem efeito; e mais, sempre que tenhas qualquer suspeita de doença venérea, consulta sempre o médico da tua unidade.


[Revisão / fixação de texto para efeitos de edição no blogue: LG]


2. O nosso saudoso camarada, do Porto,  Armandino Alves (1944-2014),  ex-1º Cabo Auxiliar de Enfermagem, CCAÇ 1589 (, Beli, Fá Mandinga e Madina do Boé, 1966/68)  (*), escreveu a propósito deste documento o seguinte em 2009 (**)

(...) "Recebi o o teu e-mail e fiquei admirado com a existência do referido Livro. Nem na recruta nem no Ultramar foi distribuído tal livro ao serviço de saúde para ser entregue aos militares .

Mas pelo que depreendo deve ter sido para a Guerra de 1940/45 [, o documento é posterior, é de 1954]. E digo isto porque em 1960 [, mais exatamente em 1963] Salazar acabou com a prostituição. Isto diziam eles. Como deves saber até essa data havia as chamadas casas de tia e vários cafés especializados nisso (no Porto havia o Derby, o Royal, o Moderno e o Portuense onde elas estavam sentadas nas mesas e era só escolher)." (...)


E acrescentava sobre as práticas sanitárias da época:

(...) "Nessa altura elas possuíam um livrinho, tipo Boletim de Vacinas, onde era anotado pelo Médico o estado delas. Se fossem apanhadas pela Polícia com o livrinho com a inspecção fora da validade dava 3 anos de cadeia. No Porto essas inspecções eram feitas num anexo nas traseiras da Biblioteca Municipal do Porto .

"Ora como na teoria tinha acabado a prostituição para quê mandar editar esses opúsculos ?" (...)

E focando-se no seu tempo, enquanto militar:

(...) "A verdade é que o que existia nos postos médicos das unidades (e nem em todos) era umas caixinhas com umas bisnagas com um produto que eu nem me lembro do nome, que o soldado solicitava quando queria ir às putas, mas tinha que se anotar o nome, dia e hora a que era solicitado. Claro que ninguém ia buscar o dito tubinho.

"E foi assim que, quando a minha Companhia regressou do mato a Bissau e os soldados se sentiram livres, apareceu-me passados dias em vários soldados os sintomas da blenorragia.

Ora isto tinha que ser comunicado ao Médico que por sua vez informava o Comando da Companhia que por sua vez agraciava o infractor com cinco dias de detenção. Ora detidos já tinhamos estado nós no mato durante um ano e, como eu já sabia que o médico ia receitar Penicilina na dose mais forte, foi o tratamento que eu lhes prescrevi e para estarem na enfermaria a X horas para ser eu a aplicar as referidas injecções. Só que para meu azar um dos atingidos, por motivos de serviço não pôde estar no horário previsto e foi ter com o Cabo Enfermeiro de Dia para que lhe desse a injecção. Como ele não sabia de nada,  comunicou ao Médico,  que comunicou ao meu Comandante e este chamou o soldado que lhe disse que tinha sido eu que o mediquei.

Claro que fui chamado ao Comandante que me ameaçou com os referidos 5 dias de detenção. Eu então perguntei-lhe se fosse no mato o tratamento era o mesmo... Felizmente o Comandante, atendendo aos bons serviços prestados durante toda a Comissão, rasgou a participação do Médico e ficou tudo em águas de bacalhau."

E concluindo:

(...) "O que as brochuras dizem não é bem o que se passa no terreno a nível prático. A gente vai-se desenrascando conforme pode e sabe e isso às vezes salvava vidas." (***)

___________________


4 comentários:

Tabanca Grande Luís Graça disse...

No blogue Legalização das 'Casas de Passe', pode ler-se o seguinte, referente a um dos efeitos preversos do famigerado diploma, que foi a 'exportação' para Angola das ilegalizadas, na Metropóle, 'trabalhdaoras do sexo' (como se diz hoje em linguagem politicamente correcta):


http://legalizacaodascasasdepasse.blogspot.com/2007/12/legalizao-das-casas-de-passe.html

(...) "Por tal diploma legal, Salazar ilegalizou as chamadas 'casas de passe', determinando o seu encerramento com o despejo e apreensão de todos os bens aí encontrados. O produto da venda de tais bens em hasta pública reverteu para o Fundo de Socorro Social e o lenocínio passou a ser punido com pena de prisão até um ano e multa correspondente.

"Em Angola, porém, as 'casas de passe' não foram ilegalizadas nem as prostitutas passaram a ficar sujeitas à aplicação de medidas de segurança de internamento para reabilitação, porque, aí, não foram equiparadas aos vadios.

"Ninguém estranhou, por isso, o êxodo maciço das prostitutas para Angola, onde poderiam continuar a exercer livremente a sua profissão, beneficiando dos cuidados sanitários de que até 1 de Janeiro de 1963 usufruíram na Metrópole. Em Angola, tinham trabalho garantido pelas dezenas de milhares de soldados que Salazar para aí enviara nos dois últimos anos. (...)

Tabanca Grande Luís Graça disse...

Infelizmente,os problemas de saúde sexual e reprodutiva, hoje, na Guiné-Bissau (,país que amamos,) são muito graves... Mesmo com tremendas limitações de dados e de recursos, sabe-se que, numa população de mais de 1, 8 milhões de habitantes (três vezes mais do que no nosso tempo):


(i) Infecções Sexualmente Transmissíveis - IST

As Infecções Sexualmente Transmissíveis, segundo gestores e profissionais de saúde entrevistados, estão prevalentes em Guiné Bissau, sem, contudo, uma estatística específica. As doenças mais prevalentes seriam o corrimento, entre as mulheres, em particular mulheres jovens

Em 2015 foram identificados e tratados 500 casos de IST(7), porém não há notificação oficial sobre testagem e tratamento das IST.


(ii) O dado mais recente em relação à sífilis é a estimativa que, dentre 5.666 mulheres grávidas testadas em consultas de pré-natal, 123 tiveram sorologia positiva, ou seja, uma taxa de 2,1%(8). Mas não há notificação compulsória da sífilis, e não há dados em outras populações.

A testagem para sífilis é realizada durante o pré-natal, porém há rupturas de estoques de testes, poucos testes disponíveis e dificuldades diversas em se obter a penicilina para o tratamento preconizado.

(iii) Número de Grávidas 66.870

Grávidas VIH+ 2.089

Prevalência de VIH entre mulheres grávidas 5%

Prevalência de VIH entre grávidas 15-24 anos 3,4%
Prevalência nacional geral 3,3%
Prevalência global por região 3% urbano | 2.3% rural
Prevalência VIH-1 1,8%
Prevalência VIH-1 entre 15-49 anos 3,25
Prevalência de VIH-2 0,9%
Prevalência dupla infecção VIH-1 e VIH-2 0,7%
Homens 1,4 % - 1,5%
Mulheres 4,2 % 5%
Adultos 15 – 49 anos 3,25% 3,3%
Mulheres 15-49 anos 6,9%
Prevalência do VIH entre gestantes 4,5% - 5%
Crianças VIH+ 4.940
Grávidas soropositivas para VIH 2326
Crianças < 15 anos vivendo cm VIH 6 100 [5 200- 7200] | 4.940
Órfãos por causa da doença 10.614
Mortes relacionadas ao VIH/sida 2300 [1900-2700]
Mortes de adultos relacionadas ao VIH/sida 1.251
Mortes de crianças relacionadas ao VIH/sida 363

Fonte: Relatório Final CPLP Guiné-Bissau 2017
https://www.cplp.org › Admin › Public › DWSDownload> CPLP_Guine...

Tabanca Grande Luís Graça disse...

Ainda segundo o relatório citado (e escrito em português do Brasil):Ç

(...) Outras características sócioculturais que facilitam a propagação do VIH e outras doenças sexualmente transmissíveis são as seguintes:

Sexualidade precoce: a sexualidade precoce, antes dos 15 anos, é comum nas meninas da Guiné Bissau, cerca de 27%(1) (...). Cerca de 7,1% das meninas casaram-se com menos de 15 anos e 37,1% com menos de 18 anos. Dados de 2011 mencionam que 13% das meninas de 15 a 24 anos tiveram sua primeira relação sexual com um homem 10 anos mais velho que ela, sendo 38% deles já casados.

O baixo uso de preservativo pelas mulheres (3,2% em 2010) é compreendido à luz da desigualdade de gênero, sendo que o poder está relacionado aos homens.

A dependência da mulher para sua sobrevivência, ou seja, em tudo, inclusive nas decisões sobre sua própria saúde, aliados ao medo do repúdio e divórcio ao se notificar o parceiro sobre o resultado positivo de um teste de VIH, são fatores de aumento da vulnerabilidade feminina à infecção.

Como já foi dito, a poligamia é legitimada pela religião muçulmana: por lei, o homem pode ter até 4 esposas, desde que possa sustentá-las. Também há a poligamia informal, incluindo pessoas de todos os credos e etnias, sem distinção e sem limite numérico. A porcentagem de pessoas entre 15 e 49 anos que estão numa união poligâmica é de 44,0% entre as mulheres e 25,8% dos homens (...) Nos homens casados, durante o período de aleitamento materno das suas mulheres, procuraram parceiras ocasionais, comadres e/ou outras esposas legitimas (...).

No caso da sociedade balanta, existem normas e práticas socioculturais que instigam a liberdade sexual dos jovens. A prática cultural e sexual “Pnanhga” que consiste na entrega sexual de uma rapariga/mulher a outrem durante a sua hospedagem é um exemplo (...).

Uma prática cultural que poderia ser nomeada como uma espécie de “Sabático conjugal”, uma espécie de “descanso” do casamento, em que um cônjuge iria para outra casa, com anuência e consentimento do parceiro, para um período fora de casa. Essa prática não é reconhecida pelos gestores como mas foi mencionada diversas vezes (...).

Outra realidade a acrescentar é o fenómeno de gerontofilia e as suas consequências na promiscuidade sexual. Sendo social e tradicionalmente aceitável o casamento entre gerações diferentes, essa prática aumenta os casos de infidelidade entre os envolvidos, sobretudo nas mulheres (que por norma são sempre bastante novas em relação aos maridos). Assim, a promiscuidade é bastante frequente nas famílias dos centros urbanos, chegando a ser também banalizada em certas tradições de grupos étnicos. Por exemplo, na etnia Beafada a infidelidade nãoé reprovada, mesmo que seja de uma mulher casada e, por consequência, caso tenha terminado em filho, consideram uma sorte para o marido legítimo da mulher. Tio do noivo como deflorador da noiva, mantendo relação sexual com a mesma na noite de núpcias; essa prática é algumas vezes mencionada como realidade na etnia Balanta, porém referida como não praticada na atualidade. É uma contradição que merece ser melhor estudada e compreendida, por ser uma prática que vulnerabiliza (...)

Tabanca Grande Luís Graça disse...

(Continuação)


[OutrAS características sócioculturais que facilitam a propagação do VIH e outras doenças sexualmente transmissíveis]


Um aspecto que pode ser melhor explorado é a constatação que 79,9% dos homens entre 15-49 anos declaram ter sido circuncidados(10:20): integrar as ações de saúde aproveitando esse momento – lugar – tempo em que o homem passa pela circuncisão pode ser estrategicamente interessante para auxiliar na promoção de saúde e aumento do autocuidado seguindo as referências de saúde ocidentais, aspectos quase negligenciados entre os homens da Guiné-Bissau. Também pode ser importante procurar compreender como e se os homens entendem o autocuidado, nas perspectivas étnicas específicas.

Foi demonstrado que mulheres em idade fértil 58,2% não conheciam um único método de prevenção à infecção pelo VIH(15). O fato de não haver conteúdo sobre anticoncepção nem explicações sobre uso do preservativo no manual de formação dos agentes comunitários de saúde (2011) tem relação direta com esse fato. A taxa de contracepção em Guiné Bissau é estimada entre 10% e 14% (...)

Uma prática relacionada às modalidades de luto é o Levirato. Nesse sistema de casamento, o irmão do falecido é obrigado a casar com a esposa (viúva) do irmão falecido, tendo ele ou a viúva aids ou não, sem que se mencione o assunto “aids” de modo explícito (...)

O planejamento familiar é considerado “primo pobre” na implementação de uma política que permita às mulheres alguma condição de escolha de método contraceptivo adequada à sua realidade (...)

“Negação/ Medo da aids”: a negação da doença alcança, de certo modo, algumas das políticas públicas, em especial às direcionadas a práticas preventivas em saúde sexual e reprodutiva. A negação faz com que a comunicação social seja truncada e os estigmas prevaleçam. “Como se” não houvesse impacto com a gravidez antes dos 15 anos, com a poliinfecção de mulheres e homens, com aids, molusco contagioso e outras IST (...)

Maioria da população com 15 anos ou mais é analfabeta e 60% das mulheres não são alfabetizadas. A alta taxa de analfabetismo dificulta todas as ações de prevenção, assistência e adesão aos tratamentos (...)

As mulheres guineenses, que compõem 51,5% da população do país, estão no setor informal. Ou seja, com o trabalho e sem direitos trabalhistas, sua vulnerabilidade aumenta – ao precisar interromper o trabalho, não tem direito a licenças ou qualquer remuneração (...)

No país, há pouco acesso às ferramentas de comunicação social: o uso de computadores entre jovens de 15-24 anos é de 17,2% para os homens e 10,3% para as mulheres; o uso de internet segue a mesma proporção: homens 16,8% e mulheres 9,4% (...) . Cerca de 30,5% dos homens ao menos uma vez por semana tem acesso à mídia impressa, radiofônica ou televisiva, e apenas 11,7 das mulheres. Pensar campanhas de informação e comunicação para o país requer a assimilação integral desses dados, pensando-se estratégias capilarizadas que possam ser implementadas sem depender dos media.

A ausência de profissionais de saúde mental no país é um fator extremamente importante, um ponto de vulnerabilidade programática que precisa ser cuidado o quanto antes. Em 2015 havia apenas um profissional, um enfermeiro com formação em psiquiatria, para todo o país (...).