Guiné > Região do Cacheu > São Domingos > Pel Caç Nat 60 (1968/70) > > Estrada São Domingos - Susana - Varela > Nhambalã > 13 de novembro de 1969 > O 1º cabo caçador Manuel Saleiro, que era o "sapador" do pelotão, aqui levantando uma mina anticarro... Foi desativada sem problemas... Mas a 30 metros havia outra...
Guiné > Região do Cacheu > São Domingos > Pel Caç Nat 60 (1968/70) > Estrada São Domingos - Susana - Varela > Nhambalã > 13 de novembro de 1969 > O alf mil Nelson Gonçalves, cmdt do Pelotão, e o 1º cabo Manuel Seleiro, junto da primeira mina A/C.
Guiné > Região do Cacheu > São Domingos > Pel Caç Nat 60 (1968/70) > Estrada São Domingos - Susana - Varela > Nhambalã > 13 de novembro de 1969 > O 1º cabo Manuel Seleiro, que fazia parte da equipa de minas e armadilhas
Guiné > Região do Cacheu > São Domingos > Pel Caç Nat 60 (1968/70) >Estrada São Domingos - Susana - Varela > Nhambalã > 13 de novembro de 1969 > Este é o buraco provocado pela segunda mina anticarro, e o estado em que ficou a viatura onde seguia o alf mil Gonçalves.
Guiné > Região do Cacheu > São Domingos > Pel Caç Nat 60 (1968/70) > S/d > S/l > Legenda lacónica: equipa de minas e armadilhas... O Manuel Seleiro pode ser o primeiro do lado direito, em primeiro plano.
Fotos (e legendas): © Manuel Seleiro (2009). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné].
Os créditos fotográficos das fotos de 13/11/1969 devem ser atribuídos ao fur mil Moreira, que vive hoje em Riba D' Ave. Ele foi o fotógrafo que estava lá, nesse dia fatídico de 13/11/1969. Em Nhambalã (n0me de uma localidade no setor de São Domingos). No blogue do Pel Caç Nat 60 as estão em formato reduzido, sem edição.
Infografia: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné (2023)
1. Não é frequente encontrar-se, na Net, uma página ou um blogue dedicado a um Pelotão de Caçadores Nativos. Uma agradável surpresa é o https://pelcac60guine.blogspot.com/ (Guiné. Pel Caç Nat 60).
Fundado em 2009, o blogue do Pel Caç Nat 60 tem cerca de 2 centenas de postes. Ainda está ativo, se bem que o maior número de postes se encontre no período de 2009-2015. Tem mais de 55 mil visualizações de páginas e 14 seguidores.
Fica aqui o convite para o Manuel Seleiro, que segue o nosso blogue, para integrar de pleno direito a nossa Tabanca Grande. (**)
O 1º cabo caçador Manuel Seleiro foi ferido, juntamente com o alf mil Hugo Guerra, na explosão de uma mina A/P, em 13 de Março de 1970. Os dois foram evacuados para o HMP, em Lisboa. Ambos são DFA.
O Hugo Guerra é membro da nossa Tabanca Grande e já nos contou aqui a história atribulada da sua vida, incluindo o acidente, grave, com a mina que estava a ser desativada pelo Manuel Seleiro (***).
O Pel Caç Nat 60 tem cerca de duas dezenas de referências no nosso blogue.
História da unidade:
(i) o Pel Caç Nat 60 foi formado a 7 de Maio de 1968, em S. Domingos;
(ii) esteve com a CCS/BCaç 1933, CCaç 1790, CCaç 1791, em São Domingos, de maio a fins de novembro de 1968;
(iii) o pessoal seguiu depois para Ingoré, ficando adido à CCaç 1801 de novembro de 1968 até agosto de 1969;
(iv) de regresso a S. Domingos, em agosto de 1969, fica adido à CCav 2539;
(vi) ficaria aquartelado em S. Domingos e Susana, até ao ano de 1974;
(vii) o primeiro comandante foi o ex-alf mil Luís Almeida, rendido pelo ex-alf mil Nelson Gonçalves (ao tempo do BCAV 2876, São Domingos, 1969/71);
(viii) a 13 de novembro, de 1969 a viatura em que seguia o Nelson Gonçalves, acionou uma mina A/C, sendo este sido ferido com gravidade, e helievacuado para o HM 241 e depois para o HMP;
(ix) de novembro de 1969 a janeiro de 1970, o pelotão foi comandado pelo ex-fur mil Rocha;
(x) em janeiro de 1970 o ex-alf mil Hugo Guerra comandava o pelotão, sendo ferido no dia 10 de março, quando o 1º cabo Manuel Seleiro desativava uma mina anti-pessoal.(...)
2. Tomamos a liberdade de reproduzir aqui, com a devida vénia, um dos postes deste blogue, respeitante ao dia em que o alf mil Nelson Gonçalves foi gravemente ferido na estrada São Domingos-Susana, em Nhambalã, em 13 de novembro de 1969, quando a viatura em que seguia acionou uma mina: evacuado para o HM241 (e depois o HMP), foi-lhe amputada uma perna (*).
São Domingos, 13-11-69
O Pel Caç Nat 60 e um pelotão da CCAV 2539 saíram numa coluna auto para uma missão a Susana/Varela.
A coluna era comandada pelo alf mil Nelson Gonçalves, do Pel Caç Nat 60, encontrava-se na terceira viatura que era um Unimog novinho em folha, tinha uma semana...
No dia 13 de novembro (não sei se era sexta feira!) [por acaso, era um quinta-feira... Editor LG ]... O soldado Guilherme que fazia anos nesse dia teve uma sorte incrível, Três minutos antes da mina anticarro ter sido accionada, o Guilherme ia a falar com o alferes Gonçalves junto à roda que accionou a mina anticarro.
Por um daqueles mistérios que ninguém sabe explicar, o Guilherme avançou uns cinco metros para a frente da viatura, Assim escapou a morte certa...
A primeira mina anticarro foi descoberta e foi desactivada pelo 1º cabo Seleiro, que está na foto com o alferes Gonçalves. A segunda mina anticarro estava a uns trinta metros mais á frente num local que escapou aos homens das picas. [ Ou estava a 300 metros ? .. Editor LG ] (*)
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Era uma ligeira subida onde o terreno era bastante duro, suponho que o que levou o IN a montar a mina naquele local foi que há algum tempo atrás caíra ali uma árvore de grande porte. Como havia vestígios de alguns ramos e folhas secas, era portanto o local certo para colocar a mina...
Na altura da explosão houve uns momentos de supresa, a reacção foi atirarmo-nos para o chão... Passados os primeiros minutos que antecedem o choque da explosão, esperávamos que houvesse uma emboscada...
Não foi o caso, a minha secção vinha na última viatura. Montada a segurança, socorreu-se o alf mil Gonçalves que estava gravemente ferido, creio que a secção que ia na GMC na frente da coluna éra comandada pelo fur mil Félix Dias, da CCAV 2539, que seguia com o alf mil Gonçalves para São Domingos...
Nós ficámos no local da viatura acidentada, decorridos uns dez minutos ainda não sabíamos do Gama, o condutor da viatura, perante o nosso espanto vimos sair do mato um homem mais parecido com um sonâmblo e a sua cara estava mascarrada, o seu olhar ausente, o seu andar mais parecia um autómato, foi preciso muito tempo para que falasse, mas não sabia o que se tinha passado ali... Este homem levou muitos dias para recuperar totalmente.
O Guilherme, o soldado de transmissões, quando se apercebeu no que lhe podia ter acontecido, chorava.
Nós só saímos do local cerca das 17h33 com a viatura acidentada para o quartel de São Domingos.
Manuel Seleiro
Primeiro Cabo
[Revisão / Fixação de texto / título / Notas em parênteses retos: LG ]
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Notas do editor:
(*) Vd. poste de 26 de março de 2006 > Guiné 63/74 - P634: Uma mina na estrada de São Domingos para Susana (Manuela Gonçalves)
(...) Fiquei a comandar o Pel Caç Nat 60 e ainda tenho algumas lembranças de coisas que por lá aconteceram. Adiante.
No dia 13 de Março de 1970, ia comandar um patrulhamento até à fronteira e eis senão quando detectámos uma primeira mina reforçada, mas em tal estado de conservação que não houve qualquer problema para a levantar.
Tinha no Pelotão um Primeiro Cabo, de nome Seleiro, já com um longo historial de levantar minas e, depois de a vermos, concordei que ele a levantasse, o que foi feito sem qualquer problema. Passámos o detonador para a bolsa do enfermeiro e continuámos a progressão.
Como eu era sempre o terceiro ou quarto homem depois das picas, vi perfeitamente que os picadores tinham localizado qualquer coisa. Montada a segurança lá chamei de novo o Seleiro para conferenciarmos sobre aquela.
Depois de nos certificarmos que estava isolada, tinha que decidir se abortava a operação, rebentando a mesma e regressando a São Domingos, expostos a alguma emboscada do IN. Se fosse entendido desactivar a mesma, poderíamos ir ao objectivo e no regresso levantá-la sem qualquer perigo.
Um e outro rastejámos até à mina que parecia nova e eu comecei a dizer ao seleiro que a queria levantar. Ele acabaria a sua comissão dois meses mais tarde.
Comecei a suar por todos os poros e depois de olhar bem aquela malvada, disse ao Seleiro que não era capaz. Ele disse-me que não havia crise e tomou o meu lugar.
Deitado no chão a cerca de 5 metros, acompanhei todos os seus movimentos com angústia e só relaxei um pouco quando ele, de joelhos e com a mina na mão, prestes a desarmadilhá-la me chamou:
- Meu Alferes, olhe aqui.
Comecei a levantar-me e senti o estrondo infernal, o sopro que me projectou de costas, o sangue quente a escorrer na cara e os gritos dele a dizer que estava morto…
Mas não estava. Os nossos homens trataram-nos o melhor possível, pediram as evacuações e fizeram uma macas com bambus e camisas. Tinha medo de perder a consciência e passar para o outro lado.
Aguentei, em choque, até chegarmos ao HM 241 em Bissau e o que mais me agradava naquele desespero todo era continuar a ouvir o Seleiro a dizer que estava morto. Se ele se calasse, sabia que podia ter perdido um amigo.
Quarenta e oito horas depois chegámos ao aeroporto de Figo Maduro e, como já foi dito por um camarada nosso, fomos colocados dentro de ambulâncias militares e sem qualquer barulho para não acordar a cidade, levaram-me a mim para o HMP na Infante Santo e o Seleiro foi levado para o Anexo, em Campolide.(...)