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terça-feira, 2 de julho de 2024

Guiné 61/74 - P25707: Facebook...ando (59): Joaquim Martins, nosso grão-tabanqueiro desde 2015, ex-fur mil at inf, CCAÇ 4142/72, "Herdeiros de Gampará (Ganjauará, 1972/74) - Parte I



Foto nº 1 > Guiné >  Região de Quínara > Península de Gampará > CCAÇ 4142/72 (Ganjauará, 1972/74>  "CCais de abicagem de Ganquecuta, na margem esquerda do Geba, em frente estava Porto Gole: o Rodrigues, eu ( sentado ) e o sargento Gonçalves."



Foto nº 2 > Guiné >  Região de Quínara > Península de Gampará > CCAÇ 4142/72 (Ganjauará, 1972/74> "Eu, junto do meu iate privado, no Rio Geba." (O Joaquim Martins, sentado num sintex, com morto fora de bodo...talvez um Mercury de 50 cavalos, acrescenta alguém


Foto nº 3 > Guiné >  Região de Quínara > Península de Gampará > CCAÇ 4142/72 (Ganjauará, 1972/74> > O fur mil at inf Joaquim Martins, natural de Gondomar.


Foto nº  4 > Guiné >  Região de Quínara > Península de Gampará > CCAÇ 4142/72 (Ganjauará, 1972/74> Reordenamento. Construção de moranças.


Foto nº 5 > Guiné >  Região de Quínara > Península de Gampará > CCAÇ 4142/72 (Ganjauará, 1972/74 > Reordenamento (1) 


Foto nº 6 > Guiné >  Região de Quínara > Península de Gampará > CCAÇ 4142/72 (Ganjauará, 1972/74 > Reordenamento (2)


Foto nº 7 > Guiné >  Região de Quínara > Península de Gampará > CCAÇ 4142/72 (Ganjauará, 1972/74 >   "Três elementos da CCAÇ 4142/722, o Sequeira, o Dálio e o Virgílio Valente, no heliporto que também servia para campo de futebol."


Foto nº 8 > Guiné >  Região de Quínara > Península de Gampará > CCAÇ 4142/72 (Ganjauará, 1972/74 > "Dois dos nossos cozinheiros. Era a cozinha do nosso hotel, a ASAE não passou por aqui. Um Abraço para todos os que por aqui passaram". (O primeiro parece ser o Joviano Teixeira


Foto nº 9 > Arcos de Valdevez >
 XXI Encontro dos "Herdeiros de Gampará" > 26 de maio de 2018 > O  Bolo  com o brasão da CCAÇ 4142/72.




Foto nº 10 > Guião da CCAÇ 4142/72 (Ganjauará, 1972/74)


Fotos (e legendas): © Joaquim Martins (2024). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]



Guiné > Região de Quínara > Carta de Fulacunda (1955)> Escala 1/50 mil >  Parte da península de Gampará, banhada pelo Rio Geba e pelo Rio Corubal. Posição relativa de Porto Gole, Ganjauará, Ganquecuta.  (Na margem direita, a famigerada Ponta do Inglês, já na Foz do Rio Corubal; o PAIGC em 1972 controlava algumas posições no rio Corubal, como era o caso de Ponta do Inglês / Poindom,  no subsector do Xime, sector L1 (Bambadinca).

Infografia: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné (2024)



1. O Joaquim Martins é membro da nossa Tabanca Grande, desde 5 de junho de 2015, foi fur mil at inf, CCAÇ 4142/72, "Herdeiros de Gampará", Ganjauará, 1972/74. Tem 74 anos, nasceu em Gondomar, em 19 de maio de 1950; vive em Águas Santas, Maia; trabalhou no Gabinete de Planeamento da Sociedade de Transportes Colectivos do Porto (STCP); está reformado.

A sua subunidade partiu para o CTIG em 16set72. No Cumeré, a CCAÇ 4142/72 fez a IAO. Um mês depois, a 18out 72, foi colocada em Gampará, rendendo a CART 3417, os "Magalas de Gampará".

A sua missão era a defesa e segurança das populações da área, assim como a construção da 2.ª fase do reordenamento. "Dias difíceis se seguiriam, adaptação a tão duro ambiente, as más condições sanitárias, fraca alimentação, condições estas já descritas no Blogue pelo nosso camarada Amílcar Mendes da 38.ª CCmds aquando da sua passagem por este chão".


Da CCAÇ 4142 temos, além do Joaquim Martins, como repesentantes da Tabanca Grande,   mais para quatro camaradas, a saber:



2. Pela sua página do Facebook, vê-se que o Joaquim Martins é um camarada voluntarioso, que aparece nos convívios, tira e partilha fotos, recorda factos, figuras, topónimos, datas, etc. Da sua página espigámos alguns apontamentos e fotos desse tempo:


(i) 27 de maio de 2018 ·

Guiné, Gampará 72/74. Em 26/05/2018, em Arcos de Valdevez, foi levado a efeito mais um Convívio Anual da CCAÇ 4142/72, os "Herdeiros de Gampará". Foi um excelente convívio, num ambiente muito agradável de grande companheirismo e de muita animação. Parabéns ao organizador, o Martins, um Abraço para os que não puderam comparecer e, para os que já não estão no nosso meio, Paz à sua Alma, Até para o ano.

(ii) 16 de setembro de 2018 ·

Gampará 72/74. 16 de setembro de 1972, faz hoje 46 anos que a CCAÇ 4142/72 parte para a Guiné a bordo de um Boeing 707 dos TAM. Chegados ao aeroporto de Bissalanca, a Companhia dirigiu-se para o Cumeré onde iria ter a sua IAO. Terminada a instrução, a 18 de outubro  avança para a sua zona de ação, Gampará. onde iria render a CART 3417 e, onde se encontrava também a 38ª CCmds que iria abandonar a zona, deixando contudo dois de grupos de combate para colaborar no nosso treino (partiria  partido a 4nov72  e, a 15,  partia também a CART 3417). 

A 22nov72  chegaram a Gampará dois grupos de combate da 1ª CART/BART 6520/72 para colaborarem na actividade operacional da nossa companhia.

Durante os cerca de 23 meses de permanência na Península de Gamapará, percorremos vezes sem conta as matas, as bolanhas os núcleos de tabancas existentes. Construíram -se 42 moramnças para a população dando continuidade ao trabalho executado pela CART 3417.

Em agosto de 74 deu-se o nosso regresso a bordo do Uíge, ficando a Guiné para trás e com ela, 24 meses passados com sangue, suor e lágrimas. Vou terminar com a minha Homenagem aos bravos companheiros Silva, Soares e Mário ("Garrincha") que tombaram no chão de Gampará. Estejam onde estiverem ficarão sempre na memória da CCAÇ 4142/72, os "Herdeiros de Gampará". Um abraço para todos os ex-combatentes que passaram pela terra vermelha de Gampará, extensivo a todos os Ex- combatentes que passaram pela Guiné.



Em 25/05/2019, em Pedroso/Gaia, realizou-se o XXII Encontro da CCAÇ 4142/72, os "Herdeiros de Gampará". Foi um convívio muito animado pelos companheiros presentes e seus familiares, um abraço para todos e, também para os companheiros ausentes que também foram lembrados, extensivo a F. Silva nosso amigo e camarada de armas do BART 6520/72, que esteve presente na receção aos convivas e desejou um bom convívio. Até para o ano em Águeda.


Abril de 1974 / Abril de 2024, 50 anos se passaram.

Fui para a Guiné em 1972 e, estava cá a passar férias quando se deu o 25 de Abril de 74, no dia 26 Abril apresentei-me no QG na Praça da República para que me dessem indicações para o que devia fazer, uma vez que no dia 27 Abril, teria que viajar para Bissau e, assim aconteceu, lá fui eu novamente até à Guiné para em Agosto regressar a casa finda a comissão e a minha estadia pela terra vermelha de Gampará. Foi assim o meu 25 Abril de 74, para recordar e, um Abraço para todos os que por lá passaram.

(Seleção, numeração, legendagem e edição de fotos,  revisão / fixação de texto: LG) 

quarta-feira, 21 de junho de 2023

Guiné 61/74 - P24420: Facebook...ando (29): A 38ª CCmds. integrada no BCmds da Guiné (1972/74), não só partilhou rações de combate como fez, com os camaradas comandos africanos, grandes operações como a "Galáxia Vermelha", no Cantanhez, que nos uniu até à medula (Amílcar Mendes)


Mesquita de Lisboa > 20 de fevereiro de 2015 > O último adeus ao Amadu Bailo Jaló  (Bafatá, 1940 - Lisboa, 2015)> > Da esquerda para a direita, (i) Jaquité (ex-fur cmd BCmd): (ii)  cor cmd  ref Raul Folques; (iii) Amílcar Mendes) ex-1º cabo cmd, 38ª CCmds): (iv) José António Pereira (também da 38ª CCmds); e (v) Virgínio Briote (editor do nosso blogue, ex-alf cmd do CTIG, 1965/67).

Foto (e legendagem): © José Colaço (2015). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


Mesquita de Lisboa > 20 de fevereiro de 2015 >  O último adeus ao Amadu Bailo Jaló (Bafatá, 1940 - Lisboa, 2015)  > Da esquerda para a direita, (i) cor Ferreira A A Silva, (ii) sobrinho e (iii) filho do Amadú  [que vive em Londres], (iv) José António A Pereira (da  38ª CCmds), (v) filho mais velho do Amadú [que vive em Lérida, Espanha], (vi) neta do Amadu, (vii) Saiegh (do BCCmds Africanos), (viii) Mário Dias, (ix) Virgínio Briote e (x) um outro guineense não identificado.

Foto (e legenda): © Giselda Pessoa (2015). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]
1. Comentário do Amílcar Mendes, ex-1º cabo cmd, 38ª CCmds (Brá, 1972/74), na página do facebook da Tabanca Grande Luís Graça, com data de 19 do ocorrente,  20h41:

Referindo o período de 72/74, a minha 38ª CCmds estava integrada no Batalhão de Comandos da Guiné, após a sua formação em 72 (antes teve várias designações) cujo 1º Cmdt foi o Maj Cmd Almeida Bruno, mais tarde o Maj Cmd Raul Folques. 

O Batalhão era constituido por 4 Companhias, 3 Africanas e uma Europeia, a 38ª CCmds (a 35ª CCmds foi retirada da actividade operacional, em Março 73 e até ao fim da comissão em Nov73). 

A 38ª CCmds fez operações  a nivel de Batalhão, muitas horas de viagens conjuntas, quer em LDG, ou viaturas, ou saídas de Héli, com Cmds Africanos, dormimos muitas noites juntos, partilhámos muitas rações de combate, iguais para todos.

Acontecia trocarmos, com eles,  sumos, doces, queijos , chokoleite, e recebiamos os que eles não comiam. 

Com os Cmds Africanos, assimilámos hábitos e tradições, aprendemos a melhorar a performance e desempenho na mata, chorámos juntos a morte de camaradas, mas construímos enormes pontes de amizade, que se mantêm até hoje. 

Tive o privilégio de conhecer o Alf Cmd Amadu Jaló,  estive presente, com alguns  (poucos),  nas exéquias fúnebres, na Mesquita de Lisboa, acompanhando a família na sua dor. 

Sem soberba ou gabarolice, posso dizer que poucos combatentes conheceram por "dentro" o desempenho, o arrojo, a forma apaixonada como se orgulhavam de ser Portugueses e Comandos, como a 38ª CCmds conheceu.

A última grande operação que fizemos em conjunto, "Galáxia Vermelha" (**), 12 dias de Cantanhez, uniu-nos até à medula. Foram combates violentos, que infelizmente se saldaram por algumas baixas do nosso lado, mas pusemos todo o Sul a ferro e fogo. 

Continuo a dizer, as rações de combate adaptavam-se... 

____________

Notas do editor:

(*) Último poste da série > 17 de maio de 2023 > Guiné 61/74 - P24321: Facebook...ando (28): Convívio anual da CART 2479 / CART 11 (Contuboel, Nova Lamego, Piche e Paunca, 1969/70) em que apareceu, pela primeira vez, o Pechincha, que já não via desde 1969 (Abílio Duarte)

(**)  Operação "Galáxia Vermelha" - 21Dez72 a 01Jan73

A uma força composta pelo BCmds, DFE 4, 12 e 22, TG 9 (10 lanchas da Marinha), 1 Destacamento de Cooperação Aero-Táctico composto por 7 aeronaves da Força Aérea, 1º Pel Art (14 cm) e 5º Pel Art 10,5 cm), foi dada a missão de patrulhar, nomadizar e bater a região Darsalame-Cachambas-Madina do Cantanhez-Boche Falace, S4.

No dia 23, forças do BCmds causaram ao ln 3 mortos e apreenderam 1 espingarda automática "Kalashnikov" em Faro Modi Mutaro. As NT sofreram 3 feridos ligeiros. 

No mesmo dia, na região de Cacine, capturaram 1 espingarda "Mosin-Nagant" e 9 granadas de canhão s/r.

No dia 24, forças do BCmds, apreenderam 1 espingarda automática "Simonov" e detiveram 6 elementos da população.

No dia 25, forças do BCmds, na região de Cacine, foram flageladas e infligiram
na reacção ao ln 4 mortos e sofreram 3 feridos graves e 4 ligeiros.

No dia 26, forças do BCmds, no ataque a uma base inimiga, sofreram 2 mortos, 4 feridos graves e 10 ligeiros.

Nos dias 26 e 27, forças do DFE 22, estabeleceram contacto com o ln na região de Cachambas e apreenderam 1 espingarda automática "Simonov".

No dia 31, forças do DFE 22 tiveram um contacto com o ln, causaram-lhe 1 morto e localizaram 1 arrecadação donde recolheram:

53 granadas de LGFog "RPG-2" e "7";
18 cargas de LGFog "RPG-2";
e 28 de "RPG-7";
e 33 detonadores de LGFog  "RPG-2". 

O DFE 22 sofreu 1 morto e 4 feridos ligeiros.
 
Fonte: Excertos de: Estado-Maior do Exército; Comissão para o Estudo das Campanhas de África (1961-1974). Resenha Histórico-Militar das Campanhas de África; 6.º Volume; Aspectos da Actividade Operacional; Tomo II; Guiné; Livro III; 1.ª Edição; Lisboa (2015), pp. 352-353 (Com a devida vénia...)

domingo, 24 de julho de 2022

Guiné 61/74 - P23458: O nosso blogue como fonte de informação e conhecimento (94): A sede da PSP e 7ª Companhia Móvel de Polícia era no bairro de Bandim (José L. S. Gonçalves / Amílcar Mendes / Carlos Pinheiro / Valdemar Queiroz / Virgílio Teixeira)


Foto nº 1A > Guiné  > Bissau > 2 de Março de 1968 >  Dia da Polícia. Parada em frente ao Palácio do Governador (Pormenor)


Foto nº 1 > Guiné  > Bissau > 2 de Março de 1968 >  Dia da Polícia. Parada em frente ao Palácio do Governador.  


Foto nº 2 > Guiné > Bissau > 2 de Março de 1968 >  Dia Comemorativo da PSP em Bissau. Da esquerda para a direita: Chefe Campante,  Comissário Fernandes, Chefe Cruz e Chefe Martins.


Foto nº 3 > Guiné  > Bissau > 1967 >   Traseiras da 7ª Companhia Móvel de Polícia (CMP), no Bairro Bandim



Foto nº Foto nº 4 > Guiné  > Bissau > 1967 > Elementos da população nas  traseiras  da 7ª Companhia Móvel de Polícia (CMP), no Bairro Bandim

Fotos do álbum do chefe da PSP Virgílio Campante. Cortesia de Arquivo Digital"Aveiro e Cultura" e do José Gonçalves


1. Mensagem de José Luís da Silva Gonçalves, que pertenceu à 2ª C/BCAV 8230/73  (Olossato e Bissau, jun74/out74) (*):


Data - 24 jul 2022 13:20
Assunto - Onde parava, em Bissau,  a PSP e a 7ª CMP

Meu caro Luis Graça, hoje, ao ler o artigo de Alberto Helder (**), fiquei curioso, porque também não me recordo de ter visto nenhum PSP, quando estive em 1974,  integrado na 2ª Companhia do BCAV 8230/73, em Bissau, aquartelados no quartel da Amura.

Naquele tempo já os edifícios principais eram guardados por patrulhas mistas do PAIGC e das nossas tropas.

Quando li o artigo no Blogue, comecei a fazer pesquisa na internet e fui parar ao Arquivo Digital "Aveiro e Cultura", do Agrupamento de Escolas José Estêvão (AEJE), onde realmente obtive alguma informação, da qual extraí umas fotos, que provam, que realmente existiu a 7ª Companhia Movel da Polícia, e que mando em anexo (vd. fotos acima)

A localização do aquartelamento, segundo pude constatar, era nas traseiras do Bairro Bandim (seria no nosso tempo o Pilão?) (Fotos nº e 4).

As fotos que vou enviar-te são de 1967 e de 1968, da autoria do Chefe Campante. A foto nº 1ª refere-se ao desfile do dia da Polícia, e na 2ª podem-se ver o Chefe Campante (autor das fotos),  Comissário Fernandes, Chefe Cruz e Chefe Martins.

Não vou dar por encerrado este assunto, e tentar dar resposta ao Alberto Helder, em algumas questões que ele colocou, tentando através do meu grupo de "Veteranos da Guerra Colonial do Concelho de Almada".

Abraço grande, José Gonçalves

2. Outros esclarecimentos, colocados na caixa de comentários do poste P23456 (**):

(i) Amilcar Mendes:


A 7ª CM da PSP de Bissau estava localizada em Bandim, fronte ao grande depósito de água, que se avistava ao longe.

Fui lá almoçar algumas vezes com um amigo PSP de Lisboa.


(ii) Carlos Pinheiro;

Tenho estado a fazer um apelo à minha memória, que já não é o que era, mas penso que no meu tempo de Bissau (1968/70), terão existido duas esquadras da PSP na cidade, A principal não me consigo recordar onde era, mas a segunda, constituida por agentes locais, com farda da PSP ou muito idêntia, era perto do Pelicano. Se estiver errado, desde já as minhas desculpas. 

Um abraço para todos os camarigos.


(iii) Valdemar Queiroz:

Do que me lembro, nunca vi nenhum agente da PSP, ou farda parecida, a fazer giros em Bissau.

Da vez que estive de serviço em Brá, fui ao Quartel da PSP junto do Depósito da Água, que tinha uma cantina visitada pela tropa.

Julgo que o policiamento civil, melhor dizendo "resolver" problemas civis, nas localidades mais populosas era feito pelos sipaios. Por exemplo,  em Bafatá os sipaios podiam multar quem andasse descalço (!),,, Sim, e a multa era a compra de um chinelos de meter o dedo.

24 de julho de 2022 às 17:29


(iv) Virgílio Teixeira:

(...) Em relação à minha estadia na Guiné Portuguesa (depois, CTIG - Comando Territorial e Independente da Guiné) entre os anos de 1967-1969, dei conta de alguns polícias brancos, fardados como na metrópole, junto a alguns sítios que me lembro, mas nunca falei com algum, talvez porque era bem comportado:

- No mercado local que frequentava:
- No BNU onde ia regularmente;
- No Aeroporto quando embarcava e desembarcava;
- Junto ao Palácio do Governador;
- E inevitavelmente ao redor do 'grande Pilão';
- E  talvez nas ruas e como sinaleiros, mas não tenho certezas.

Talvez haja mais mas não me lembro, como acontece não me lembrar de ver a Policia Militar, é estranho mas é assim.

Sobre as localizações da esquadra ou esquadras da Policia, vou mais para os lados do mercado de Bandim, tenho uma vaga ideia, que pode ser errada, e só me lembrei por alguém a referir aqui.

Nunca fui apresentar nenhuma 'queixa' à Policia!

Nos outros locais, quer em Bafatá onde fui muitas vezes, Nova Lamego, ou São Domingos, como sendo sedes de circunscrições, não havia Policia mas sim os chamados sipaios, que faziam parte da administração local.

Espero ter dado algum contributo.

Fiquem bem, e haja saúde para todos.

Virgilio Teixeira
Ex-Alferes Miliciano d
o SAM, CCS / BCAÇ 1933 (Nova Lamego, Bissau e S. Domingos, 21set67 /  4ago69).

24 de julho de 2022 às 18:29



Planta da cidade de Bissau já no pós-independência (c. 1975/76). Localização dos bairros populares Bandim, Alto Crim e Pilão. Cortesia de A. Marques Lopes (2005).  

Infografia: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné (2022)

___________

Notas do editor:

(*) Sobre a 2ª C/BCAV 8320/73:

(i) unidade mobilizadora: RC 3, Estremoz;

(ii) comandantes: Cap Mil Grad José Manuel Santos Jorge | Cap Inf António dos Santos Vieira
(iii) chegou a Bissau, nos TAM,  em 22/6/1974 e regressou a 14/10/74;

(iv) seguiu de imediato para o Olossato, a fim de substituir a CArt 6254/72, assumindo a responsabilidade do subsector de Olossato com um pelotão em Ponte Maqué, em 4/7/74 e ficando integrada no seu batalhão;

(v) Em 7/9/74, após desactivação e entrega dos aquartelamentos de Ponte Maqué e Olossato, foi colocada em Bissau, na dependência do seu batalhão até ao seu embarque de regresso;

(vi) o BCAV 83290//3 ficou integrado no dispositivo de segurança  protecção das instalações, sob dependência do COMBIS, constituindo o sub-comando Amura, a partir de 9/9/74 (em 20/8/74, por extinção do COMBIS, passou à dependência directa do Comando-Chefe.

sexta-feira, 29 de janeiro de 2021

Guiné 61/74 - P21822: Fotos à procura de... uma legenda (141): Afinal, nem Jabadá nem Gampará... A cena do banho e da "canoa turra" passou-se na "Tabanca Velha", a caminho do cais de Lala, Nova Sintra (Contributos de Carlos Barros, Virgílio Valente, Amílcar Mendes, Eurico Dias)


Guiné > Região de Quínara > Mapa de São João (1955) > Escala de 1/50 mil > Posição relativa de Bolama, São João, Nova Sintra, Serra Leoa, Lala, Rio de Lala (afluemte do Rio Grande de Buba)

Infografia: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné (2020)


1. Andamos há três dias à volta de uma velha imagem, retocada, com quase meio século de idade, mostrando uma dúzia de militares (800 kg!) em cima de uma canoa, no "tarrafe", num rio (que originalmente se supunha ser o Geba). 

A foto foi enviada pelo Carlos Barros, mas o autor era o José Elias, ex-fur mil mec auto, da 2ª C / CART 6522/72 (Nova Sintra, 1972/74). O Crrlos Barros, da mesma companhia, estava na altura emTite...

Lançámos então o desafio aos nossos leitores para "completarem" a lacónica legenda do Carlos Barros... O BART 6522/72 estava então no setor de Tite com subunidades unidades colocadas em Tite, Fulacunda, Jabadá e Nova Sintra...

A 2ª companhia também esteve destacada em Gampará. Daí a hipótese de a foto ter sido tirada em Jabadá ou Gampará (, embora esta ficasse na foz do Rio Corubal) (*).

Sempre solícitos e generosos,os nossos dedciados leitores vieram, de pronto, responder. Virgílio Valente, da Tabanca de Macau, pôs a hipótese de ser o cais de Gampará(**) . E deu-nos também o contacto do seu camarada de companhia (, a CCAÇ 4142/72, Gampará, 1972/74), o ex-alf mil Eurico  Dias.

Escrevi ao nosso camarada Eurico Dias (que ainda não pertence à Tabanca Grande). Entretanto, também o Amílcar Mendes (, da 38ª CCmds, que estivera em Gampará, no 3º trimestre de 1972, membro da nossa Tabanca Grande, com 70 referências no blogue) respondeu, no Facebook, à questão da localização, dizendo logo que não podia ser o cais de Gampará (a 3 km do quartel).

E por fim temos um esclarecimento do Carlos Barros que parece pôr um ponto final nas nossas diligências. Só há um ponto a rectificar: não é no rio Geba,é o rio Lala, afluente do rio Grande de Buba... Reproduzimos a seguir as mensagens trocadas (Eurico Dias,Amílcar Mendes, Carlos Barros)


(i) Mail enviado pelo editor LG ao Eurico Dias:

Camarada Eurico Dias:

Bom dia, somos um blogue de ex-combatentes da Guiné, estamos na Web há 17 anos...Formamos uma comunidade de 825 amigos e camaradas da Guiné, formalmente "registados", incluindo o Virgílio Valente que me deu o contacto do ex-alf mil Eurico Dias (que, de resto, gostaríamos de ver, aqui, ao nosso lado, sentado à sombra do nosso poilão),,,

Será possível  o camarada confirmar o local onde foi tirada a foto que anexo ? Para o Virgílio Valente é o cais de Gampará...

 Para além do Virgílio Valente, a vossa companhia, a CCAÇ 4142/72, "Os Herdeiros de Gampará", está aqui representada, no nosso blogue, pelo Joviano Teixeira, natural de Tavira, ex-soldado cozinheiro.

 Um fraterno alfabravo (ABraço), saúde e longa vida. Luís Graça


(ii) Resposta do Fernando Eurico R Dias :

Date: sexta, 29/01/2021 à(s) 02:58

Subject: Foto Canoa - Jabadá ou Gampará

Boa noite:

Conheço há anos o blogue que muito admiro e vou frequentando como leitor, mas 'mea culpa', ainda não vim sentar-me à sombra do poilão. Fá-lo-ei brevemente.

Concordo com o que afirma Amílcar Mendez.  Nem a paisagem configura um cais nem a vivência no local era de veraneio. 

Durante a nossa comissão (CCAÇ 4142/72) não houve notícia de qualquer actividade náutica do PAIGC que tivesse levado a apresamento de embarcação, nem aqueles que nos passaram a "Herança" -  38.ª CCmds  e a CART 3417 - nos relataram qualquer história relacionada. 

Por outro lado, não há na foto qualquer traço fisionómico que a memória ou a comparação com fotos da época me ligue a elementos conhecidos. Há a hipótese de se tratar de quem nos substituiu no local já em Agosto de 1974, mas o porto e a barca não dão com a perdigota. 

Que continue a tentativa da descoberta.  O meu agradecimento aos editores do blogue pelo trabalho feito e um grande abraço solidário a todos os camaradas de armas que pisaram as bolanhas de Gampará, em especial ao meu amigo Virgílio Valente e ao Amílcar Mendez.

Até breve,

Eurico Dias, ex-Alf.Mil da C:Caç. 4142/72.   

(iii) Mensagem do Amílcar Mendes (38ª CCmds, 1972/74), postada no Facebook da Tabanca Grande, 28/1/2021

 Não me parece ser um cais . Muito menos o de Gampará .

O cais de Gampará ficava a cerca de 3 Km do destacamento . A picada era extremamente perigosas . Era sempre os picadores que encabeçavam a escolta e muito perigoso para se estar nestes propósitos de descontração .

Poderá ter sido já depois do 25 de Abril .

A minha companhia (38ª CCmds) esteve lá três meses em intervenção e demos um operacional Comando aos Herdeiros de Gampará  [, CCAÇ 4142/72].

Forte abraço para todos e ao Alferes "Chinês" [Virgílio Valente] um especial.

(iv) Comentário do Carlos Barros (*)

Boa tarde; pelo que tenho conhecimento, a canoa estava escondida no meio da "tarrafe" e foi encontrada nesse "cais" improvisado, no rio Geba. A diversão dos nossos amigos com a canoa processou-se porque o local era seguro e, provavelmente, poderia ser uma canoa do PAIGC ou da pouca população que existia em Nova Sintra, o que duvido. Essa canoa ficou nesse local e não foi trazida para Nova Sintra e o seu destino final desconheço.

Um abraço
Carlos Manuel de Lima Barros
ex-furriel Barros, BART 6520/ 2ª Cart
 
PS - Uma rectificação: o local preciso onde a canoa foi encontrada, escondida no meio do "tarrafe", foi concretamente num local chamado "Tabanca Velha", uma zona abandonada pelo PAIGC que tinha sido bombardeada pela aviação e arilharia, em 1963/64, tendo o PAIGC abandonado o local que servia de base para ataques a Bissau. 

Era uma zona totalmente queimada - talvez por bombas de napalm - , e as tabancas estavam todas carbonizadas , tendo a população afeta ao PAIGC abandonando o local. 

De facto, a "Tabanca Velha" ficava a caminho do cais de Lala, Nova Sintra, perto do local onde depositávamos o lixo armazenado

O Furriel Mecânico Auto José Pareira Silva Elias, a pedido de muitos soldados mecânicos da nossa companhia e da CCS, transportou nas viaturas esses amigos que queriam apenas momentos de diversão,no rio ou bolanha. 

O local era seguro mas, na Guiné,  nem tudo era seguro e, por sorte, nunca foram atacados pelos guerrilheiros do PAIGC. A canoa ficou no mesmo local e provavelmente recuperada pela parca população de Nova Sintra.

sábado, 26 de setembro de 2020

Guiné 61/74 - P21394: Nota de leitura (1310): "38ª Companhia de Comandos, 'Os Leopardos': a História": João Lucas (coord. lit. ), Porto, Fronteira do Caos Editores, 2018, 322 pp. - Parte I (Luís Graça)



Dedicatória ao editor do blogue, Luís Graça: "Para o amigo Luís Graça, que não não tendo escrito esta história, também faz parte dela. Um abraço do Luís Mendes."



Capa do livro (1º edição, junho de 2018)


1. Saiu já a 2ª edição, em maio de 2019, do livro com a história da 38ª CCmds, "Os Leopardos", que contou com a coordenação literária João Paulo Lucas, e a colaboração, como autores,  dos "leopardos" Victor Pinto Ferreira, Franscisco Gonçalves Domingos, António Mendes da Silva e Amílcar Mendes. 

Prefácio de Raul Folques (pp. xix-xxii), introdução de Vitor Manuel Pinto Ferreira (pp. 1-9), antigo comandante da 38º CCmds, cap inf cmd. 

Posfácio de Francisco Gonçalves Domingos (pp, 245-251), antigo alf mil cmd da 38ª CCmds. 

É ilustrado com cerca de 170 fotografias, infografias e cópias de documentos. Total de páginas: 322 (1ª edição, 2018).

É um edição cuidada, com boa mancha tipográfica, a cargo da Fronteira do Caos Editores, com sede no Porto. Preço de capa: 16 € (1º edição, junho de 2018, esgotada).

A 38ª CCmds tem página oficial aqui. Ver nomeadamente a síntese histórica da atuação dos "Leopardos" no CTIG (1972/74).

Sinopse:

"Esta gloriosa sub-unidade de Comandos, possui um palmarés impressionante e é com orgulho que ostenta no seu guião a condecoração, da Medalha Militar da Cruz de Guerra de 1.ª Classe (colectiva). Ainda e bem revelador do enorme esforço operacional a que foi chamada, chora onze caídos no Campo de Honra pela Pátria que em todas as suas cerimónias recorda e homenageia.

Recordar uma história tão rica em episódios onde a dedicação e o heroísmo ombreiam com a abnegação e o espírito de sacrifício foi, para mim, um exercício exaltante pois tive o privilégio de no Batalhão de Comandos da Guiné (BCmdsG) ter podido comandar operações em que a «Tremenda 38» tomou parte, cumprindo sempre de maneira distinta as missões que tinha de levar a cabo. 

Lembro, especialmente, o seu desempenho na Operação Galáxia Vermelha no Cantanhez Sul, onde um seu Grupo de Combate enfrentou, em inferioridade numérica, uma unidade do PAIGC, numerosa, bem armada e equipada que, emboscada, iniciou a acção com total surpresa. A reacção das NT, pronta, determinada e valorosa, obrigou o IN que sofreu pesadas baixas, a retirar em debandada." )Excerto de Raul Folques, Prefácio, p. xx).

O coordenador, João Paulo Lucas, é um antigo militar paraquedista, nosso amigo do Facebook. Em dia de anos, do Amílcar Mendes, um dos coautores do livro, já aqui deixo  o seguinte comentário:

"Amílcar, bravo leopardo, da 38ª CCmds: foste dos primeiros camaradas da Guiné a honrar-nos com a tua presença na Tabanca Grande... Tens 7 dezenas de  referências no nosso blogue. E a tua companhia outras tantas.

"Ainda não te agradeci publicamente o exemplar, autografado, que me enviaste, do livro com a história dos Leopardos, heróis de Guidaje e de outras batalhas...Duplos parabéns, pelo livro, que tem uma forte marca tua, e pelo teu aniversário. Muita saúde e longa vida, que os bons irãs te protejam!... Luís Graça

"PS - Uma completa recensão do livro "38ª Companhia de Comandos, 0s Leopardos" está na forja... Preciso apenas de um pouco mais de tempo e vagar"...

Na realidade esta é a primeira parte da minha leitura pessoal deste livro, que tem muito de coletivo,  e sobre cujo "making of" temos que começar por  citar as justas palavras do coordenador literário, João Lucas, na badana da contracapa:

(...) Foi fácil, para mim, antigi militar Paraquedista da Força Aérea Portuguesa, também habituado àquilo que foi o desempenho das Tropas Paraquedistas nos Teatros de Operações da Guiné, Angola,  Moçambique e Timor, aceitar o desafio de compilar este livro, de o fazer 'nascer'.

"Tal tarefa foi facilitada pela qualidade superior da 'matéria-prima' posta à minha disposição e pela colaboração infinita e dedicada do General Pinto Ferreira, do Amílcar Mendes, do Mendes da Silva, e dos demais militares da 38 Companhia de Comandos da Guiné. Os meus agradecimentos. Foi um imenso prazer e honra trabalhar com gente desta estirpe" (...)  

(Continua)

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Guiné 61/74 - P21392: Parabéns a você (1872): Amílcar Mendes, ex-1.º Cabo Comando da 38.ª CComandos (Guiné, 1972/74) e António Medina, ex-Fur Mil Art da CART 527 (Guiné, 1963/65)


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Nota do editor

Último poste da série de 23 de Setembro de 2020 > Guiné 61/74 - P21384: Parabéns a você (1871): Tony Borié, ex-1.º Cabo Operador Cripto do CMD AGR 16 (Guiné, 1964/66)

quarta-feira, 28 de novembro de 2018

Guiné 61/74 - P19243: Notas de leitura (1125): 38.ª COMPANHIA DE COMANDOS "Os Leopardos" - A História, coordenação de João Lucas (Belarmino Sardinha)



1. Mensagem do nosso camarada  Belarmino Sardinha  (ex-1.º Cabo Radiotelegrafista STM, Mansoa, Bolama, Aldeia Formosa e Bissau, 1972/74), com data de 20 de Novembro de 2018:

A Razão do Meu Comentário

Dado o meu empenhamento em ter este livro, pediu-me o amigo Amílcar Mendes para comentar ou fazer uma apreciação ao mesmo. Aceitei, como amigo e leitor e por ter estado presente no mesmo espaço físico nos meses iniciais das nossas comissões, em Mansoa.

Depois de ter lido o que foi escrito, penso não ter a acrescentar nada de importante que não esteja referido nas suas páginas, a não ser que conheci e conheço alguns dos intervenientes e tornei-me seu amigo, uns por serem Alentejanos, como eu, outros por serem apresentados por estes e outros ainda por residirem na zona onde morava.

Permitam que me desvie um pouco do livro e fale do meu relacionamento com esta gente, camaradas inesquecíveis com quem era fácil fazer amizade a 3000 Km de distância de casa e metidos num quadrado que apenas permitia conhecermo-nos uns aos outros um pouco melhor.

Lembro o Jorge Brito, que figura na parte de trás da capa e como foi aprofundada a nossa amizade. A recuperar de uns estilhaços com que foi brindado logo no início da comissão, possibilitou confraternizarmos no bar da 38.ª de Comandos bebendo uns copos. Essa amizade, forçada por um interregno involuntário após regressarmos, viria a ser retomada com a ajuda do Amílcar Mendes, que me facultou o seu contacto e assim nos reencontrámos e convivemos até que nos deixou em 2017.

Do Alentejano e grande amigo Luís Barreiras, que cedo nos deixou, situação referida nas páginas deste livro, tenho imensa saudade, tive o privilégio de com ele privar algumas vezes e ser por ele convidado a almoçar no refeitório criado e destinado exclusivamente para a 38.ª Companhia de Comandos em Mansoa. Diga-se que a ementa destes militares, em quartel, nada tinha que ver com a praticada no refeitório do Batalhão 3832.

Mas recordo igualmente outros camaradas e amigos Alentejanos como o Pateiro, companheiro inseparável do Barreiras, tinham sido companheiros no curso de Regentes Agrícolas que ambos tiraram quando juntos decidiram alistarem-se nos Comandos. Quem sabe não ajuda isto a explicar muita coisa, mas isso fugia ao livro e não interessa aqui para o caso, outros houve como o Carreira ou o Silva, este infelizmente também nos deixou logo no início da comissão, facto também assinalado nesta obra, ou o Simão, que me foi apresentado pelo Barreiras e que fatidicamente teve o seu fim no mesmo dia que este. Outros houve de quem não estava tão próximo, mas de qualquer forma, foram demasiados amigos que vi partir apanhados pela figura negra com a gadanha.

Julgo terem sido estas algumas das razões que levaram o Amílcar Mendes a pedir-me para comentar este livro sobre a actividade da 38.ª de Comandos, livro de que já ouvia falar há muito tempo, sempre que com eles me juntava, mas nada via escrito de concreto.

Por tudo que já referi e pelo que obriga a reviver, confesso que o fiz em alguns momentos com os olhos rasos de água e com a interrogação, valeu a pena? Justificou-se tanto esforço, quando a situação podia ter sido resolvida de forma diferente se o político assim quisesse, por um País onde os medíocres e incompetentes, os desonestos e inúteis, utilizando artes e manhas vão singrando contrariando o que por direito devia pertencer aos empenhados e competentes?

Se com a idade vamos ficando sem visão, não é menos verdade que vamos vendo melhor, com maior nitidez e objectividade tudo que vai acontecendo à nossa volta.

Gostava de dar uma aqui uma achega e uma ajuda para esclarecer os que não percebem ou não querem perceber o que se passa com os antigos combatentes. É que, por muito distantes que estejamos, que as convicções sejam outras e mesmo sem contacto uns dos outros, temos muitos pontos que nos unem, de tal forma fortes, que pouca importância têm as diferenças que nos separam, essa é a verdadeira razão para gostarmos de estar uns com os outros e de convivermos.

Entrando um pouco mais no aspecto do livro, não considero tratar-se de uma obra literária propriamente dita, mas também não me parece ter sido essa a razão e a vontade de quem participou na sua escrita, foi sim a procura de resguardar a memória dos acontecimentos, onde os nomes e os factos são lembrados e/ou recordados por quem os viveu na primeira pessoa, e assim os escrevem fazendo história.

Tratando-se de uma narrativa de acontecimentos, merecia uma melhor revisão de texto para correcção de gralhas desnecessárias, embora essas em nada retirem o mérito que o livro tem.

Diz o provérbio que "quem não se sente não é filho de boa gente" não se espera por isso desta gente se não a crítica directa e frontal, como se lê na narrativa do desfile inicial onde a primazia foi dada ao Batalhão de Cavalaria, arma do então Governador da Guiné General António de Spínola em detrimento da 38.ª Companhia de Comandos.

Quando no livro é referido que foram bem aceites pelo comandante do Batalhão em Mansoa e que passaram a ocupar o serviço à porta de armas, é bom lembrar que também o foram pelos militares, quer os do Batalhão 3832 quer os de rendição individual, porém a sua recusa em aceitarem que lhes chamassem "periquitos" levou a situações de alguma hostilidade. Lembro uma outra situação que se prendeu com as saídas para o exterior da unidade, que até então se faziam com algum rigor mas sem nenhuma obrigação especial[1], e que a partir daí impunham que se saísse fardado como se estivéssemos em Bissau[2]. Claro está que um dia foi feita uma formatura com farda n.º 1[3] e pedido de revista pelo oficial de dia antes da saída para o exterior. Com o clima quente a ficar escaldante, demasiado tenso entre todos, foi desanuviado por quem de direito voltando tudo à normalidade.

Outro acontecimento ocorrido antes contribuía para a degradação do ambiente entre uns e outros, um deles, nunca esquecido, foi a morte, nas instalações do quartel, do militar Ilídio Moreira logo após a chegada. Tudo isto era o que levava a um mal estar entre os militares de elite e os já cansados com mais de dezoito meses de comissão.

Facto idêntico é relatado também aqui pelo ex-Alferes Comando Mendes da Silva, vivido num outro aquartelamento e igualmente por causa do termo "periquito" chamado pelos mais velhos a todos aqueles que chegavam de novo.

Tratando-se de uma obra que faz história, julgo importante assinalar alguns destes factos que, embora referidos no livro, são vistos com outros olhos que não os dos seus autores. Contudo, em nada tiram o mérito a esta valorosa companhia que, tal como é referido pelo Coronel Paraquedista Calheiros no seu livro A Última Missão "foi pau para toda a obra".

É igualmente assumido pelos intervenientes na escrita do livro, em especial o seu comandante Ferreira da Silva, não só as boas intervenções operacionais, como as menos conseguidas e explicadas as razões por que aconteceram. É pois um livro escrito com verdade e que evita que se escrevam ou contem sobre estes operacionais coisas menos verdadeiras quando não mesmo inventadas.

Não só aos meus amigos vivos mas a todos os elementos da 38.ª de Comandos o meu abraço e agradecimento pela vossa amizade bem como pelo convite para me pronunciar sobre a vossa companhia e o vossa história de vida na Guiné, onde só partilhei alguns meses, os iniciais passados em Mansoa.

Não competindo aos que escreveram este livro, história da 38.ª Companhia de Comandos outros relatos que não os seus, permito-me deixar aqui outro ponto de vista que corrobora, em muito, o descrito no livro e acrescenta mais alguma coisa sobre a realidade ou o inferno de Guidaje.

Uma outra visão dos acontecimentos em Guidaje, sobre o que é descrito pelo Amílcar Mendes, quando diz terem encontrado militares escondidos ou a chorar sem nada fazerem é o que a seguir escrevo, retirado da cópia de um livro que possuo, escrito, mas ainda não publicado, por um ex-furriel miliciano da Companhia de Caçadores 3518, que faleceu, salvo erro, durante o ano de 2015, Daniel Matos e que integrou a escolta da coluna para Guidaje em 14 de Maio de 1973.

Os Marados de Gadamael, com 13 meses foram para Brá (Combis) e foram fazendo diferentes serviços, entre eles escoltas às colunas de transportes. Numa dessas colunas, inicialmente prevista para ir, apenas e só, até Farim, chegados ai foram mandados seguir como reforço até Guidage, onde a progressão da coluna sofreu tudo o que é relatado no livro da 38.ª de Comandos e onde foram obrigados a permanecerem mais de uma semana. Nesse período tiveram 4 mortos (no abrigo do Obus) e vários feridos. Esta escolta era formada com vários soldados que nunca tinham sido operacionais, devido às suas especialidades, cozinheiros, padeiros etc, mas como, em princípio, era só até Farim e não oferecia grande perigo tiveram que alinhar.

Podemos fazer um juízo de como e do porquê de muitas coisas acontecerem ao enviarem militares para missões que lhes eram destinadas e para as quais não estavam preparados nem física nem psicologicamente e onde apenas a boa vontade e a destreza não chegavam.

Tenho o privilégio de ter uma cópia deste livro ainda não publicado, espero que possa ver a luz do dia para igualmente poder ser alvo de análise e comentário e mais do que isso, do conhecimento de todos e fazer parte da história que uns parece pretenderem fazer esquecer, outros que contam vaidades, feitos inexistentes ou, ainda, heróis do desconhecido.

É importante para a verdade do que se passou em Portugal, especialmente no período de 1961 a 1974, que estes relatos sejam feitos por quem os viveu e na primeira pessoa, mesmo que existam alguns pormenores que se contradigam, por razões do tempo passado e da memória, essas contradições só ajudam a corroborar e/ou a esclarecer a verdade dos factos.

Notas:
[1] - Normalmente composta por Camisa aberta no colarinho, Calções, Meias curtas, Botas de lona e Boina ou Boné.
[2] - Camisa e Gravata presa no espaço da camisa antes do cinto, Calções, Meias altas, Sapatos e Boina.
[3] - Utilizado apenas na Metrópole - Camisa, Calças compridas, Botas de cabedal, Blusão e Boina.

Belarmino Sardinha
Ex-1.º Cabo Radiotelegrafista do STM
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Ficha técnica do livro:

Título: "38ª Companhia de Comandos 'Os Leopardos' - A História"
Coord: João Lucas
Editor: Fronteira do Caos
Local: Porto
Ano: 2018
Nº pp. 348 (ilustrado)
Dimensões: 23,5 cm x 16cm
Pvp: 16 €
ISBN: 989-54148-1-9

terça-feira, 5 de novembro de 2013

Guiné 63/74 - P12255: Memória dos lugares (249): Gampará e Ganjauará, na região de Fulacunda, e outros topónimos estranhos como Farema Beafada, Lagoa Bionrá, Gambachicha, Gansambo e Gambana que fazem parte das memórias dos bravos da 38ª CCms (setembro de 1972)



Guiné > região de Quínara > Mapa de Fulacunda  (1955) / Escala 1/50 mil > Posição relativa de Fulacunda, Lagoa Bionrá, Farema Beafada, Farema Balanta, Gambachicha, Gansambo, Gambana,  Ganjauará e Gampará...  Sítios (tirando Fulacunda) por onde andou a 38ª CCmds, em setembro de 1972.  E com ela os nossos amigos e camaradas Amílcar Mendes e Luís Fernando Mendes.

Esta margem esquerda do Rio Corubal,  com pelo menos duas lagoas de água doce (Bionrá e, maia a sul, Bedasse), e rica em bolanhas,  para além dos seus extensos palmerais e das suas manchas de  floresta-galeria,  era uma zona ideal para a guerrilha... Numerosa balantas e beafadas ali viviam e trabalhavam com uma relativa tranquilidade... Em condições normais, as NT só lá chegavam helitransportadas. De Gampará até à Lagoa de Bionrá deveriam ser mais de 20 km em linha recta...

Infografia: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné (2013)






38ª CCmds - História da Unidade > Cap II, página 9 > Registo da atividade operacional, em 12, 13, 16 e 18 do mês de Setembro de 1972, com destaque para o dia 13,  Acção "Águia Errante"

Foto: © Amilcar Mende (2007). Todos os direitos reservados.

1. Mais alguns elementos informativos para a pequena história das NT na península de Gampará:

12/9/72 - Patrulhamento das matas circundantes do aquartelamento de Gampará, com emboscada nocturna. Efetivos: 1 Gr Comb da 38ª CCmds. Sem contacto.

13/9/1972 - Acção "Águia Errante". Missão: patrulhamento, emboscada e golpes de mão imediatos na região de Bionrá.  Destruir instalações e meios de vida. Criar clima de instabilidade. Capturar ou aniquilar os elementos IN que se revelarem. Recuperar a população.

Efetivos: 3 Gr Comb da 38ª CCMds, atuando isoladamente. Plano de ação: os 3 Gr Com foram helitransportados até a norte da região de Faremá Beafada. Apoio de DO27 armada, assim como helicanhão, estacionados em Bissau. Heli para evacução, em alerta no solo, em Gampará. Apoio de artilharia (29º Pel Art, em Gampará). Duração: 12 horas.

Resultados: Pelo menos 2 mortos e vários feridos, a avaliar pelos rastos de sangue no solo. Captura, entre outro material, de 1 Met Lig Degtyarev, e de 1 Esp Semi-automática Simonov.

16 e 18/9/72 - Parulhanmentos ofensivos com emboscada  noturna nas regiões de Gambachicha, Gansambo e Gambana, a sul e sudoeste de Gampará.

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Nota do editor:

Último poste da série > 4 de novembro de 2013 >  Guiné 63/74 - P12247: Memória dos lugares (248): Em Gampará, sítio desolador, o dia mais feliz era quando chegava a LDG com as 'meninas' de Bissau... (Amílcar Mendes, ex-1º cabo comando, 38ª CCmds, 1972/74)