Blogue coletivo, criado e editado por Luís Graça, com o objetivo de ajudar os antigos combatentes a reconstituir o puzzle da memória da guerra da Guiné (1961/74). Iniciado em 23 Abr 2004, é a maior rede social na Net, em português, centrada na experiência desta guerra. Como camaradas que fomos, tratamo-nos por tu, e gostamos de dizer: O Mundo é Pequeno e a nossa Tabanca... é Grande. Coeditores: C. Vinhal, E. Magalhães Ribeiro, V. Briote, J. Araújo.
terça-feira, 26 de setembro de 2023
Guiné 61/74 - P24699: Parabéns a você (2210): Amílcar Mendes, ex-1.º Cabo Comando da 38.ª CComandos (Guiné, 1972/74) e António Medina, ex-Fur Mil Art da CART 527 (Teixeira Pinto, 1963/65)
Nota do editor
Último poste da série de 23 DE SETEMBRO DE 2023 > Guiné 61/74 - P24690: Parabéns a você (2209): Toni Borié, ex-1.º Cabo Operador Cripto do CMD AGR 16 (Mansoa, 1964/66)
quarta-feira, 21 de junho de 2023
Guiné 61/74 - P24420: Facebook...ando (29): A 38ª CCmds. integrada no BCmds da Guiné (1972/74), não só partilhou rações de combate como fez, com os camaradas comandos africanos, grandes operações como a "Galáxia Vermelha", no Cantanhez, que nos uniu até à medula (Amílcar Mendes)
Mesquita de Lisboa > 20 de fevereiro de 2015 > O último adeus ao Amadu Bailo Jaló (Bafatá, 1940 - Lisboa, 2015)> > Da esquerda para a direita, (i) Jaquité (ex-fur cmd BCmd): (ii) cor cmd ref Raul Folques; (iii) Amílcar Mendes) ex-1º cabo cmd, 38ª CCmds): (iv) José António Pereira (também da 38ª CCmds); e (v) Virgínio Briote (editor do nosso blogue, ex-alf cmd do CTIG, 1965/67).
Foto (e legendagem): © José Colaço (2015). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]
Foto (e legenda): © Giselda Pessoa (2015). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]
(*) Último poste da série > 17 de maio de 2023 > Guiné 61/74 - P24321: Facebook...ando (28): Convívio anual da CART 2479 / CART 11 (Contuboel, Nova Lamego, Piche e Paunca, 1969/70) em que apareceu, pela primeira vez, o Pechincha, que já não via desde 1969 (Abílio Duarte)
No dia 23, forças do BCmds causaram ao ln 3 mortos e apreenderam 1 espingarda automática "Kalashnikov" em Faro Modi Mutaro. As NT sofreram 3 feridos ligeiros.
No dia 25, forças do BCmds, na região de Cacine, foram flageladas e infligiram
na reacção ao ln 4 mortos e sofreram 3 feridos graves e 4 ligeiros.
domingo, 24 de julho de 2022
Guiné 61/74 - P23458: O nosso blogue como fonte de informação e conhecimento (94): A sede da PSP e 7ª Companhia Móvel de Polícia era no bairro de Bandim (José L. S. Gonçalves / Amílcar Mendes / Carlos Pinheiro / Valdemar Queiroz / Virgílio Teixeira)
Foto nº 1A > Guiné > Bissau > 2 de Março de 1968 > Dia da Polícia. Parada em frente ao Palácio do Governador (Pormenor)
Foto nº 1 > Guiné > Bissau > 2 de Março de 1968 > Dia da Polícia. Parada em frente ao Palácio do Governador.
Foto nº 2 > Guiné > Bissau > 2 de Março de 1968 > Dia Comemorativo da PSP em Bissau. Da esquerda para a direita: Chefe Campante, Comissário Fernandes, Chefe Cruz e Chefe Martins.
Foto nº 3 > Guiné > Bissau > 1967 > Traseiras da 7ª Companhia Móvel de Polícia (CMP), no Bairro Bandim
1. Mensagem de José Luís da Silva Gonçalves, que pertenceu à 2ª C/BCAV 8230/73 (Olossato e Bissau, jun74/out74) (*):
Data - 24 jul 2022 13:20
Meu caro Luis Graça, hoje, ao ler o artigo de Alberto Helder (**), fiquei curioso, porque também não me recordo de ter visto nenhum PSP, quando estive em 1974, integrado na 2ª Companhia do BCAV 8230/73, em Bissau, aquartelados no quartel da Amura.
Naquele tempo já os edifícios principais eram guardados por patrulhas mistas do PAIGC e das nossas tropas.
Quando li o artigo no Blogue, comecei a fazer pesquisa na internet e fui parar ao Arquivo Digital "Aveiro e Cultura", do Agrupamento de Escolas José Estêvão (AEJE), onde realmente obtive alguma informação, da qual extraí umas fotos, que provam, que realmente existiu a 7ª Companhia Movel da Polícia, e que mando em anexo (vd. fotos acima)
A localização do aquartelamento, segundo pude constatar, era nas traseiras do Bairro Bandim (seria no nosso tempo o Pilão?) (Fotos nº e 4).
As fotos que vou enviar-te são de 1967 e de 1968, da autoria do Chefe Campante. A foto nº 1ª refere-se ao desfile do dia da Polícia, e na 2ª podem-se ver o Chefe Campante (autor das fotos), Comissário Fernandes, Chefe Cruz e Chefe Martins.
Não vou dar por encerrado este assunto, e tentar dar resposta ao Alberto Helder, em algumas questões que ele colocou, tentando através do meu grupo de "Veteranos da Guerra Colonial do Concelho de Almada".
Abraço grande, José Gonçalves
(i) Amilcar Mendes:
A 7ª CM da PSP de Bissau estava localizada em Bandim, fronte ao grande depósito de água, que se avistava ao longe.
Fui lá almoçar algumas vezes com um amigo PSP de Lisboa.
Do que me lembro, nunca vi nenhum agente da PSP, ou farda parecida, a fazer giros em Bissau.
Julgo que o policiamento civil, melhor dizendo "resolver" problemas civis, nas localidades mais populosas era feito pelos sipaios. Por exemplo, em Bafatá os sipaios podiam multar quem andasse descalço (!),,, Sim, e a multa era a compra de um chinelos de meter o dedo.
(iv) Virgílio Teixeira:
(...) Em relação à minha estadia na Guiné Portuguesa (depois, CTIG - Comando Territorial e Independente da Guiné) entre os anos de 1967-1969, dei conta de alguns polícias brancos, fardados como na metrópole, junto a alguns sítios que me lembro, mas nunca falei com algum, talvez porque era bem comportado:
- No mercado local que frequentava:
- No BNU onde ia regularmente;
- No Aeroporto quando embarcava e desembarcava;
- Junto ao Palácio do Governador;
- E inevitavelmente ao redor do 'grande Pilão';
- E talvez nas ruas e como sinaleiros, mas não tenho certezas.
Talvez haja mais mas não me lembro, como acontece não me lembrar de ver a Policia Militar, é estranho mas é assim.
Sobre as localizações da esquadra ou esquadras da Policia, vou mais para os lados do mercado de Bandim, tenho uma vaga ideia, que pode ser errada, e só me lembrei por alguém a referir aqui.
Nunca fui apresentar nenhuma 'queixa' à Policia!
Nos outros locais, quer em Bafatá onde fui muitas vezes, Nova Lamego, ou São Domingos, como sendo sedes de circunscrições, não havia Policia mas sim os chamados sipaios, que faziam parte da administração local.
Espero ter dado algum contributo.
Fiquem bem, e haja saúde para todos.
Virgilio Teixeira
Ex-Alferes Miliciano do SAM, CCS / BCAÇ 1933 (Nova Lamego, Bissau e S. Domingos, 21set67 / 4ago69).
24 de julho de 2022 às 18:29
sexta-feira, 29 de janeiro de 2021
Guiné 61/74 - P21822: Fotos à procura de... uma legenda (141): Afinal, nem Jabadá nem Gampará... A cena do banho e da "canoa turra" passou-se na "Tabanca Velha", a caminho do cais de Lala, Nova Sintra (Contributos de Carlos Barros, Virgílio Valente, Amílcar Mendes, Eurico Dias)
Guiné > Região de Quínara > Mapa de São João (1955) > Escala de 1/50 mil > Posição relativa de Bolama, São João, Nova Sintra, Serra Leoa, Lala, Rio de Lala (afluemte do Rio Grande de Buba)
Infografia: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné (2020)
A foto foi enviada pelo Carlos Barros, mas o autor era o José Elias, ex-fur mil mec auto, da 2ª C / CART 6522/72 (Nova Sintra, 1972/74). O Crrlos Barros, da mesma companhia, estava na altura emTite...
Não me parece ser um cais . Muito menos o de Gampará .
O cais de Gampará ficava a cerca de 3 Km do destacamento . A picada era extremamente perigosas . Era sempre os picadores que encabeçavam a escolta e muito perigoso para se estar nestes propósitos de descontração .
Poderá ter sido já depois do 25 de Abril .
A minha companhia (38ª CCmds) esteve lá três meses em intervenção e demos um operacional Comando aos Herdeiros de Gampará [, CCAÇ 4142/72].
Forte abraço para todos e ao Alferes "Chinês" [Virgílio Valente] um especial.
(iv) Comentário do Carlos Barros (*)
Boa tarde; pelo que tenho conhecimento, a canoa estava escondida no meio da "tarrafe" e foi encontrada nesse "cais" improvisado, no rio Geba. A diversão dos nossos amigos com a canoa processou-se porque o local era seguro e, provavelmente, poderia ser uma canoa do PAIGC ou da pouca população que existia em Nova Sintra, o que duvido. Essa canoa ficou nesse local e não foi trazida para Nova Sintra e o seu destino final desconheço.
PS - Uma rectificação: o local preciso onde a canoa foi encontrada, escondida no meio do "tarrafe", foi concretamente num local chamado "Tabanca Velha", uma zona abandonada pelo PAIGC que tinha sido bombardeada pela aviação e arilharia, em 1963/64, tendo o PAIGC abandonado o local que servia de base para ataques a Bissau.
Notas do editor:
(*) Vd. poste de 27 de janeiro de 021 > Guiné 61/74 - P21813: Fotos à procura de...uma legenda (132): "Canoa turra"?... Apreendida ao PAIGC?... Em que sítio, Jabadá ou Gampará?... (Carlos Barros, ex-fur mil, 2ª C/BART 6520/72, Nova Sintra, 1972/74)
sábado, 26 de setembro de 2020
Guiné 61/74 - P21394: Nota de leitura (1310): "38ª Companhia de Comandos, 'Os Leopardos': a História": João Lucas (coord. lit. ), Porto, Fronteira do Caos Editores, 2018, 322 pp. - Parte I (Luís Graça)
"Esta gloriosa sub-unidade de Comandos, possui um palmarés impressionante e é com orgulho que ostenta no seu guião a condecoração, da Medalha Militar da Cruz de Guerra de 1.ª Classe (colectiva). Ainda e bem revelador do enorme esforço operacional a que foi chamada, chora onze caídos no Campo de Honra pela Pátria que em todas as suas cerimónias recorda e homenageia.
Recordar uma história tão rica em episódios onde a dedicação e o heroísmo ombreiam com a abnegação e o espírito de sacrifício foi, para mim, um exercício exaltante pois tive o privilégio de no Batalhão de Comandos da Guiné (BCmdsG) ter podido comandar operações em que a «Tremenda 38» tomou parte, cumprindo sempre de maneira distinta as missões que tinha de levar a cabo.
O coordenador, João Paulo Lucas, é um antigo militar paraquedista, nosso amigo do Facebook. Em dia de anos, do Amílcar Mendes, um dos coautores do livro, já aqui deixo o seguinte comentário:
"PS - Uma completa recensão do livro "38ª Companhia de Comandos, 0s Leopardos" está na forja... Preciso apenas de um pouco mais de tempo e vagar"...
Último poste da série > 22 de setembro de 2020 > Guiné 61/74 - P21383: Notas de leitura (1309): "O Cântico das Costureiras", de Gonçalo Inocentes (Matheos) - Parte III (Luís Graça): a conquista da Ponta de Jabadá, em 29/1/1965, importante posição na defesa do rio Geba
Guiné 61/74 - P21392: Parabéns a você (1872): Amílcar Mendes, ex-1.º Cabo Comando da 38.ª CComandos (Guiné, 1972/74) e António Medina, ex-Fur Mil Art da CART 527 (Guiné, 1963/65)
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Nota do editor
Último poste da série de 23 de Setembro de 2020 > Guiné 61/74 - P21384: Parabéns a você (1871): Tony Borié, ex-1.º Cabo Operador Cripto do CMD AGR 16 (Guiné, 1964/66)
quinta-feira, 26 de setembro de 2019
Guiné 61/74 - P20176: Parabéns a você (1686): Amílcar Mendes, ex-1.º Cabo Comando da 38.ª CComandos (Guiné, 1972/74) e António Medina, ex-Fur Mil Art da CART 527 (Guiné, 1963/65)
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Nota do editor
Último poste da série de 23 de setembro de 2019 > Guiné 61/74 - P20168: Parabéns a você (1685): Tony Borié, ex-1.º Cabo Op Cripto do CMD AGR 16 (Guiné, 1964/66)
quarta-feira, 28 de novembro de 2018
Guiné 61/74 - P19243: Notas de leitura (1125): 38.ª COMPANHIA DE COMANDOS "Os Leopardos" - A História, coordenação de João Lucas (Belarmino Sardinha)
A Razão do Meu Comentário
Dado o meu empenhamento em ter este livro, pediu-me o amigo Amílcar Mendes para comentar ou fazer uma apreciação ao mesmo. Aceitei, como amigo e leitor e por ter estado presente no mesmo espaço físico nos meses iniciais das nossas comissões, em Mansoa.
Depois de ter lido o que foi escrito, penso não ter a acrescentar nada de importante que não esteja referido nas suas páginas, a não ser que conheci e conheço alguns dos intervenientes e tornei-me seu amigo, uns por serem Alentejanos, como eu, outros por serem apresentados por estes e outros ainda por residirem na zona onde morava.
Permitam que me desvie um pouco do livro e fale do meu relacionamento com esta gente, camaradas inesquecíveis com quem era fácil fazer amizade a 3000 Km de distância de casa e metidos num quadrado que apenas permitia conhecermo-nos uns aos outros um pouco melhor.
Lembro o Jorge Brito, que figura na parte de trás da capa e como foi aprofundada a nossa amizade. A recuperar de uns estilhaços com que foi brindado logo no início da comissão, possibilitou confraternizarmos no bar da 38.ª de Comandos bebendo uns copos. Essa amizade, forçada por um interregno involuntário após regressarmos, viria a ser retomada com a ajuda do Amílcar Mendes, que me facultou o seu contacto e assim nos reencontrámos e convivemos até que nos deixou em 2017.
Do Alentejano e grande amigo Luís Barreiras, que cedo nos deixou, situação referida nas páginas deste livro, tenho imensa saudade, tive o privilégio de com ele privar algumas vezes e ser por ele convidado a almoçar no refeitório criado e destinado exclusivamente para a 38.ª Companhia de Comandos em Mansoa. Diga-se que a ementa destes militares, em quartel, nada tinha que ver com a praticada no refeitório do Batalhão 3832.
Mas recordo igualmente outros camaradas e amigos Alentejanos como o Pateiro, companheiro inseparável do Barreiras, tinham sido companheiros no curso de Regentes Agrícolas que ambos tiraram quando juntos decidiram alistarem-se nos Comandos. Quem sabe não ajuda isto a explicar muita coisa, mas isso fugia ao livro e não interessa aqui para o caso, outros houve como o Carreira ou o Silva, este infelizmente também nos deixou logo no início da comissão, facto também assinalado nesta obra, ou o Simão, que me foi apresentado pelo Barreiras e que fatidicamente teve o seu fim no mesmo dia que este. Outros houve de quem não estava tão próximo, mas de qualquer forma, foram demasiados amigos que vi partir apanhados pela figura negra com a gadanha.
Julgo terem sido estas algumas das razões que levaram o Amílcar Mendes a pedir-me para comentar este livro sobre a actividade da 38.ª de Comandos, livro de que já ouvia falar há muito tempo, sempre que com eles me juntava, mas nada via escrito de concreto.
Por tudo que já referi e pelo que obriga a reviver, confesso que o fiz em alguns momentos com os olhos rasos de água e com a interrogação, valeu a pena? Justificou-se tanto esforço, quando a situação podia ter sido resolvida de forma diferente se o político assim quisesse, por um País onde os medíocres e incompetentes, os desonestos e inúteis, utilizando artes e manhas vão singrando contrariando o que por direito devia pertencer aos empenhados e competentes?
Se com a idade vamos ficando sem visão, não é menos verdade que vamos vendo melhor, com maior nitidez e objectividade tudo que vai acontecendo à nossa volta.
Gostava de dar uma aqui uma achega e uma ajuda para esclarecer os que não percebem ou não querem perceber o que se passa com os antigos combatentes. É que, por muito distantes que estejamos, que as convicções sejam outras e mesmo sem contacto uns dos outros, temos muitos pontos que nos unem, de tal forma fortes, que pouca importância têm as diferenças que nos separam, essa é a verdadeira razão para gostarmos de estar uns com os outros e de convivermos.
Entrando um pouco mais no aspecto do livro, não considero tratar-se de uma obra literária propriamente dita, mas também não me parece ter sido essa a razão e a vontade de quem participou na sua escrita, foi sim a procura de resguardar a memória dos acontecimentos, onde os nomes e os factos são lembrados e/ou recordados por quem os viveu na primeira pessoa, e assim os escrevem fazendo história.
Tratando-se de uma narrativa de acontecimentos, merecia uma melhor revisão de texto para correcção de gralhas desnecessárias, embora essas em nada retirem o mérito que o livro tem.
Diz o provérbio que "quem não se sente não é filho de boa gente" não se espera por isso desta gente se não a crítica directa e frontal, como se lê na narrativa do desfile inicial onde a primazia foi dada ao Batalhão de Cavalaria, arma do então Governador da Guiné General António de Spínola em detrimento da 38.ª Companhia de Comandos.
Quando no livro é referido que foram bem aceites pelo comandante do Batalhão em Mansoa e que passaram a ocupar o serviço à porta de armas, é bom lembrar que também o foram pelos militares, quer os do Batalhão 3832 quer os de rendição individual, porém a sua recusa em aceitarem que lhes chamassem "periquitos" levou a situações de alguma hostilidade. Lembro uma outra situação que se prendeu com as saídas para o exterior da unidade, que até então se faziam com algum rigor mas sem nenhuma obrigação especial[1], e que a partir daí impunham que se saísse fardado como se estivéssemos em Bissau[2]. Claro está que um dia foi feita uma formatura com farda n.º 1[3] e pedido de revista pelo oficial de dia antes da saída para o exterior. Com o clima quente a ficar escaldante, demasiado tenso entre todos, foi desanuviado por quem de direito voltando tudo à normalidade.
Outro acontecimento ocorrido antes contribuía para a degradação do ambiente entre uns e outros, um deles, nunca esquecido, foi a morte, nas instalações do quartel, do militar Ilídio Moreira logo após a chegada. Tudo isto era o que levava a um mal estar entre os militares de elite e os já cansados com mais de dezoito meses de comissão.
Facto idêntico é relatado também aqui pelo ex-Alferes Comando Mendes da Silva, vivido num outro aquartelamento e igualmente por causa do termo "periquito" chamado pelos mais velhos a todos aqueles que chegavam de novo.
Tratando-se de uma obra que faz história, julgo importante assinalar alguns destes factos que, embora referidos no livro, são vistos com outros olhos que não os dos seus autores. Contudo, em nada tiram o mérito a esta valorosa companhia que, tal como é referido pelo Coronel Paraquedista Calheiros no seu livro A Última Missão "foi pau para toda a obra".
É igualmente assumido pelos intervenientes na escrita do livro, em especial o seu comandante Ferreira da Silva, não só as boas intervenções operacionais, como as menos conseguidas e explicadas as razões por que aconteceram. É pois um livro escrito com verdade e que evita que se escrevam ou contem sobre estes operacionais coisas menos verdadeiras quando não mesmo inventadas.
Não só aos meus amigos vivos mas a todos os elementos da 38.ª de Comandos o meu abraço e agradecimento pela vossa amizade bem como pelo convite para me pronunciar sobre a vossa companhia e o vossa história de vida na Guiné, onde só partilhei alguns meses, os iniciais passados em Mansoa.
Não competindo aos que escreveram este livro, história da 38.ª Companhia de Comandos outros relatos que não os seus, permito-me deixar aqui outro ponto de vista que corrobora, em muito, o descrito no livro e acrescenta mais alguma coisa sobre a realidade ou o inferno de Guidaje.
Uma outra visão dos acontecimentos em Guidaje, sobre o que é descrito pelo Amílcar Mendes, quando diz terem encontrado militares escondidos ou a chorar sem nada fazerem é o que a seguir escrevo, retirado da cópia de um livro que possuo, escrito, mas ainda não publicado, por um ex-furriel miliciano da Companhia de Caçadores 3518, que faleceu, salvo erro, durante o ano de 2015, Daniel Matos e que integrou a escolta da coluna para Guidaje em 14 de Maio de 1973.
Os Marados de Gadamael, com 13 meses foram para Brá (Combis) e foram fazendo diferentes serviços, entre eles escoltas às colunas de transportes. Numa dessas colunas, inicialmente prevista para ir, apenas e só, até Farim, chegados ai foram mandados seguir como reforço até Guidage, onde a progressão da coluna sofreu tudo o que é relatado no livro da 38.ª de Comandos e onde foram obrigados a permanecerem mais de uma semana. Nesse período tiveram 4 mortos (no abrigo do Obus) e vários feridos. Esta escolta era formada com vários soldados que nunca tinham sido operacionais, devido às suas especialidades, cozinheiros, padeiros etc, mas como, em princípio, era só até Farim e não oferecia grande perigo tiveram que alinhar.
Podemos fazer um juízo de como e do porquê de muitas coisas acontecerem ao enviarem militares para missões que lhes eram destinadas e para as quais não estavam preparados nem física nem psicologicamente e onde apenas a boa vontade e a destreza não chegavam.
Tenho o privilégio de ter uma cópia deste livro ainda não publicado, espero que possa ver a luz do dia para igualmente poder ser alvo de análise e comentário e mais do que isso, do conhecimento de todos e fazer parte da história que uns parece pretenderem fazer esquecer, outros que contam vaidades, feitos inexistentes ou, ainda, heróis do desconhecido.
É importante para a verdade do que se passou em Portugal, especialmente no período de 1961 a 1974, que estes relatos sejam feitos por quem os viveu e na primeira pessoa, mesmo que existam alguns pormenores que se contradigam, por razões do tempo passado e da memória, essas contradições só ajudam a corroborar e/ou a esclarecer a verdade dos factos.
Notas:
[1] - Normalmente composta por Camisa aberta no colarinho, Calções, Meias curtas, Botas de lona e Boina ou Boné.
[2] - Camisa e Gravata presa no espaço da camisa antes do cinto, Calções, Meias altas, Sapatos e Boina.
[3] - Utilizado apenas na Metrópole - Camisa, Calças compridas, Botas de cabedal, Blusão e Boina.
Belarmino Sardinha
Ex-1.º Cabo Radiotelegrafista do STM
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Ficha técnica do livro:
Título: "38ª Companhia de Comandos 'Os Leopardos' - A História"
Coord: João Lucas
Editor: Fronteira do Caos
Local: Porto
Nº pp. 348 (ilustrado)
Dimensões: 23,5 cm x 16cm
Pvp: 16 €
ISBN: 989-54148-1-9
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Nota do editor
Último poste da série de 26 de novembro de 2018 > Guiné 61/74 - P19234: Notas de leitura (1125): “Lineages of State Fragility, Rural Civil Society in Guinea-Bissau”, por Joshua B. Forrest; Ohio University Press, 2003 (3) (Mário Beja Santos)
quarta-feira, 26 de setembro de 2018
Guiné 61/74 - P19047: Parabéns a você (1502): António Medina, ex-Fur Mil Art da CART 527 (Guiné, 1963/65) e Amílcar Mendes, ex-1.º Cabo Comando da 38.ª Companhia de Comandos (Guiné, 1972/74)
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Nota do editor
Último poste da série de 23 de setembro de 2018 > Guiné 61/74 - P19037: Parabéns a você (1501): Tony Borié, ex-1.º Cabo Op Cripto do CMD AGR16 (Guiné, 1964/66)
terça-feira, 26 de setembro de 2017
Guiné 61/74 - P17797: Parabéns a você (1318): Amílcar Mendes, ex-1.º Cabo Comando da 38.ª CComandos (Guiné, 1972/74) e António Medina, ex-Fur Mil Art da CART 527 (Guiné, 1963/65)
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Nota do editor
Último poste da série de 23 de Setembro de 2017 > Guiné 61/74 - P17788: Parabéns a você (1317): Tony Borié, ex-1.º Cabo Op Cripto do CMD AGR 16 (Guiné, 1964/66)
segunda-feira, 26 de setembro de 2016
Guiné 63/74 - P16524: Parabéns a você (1139): António Medina, ex-Fur Mil Art da CART 527 (Guiné, 1963/65) e Amílcar Mendes, ex-1.º Cabo Comando da 38ª CComandos (Guiné, 1972/74)
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Nota do editor
Último poste da série de 23 de Setembro de 2016 > Guiné 63/74 - P16516: Parabéns a você (1138): Tony Borié, ex-1.º Cabo Operador Cripto do CMD AGR 16 (Guiné, 1964/66)
terça-feira, 5 de novembro de 2013
Guiné 63/74 - P12255: Memória dos lugares (249): Gampará e Ganjauará, na região de Fulacunda, e outros topónimos estranhos como Farema Beafada, Lagoa Bionrá, Gambachicha, Gansambo e Gambana que fazem parte das memórias dos bravos da 38ª CCms (setembro de 1972)
Guiné > região de Quínara > Mapa de Fulacunda (1955) / Escala 1/50 mil > Posição relativa de Fulacunda, Lagoa Bionrá, Farema Beafada, Farema Balanta, Gambachicha, Gansambo, Gambana, Ganjauará e Gampará... Sítios (tirando Fulacunda) por onde andou a 38ª CCmds, em setembro de 1972. E com ela os nossos amigos e camaradas Amílcar Mendes e Luís Fernando Mendes.
Esta margem esquerda do Rio Corubal, com pelo menos duas lagoas de água doce (Bionrá e, maia a sul, Bedasse), e rica em bolanhas, para além dos seus extensos palmerais e das suas manchas de floresta-galeria, era uma zona ideal para a guerrilha... Numerosa balantas e beafadas ali viviam e trabalhavam com uma relativa tranquilidade... Em condições normais, as NT só lá chegavam helitransportadas. De Gampará até à Lagoa de Bionrá deveriam ser mais de 20 km em linha recta...
Infografia: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné (2013)
38ª CCmds - História da Unidade > Cap II, página 9 > Registo da atividade operacional, em 12, 13, 16 e 18 do mês de Setembro de 1972, com destaque para o dia 13, Acção "Águia Errante"
Foto: © Amilcar Mende (2007). Todos os direitos reservados.
1. Mais alguns elementos informativos para a pequena história das NT na península de Gampará:
12/9/72 - Patrulhamento das matas circundantes do aquartelamento de Gampará, com emboscada nocturna. Efetivos: 1 Gr Comb da 38ª CCmds. Sem contacto.
13/9/1972 - Acção "Águia Errante". Missão: patrulhamento, emboscada e golpes de mão imediatos na região de Bionrá. Destruir instalações e meios de vida. Criar clima de instabilidade. Capturar ou aniquilar os elementos IN que se revelarem. Recuperar a população.
Efetivos: 3 Gr Comb da 38ª CCMds, atuando isoladamente. Plano de ação: os 3 Gr Com foram helitransportados até a norte da região de Faremá Beafada. Apoio de DO27 armada, assim como helicanhão, estacionados em Bissau. Heli para evacução, em alerta no solo, em Gampará. Apoio de artilharia (29º Pel Art, em Gampará). Duração: 12 horas.
Resultados: Pelo menos 2 mortos e vários feridos, a avaliar pelos rastos de sangue no solo. Captura, entre outro material, de 1 Met Lig Degtyarev, e de 1 Esp Semi-automática Simonov.
16 e 18/9/72 - Parulhanmentos ofensivos com emboscada noturna nas regiões de Gambachicha, Gansambo e Gambana, a sul e sudoeste de Gampará.
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Nota do editor:
Último poste da série > 4 de novembro de 2013 > Guiné 63/74 - P12247: Memória dos lugares (248): Em Gampará, sítio desolador, o dia mais feliz era quando chegava a LDG com as 'meninas' de Bissau... (Amílcar Mendes, ex-1º cabo comando, 38ª CCmds, 1972/74)
Guiné 63/74 - P12252: O Mundo é Pequeno e a nossa Tabanca... é Grande (75): O reencontro de 3 amigos e camaradas estremenhos: Eduardo Jorge Ferreira (Polícia Militar, BA 12, 1973/74), Jorge Pinto (3.ª CART/BART 6520/72, Fulacunda, 1972/74) e Luís Fernando Mendes (38ª CCmds, 1972/74)
Lourinhã > Ribamar > Festa anual de Ribamar > Almoço-convívio de um grupo de amigos da região do Oeste > 14 de outubro de 2013 > O Luís Fernando Mendes, servindo-se da magnífica caldeirada de peixe, encomendada pelo Eduardo, e porventura lembrando-se da fome que rapou em Gampará, ao tempo da 38ª CCmds (de agosto a dezembro de 1972). Natural da Atalaia, Lourinhã, vive nas Gaeiras, Caldas da Raínha,,, mas nem tem email, não vai à Net e não conhece o nosso blogue...
Também tive o prazer de conviver em Ribamar com o Eduardo Jorge Ferreira, nosso grã-tabanqueiro, natural de A-dos-Cunhados, Torres Vedras. Recorde-se que este último foi alf mil da Polícia Aérea (BA 12, Bissalanca, 1973/74).
segunda-feira, 4 de novembro de 2013
Guiné 63/74 - P12247: Memória dos lugares (248): Em Gampará, sítio desolador, o dia mais feliz era quando chegava a LDG com as 'meninas' de Bissau... (Amílcar Mendes, ex-1º cabo comando, 38ª CCmds, 1972/74)
Guiné > Zona Leste > COP 7 (Bafatá) > Margem esquerda do Rio Corubal > Península de Gampará > Gampará > 1972 > Monumento da CART 3417 (Magalas de Gampará), assinalando a passagem por Gampará (e Ganjauará) da 38ª CCmds e de outars tropas especiais. Vê-se que por ali também passaram, ao serviço do COP 7 (Bafatá), vários DFE - Destacamentos de Fuzileiros Especiais (4, 8, 13, 21, 22), a CCP 121/BCP 12, a 2ª CCA - Companhia de Comandos Africanos, o 29º Pel Art e o Pel Mil 331.
Guiné > Zona Leste > COP 7 (Bafatá) > Margem esquerda do Rio Corubal > Península de Gamapará > Gampará > 38ª Companhia de Comandos > 1972 > O Comando Amílcar Mendes, hoje taxista na praça de Lisboa, e membro sénior da nossa Tabanca Grande.
Fotos: © Amilcar Mendes (2007). Todos os direitos reservados.
1. No nosso blogue, temos 12 referências (ou marcadores) sobre Gampará e 3 sobre Gaujauará. Temos falado pouco sob esta pensínsula de Gampará, correspondente à margem esquerda do Rio Corubal e durante muito tempo um "santuário" do PAIGC. Era "chão beafada"... Já a Ponta do Inglês, com 23 referências, em frente a Gampará, na Foz do Corubal, mas na margem direita do rio, tem tido mais "tempo de antena", uma vez que fazia parte do subsetor do Xime (Setor L1, Bambadinca)...
Nos últimos anos da da guerra (1972/74) passaram por lá, pela pensínsula de Gampará, de acordo com os nossos registos bloguísticos, a 38ª CCmds e CCAÇ 4142 (*). Mas houve mais tropa nossa, ao tempo em que Spínola fez uma grande ofensiva contra as chamadas regiões libertadas do PAIGC (por exemplo, o Cantanhez, embora já no fim do ano de 1972).
Está na altura de revisitar um poste antigo, do Amílcar Mendes, da 38ª CCmds, que conheceu o resort de Gampará (**), antes da malta da CCAÇ 4142. Quem tem trágicas memórias de Gampará e o nosso Victor Tavares e os seus camarasas da CCP 121 / BCP 12 que, uns meses antes, em 4/3/1972, sofreram 6 mortos e 12 feridos, no decurso da Op Pato Azul (***).
por Amílcar Mendes [, foto atual, à esquerda]
(i) A cerveja de marca Mijo
Em Gampará não existe gerador. As noites são mesmo noite e, tirando umas chamas improvisadas nas garrafas de Cristal, nada se vê. No arame farpado duplo, os sentinelas esfregam os olhos para tentar distinguir vultos junto ao arame farpado. Pendem do arame centenas de garrafas de cerveja vazias que são o último grito em tecnologia de alarme. Nesta terra do nada, nada há. Temos uns bidões vazios, fizemos umas caleiras em chapa para apanhar a água da chuva e é dessa água que enchemos os cantis e nos lavamos.
A população beafada, embora seja muito hospitaleira, é muito ciosa das suas coisas e não abre mão dos animais, somos então obrigados a ir ao desenrasca até porque já atingimos a saturação dos petiscos de Gampará: cubos de marmelada com bianda, bacalhau liofilizado com bianda, chouriço intragável com bianda e tudo acompanhado por cerveja com temperatura ao nível do mijo...
Dizia-se então em Gampará, quando os hélis vinham trazer mantimentos, que vinham entregar cerveja marca Mijo. Assim se vive em Gampará!
(ii) Feliz Natal e um Ano Novo cheio de 'propriedades'...
Todas as noites, e sempre à mesma hora, na ausência de música, ficamos entretidos a tentar contar as morteiradas que brindam o destacamento do Xime! Ficamos à espera quando acaba lá e os tubos sejam virados para o nosso lado... Nunca na Guiné atingi um estado de magreza igual. Nunca na Guiné as condições de vida foram tão miseráveis.
Entramos no mês de Outubro [de 1972] e vei o cá uma equipa da Emissora Nacional para gravar as mensagens de Natal para a nossa família. Não foi fácil. Todos íamos para um canto repetir vezes sem conta: Queridos Pais, irmãos e irmãs e restante família, desejamos um Natal feliz e um Ano cheio de 'propriedades'!... Esta ultima palavra era emendada mil vezes, que isto com os nervos e emoção não é fácil !
E como a ladainha era igual para todos, só muito depois é que muitos se lembravam que só tinham irmão ou irmãs, mas isso não era problema. Estavam presentes as Senhoras do Movimento Nacional Feminino. Animavam-nos porque a meio da mensagem muitos desatavam a chorar. Uma das Senhoras era de uma simpatia sem igual.(Só anos mais tarde soube que era a Cilinha!) .
(iii) O dia mais feliz: quando chegava a LDG com as 'meninas' de Bissau...
Em Gampará um dia verdadeiramente feliz para os militares era quando chegava a LDG e vinham as meninas de Bissau, trazidas pelo Patrão, e que tinham por missão aliviar o stress do pessoal.
As meninas chegavam, instalavam-se numa tabanca, o pessoal passava pelo posto de enfermagem (?), recebia o sabão asséptico, o tubo da pomada para meter pelo coiso acima a seguir ao acto... Entretanto formava-se a bicha e trocavam-se larachas para matar o tempo, do tipo Quando chegar a minha vez com tanta gente, 'aquilo' parece o arco da Rua Augusto!.
A seguir era rezar para que o esquenta não aparecesse...
(iv) O nosso regresso a Bissau
19 de Outubro de 1972. Soubemos hoje que metade da 38ª CCmds regressa amanhã e outra metade irá permanecer aqui a fim de dar o treino operacional à CCAÇ 4142 até 3 de Novembro de 1972. O meu Grupo de Combate será um dos que regressa.
Gampará, com todas as privações, teve o mérito de reforçar ainda mais os laços de amizade e confiança da 38ª CCmds. Aprendemos na privação a dar valor às pequenas coisas que a vida nos dá. A amizade entre os praças, sargentos e oficiais é, na 38ª CCmds, visível a quem observa a Companhia de fora. Essa amizade irá refletir-se em diversas ocasiões e irá levar a Companhia a muitos sucessos na actividade operacional.
20 de Outubro de 1972. Pela MSG imediata 3831/c , a 38ª CCmds regressa a Bissau, donde segue para Mansoa [, CAOP1,] para um período de descanço, ficando apenas a realizar segurança imediata ao Aquartelamto. (Esse período de descanso só durou três dias, logo aseguir correram connosco para Teixeira Pinto, de tão má memória para a 38ª CCmds). (****)
Amílcar Mendes
1º Cabo Comando
38ª CCmds
Guiné 72-74
2. Comentários do editor:
A CART 3417 foi mobilizada pelo RAL 3. Partiu para o TO da Guiné em 26/6/1971 e regressou a 24//9/1973. Teve 4 comandantes, sendo o 1º o cap art António Ângelo de Almeida Faria...Esteve Mansabá, Bissau, Ganjauará, Quinhamel, Bissau e Quinhamel
A CCAÇ 4142/72 foi mobilizada pelo RI 1. Partiu para o TO da Guiné em 16/9/1972 e regressou a 25/8/1974. Comandante_ cap mil cav Fernando da Costa Duarte. Esteve sempre sediada em Ganjauará.
_________________
Notas do editor:
Vd. poste de
(*) 3 de novembro de 2013 > Guiné 63/74 - P12246: O Nosso Livro de Visitas (168): Elisabete Gonçalves, filha do nosso camarada Victor Gonçalves, Sargento-Chefe que pertenceu à CCAÇ 4142 (Ganjauará, 1972/74)
Vd. postes anteriores. desta série:
(...) 15 de Agosto de 1972 - Pelas 09H30 do dia 15 de Agosto 1972, a 38ª CCmds segue via fluvial na LDG Alfange com destino a Gampará nos termos da mensagem Confidencial Imediata 3054/c, de 9 de Agosto de 1972, do COMCHEFE (REPOPER). Chega pelas 14h30 deste dia fazendo a sua apresentação e, passando a reforçar o COP-7 [Zona Leste, Bafatá], rendendo a 2ª Companhia de Comandos Africanos. (...)
16 de julho de 2007 > Guiné 63/74 - P1956: Diários de um Comando: Gampará (Ago-Dez 1972) (A. Mendes) (2): Passa-se fome, muita fome
Passa-se fome, mesmo muita fome. Saímos em patrulhamentos ofensivos dia sim dia não, para as regiões de Campana, Nhala, Guebambol, Ganjaurá, Sama, Gambachicha, etc. etc.
Dormimos em colchões pneumáticos mas já há muito que não tenho esse luxo porque as formigas roeram-me o colchão por baixo e estou a dormir no chão. A luz vem de candeeiros improvisados: uma garrafa de cerveja com gásoleo e com corda a servir de pavio.
Come-se muito mal, a não ser algum cabrito roubado ou alguns papagaios que se matam e o resto é bianda com marmelada, bianda com chouriço, bolachas com bianda e assim se vai vivendo. Perdi cerca de 10 kg até agora.
Tivemos problemas sérios com a população. O 1º cabo Simão (que meses mais tarde viria a morrer na estrada Teixeira Pinto -Cacheu) roubou um porco que se matou e assou no forno do padeiro para melhorar um pouco a diete do pessoal. Só que, e sabe-se lá como, o Homem Grande da tabanca descobriu e foi-se queixar ao comandante. Fomos obrigados a pagar o porco e de castigo fomos p'rá mata. (...)
9 de março de 2011 > Guiné 63/74 - P7916: Efemérides (61): 4 de Março de 1972, uma data trágica para a família pára-quedista: 6 mortos e 12 feridos, em Gampará, na margem esquerda do Rio Corubal (Victor Tavares, CCP 121/BCP 12, 1972/74)
21 de Fevereiro de 2007 > Guiné 63/74 - P1540: Os pará-quedistas também choram: Operação Pato Azul ou a tragédia de Gampará (Victor Tavares, CCP 121)
(...) Desta tragédia para a família pára-quedista, que jamais esquecerá este dia, resultaram seis mortes, Alf Mil Pára-quedista Abreu, Furriel Pára-quedista Cardiga Pinto, PCB/Pára-quedista 47/68 Santos , PCB/Pára-quedista 129/69 Almeida , Sol/Pára-quedista 318/69 Jesus , PCB/Pára-quedista 412/69 Sousa, 2 feridos graves e nove com menos gravidade, Furriel Pára-quedista Casalta (Comandante da 1ª secção do 2º Pelotão) , Sol Pára-quedista Inês (evacuado para a metrópole ), Ferreira, Tavares, Ventura, e 1º Cabo Pára-quedista Figueiredo, todos do 2º Pelotão, e o Sold Pára-quedista Salgado - Estilhaço, de alcunha - do 1º Pelotão, faltando três por identificar pois, passado todos estes anos, já não me recordo, e ficará para sempre uma saudade enorme D’AQUELES EM QUEM PODER NÃO TEVE A MORTE" (...).
(****) Último poste da série > 27 de outubro de 2013 > Guiné 63/74 - P12209: Memória dos lugares (247): Galomaro e Cutia, ontem e hoje (António Tavares / José Teixeira)