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terça-feira, 24 de janeiro de 2023

Guiné 61/74 - P24008: Blogues da nossa blogosfera (174): Cerca de metade dos nossos "favoritos" de há uns anos atrás (Letras de E a I) já não existem ou mudaram de URL


Guiné > Zona Leste > Região de Bafatá > Sector de Galomaro > CCAÇ 3491 (1971/74) > "Chegada a Galomaro da CCAÇ 3491 [pertencente ao BCAÇ 3872,]  no dia 9 de Março de 1973. No jipe podemos ver o alf  mil Luís Dias, atrás o fur mil Baptista,  do 1º Gr Comb,  e ao lado, a sorrir, um guerrilheiro do PAIGC que, no dia anterior, se tinha entregado a uma patrulha das NT  na área do Dulombi. A arma é uma Shpagin PPSH 41, no calibre 7,62 mm Tokarev, mais conhecida por "costureirinha" e com a particularidade de ter um carregador curvo de 35 munições, em vez do habitual tambor de 71". 

(Foto do Luís Dias, reproduzida com a devida vénia, do seu blogue, Histórias da Guiné, 71-74:  A CCAÇ 3491, Dulombi,. um dos blogues da nossa blogosfera que tem resistido à erosão do tempo...)

Foto (e legenda): © Luís Dias (2009). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]

1
. Continuamo a rever a nossa  lista (já antiga e nunca atualizada) dos  cento e poucos blogues e outras páginas na Net (c. 110) que faziam parte da nossa blogosfera... e que constavam / constam da coluna estática do nosso blogue, no lado esquerdo. 

Na altura, há mais de uma dúzia de anos, os antigos combatentes ainda não tinham desconbertas as "delícias" do Facebook... Hoje os blogues e outras "web pages" caíram em desuso... E outras redes sociais, como o Facebok,  ganharam popularidade... (Como diz a "publicidade", é fácil, é barato, é bom para desopilar, mandar umas "bocas foleiras" e fazer muitos "amigos virtuais" ... e sobretudo dá milhões aos seus donos.)

Hoje fizemos a verificação, desses blogue e páginas, de D a I (n=30). Metade desses sítios  já não existem, foram descontinuados, mudaram de URL... É o preço que se paga por uma existência virtual, que é sempre precária, dependente da boa vontade ou dos caprichos dos servidores (alguns que já não existem, como o Clix, o Sapo, o Terràvista...O Serviço de Alojamento Gratuito de Páginas Pessoais do Sapo, por exemplo,  foi descontinuado em dezembro de 2012.)

Os blogues e outras páginas que deixaram de estar "on line" vêm assinalados, em baixo, com um asterico (*). Nalguns casos têm novos endereços. Alguns destes "sítios" (ou "web pages")  poderão ser recuperados através do Arquivo.pt (**) (Experimentar também o Internet Archive, que explora cerca de 800 mil milhões de sítios na Web, através da sua "web archive",
a Wayback Machine.)


Embaixada da República da Guiné-Bissau em Portugal (*)



Um dos mais antigos (e participados) blogues sobre a Guiné e a guerra colonial. Remonta a 2007. Foi criado por Henrique Cabral, ex-fur mil at inf, CCAÇ 1420 / BCAÇ 1857, Fulacunda, Mansoa, Braia, Encheia, Uaque, Jugudul, Bissorã, K10, Olossato, Cutia, K3 e Mansabál (1965/67)


Criado em junho de 2007 pelo nosso saudoso camarada (e membro da Tabanca Grande) Victor Barata. Continua ativo, mas irregular, tendo agira ao comando o João Carlos Silva e o Mário Aguiar.


Expresso África > Guiné Bissau  (*)

Página descontinuada. Criada elo semanário Expresso. Estava alojada no Portal Clix, que foi desligado.


Fórum Armada, Página não-oficial da Marinha de Guerra Portuguesa (*)

Página descontinuada, por estar alojada no Sapo. Pode ser vista aqui, capturada pelo Arquivo.pt:



Agora Fundação Mário Soares e Maria Barroso  > https://fmsoaresbarroso.pt/

Vd. também Casa Comum > Arquivos > Amílcar Cabral


  • Guerra Colonial - Centro de Documentação 25 de Abril, Universidade de Coimbra (UC)

"Criado no âmbito da Reitoria da Universidade de Coimbra em Dezembro de 1984, o Centro de Documentação 25 de Abril (cd25a) é hoje uma das Unidades de Extensão Cultural e de Apoio à Formação (UECAFs) da UC. 

"Instalado no Colégio da Graça na Rua da Sofia, desde julho de 2016, visa recuperar, organizar e pôr à disposição da investigação científica o valioso material documental disperso pelo país e estrangeiro sobre a transição democrática portuguesa (o 25 de Abril de 1974, os acontecimentos preparatórios e as suas principais consequências), mas também sobre toda a segunda metade do século vinte português."


Vd. novo endereço: https://www.cd25a.uc.pt/pt

  • Guerra Colonial (1961-1974) - Vídeos e Documentários RTP



Destaque para as "coleções temáticas": História

25 de Abril de 1974 (88 documentos)

"Para solicitar cópia de um determinado conteúdo basta registar-se como utilizador e pressionar o botão LICENCIAR CONTEÚDO disponível na pagina de cada conteúdo, ou, caso o conteúdo que pretenda não esteja ainda disponível neste portal, aceder à área de Serviços e preencher e enviar o formulário de pedido de licenciamento."


Guerra Colonial (1961-1974), Portal da A25A (*)

Portal descontinuado. Ver captura pelo Arquivo.pt:


Guerra Colonial Portuguesa, Página de Jorge Santos (*)

Uma das mais antigas (http://guerracolonial.home.sapo.pt/). Estava alojada no Sapo (acrónimo de Servidor de Apontadores Portugueses Online). Foi descontinuada. Não parece ter sido recuperada pelo Arquivo.pt

Jorge Santos, um incansável mas sempre discreto membro, sénior, da nossa Tabanca Grande, já de longa data.  Não temos nenhuma foto dele, nem antiga nem actual. Foi 1º Grumete Fuzileiro (DFA), Companhia de Fuzileiros nº 4, em Moçambique, Metangula e Cobué, de janeiro de 1968 a abril de 1970.

Criou, em março de 2006, o sítio "Guerra Colonial Portuguesa", tendo como principais secções: Bibliografia, Filmografia, Associações, Canções de Lisboa, Memorial, Monumentos, Convívios, Brasões, Condercorações.  Teve um problema de saúde em 2009 quando estava na Noruega.

  • Guerra Colonial, Vídeos no Google

 Procurar agora em Google > Guerra Colonial > Vídeos. Muitas disponíveis no You Tube.

Oficialmente chama-se "Portal UTW - Dos Veteranos da Guerra do Ultramar"... Abrange todas as "antigas províncias ultramarinas portuguesas",  Angola, Guiné, Moçambique, Cabo Verde, Índia, Macau, São Tomé e Príncipe, Timor, 1957-1975. 

O fundador do portal UTW é o nosso camarada António Pires, ex-furriel mil mecânico auto da CSM/QG/RMM (Moçambique 1971/1973). Tem uma impressionante base de dados, sobretudo no que respeita a mortos no ultramar (de 1954 a 1975) (discriminados por concelho de naturalidade), louvores e condecorações, brasões, guiões e crachás (coleção Carlos Coutinho)...

Também tem página no Facebook (UTW Ultramar Terraweb).



Guerra na Guiné 63/74 - Página de Carlos Silva (*)

Outra página de um camarada nosso. Foi descontinuada. Não nos foi possível recuperá-la pelo Arquivo.pt


Guiledje (1 a 7 de Março de 2008), Simpósio Internacional de (*)

Pàgina descontinuada. Criada pela ONGD AD - Acção para o Desenvolvimento, o principal promotor do evento,


"O Projecto Guiné-Bissau CONTRIBUTO foi fundado por Fernando Casimiro “'Didinho' a 10 de Maio de 2003. É um Projecto que visa incutir e desenvolver o espírito e a capacidade de reflexão e do debate de ideias na Guiné-Bissau e nos guineenses, onde quer que se encontrem.

"O Projecto Guiné-Bissau CONTRIBUTO é um Projecto de Gerações, para gerações!"
 
Guiné-Bissau, Página da AD - Acção para o Desenvolvimento (*)

Criada em 2006, esteve ativa em vida do Pepito, cofundador e primeiro diretor executivo da ONGD AD... Fomos recuperá-la através do Arquivo.pt


Literatura, fauna, ecologia, gastronomia... Uma página criada e mantida com muito carinho pela guineense Maria Estela Guedes.


Guiné-Bissau, Portal de Carlos Fortunato (*)


"Guiné-Bissau: centenas de fotografias, filmes, e textos, sobre história, cultura, economia e viagens Guiné-Bissau onde a amizade tem mais calor humano". O Carlos Fortunato é um dos históricos do nosso blogue.

Criado em 2003, já não existe. Estava alojado no Sapo- Fomos recuperá-lo através do Arquivo.pt...

https://arquivo.pt/wayback/20080218143829/http://portalguine.com.sapo.pt/index.html


Guiné-Bissau, Vídeos no Google (*)

Jà não existe... Mas em alternativa pode-se pesquisar no  Google > Guiné-Bissau Videos... Há dezenas no You Tube

Guine-Bissau. com, Portal noticioso (*)

Foi desativado.

Guiné: Ir e Voltar - Tantas Vidas, Blogue de Virgínio Briote, Cascais (*)

O Virgínio Briote  teve um dos melhores blogues sobre a guerra da Guiné,  que infelizmente decidiu desativar. Chamava-se "Guiné, Ir e Voltar" ou "Tantas Vidas":  http://tantasvidas.blog.pt/

Publicou postes entre janeiro de 2006 e março de 2009. Textos de antologia que mereciam conhecer o prelo. Depois achou que tinha dito tudo... Fechou o blogue (e o baú).

Mas o Arquivo.pt que anda há muito, desde 1996, à caça de páginas na Web, de preferência em português, não lhe pediu licença e foi-lhe fazendo sucesssivas capturas de páginas do seu blogue... 

Só há dias é que ele, Vb,  soube, porque eu lho disse. A última captura foi em 24 de maio de 2009, às 21h54... Veja-se aqui o endereço:

https://arquivo.pt/wayback/20090925034743/http://tantasvidas.blog.pt/



"Background: Since independence from Portugal in 1974, Guinea-Bissau has experienced considerable political and military upheaval. Guinea-Bissau’s history of political instability, a civil war, and several coups (the latest in 2012) have resulted in a fragile state with a weak economy, high unemployment, rampant corruption, and widespread poverty."


"Espaço de confraternização para todos aqueles que, como combatentes, tiveram de percorrer as matas, as bolanhas, as picadas e os rios da Guiné, entre Dezembro de 1971 a Março de 1974, em especial invocar aqui a história e as "estórias" dos elementos da C.CAÇ 3491, aquartelados em Dulombi e também em Galomaro, e que tiveram grupos de combate em apoio de Cancolim, Piche, Nova Lamego, Bambadinca e Pirada. Fomos dos últimos combatentes do denominado 'Império Português - o V Império'."

Blogue criado, editado e mantido por Luís Dias (desde 2008).

"Criado em 1951 como instituição privada de utilidade pública, o IMVF é uma Fundação para o desenvolvimento e a cooperação, tendo iniciado atividade como ONGD em 1988 em São Tomé e Príncipe. 

"A partir dos anos 90 expandimos a nossa ação a outros países, com predominância aos de língua oficial portuguesa, e alargámos as áreas de atividade. Os resultados alcançados tornaram o IMVF numa entidade de referência nos domínios da cooperação, da cidadania global e da reflexão sobre o desenvolvimento".



Guiné > Região do Cacheu > Bula > CCAV 2487 / BCAV 2862 (Bula, 1969/70) > 18 de Outubro de 1969 > Dois mortos e um ferido no decurso da Op Ostra Amarga (também ironicamente conhecida como Op Paris Match)...

As NT (2 Gr Comb da CCAV 2487, comandadas pelo cap cav José Sentieiro, hoje cor cav ref e cruz de guerra de 1ª classe (, a viver em Torres Novas,) caem num emboscada do PAIGC, às 7h15 da manhã... O combate é registado por uma equipa da televisão francesa, a ORTF...

Foto: INA - Institut National de l' Audiovisuel (2006) / Cópia pessoal de Virgínio Briote 


Tem cerca de 3 dezenas de vídeos sobre a Guiné-Bissau, incluindo a guerra colonial.

  • INE - Instituto Nacional de Estatísticas, Bissau (*)


"Fundado em 1984, o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisa (INEP) tem como objectivos principais promover os estudos e pesquisas no domínio das ciências sociais e naturais relacionados com os problemas de desenvolvimento do país e contribuir para a valorização dos recursos humanos locais. 

"A actividade principal do INEP consiste na realização de investigação fundamental e na elaboração de estudos, sendo constituído por um corpo de investigadores nacionais permanentes e uma rede de investigadores associados nacionais e estrangeiros. Leva igualmente a cabo actividades académicas que incluem conferências, colóquios, seminários, jornadas de reflexão, que visam a difusão dos resultados das investigações científicas e o desenvolvimento do próprio Instituto. 

"Em poucos anos o INEP tornou-se um ponto de referência nacional e internacional de reflexão científica sobre a África Ocidental em geral e a Guiné-Bissau em particular. Dezenas de trabalhos sobre a realidade social guineense, uma centena de artigos e publicações periódicas permanentes confirmam a validade desde Instituto."

O INEP mantém em suas instalações a Biblioteca Pública Nacional, com cerca de 70.000 volumes e os Arquivos Históricos Nacionais da República da Guiné-Bissau, depositários de toda a documentação colonial e pós-colonial  O edifício foi praticamente destruído no decurso da guerra civil de 1998/99.

Tem página no Facebook mas inativa desde junho de 2017.
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Notas do editor:

(*) 14 de janeiro de 2023 > Guiné 61/74 - P23982: Blogues da nossa blogosfera (171): Cerca de metade dos nossos "favoritos" de há uns anos atrás já não existem ou mudaram de URL

segunda-feira, 2 de novembro de 2015

Guiné 63/74 - P15314: Blogues da nossa blogosfera (70): Um sítio que merece uma (re)visita: "Entre Fogo Cruzado", do nosso camarada Henrique Cabral, ex-fur mil at inf, CCAÇ 1420/BCAÇ 1857, Fulacunda, Mansoa, Braia, Encheia, Uaque, Jugudul, Bissorã, K10, Olossato, Cutia, K3 e Mansabál (1965/67)



Entre Fogo Cruzado > Arroz > Homem arando a terra com um instrumento manual (“kbindé”), construindo assim as “cordas” onde será plantado o arroz. Para manobrar o “kbindé” é necessária uma aptidão física excelente. Ao longe e perpendicularmente às “cordas” vê-se um dique intermediário (“perike”) que faz parte de um complexo sistema de regulação das marés e das águas salgada e doce com o dique principal (“ourique”) e as comportas (“bombas”). O pequeno caranguejo (“cacre”) que habita estes lugares não dá descanso ao homem, fazendo galerias e pondo em perigo o seu esforçado trabalho.


Entre Fogo Cruzado > Bajudas > Transportando a água em “fiminhas” (potes).




Entre Fogo Cruzado> Pesca > Mulheres regressando da pescaria.


Fotos (e legendas): © Henrique Cabral  (2007). Todos os direitos reservados. (Edição: LG)


O autor... em 1965
1."Entre Fogo Cruzado (...) Gente que viveu sob dois fogos, dividida entre agradar a gregos e troianos,  ... com o esfuziante pôr do sol no rio..., pelos caminhos atravessando infindáveis 'bolanhas', ... por entre capim verde e alto, ... ou no emaranhado e traiçoeiro 'tarrafe' (...)".

(...) "Foi mais um a chegar… dos muitos atiradores integrado numa Companhia de Caçadores de tropa-macaca mas trazia na bagagem um “kodak” e a cabeça cheia de ideias.

Andava sempre por aí… só desaparecendo às vezes quando o chamavam para dentro do aquartelamento para 'fazer os serviços'

Mas voltava… voltava sempre com a mesma curiosidade de nos conhecer. Por vezes as coisas não lhe corriam bem mas nunca o deixava transparecer… antes aproveitando o que de bom esta terra tinha para lhe oferecer: o pôr do sol esfuziante, não fora a deprimente época das chuvas; o verde das matas e seus sons inesquecíveis, não fora os perigos que escondem; a água quente dos rios, não fora algum dos seus habitantes menos agradáveis; as noites claras de lua cheia e cruzeiro do sul, não fora os indesejáveis mosquitos.

"Usou 3 máquinas fotográficas que sucessivamente se foram avariando devido às péssimas condições a que eram sujeitas, tendo “disparado” cerca de 3000 vezes." (,,,)

"Entre Fogo Cruzado" é um sítio criado e mantido pelo  Henrique Cabral, ex-fur mil  at inf, CCAÇ 1420/BCAÇ 1857 (1965/67), membro da nossa Tabanca Grande desde 9/12/2007, e que andou por meia Guiné: regiões de Quínara (Fulacunda), e Oio (Mansoa, Braia, Encheia, Uaque, Jugudul, Bissorã, K10, Olossato, Cutia, K3 e Mansabá). Era de rendição individual e, tanto quanto sabemos, mora hoje em Queluz.


... em 2007
(...) "Passados 40 anos decide mostrar parte do seu espólio fotográfico apenas com o intuito de partilhar, com todos, essas recordações. A guerra não é o tema central mas como realidade bem dura que foi, não pode ser omitido. Propositadamente são excluídas certas imagens e não são referidos nomes de pessoas ou lugares, tentando apenas fazer um “filme a preto e branco” do dia-a-dia da gente, em qualquer “chão” guineense. No entanto, outros anos e locais poderão também ser documentados com fotos e legendas cedidas por vós." (...) 

2. Páginas deste sítio (que merece uma visita e já teve perto de 74 mil  visitas desde 18 de novembro de 2007, e várias centenas de comentários]:


Como já tivemos ocasião de o dizer, a grande maioria de nós não tinha tempo, vagar, pachorra, curiosidade, e sobretudo conhecimento e sensibilidade socioantropológicas para nos darmos conta de aspetos da vida, das condições de vida e de trabalho, das populações com que víviamos... Ao  fim e ao cabo, apartados, eles nas suas tabancas, nós nos nossos aquartelamentos... Não éramos turistas nem etnógrafos, estudiosos dos seus usos e costumes... Um ou outro tirou fotos e tomou notas de certas aspetos da organização social e económica dessas populações... Estamos gratos ao Henrique Cabral  pela excelente documentação fotográfica  que ele quis partilgar connosco. Mas um álbum como o seu,  com 3 mil fotos, mereceria porventura maior destaque: as fotos poderiam e deveriam ser publicadas com maior resolução (, sugerimos o 0, 5 MB) e em formato extra-large. (As fotos, a preto e branco, de grande qualidade,  tiradas pelo Henrique Cabral estão em resolução muito baixa e em formato médio).

O Henrique tem, à sua disposição, o nosso  blogue para publicar uma série, selecionada, das suas fotos sobre estes aspetos mais etnográficos da população da Guiné do nosso tempo. Fica aqui o convite e o desafio.

O Henrique Cabral é também autor e editor da página Rumo a Fulacunda (que tem cerca de 80 mil visitas).

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sábado, 31 de outubro de 2015

Guiné 63/74 - P15309: Historiografia da presença portuguesa em África (64): Cem pesos era "manga de patacão" para o camponês guineense, produtor de mancarra... Era por quanto venderia um saco de 100kg ao comerciante intermediário... Em finais de 1965 o governo de Lisboa garante a compra pela metrópole da totalidade da produção exportável da mancarra guineense e fixa o preço por quilo em 3$60 FOB (Free On Board)



Foto nº 1 > Desenterrando a “mancarra”. Tarefa difícil com o sol a pique nas costas dobradas. Esta mulher tem a vida facilitada pois não tem o filho encavalitado.


Foto nº 2 > A muito custo e apenas com a ajuda de um longo pau endurecido na ponta este homem vai tratando do seu chão de mancarra.


Foto nº 3 > Levando os molhos enfiados num pau.


Foto nº 4 > E acumulando-os para posterior transporte.


Foto nº 5 > A debulha na eira. Aqui com ajuda de cestos (“balaios”) e do vento separam-se os grãos das cascas.

Fotos (e legendas): Henrique Cabral / César Dias (2007). Todos os direitos reservados. Edição: LG

Fotos do nosso grã-tabanqueiro César Dias, ex-furriel mil, CCS/ BCAÇ 2885 (Mansoa, 1969/71) e do Henrique Cabral.  Originalmente publicadas no sítio Entre Fogo Cruzado, numa entrada sobre Amendoim (mancarra), s/d. [2007?].

É uma magnífica página, esta,  concebida e mantida pelo Henrique Cabral, ex-fur mil da CCAÇ 1420/BCAÇ 1857 (1965/67), também ele membro da nossa Tabanca Grande (desde 9/12/2007), e que andou por meia Guiné (.Fulacunda, Mansoa, Braia, Encheia, Uaque, Jugudul, Bissorã, K10,Olossato, Cutia, K3 / Farim e Mansabá)...

Esta página (que merece uma visita!), Entre Fogo Cruzado,  "é dedicada à vida e costumes das  gentes [da Guiné]. Nela transmito aquilo que me foi dado observar, tentando chegar o mais próximo possível ao seu dia a dia, de uma vida tão difícil quanto a nossa, mas da qual a maioria de nós nem tinha tempo para ver, quanto mais pensar nisso. Sendo a nossa vida feita dentro do aquartelamento ou no mato, em guerra, o contacto com a população, para a grande maioria, restringia-se à nossa bajuda lavadeira - tendo em conta os muitos condicionalismos a que estávamos sujeitos e apesar da curiosidade que naturalmente tivéssemos".
 Alterámos a ordem das fotos, que documenta parte do processo da cultura da mancarra na Guiné na década de 1960. As legendas são do Henrique Cabral.


Ano
Mil toneladas
Mil
contos
Contos por tonelada
1960
24,0
78,8
3,27
1961
40,0
126,3
3,17
1962
38,7
133,3
3,44
1963
36,6
124,7
3,41
1964
34,0
119,2
3,50
1965
15,2
64,3
4,23

Quadro 1 - Exportação do amendoim (1960-1965)
Fonte - Adapt. de Dragomir Knapic - Geografia económica de Portugal: Guiné. Lisboa: Instituto Comercial de Lisboa, 1996, 44 pp., policopiado.


1. Recorde-se que o que já aqui escrevemos sobre a mancarra, o principal produto da Guiné até à independência (*):

(i)  em 1929,  a CUF - Companhia União Fabril obtém o reconhecimento alimentar do óleo de amendoim (ou mendubim, como então se dizia);

(ii)  esta decisão vai ter grande impacto não só na olivicultura nacional (, o "óleo fula" vai pressionar o preço do azeite) como na economia da Guiné, que passa a ser o principal fornecedor de matéria-prima, o amendoim; 

(iii) a CUF (, através da Casa Gouveia) detém o monopólio da exportação do amendoim  da Guiné, até à independência da Guiné-Bissau

(iv) entre 1930 e 1960 há um aumento gradual da produção e exportação: a. média de 1931-35 foi de c. 22,9 mil tonelafas e 15,2 mil  contos; a de 1955-60 de 34,2 mil toneladas   e 11,3 mil  contos;

(v) nos anos 60, é o principal produto de exportação da Guiné: representa 76% do total das exportações (em 1964), percentagem que vai decrescer para 61% em 1965;

 (vi) em meados da década de 1960, a área cultivada pelos produtores de mancarra atingia os 100 mil hectares, ou seja, um 1/4 do total da área cultivada da província!,,,.

(vii) a produção rondava as 65 mil toneladas; a produtividade era muito baixa: 600 kg / ha (2 mil kg /ha em casos excecionais);

(viii) em 1965, uma tonelada de amendoim exportado valia 4,2 contos   [ 1.589,91 €, a preços constantes de hoje] (Vd. Quadro 1, acima).

(ix) a cultura da mancarra era feita: (a) em regime de rotação; (b) sem seleção de sementes; (c) sem recurso a adubos ou estrume; (d) proporcionando fracos rendimentos aos produtores; e, por fim,  (e) exigindo grande esforço nas várias fases do ciclo de produção (sementeira, monda, protecção contra oso macaco-cão, colheita, armazenazem)...

(x) as principais regiões de produção eram as do leste da Guiné (Farim, Bafatá, Gabu) onde os solos são mais leves e a precipitação menor;

(xi) esta cultura era já considerada na época como muito lesiva do ambiente, pelo uso intensivo dos solos, a redução do pousio, as queimadas;

(xii)  o sistema de comercialização era altamente penalizante para os produtores;

(xiii) a mancarra punha em risco a segurança alimentar da população local;

(xiv) com a escalada da guerra e a "militarização" da população fula, há um decréscimo da produção;

(xv) é nessa altura que o governo da metrópole intervem fdixando o preço da produção da mancarra da Guiné destinada à metrópole  em  3$60 por quilo (para a campanha de 1965/66), um aumento de §15 / kg;

(xvi) desconhecemos o efeito desta medida no rendimento real dos produtores de mancarra: para chegar a Lisboa a 3$60 o quilo, o produtor guineense não deveriar receber mais do que um 1 peso; por isso, na altura 100 pesos era mesmo "manga de patacão": era um saco de 100 quilos de mancarra!  (**); uma família inteira a cultivar um hectare, no final, poderia ter um rendimento bruto... de 600 pesos (!).



Em face das condições muito especiais em que se continua a processar a produção e comercialização da mancarra da Guiné e enquanto se não finalizam os estudos necessários para dar cumprimento ao previsto no artigo 5.º do Decreto-Lei n.º 44507, de 14 de Agosto de 1962, e que tudo indica conduzirão a uma substituição gradual da cultura do amendoim por outras mais apropriadas às condições geo-climáticas da província, foi entendido, em relação à próxima campanha, elevar o preço desta oleaginosa de $15/kg, a fim de atender aos excepcionais sacrifícios suportados pela agricultura da província. 

Dentro deste condicionalismo: 

O Ministro do Ultramar e o Secretário de Estado do Comércio determinam que na campanha de 1964-1965, sem prejuízo do disposto no Decreto-Lei n.º 44507, de 14 de Agosto de 1962, sobre a circulação de oleaginosas alimentares do ultramar no espaço português - e em especial no referente à garantia de compra pela metrópole da totalidade da produção exportável da mancarra guineense -, o fornecimento das referidas oleaginosas se regule pelas regras seguintes: 

1.ª A produção da mancarra da Guiné destinada à metrópole será adquirida ao preço de 3$60 F. O. B. [Freee on Board]  por quilograma. Deste quantitativo será atribuída a quantidade necessária para abastecimento directo da indústria dos Açores. A província indicará a data a partir da qual é possível iniciar os fornecimentos; 

2.ª Não são fixados preços nem contingentes para as restantes oleaginosas alimentares de qualquer das províncias ultramarinas; 

3.ª Dentro destas regras, o Ministério do Ultramar e a Secretaria de Estado do Comércio diligenciarão, em toda a medida do possível, intensificar as correntes de comércio de oleaginosas alimentares entre a metrópole e as províncias ultramarinas, mantendo-se permanentemente informados, através de consulta recíproca, nomeadamente acerca de quaisquer operações que se projectem com o estrangeiro, por forma a harmonizar os interesses da exportação das províncias ultramarinas com as necessidades de abastecimento nacionais. 

Ministério do Ultramar e Secretaria de Estado do Comércio, 10 de Dezembro de 1965. - O Ministro do Ultramar, Joaquim Moreira da Silva Cunha. - O Secretário de Estado do Comércio, Fernando Manuel Alves Machado. 

Para ser publicado no Boletim Oficial da Guiné. - J. da Silva Cunha.

[Fonte: Diário do Governo - 1ª Série, n 282, de 14.12.1965, pág. 1661(***)
_______________________

Notas do editor:

(*) Vd. poste de 7 de janeiro de 2015 > Guiné 63/74 - P14126: (Ex)citações (258): A prosperidade de Bafatá não se deveu tanto ao "patacão da guerra" como ao negócio da mancarra (Cherno Baldé)


(***)  Último poste da série > 5 de setembro de 2015 > Guiné 63/74 - P15075: Historiografia da presença portuguesa em África (58): Casamansa, setembro de 1858: apoio das autoridades portuguesas aos interesses franceses, objeto de hostilidade pelo "gentio local": portaria, de 30/9/1858, do visconde Sá da Bandeira, secretário de estado dos negócios da Marinha e do ultramar

sexta-feira, 8 de novembro de 2013

Guiné 63/74 - P12267: A guerra vista do outro lado... Explorando o Arquivo Amílcar Cabral / Casa Comum (7): Cartas de Marga ['Nino' Vieira] e de Luís Cabral, onde se fala dos 3 desertores de Fulacunda, presumivelmente da CART 565, elevando para 9, até ao dia 3/4/1965, o número de militares portugueses que, no TO da Guiné, tinham até então desertado...


1. Continuação da exploração do Arquivo Amílcar Cabral, na sequência da necessidade de "triangular" fontes de informação e versões de acontecimentos em que fomos, as NT,  parte interessada e parte inteira...É um exercício que nada tem de "voyeurismo", muito menos de masoquismo, é apenas a natural curiosidade em saber (ou confirmar o que sabíamos) que o IN de ontem dizia de nós... e dele próprio.

Dizemos  de ontem, porque a guerra já acabou (, para a maior parte de nós, pelo menos)  e agora estamos de pantufas, à lareira, a comer castanhas assadas e a beber jeropiga... Nem sequer temos o o pobre do Chichas, o nosso cão de estimação, a nossa mascote de Bambadinca,  para nos lamber as feridas... Que nada nem ninguém se sinta humilhado e ofendido por esta descontraída, descomplexada e bem humorada (se possível) viagem ao passado... Explorando, para o efeito,  o interessante e valioso portal Casa Comum, um projeto de constituição gardual de "uma comunidade de arquivos de língua portuguesa", desenvolvido pela Fundação Mário Soares. (*)

Por acaso, andávamos pelos mapas e pelos trilhos do nosso blogue e demais sítios da Net,  à procura de Fulacanda, topónimo já há muito esquecido ou pouco falado pela velhada que se senta sob o poilão da Tabanca Grande...O bom do irã, traquinas, reguila, provocador,  bem humorado, mas mais cacimbado do que o cacimbo,  lá nos prega de vez em quando a sua partida...  Não o levamos a mal...

Eis o resultado da transcrição de mais um documento assinado pelo nosso outrora  inimigo de estimação o Marga, que Deus, o Diabo e os Irãs já lá o tenham, longe e bem alto, e que também era conhecido por Caby ou Kabi, ou Kabi Nafantchamna ou ainda 'Nino', João Benardo 'Nino' Vieira, comandante da Frente Sul, por quem houve muita gente, de ambos os lados da barricada de outrora, que nutriu (ou se calhar ainda nutre)  uma relação de amor-ódio... Mas tudo isto, já foi há muitas chuvas, no passado século XX.

De qualquer modo, refira-se que 'Nino Vieira tem mais de 60 referências no nosso blogue, incluindo uma pequena nota biográfica.

Nesta carta (disponível para consulta pública no Arquivo Amílcar Cabral do Portal Casa Comum), de três páginas, manuscrita, sem data (como de costume), dirigida por Marga ao seu chefe hieráquico, mais velho 15 anos, Aristides Pereira, secretário-geral adjunto do Partido (leia-se: PAIGC), ficamos a saber que:

(i) o Marga era crente, evocando frequentemente a graça divina;

 (ii) as coisas, lá no sul (regiões de Tombali e de Quínara), andavam calminhas em finais de março de 1965;

(iii) havia falta de "manga de munições", incluindo detonadores para as granadas-foguete para os RPG, recém chegados;

(iv) em Fulacunda, três "tugas" (palavra depreciativa que ele nunca utiliza, falava em portugueses ou colonialistas ou inimigos...) foram dar um passeio, ao ar livre, e acabaram por se entregar ao camarada que estava de serviço ali pelas redondezas [, a deserção terá ocorrido em 25/3/1965, 5ª feira];

(v) um deles, era um 1º cabo miliciano (!), de apelido Barricosa (leia-se: Barracosa);

(vi) em troca da hospitalidade, os "três tristes tugas" deram à língua, revelaram importantes segredos militares e confessaram a sua vontade de lutar, se necessário,  ao lado do partido de Amílcar Cabral contra o regime colonial fascista de Salazar;

(viii) como os bungalós estavam cheios, lá pelo Cantanhez, o Marga manda a encomenda para Conacri, com guia de marcha;

(ix) ah!,  "e não se esqueça, camarada, de me mandar munições de flober que eu gosto muito de passarinhos fritos!"; [a flober seria mesmo a espingarda de pressão para matar passarinhos ?. pergunta, ingénuo,  o revisor de texto];

e, por fim, (x) "não se esqueça também, camarada mais velho, de que estamos mal abonados de fardas e de plásticos, agora que se aproxima a estação das chuvas"...

Estima-se que a carta seja de finais de março de 1965, cotejando-a com a outra,  que publicamos a seguir, de Luís Cabral, datada de Conacri, 3 de abril de 1965.

Sobre o tema, delicado e fraturante, dos desertores temos cerca de 40 referências no nosso blogue; por outro lado, convir dizer que nunca tiínhamos ouvido falar deste caso...

Não sabemos sequer a que a  unidade pertenciam estes 3 desertores: muito possivemnete à CART 565 que estaria em Fulacunda por esta altura (março de 1965) tendo sido rendida pela CCAÇ 1420 (em agosto de 1965). Talvez o Henrique Cabral (autor do sítio Rumo a Fulacunda),   o Rui Ferreira e o Carlos Rios, que estiveram na CCAÇ 1420 (fulacujnda, 1965/67), se lembrem desta história, conrtada pelos "velhinhos" da CCAÇ 565 de quem, infelizmente, não temos nenhum representante na nossa Tabanca Grande. Estou-me a lembrar ainda do nosso camarada Santos Oliveira (2.º Sarg Mil Armas Pesadas Inf, Pel Mort 912, Como, Cufar e Tite, 1964/66). Ele estve em Tite ao tempo do BCAÇ 1860 (1965/67).(**)

A CCAÇ 565 foi mobilizada pelo RAP 2. Partiu para o TO da Guiné em 12/10/1963 e regressou a 27/10/1965. Esteve em Bissau, Fulacunda e Nhacra. Comandante: cap art Luís Manuel Soares dos Reis Gonçalves.

Transcrição / fixação de texto:  L.G.

2. Carta de Marga ['Nino' Vieira, comdante da Frente Sul] a Aristides Pereira [, secretário gertal adjunto do PAIGC,em Conacri], s/d [c. março de 1965]

Camarada Aristides: 

Espero para que esta lhe encontre continuando uma boa saúde em companhia dos camaradas. Nós vamos indo bons graças a Deus.

Junto comunico-vos que durante estes dias não [h]ouve nada em todo o sul do país.

O que precisamos neste momento é de uma grande quantidade de munições de carabinas e as de Patchanga [PPSH ou costureirinha]. Estão também em falta detonadores de obuzes de bazookas que vieram recentemente.

Faço-vos saber que seguem, em companhia do Artur,  3 soldados portugueses que desertaram do quartel de Fulacunda. Entre eles um é o 1º cabo miliciano de nome António Manuel Marques Barricosa [sic, o apelido é Barracosa]
, Rui Jorge Pires e José Fernando Amorim. 

Tivemos algumas trocas de impressões com eles, donde nos puseram a par de certas coisas.

Agradeço mandar-nos geradores electricos, se possível. Agradeço ainda de enviar-nos munições de flober.

Espero que enviam mais fardas e plásticos para a região sul do país.

Termino por hoje esperando que nos envie todos os pedidos com urgência.

Do seu camarada Marga,

PS – Junto envio em Boké o camarada Ansumane Mané afim de trazer aquelas espingardas semi-automáticas que lá estão. Espero mandar-me envelopes e esferográficas. Agradeço ainda enviar-me velas para a mota, óleo 30 [?} e ácido.


Se [h}ouver também pineus [pneus], é favor de enviar-me também alguns. Não esqueçam de enviar-nos uma grande quantidade de muniçõe

Citação:
(s.d.), Sem Título, CasaComum.org, Disponível HTTP: http://hdl.handle.net/11002/fms_dc_34402 (2013-11-6)


Comentário de L.G.: 

Este homem, se não me engano, de seu nome completo António Manuel Marques Barracosa,  de 23 anos (em 1965, quando desertou de Fulacunda), será mais tarde, dois anos depois, em Maio de 1967,  um dos 4  implicados na assalto à agência do Banco de Portugal na Figueira da Foz, liderado por Hermínio da Palma Inácio, 46 anos, fundador e dirigente da LUAR, com a colaboração de Camilo Tavares Mortágua, 34 anos, e  Luís Benvindo, 25 anos. O assalto, no valor de mais de 29 mil contos na época (c. 146 mil  euros, na moeda de hoje), teria sido até então o maior roubo de sempre em Portugal.


Clicar aqui para ampliar a imagem: Casa Comum.

Instituição: Fundação Mário Soares
Pasta: 04613.065.073
Assunto: Comunica a situação no Sul.  Solicita o envio de munições e detonadores de obuses. Informa que seguem com Artur três soldados portugueses que desertaram do quartel de Fulacunda: António Manuel Marques Barracosa, Rui Jorge Pires e José Fernando Amorim. Solicita ainda o envio de geradores eléctricos, munições, fardas e sandálias de plástico. 
Remetente: Marga [Nino Vieira] 
Destinatário: Aristides [Pereira]
Data: s.d.
Observações: Doc. incluído no dossier intitulado Correspondência 1963-1964 (dos Responsáveis da Zona Sul e Leste).
Fundo: DAC - Documentos Amílcar Cabral
Tipo Documental: Correspondencia
Direitos:
A publicação, total ou parcial, deste documento exige prévia autorização da entidade detentora.

3. Carta datilografada, datada de Conacri, de 3 de abril de 1965, sábado, dirigida ao Ministro  da Defesa Nacional da República da Guiné, e assinada por Luís Cabral , membro do Bureau Político do PAIGC (vd. aqui nota biográfica da autoria de Virgínio Briote).

Tradução, e transcrição com revisão e fixação de texto, meramente para efeitos desta edição bloguística: L.G.

Conacri, 3 de abril de 1965

Senhor Ministro da Defesa Nacional da Repúblcia da Guiné

Senhor Mimnistro,

No dia 29 de março [de 1965] os nossos camaradas levaram para a República da Guiné, através da fornteira de Boké, três desertores do exército colonial português, de seus nomes António Manuel MARQUES BARRACOSA, José Fernandes AMORIM e Rui Jorge Pires.

Estes desertores, apresentados à polícia de Segurança Nacional da República da Guiné vieram do aquartelamento português [no original, base] de Fulacunda, no centro sul do nosso país. Eles apresentaram-se ao responsável do grupo de guerrilha que operava na zona [, em 25 de março de 1965], tendo de seguida sido conduzidos ao responsável na região, que os interrogou.

Os desertores manifestaram, diante dos nossos camaradas, o seu ódio ao regime colonial fascista de Salazar e o seu desejo de participar, ao lado dos democratas portugueses, na luta contra este regime. Manifestaram igualmente a sua simpatia pela justa luta que nós travamos, tendo-se prontificado a dar a sua contribuição onde ela se afigurar necessária.

A chegada destes desertores eleva para  9 o número de militares portugueses que deixaram as fileiras do exército colonial, para pedir asilo no nosso Partido, nas regiões libertadas e este facto é altamente favorável à nossa ação de propaganda tanto no plano internacional como no seio do inimigo.

Por esta razão, temos a honra de vos pedir a competente autorização para tomarmos conta dos desertores em questão, afim de organizarmos a sua apresentação à imprensa internacional. Entretanto, encarregar-nos-emos de contactar as organizações democráticas portuguesas no estrangeiro, a fim de preparar a sua saída da República da Guiné imediatamente a seguir à conferência de imprensa.

Seguros da sua compreensão habitual, queira aaceitar, senhor Ministro, a expressão dos nossos senrtimentos da mais alta consideração.

P’lo Bureau Político do PAIGC,


Luíz [sic]Cabral

Membro do Bureau Político

Fonte: (1965), Sem Título, CasaComum.org, Disponível HTTP: http://hdl.handle.net/11002/fms_dc_35357 (2013-11-7)


Clicar aqui para ampliar o documento [em francês]: Casa Comum

Instituição: Fundação Mário Soares
Pasta: 04606.049.061
Assunto: Comunicado que os camaradas conduziram para Conakry,  através da fronteira de região de Boké, três desertores [do exército colonial português]: António Manuel Marques Baracosa, José Fernandes Amorim e Rui Jorge Pires.Remetente: Luís Cabral, Membro do Bureau Político e pelo Bureau Político do PAIGC.
Destinatário: Ministro da Defesa e da Segurança da República da Guiné
Data: Sábado, 3 de Abril de 1965.
Observações: Doc. incluído no dossier intitulado Correspondência com o governo da Guiné-Conakry 1960-1966.
Fundo: DAC - Documentos Amílcar Cabral.
Tipo Documental: Correspondencia.
Direitos:
A publicação, total ou parcial, deste documento exige prévia autorização da entidade detentora.

[Ver aqui o acordo a que chegámos com o administrador, dr. Alfredo Caldeira, do Arquivo e Biblioteca da Fundação Mário Soares, para efeitos de utilização de fotos e outros documentos]

__________

Notas do editor:

(*) Último poste da série > 4 de novembro de 2013 > 4 de novembro de 2013 > Guiné 63/74 - P12250: A guerra vista do outro lado... Explorando o Arquivo Amílcar Cabral / Casa Comum (6): Carta de Marga ('Nino' Vieira) a Aristides Pereira, presumivelmente de meados de 1964, em que refere um desembarque das NT em Gampará, que terá provocado a morte de "22 pessoas do povo e umas vintenas de vacas" (sic)

(**) Lista, organizada pelo nosso camarada Santos Oliveira, das subunidades do BCAÇ 1860 (Tite, Abril de 1965/Abril de 1967)> Subunidade, subsetor, período, comandante 

(i) CArt 565, Fulacunda, antec /10Ago65, Cap Reis Gonçalves;

(ii) CCav 677, S. João, antec. 20Abr66, Cap Pato Anselmo, Alf Ranito, Cap Fonseca;

(iii) CCaç 797, Interv, 29Abr65/16Mai66, Cap Soares Fabião;

(iv) CCaç 1420, Fulacunda, 11Ago65/08Jan66, Cap Caria, Alf Serigado, Cap Moura; [Recorde-se que a esta infortunada companhia pertenceu, como alferes, o nosso camarada Rui Alexandrino Ferreira];

(v) CCaç 1424, S. João, 11Set65/25Nov65, Cap Pinto; [Companhia que também foi comandada pelo querido amigo e camarada Nuno Rubim, de Junho a Dezezembro de 1966];

(vi) CCaç 1423, Fulacunda e Empada, 30Out66/23Dez66, Cap Pita Alves;

(vii) CCaç 1487, Fulacunda, 08Jan66/15Jan67, Cap Osório;

(viii) CCaç 1549, Interv, 26Abr66, Cap Brito;

(ix) CCaç 1566, S. João e Jabadá, 19Mai66, Cap Pala e Alf Brandão;

(x) CCaç 1567, Fulacunda, 01Fev67, Cap Colmonero;

(xi) CCaç 1587, Empada, 27Nov66, Cap Borges;

(xii) CCaç 1591, Fulacunda (treino operacional), 18Ago66/01Out66, Ten Cadete;

(xii) CArt 1613, S. João (treino op), 03Dez66/15Jan67, Cap Ferraz e Cap Corvacho; [ A esta companhia pertenceu, entre outros, o nosso saudoso Zé Neto (1929-2007), o primeiro membro da Tabanca Grande a quem a morte levou];

(xiii) CCaç 1624, Fulacunda, 05Dez66, Cap Pereira;

(xiv) Pel Mort 912, Jabadá, antec /26Out65, Alf Rodrigues;

(xv) Pel Caç 955, Jabadá, antec/13Mai66, Alfs Lopes, Viana Carreira, Sales, Mira;

(xvi) Pel AM Daimler 807, Tite, antec/13Mai66, Alf Guimarães;

(xvii) Pel Art 8, Fulacunda, 10Fev66/03Mar66, Alf Machado;

(xviii) Pel Caç 56, Fulacunda e S. João, 31Out66, Alf Dias Batista;

(xix) Pel Mort 1039, Jabadá e Tite, 26Out65, Alf Carvalho;

(xx) Pel AM Daimler 1131, Tite, 12Ago66, Alf Antunes;

(xxi) Companhia de Milícia 6, Empada, antec, Alf 2ª Mamadi Sambu e Dava Cassamá;

(xxii) Companhia de Milícia 7, Tite, 05Ago65, Alf 2ª Djaló;

Estas sub-unidades foram atribuídas ao BCaç 1860 durante a permanência em Sector (desde Abr65).

[Imediatamente após a sua chegada à Guiné, o BACÇ 1860 entrou em Sector. Foi-he atribuído o Sector S1, integrado no Agrupamento Sul. Principais localidades: Tite, Fulacunda, S. João e Jabadá. Em Outubro de 1966 é atribuído ao Batalhão o Sub-Sector de Empada, enquadrando as penínsulas de Darsalame e Pobreza. Concomitantemente, passa a pertencer ao BCAÇ 1860 a CCAÇ 1423, aquartelada em Empada.]

quinta-feira, 9 de setembro de 2010

Guiné 63/74 - P6959: Em busca de... (143): Pessoal da CCAÇ 153, Fulacunda, 1961/63: João Baptista, Octávio do Couto Sousa, José Teixeira da Silva, José Carreto Curto...



Guiné > Região de Quínara > Fulacunda > CCAÇ 153 (1961/63) > 

"Após 45 anos ainda identifico o que está de pé ao centro: furriel miliciano João M C Baptista; naturalmente e para os mais distraídos, da figura só o nome restou até ao dia de hoje. Na altura da desmobilização no RI 13 em Julho de 1963, nas costas de uma foto igual à presente, anotei o nome bem como os endereços de todos, nota que há muito teria facilitado a minha tarefa de contacto mas que desapareceu dos meus arquivos. Será que alguém pode ajudar? (...)  

"O Primeiro pelotão era comandado pelo Alferes Virgolino, Furriéis:  Melo (Ericeira), João Baptista (S. Miguel), José Fernandes" (...).



"CCAÇ 153: Desfilando em Vila Real 30/08/1963.  Reconhece-se o seu comandante à frente do porta bandeira"


Vila Real > CCAÇ 153 > "Missa de acção de Graças,  Agosto de 1963".

Fotos (e legendas): © João Baptista / Blogue Fulacunda (2009). Todos os direitos reservados. Cortesia da família.

1. Mensagem de L.G., dirigida a João Baptista, autor do blogue Fulacunda, com intenção de lhe pedir autorização para reproduzir algumas fotos suas e convidá-lo a ingressar na nossa Tabanca Grande:

Data: 9 de Julho de 2010 12:43

Assunto: CCAÇ 153 (Fulacunda, 1961/63)

 Meu caro João Baptista [ na foto, à esquerda, na recruta, em Mafra, 1959]:

Tento tentado, em vão, ligar para o seu nº  telefone de casa.  Deixei uma mensagem no "voice mail". Tento agora entrar em contacto consigo por esta via. O meu nome é Luís Graça, sou o fundador e um dos editores do maior blogue sobre a guerra colonial na Guiné.

Quero dar-lhe os parabéns pela sua iniciativa de juntar a rapaziada de Fulacunda, através do seu blogue.

Gostaria de poder falar consigo ao telefone sobre os primeiros tempos da guerra e sobre a acção da vossa CCAÇ 153, no sul da Guiné. Um dos camaradas do nosso blogue é o Carlos Cordeiro, que é professor na Universidade dos Açores, fez a guerra de Angola e teve um irmão, capitão pára-quedista, João Cordeiro, que infelizmente morreu lá, de acidente com pára-quedas, em 1974. Vou pedir ao Carlos, também para o contactar, utilizando o seu telefone e eventualmente a sua morada, que está publicitada no seu sítio, na Net (...).

Espero que esteja bem de saúde. Espero que um dia destes falar um com o outro. O Henrique Cabral, autor do blogue Rumo a Fulacunda, ex-Fur Mil da CCAÇ 1420 (1965/67), é também membro do nosso blogue.

Veja no nosso blogue referências à CCAÇ 153 (que eu sei tinha poucos açorianos…):

Um abraço. Luís Graça

2. Na mesma data dei conhecimento do teor da mensagem suprea ao nosso camarada Carlos Cordeiro (bem como ao Henrique Cabral):

Carlos: Vê o que podes saber... O blogue Fulacunda está parado desde 14 de Maio de 2009... Gostava de pedir ao João (sargento reformado, açoriano) autorização para publicar um ou duas fotos... E de falar com ele ao telefone. Tento tentado ligar, já quatro ou cinco vezes, para o nº telefone fixo... Ainda viverá no mesmo sítio ?

Um abraço. Desculpa o abuso. Luís

3. Infelizmente, aquilo que eu suspeitava, tinha acontecido: o João Baptista (ex-Fur Mil da CCAÇ 153, açoriano) já havia morrido, nesse ano, de doença prolongada.  Não chegara a realizar o seu sonho, que era a de poder juntar, pela 1ª vez, o pessoal da sua CCAÇ 153, ao fim de quase meio século. Para tanto, fora juntando, desde Agosto de 2006, os "cacos da memória", as fotos amarelecidas, os nomes, os lugares, as datas...

A viúva teve a gentileza de me telefonar para casa. Infelizmente não fui que a atendi, por não estar em casa. Deu o contacto de um amigo e camarada do seu marido, também ele  açoriano (embora residente no Continente, mas passando em S. Miguel uma parte do ano) com quem, aliás,  me pus em contacto e a quem convidei para integrar o blogue.

A viúva autorizou-me igualmente a usar as imagens inseridas no blogue Fulacunda. É minha intenção homenagear o camarada João Baptista (, de seu nome completo, João Manuel Carreiro Baptista), associando o seu nome ao nosso blogue, se para tal tiver o consentimento da família. Os seus esforços para juntar os seus camaradas da CCAÇ 153 devem ser conhecidos e divulgados, sendo credores do  respeito e apreço de todos nós.

Entretanto, dos blogues Fulacunda e Rumo a Fulacunda (este do Henrique Cabral) eu já havia seleccionado dois comentários de gente que pertencera  à CCAÇ 153 e que respondera à chamada do João Baptista, para além de um comentário do próprio:

João Baptista
25 de Agosto de 2006

Esqueci: esqueci datas, esqueci nomes e rostos, esqueci situações agradáveis e desagradáveis. Tentei esconder uma vida estranha e eis que com a ajuda de fotografias desbotadas com 45 anos, sobram os cacos de algo que a nossa memória não apagou: uma dor num dente durante toda a viagem de Lisboa, Leixões, Funchal, Mindelo, Praia e Bissau, 10 dias num barco que se chamava Alfredo da Silva, nome registado numa foto no dia do embarque em Lisboa em Junho de 1961, bem como uma amiga, o Octávio e familiares da sua esposa. Como vou editar esta foto?

Complicada a transição do ar condicionado vivido a bordo para o calor e humidade em terras da Guiné Bissau, onde por artes mágicas desapareceu a dor do dente.

E eis que pela primeira vez ouço falar em Fulacunda: sede de concelho,  com uma rua principal com 200 metros,  onde estavam  implantadas as residências Administrativas, o posto dos correios, uma praça com rotunda e algumas das instalações do futuro quartel da CCAÇ 153.

Julgo que foi nos primeiros dias do mês de Julho de 1961 que eu, incorporado no primeiro pelotão iniciamos a viagem por mato que duraria cerca de 12 horas até Fulacunda . Foi naturalmente a primeira demonstração de força bélica que o indígena de então sentiu, com a passagem de uma coluna militar com cerca de 30 viaturas ligeiras e pesadas, carregadas de material, reboques com água, cozinhas e soldados com as suas fardas amarelas de passeio. As fardas de campanha ou camuflados, só mais tarde foram atribuídos.

Fico por aqui juntando os cacos.  Um abraço

Octávio do Couto Sousa

2 de Outubro de 2008

(...) Caro Henrique: Percorri demoradamente as fotos e respectivas legendas do “Rumo a Fulacunda” ao mesmo tempo que dialogava com o nosso JMCBaptista, iniciador do blog Fulacunda.

(...) A Companhia 153 proveio do RI 13, de Vila Real, com cabos e praças daquelas redondezas, alguns com nomes das suas terras, o Vila Amiens, o Chaves,  etc. Como disse no primeiro escrito, foi uma pena termo-nos separado em Vila Real, terminada a comissão, desejosos todos de partir para as nossas famílias, sem o cuidado de trocar endereços que nestes anos seriam preciosos para nos reencontrarmos. A maioria dos oficiais e sargentos foram mobilizados de outras zonas. No nosso caso e do JMCBaptista,  estávamos já na disponibilidade e a viver nos Açores.

O nosso comandante de companhia foi o Capitão, hoje General, José dos Santos Carreto Curto.

Fomos a única companhia em todo o Sul da Guiné em 1961, com um pelotão em Buba e uma secção em Aldeia Formosa. Tivemos depois um pelotão em Cacine. Estivemos também aquartelados em Cufar numa fábrica de arroz, assim como em Catió, até que tudo se agudizou em termos operacionais. Para Buba chegou uma companhia, a 154, outra para Cacine e por muitas outras localidades foram chegando mais unidades consoante a guerra se intensificava.

As fotos mostram o quartel de Tite onde se instalou o primeiro Batalhão, o 237, ao qual passámos a pertencer como tropa operacional e por questões de organização.

Acompanhámos o primeiro ataque a Tite [, em 23 de Janeiro de 1963,], de Fulacunda sairam reforços nos quais estivemos integrados, visto que o Batalhão, como sede, não estava ainda operacional.

A nossa companhia, a 153,  acabou por ficar toda junta e em várias missões percorremos todo Sul na busca e destruição das casas de mato que o PAIGC proliferava por tudo quanto eram zonas mais ou menos isoladas. (...)

José Teixeira da Silva

2 Janeiro 2009

(...) Prezados amigos e companheiros: há quarenta e sete anos, que procuro por toda a parte deste país, notícias da Companhia de Caçadores, n.º 153/59. Em vão procurei encontrar as moradas dos meus companheiros de 'route' [,estrada,] sem resultado. Tendo como base o nome do nosso Comandante de Companhia – capitão José dos Santos Carreto Curto – vi o seu nome há dois anos, integrado no quartel de Santa Margarida, já com a patente militar de Brigadeiro, pensei em contactá-lo mas não o fiz. Não sei explicar porquê, mas enfim, a verdade é que não dei um passo para o fazer. (...)

4. Na Net também encontrei uma notícia sobre o antigo capitão da CCAÇ 153 (que nunca mais se terá cruzado com os homens  de Fulacunda, depois do regresso a casa, a Vila Real, em Agosto de 1963):

Com a devida vénia, transcrevo do blogue Memória Recente e Antiga, criado e mantido por João José Mendes de Matos (n. Castelo Branco, 1935;  colega de escola e de juventude do futuro Cap José Curto, hoje general, reformado; professor de liceu em Setúbal, reformado) o teor de um recorde de jornal.


Cortesia do Blogue Memória Recente e Antiga > 14 Abril 2008 > Capitão Carreto Curto


Trata-se de uma cópia da publicação, em jornal, da entrevista dada em Bissau, pelo Cap Inf José dos Santos Carreto Curto, em 20 de Março de 1963, a um jornalista da ANI - Agência de Notícias e Informação

O então Cap Inf José Curto, comandante da CCAÇ 153 (Bissau, Fulacunda, Bissau, 27/5/1961 - 24/7/1963), fora dado como morto pela propaganda do PAIGC (ou por boatos propalados através da Rádio Conacri), depois de feito prisioneiro pelo PAIGC, levado para Conacri, julgado em Tribunal Revolucionário e executado... Natural de Castelo Branco, é hoje general na reforma e tem uma brilhante carreira militar.

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Bissau, 20 - Está vivo, está em liberdade, está de óptima saúde, encontra-se presentemente em Bissau e foi entrevistado pelo correspondente da ANI, o capitão José dos Santos Carreto Curto, de quem um comunicado do PAIGC, ou "Partido Africano da Independência da Guiné e Cabo Verde", organização subversiva com sede em Conakri, disse que fora preso pelos terroristas, os quais o teriam executado, depois de o haverem submetido a "julgamento em tribunal marcial".

Esse comunicado foi oportunamente desmentido, aliás, pelo Serviço de Informação Pública das Forças Armadas.

O comunicado do PAIGC não surpreendeu o oficial.

Declarou o capitão Carreto Curto:

"Poderia pensar-se que o comunicado recentemente difundido pelo PAIGC, com base em Conakri, me teria surpreendido. Não foi, no entanto, esse, o caso".

O Capitão Carreto Curto prosseguiu:

“O conhecimento progressivo que, durante vários meses me foi dado adquirir, no contacto com populações que sofreram o aliciamento dos chamados movimentos de libertação, no contacto com agentes (responsáveis) desses movimentos, que me revelaram as técnicas que usam e em que foram doutrinados, no exame dos comunicados já anteriormente emanados pelo PAIGC, levou-me apenas a aceitar a notícia em questão como 'mais uma'.

'Mais uma' em que os processos se repetem e que têm cabimento perfeito e ajustado no âmbito das técnicas de propaganda destinadas a conseguir determinados objectivos. Estes objectivos que, na sucessão, definem diferentes fases de todo um plano devidamente arquitectado, têm uma importância e interesse, para os quais não pode haver obstáculos ou objecções.”

“A Mentira é evidente”

O sr. Capitão Carreto Curto disse ainda:

“No comunicado em causa não foi obstáculo a inveracidade dos factos nele relatados. Interessava, sim, convencer a opinião pública da existência de um determinado problema e que o público dele tomasse conhecimento. O objectivo foi, assim, atingido. Pergunto a mim mesmo se terá interesse referir factos, narrar acontecimentos, que possam definir toda a verdade e separá-la da mentira do comunicado. No entanto, julgo que a verdade de eu estar vivo é suficiente, visto que o facto não permite dúvidas, nem duplas interpretações. A mentira é evidente.

Resta apenas a realidade do objectivo do comunicado do PAIGC. Serão o juízo e opinião de cada um que lhe vão ou não conferir o valor positivo que o comunicado pretendeu alcançar ou o valor negativo atestado, pela verdade dos factos.” – (ANI)

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Nota de L.G.:

Último poste da série > 6 de Setembro de 2010 > Guiné 63/74 - P6943: Em busca de... (142): 1.º Cabo Dório da CCAÇ 2571, Guiné, 1969/71 (João Manuel Mascarenhas)