segunda-feira, 2 de novembro de 2015

Guiné 63/74 - P15314: Blogues da nossa blogosfera (70): Um sítio que merece uma (re)visita: "Entre Fogo Cruzado", do nosso camarada Henrique Cabral, ex-fur mil at inf, CCAÇ 1420/BCAÇ 1857, Fulacunda, Mansoa, Braia, Encheia, Uaque, Jugudul, Bissorã, K10, Olossato, Cutia, K3 e Mansabál (1965/67)



Entre Fogo Cruzado > Arroz > Homem arando a terra com um instrumento manual (“kbindé”), construindo assim as “cordas” onde será plantado o arroz. Para manobrar o “kbindé” é necessária uma aptidão física excelente. Ao longe e perpendicularmente às “cordas” vê-se um dique intermediário (“perike”) que faz parte de um complexo sistema de regulação das marés e das águas salgada e doce com o dique principal (“ourique”) e as comportas (“bombas”). O pequeno caranguejo (“cacre”) que habita estes lugares não dá descanso ao homem, fazendo galerias e pondo em perigo o seu esforçado trabalho.


Entre Fogo Cruzado > Bajudas > Transportando a água em “fiminhas” (potes).




Entre Fogo Cruzado> Pesca > Mulheres regressando da pescaria.


Fotos (e legendas): © Henrique Cabral  (2007). Todos os direitos reservados. (Edição: LG)


O autor... em 1965
1."Entre Fogo Cruzado (...) Gente que viveu sob dois fogos, dividida entre agradar a gregos e troianos,  ... com o esfuziante pôr do sol no rio..., pelos caminhos atravessando infindáveis 'bolanhas', ... por entre capim verde e alto, ... ou no emaranhado e traiçoeiro 'tarrafe' (...)".

(...) "Foi mais um a chegar… dos muitos atiradores integrado numa Companhia de Caçadores de tropa-macaca mas trazia na bagagem um “kodak” e a cabeça cheia de ideias.

Andava sempre por aí… só desaparecendo às vezes quando o chamavam para dentro do aquartelamento para 'fazer os serviços'

Mas voltava… voltava sempre com a mesma curiosidade de nos conhecer. Por vezes as coisas não lhe corriam bem mas nunca o deixava transparecer… antes aproveitando o que de bom esta terra tinha para lhe oferecer: o pôr do sol esfuziante, não fora a deprimente época das chuvas; o verde das matas e seus sons inesquecíveis, não fora os perigos que escondem; a água quente dos rios, não fora algum dos seus habitantes menos agradáveis; as noites claras de lua cheia e cruzeiro do sul, não fora os indesejáveis mosquitos.

"Usou 3 máquinas fotográficas que sucessivamente se foram avariando devido às péssimas condições a que eram sujeitas, tendo “disparado” cerca de 3000 vezes." (,,,)

"Entre Fogo Cruzado" é um sítio criado e mantido pelo  Henrique Cabral, ex-fur mil  at inf, CCAÇ 1420/BCAÇ 1857 (1965/67), membro da nossa Tabanca Grande desde 9/12/2007, e que andou por meia Guiné: regiões de Quínara (Fulacunda), e Oio (Mansoa, Braia, Encheia, Uaque, Jugudul, Bissorã, K10, Olossato, Cutia, K3 e Mansabá). Era de rendição individual e, tanto quanto sabemos, mora hoje em Queluz.


... em 2007
(...) "Passados 40 anos decide mostrar parte do seu espólio fotográfico apenas com o intuito de partilhar, com todos, essas recordações. A guerra não é o tema central mas como realidade bem dura que foi, não pode ser omitido. Propositadamente são excluídas certas imagens e não são referidos nomes de pessoas ou lugares, tentando apenas fazer um “filme a preto e branco” do dia-a-dia da gente, em qualquer “chão” guineense. No entanto, outros anos e locais poderão também ser documentados com fotos e legendas cedidas por vós." (...) 

2. Páginas deste sítio (que merece uma visita e já teve perto de 74 mil  visitas desde 18 de novembro de 2007, e várias centenas de comentários]:


Como já tivemos ocasião de o dizer, a grande maioria de nós não tinha tempo, vagar, pachorra, curiosidade, e sobretudo conhecimento e sensibilidade socioantropológicas para nos darmos conta de aspetos da vida, das condições de vida e de trabalho, das populações com que víviamos... Ao  fim e ao cabo, apartados, eles nas suas tabancas, nós nos nossos aquartelamentos... Não éramos turistas nem etnógrafos, estudiosos dos seus usos e costumes... Um ou outro tirou fotos e tomou notas de certas aspetos da organização social e económica dessas populações... Estamos gratos ao Henrique Cabral  pela excelente documentação fotográfica  que ele quis partilgar connosco. Mas um álbum como o seu,  com 3 mil fotos, mereceria porventura maior destaque: as fotos poderiam e deveriam ser publicadas com maior resolução (, sugerimos o 0, 5 MB) e em formato extra-large. (As fotos, a preto e branco, de grande qualidade,  tiradas pelo Henrique Cabral estão em resolução muito baixa e em formato médio).

O Henrique tem, à sua disposição, o nosso  blogue para publicar uma série, selecionada, das suas fotos sobre estes aspetos mais etnográficos da população da Guiné do nosso tempo. Fica aqui o convite e o desafio.

O Henrique Cabral é também autor e editor da página Rumo a Fulacunda (que tem cerca de 80 mil visitas).

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1 comentário:

Hélder Valério disse...

Sem dúvida que esta colecção de fotos com aspectos da vida da população é muito rica.
Tal como o Luís diz, foram raros os que tiveram a paciência e o tempo para olharem com olhos de ver o que se passava à volta, tendo em conta que o podiam fazer, pois muitos nem isso sequer lhe seria possível.

Já visitei as páginas do Henrique Cabral.
Merecem uma visita atenta, demorada.

Hélder S.