1. Em mensagem do dia 23 de Outubro de 2015, o nosso camarada António Tavares (ex-Fur Mil da CCS/BCAÇ 2912, Galomaro, 1970/72), fala-nos de algo que a maioria de nós desconheceria, a existência de um seguro de vida para combatentes.
Cabe aqui informar que o nosso camarada Tavares foi funcionário da agência de Matosinhos de uma grande Companhia de Seguros, na qual curiosamente tive seguro de automóvel durante dezenas de anos. Muitas das vezes que precisei de tratar de assuntos relacionados com o seguro, fui atendido pelo Tavares. Curiosidades.
SEGURO MILITAR - ESPECIAL
Camarigos,
Quem se lembra deste tipo de seguro?
E porquê um Seguro Militar Especial?
Com certeza por ser indicado aos Oficiais e Sargentos mobilizados para o Ultramar. Era comercializado pela Companhia de Seguros Douro.
O seguro militar, com pequenas diferenças, também era comercializado por outras seguradoras. Comercialmente era um produto não rentável e de pouca adesão quer pelo preço quer pelo desconhecimento de eventuais subscritores.
Penso que o efeito psicológico da palavra MORTE, para um militar que ia combater numa das três frentes da Guerra Colonial, teria sido o principal motivo do fracasso deste seguro na indústria seguradora.
Recordo que a sede da Companhia de Seguros Douro era no Largo de São Domingos, no Porto, no edifício que foi construído para sede da Ordem de São Domingos no séc. XIII. O edifício em 1832, durante o Cerco do Porto, foi quase totalmente destruído por um incêndio.
O Banco de Lisboa (actual
Banco de Portugal) adquiriu-o, reconstruiu-o e instalou uma filial, até
que o Banco de Portugal decidiu adquirir os terrenos que hoje ocupa na
Praça da Liberdade.
A construção do actual edifício teve início em 1917 e concluída em 1934, ano da inauguração.
O edifício DOURO esteve durante décadas abandonado.
O seu nome deriva do facto de ter sido, entre 1934 e 1989, sede da Companhia de Seguros Douro.
Posteriormente foi recuperado pela Câmara Municipal do Porto.
Actualmente no edifício está instalado o Palácio das Artes – Fábrica de Talentos.
Com um abraço,
António Tavares
Foz do Douro,
Quarta-feira 23 de Outubro de 2015
2. Comentário do editor:
Utilizando o conversor de escudos para euros, disponibilizado pelo portal Pordata - Base de Dados Portugal Contemporâneo, um jovem de 22 anos, mobilizado para o ultramar, pagaria em 1970 de prémio de seguro, no acto do embarque, a importância de 3.795$00 (o equivalente hoje a 1.076,04 €), a que acrescia no primeiro ano a sobretaxa de 1.000$00 (283,54 €)... Cem contos (100 mil escudos = 28.354,16 €) era quanto valia a vida de um homem!... Não faço ideia de qual era o capital seguro, em média, nessa época, no ramo vida...
Talvez o Tavares se lembre ainda desses valores, já que trabalhou em seguros... E, já agora, e por mera curiosidade, gostava de saber se ele, Tavares, chegou a subscrever este seguro militar que, provavelmente, era único, na época... Ou haveria mais Companhias de seguro a oferecer este tipo de seguro aos militares que partiam para a guerra de África, cobrindo o risco de morte e de invalidez (total ou parcial)? E o militar que fosse mobilizado para a Guiné, estava sujeito a algum agravamento do prémio? (LG)
____________
Nota do editor
Último poste da série de 5 de novembro de 2015 > Guiné 63/74 - P15331: Os nossos seres, saberes e lazeres (125): Obras escultóricas urbanas de Armando Ferreira, ex-Fur Mil da CCAV 8353 (2)
Blogue coletivo, criado por Luís Graça. Objetivo: ajudar os antigos combatentes a reconstituir o "puzzle" da memória da guerra colonial/guerra do ultramar (e da Guiné, em particular). Iniciado em 2004, é a maior rede social na Net, em português, centrada na experiência pessoal de uma guerra. Como camaradas que são, tratam-se por tu, e gostam de dizer: "O Mundo é Pequeno e a nossa Tabanca... é Grande". Coeditores: C. Vinhal, E. Magalhães Ribeiro, V. Briote, J. Araújo.
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
Sem comentários:
Enviar um comentário