Fernando Maria Teixeira Dias, fur mil SM, CART 1746 (Bissorãe Xime), morto em embiscada na Ponta Cili, no itinerário Xime-Bambadinca, 14 de novembro de 1968. Foto gentilmente cedida pelo seu sobrinho Rui Dias Moreira (2012).
1. Mensagem de Rui Dias Moreira, sobrinho do nosso camarada Fernando Maria Teixeira Dias (na foto), Fur SAM da CART 1746, morto na emboscada de 14 de Novembro de 1968 em Ponta Coli:
Caro Luis Graça:
Começo mais uma vez, por renovar os meus agradecimentos pelo seu tempo e pelo seu cuidado. Li com alguma emoção, o poste (*) que fez o favor de me enviar e aproveito para lhe dizer que já tenho autorização para lhe enviar imagens do tio Fernando, tendo também ficado a saber que existe alguma correspondência do tio Fernando que nunca ninguém leu (penso que chegou posteriormente à sua morte) e que minha tia quer que eu fique "fiel depositário" da mesma.
Gostava também de lhe transmitir que, com alguma surpresa da minha parte, toda a família aprovou e gostou da minha iniciativa, mesmo a geração mais nova, e pedem as minhas tias e minha mãe (com quem discuti pessoalmente o assunto) que lhe agradeça a si desta vez em seu nome.
Como não sei se posso escrever no blogue, gostava no entanto, de clarificar um pouco os motivos que me levaram a contactá-lo e o meu subsequente pedido de ajuda.
Nas minhas andanças pelo mundo trabalhei no início dos anos oitenta, durante algum tempo, como estagiário num banco suíço (Swiss Bank Corporation, entretanto fundido com o UBS) em Londres e algures no mês de Novembro todos os meus companheiros vieram trabalhar com uma papoila vermelha na lapela. Não percebendo o significado, tive que indagar do mesmo, ao que o meu chefe de mesa (eu trabalhava como corretor estagiário) me informou detalhadamente (ao mesmo tempo que mandava desencantar uma papoila para a minha lapela), com uma enorme abrangência histórica e com a fleuma que lhe era peculiar, do significado do "Poppy Day".
No meu íntimo ficou muita mágoa, alguma revolta e até inveja do respeito que via uma Nação, como um bloco, sem excepções, sem considerações políticas, porque desnecessárias, expressar aos combatentes que por ela tinham lutado. Anos mais tarde já casado e com um filho, tive necessidade de me deslocar aos EUA para operar o meu filho mais velho ao coração, no Texas Children Hospital, em Houston.
Caro Luis Graça:
Começo mais uma vez, por renovar os meus agradecimentos pelo seu tempo e pelo seu cuidado. Li com alguma emoção, o poste (*) que fez o favor de me enviar e aproveito para lhe dizer que já tenho autorização para lhe enviar imagens do tio Fernando, tendo também ficado a saber que existe alguma correspondência do tio Fernando que nunca ninguém leu (penso que chegou posteriormente à sua morte) e que minha tia quer que eu fique "fiel depositário" da mesma.
Gostava também de lhe transmitir que, com alguma surpresa da minha parte, toda a família aprovou e gostou da minha iniciativa, mesmo a geração mais nova, e pedem as minhas tias e minha mãe (com quem discuti pessoalmente o assunto) que lhe agradeça a si desta vez em seu nome.
Como não sei se posso escrever no blogue, gostava no entanto, de clarificar um pouco os motivos que me levaram a contactá-lo e o meu subsequente pedido de ajuda.
Nas minhas andanças pelo mundo trabalhei no início dos anos oitenta, durante algum tempo, como estagiário num banco suíço (Swiss Bank Corporation, entretanto fundido com o UBS) em Londres e algures no mês de Novembro todos os meus companheiros vieram trabalhar com uma papoila vermelha na lapela. Não percebendo o significado, tive que indagar do mesmo, ao que o meu chefe de mesa (eu trabalhava como corretor estagiário) me informou detalhadamente (ao mesmo tempo que mandava desencantar uma papoila para a minha lapela), com uma enorme abrangência histórica e com a fleuma que lhe era peculiar, do significado do "Poppy Day".
No meu íntimo ficou muita mágoa, alguma revolta e até inveja do respeito que via uma Nação, como um bloco, sem excepções, sem considerações políticas, porque desnecessárias, expressar aos combatentes que por ela tinham lutado. Anos mais tarde já casado e com um filho, tive necessidade de me deslocar aos EUA para operar o meu filho mais velho ao coração, no Texas Children Hospital, em Houston.
Como o aperto emocional era grande, os meus cunhados que são ambos médicos, na altura no Baylor's College of Medicine também em Houston, decidiram depois da convalescença do meu filho Diogo organizar uma viagem a Austin, onde mais uma vez pasmei; em frente ao Capitólio da capital do Texas existe um memorial que honra os combatentes da guerra da secessão com pormenores da bravura, mortos de ambos os lados, chegando ao pormenor de descrever a desproporção das forças beligerantes; e um outro memorial com a última ordem de batalha dos lendários Texas Rangers a quem várias unidades de forças especiais pediram o nome emprestado.
E foi assim que no meu íntimo, estes e outros exemplos de agradecimento e respeito que fui guardando durante o meu percurso de vida, deixavam sempre uma mágoa; no meu País, os bravos tinham-no sido de igual forma, o reconhecimento e o respeito do seu sacrifício, de vivos e mortos, não.
Desculpe, deixei correr um pouco o pensamento, alonguei-me muito e estarei a maçá-lo, mas queria fundamentar devidamente a minha motivação. Vou por vezes a Lisboa por motivos profissionais, ou ver o meu filho mais novo jogar e gostaria, se fosse possível e os seus afazeres o permitirem, de o conhecer pessoalmente, combinando o encontro com a devida antecedência. Até lá os meus agradecimentos.
Um abraço
Rui Dias Moreira
____________
Notas do Editor:
Vd. postes de:
4 de Fevereiro de 2012 Guiné 63/74 - P9442: In Memoriam (108): Fur Mil SAM Fernando Maria Teixeira Dias, da CART 1746, morto na emboscada de 14 de Novembro de 1968, perto da Ponta Coli, Xime (Manuel Moreira / Rui Dias Moreira)
e
(*) 5 de Fevereiro de 2012 > Guiné 63/74 - P9446: Ainda a emboscada de Ponta Coli, Xime, no dia 14/11/1968, em que morreu o Fur Mil SAM Fernando Dias e que fez 10 feridos graves entre o pessoal da CART 1746 (Bissorã e Xime, 1968/69)
Vd. último poste da série de 6 de Fevereiro de 2012 > Guiné 63/74 - P9448: (Ex)citações (173): Ralis com zebros no Rio Cacine...petas sobre o obus 14 enfiadas a jornalista da BBC em Gadamael (C. Martins, cmdt do Pel Art, Gadamael, 1973/74)
E foi assim que no meu íntimo, estes e outros exemplos de agradecimento e respeito que fui guardando durante o meu percurso de vida, deixavam sempre uma mágoa; no meu País, os bravos tinham-no sido de igual forma, o reconhecimento e o respeito do seu sacrifício, de vivos e mortos, não.
Desculpe, deixei correr um pouco o pensamento, alonguei-me muito e estarei a maçá-lo, mas queria fundamentar devidamente a minha motivação. Vou por vezes a Lisboa por motivos profissionais, ou ver o meu filho mais novo jogar e gostaria, se fosse possível e os seus afazeres o permitirem, de o conhecer pessoalmente, combinando o encontro com a devida antecedência. Até lá os meus agradecimentos.
Um abraço
Rui Dias Moreira
____________
Notas do Editor:
Vd. postes de:
4 de Fevereiro de 2012 Guiné 63/74 - P9442: In Memoriam (108): Fur Mil SAM Fernando Maria Teixeira Dias, da CART 1746, morto na emboscada de 14 de Novembro de 1968, perto da Ponta Coli, Xime (Manuel Moreira / Rui Dias Moreira)
e
(*) 5 de Fevereiro de 2012 > Guiné 63/74 - P9446: Ainda a emboscada de Ponta Coli, Xime, no dia 14/11/1968, em que morreu o Fur Mil SAM Fernando Dias e que fez 10 feridos graves entre o pessoal da CART 1746 (Bissorã e Xime, 1968/69)
Vd. último poste da série de 6 de Fevereiro de 2012 > Guiné 63/74 - P9448: (Ex)citações (173): Ralis com zebros no Rio Cacine...petas sobre o obus 14 enfiadas a jornalista da BBC em Gadamael (C. Martins, cmdt do Pel Art, Gadamael, 1973/74)