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segunda-feira, 26 de outubro de 2020

Guiné 61/74 - P21483: Memória dos lugares (415): Béli, Madina do Boé, Dandum...Fotos da última viagem ao sector do Boé, em 30 de junho e 1 de julho de 2018 (Patrício Ribeiro)



Guiné-Bissau > Região de Gabu > Sector de Boé > 2009 >Béli >  Restos do quartel de Béli, retirado pelas NT em meados de 1968, por ordem expressa de Spínola.

Foto (e legenda): © Patrício Ribeiro (2009). Todos os direitos reservados.. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


1. Entre 30 de junho e 1 de julho de 2018, o nosso amigo e camarada Patrício Ribeiro, que vive há 4 décadas na Guiné-Bissau, onde é empresário,  fez um  viagem de trabalho  ao setor do Boé,  hoje integrado na Região de Gabu. 

A partir de Bafatá e Gabu, deslocou-se nomeadamente a Béli (onde pernoitou, em 30/6/2018) e a Dandum (passando por Madina do Boé). No regresso, a Bafatá, ficou em Canjadude, onde tinha trabalho.

Já aqui publicámos, no seu devido tempo, as crónicas que nos mandou, acompanhada de belas fotos... Esta é apenas uma das diversas viagens que fez a esta região, "remota e difícil acesso", da Guiné-Bissau. o setor do Boé.

Para a maior parte de nós, antigos combatentes,  é uma região praticamente desconhecida: havia lá poucos quartéis e destacamentos: Canjadude, a norte do Rio Corubal; Madina do Boé, Belí, Cheche, a sul...  Estes três últimos foram entretanto mandados retirar por ordem de Spínola: Béli (meados de 1968), Madina do Boé e Cheche, em 6 de fevereiro de 1969.

Daí termo-nos lembrado de reconstituir e documentar o percurso do Patrício Ribeiro, nesse início da estação das chuvas dw 2018. Publicamos alguns excertos e algumas das fotos, reeditadas e renumeradas (*).

Em 2018,  não havia ainda  sinais, no entanto, da "Montanha Cabral", aqui referida no poste P.21479 (**). 

O memorial ao Domingos Ramos, morto em 1966, é referido no texto, mas não o célebre "marco ali colocado por Amílcar Cabral em 1958 e que mais tarde se torna o local de encontro com os seus homens e onde muita da estratégia militar era definida", e cuja  existência foi aproveitada pela ONGD Afectos com Letras, com sede em Pombal,  para construir,a pedido da população local,  um memorial, "de reconhecimento histórico nas colinas do Boé" (**)

Esse memorial, tudo o indica, ficará nas imediações da Tabanca de Dandum, na colina Dongol Dandum, cota 171, a sul do antigo aquartelamento e da atual tabanca de Madina do Boé  (vd, carta de Madina do Boé, 1958, escala 1/50 mil). É aqui se situaria a tal "Montanha Cabral", de que pouca gente sabia até agora existêcia.

2. A este respeito, o Cherno Baldé, nosso colaborador permanente, mandou-nos o seguinte comentário (**): 

(...) Se a memória não me falha, a tal montanha está situada a meio caminho entre as localidades de Madina e Dandum, do lado direito para quem vai. Lembro-me vagamente de me terem falado dela, mas francamente, o caminho era tão mau e tantos os solavancos que não me apetecia falar de turismo, mesmo se a região, com as suas mil colinas, é simplesmente, a região mais bonita do pais.

Quanto ao marco geodésico de 1958, não acredito que tenha sido o Cabral a colocá-lo lá. Deve ser mais um mito popular a juntar-se a muitos outros. Sabemos que ele desenvolveu um amplo trabalho de recenseamento agrícola e, talvez estudo dos solos, mas não vejo em que isso estaria relacionado com a colocação de marcos geodésicos. 

Curiosamente, já tinha ouvido a mesma coisa sobre um marco do mesmo ano que tinha sido colocado a entrada da m8nha aldeia, no Leste. A verdade é que a esta data, salvo erro, o Cabral devia estar a trabalhar fora da Guiné.(...)  [, 1958,] 


3. A última viagem de Patrício Ribeiro a Beli, Madina do Boé e Dandum (30 de junho e 1 de julho de 2018):

[ Patrício Ribeiro é um português, natural de Águeda, criado e casado em Angola, com família no Huambo, antiga Nova Lisboa, ex-fuzileiro em Angola durante a guerra colonial, a viver na Guiné-Bissau desde meados dos anos 80 do séc. passado, fundador, sócio-gerente e director técnico da firma Impar, Lda.; tem também uma "ponta, junto ao rio Vouga, Agueda, onde se refugiou agora, fugimdo a pandemia de Covid-19: é o português que melhor conhece a Guiné e os guineenses, o último dos nossos africanistas: tem cerca de uma centena de referências o nosso blogue]


(..) Há poucos dias, fui dar uma volta pela região do Boé. Nos finais de Junho [de 2018], após as primeiras chuvas, como sempre gosto de fazer.

Nesta época podemos encontrar as encostas das colinas todas verdes, como se lá tivessem plantado relva, o terreno muito colorido com as primeiras flores a desabrochar, após a época seca. Com a falta de chuva nos últimos 7 meses, começando as chuvas, a relva cresce 2 a 3 cm por dia ...

Neste mês ainda se pode passar por todos os caminhos e picadas; os rios de água cristalina começam a correr, mas ainda os podemos ultrapassar com as viaturas todo o terreno.

Claro que em alguns locais já temos mais de um palmo de água nas entradas, durante muitas dezenas de metros [,  mas como o solo é todo de pedra, não há o perigo de ficar atolado na lama.

Depois de sair de Bafatá, passamos em Gabú [, antiga Nova Lamego], a caminho de Ché Ché, estrada de terra batida, em muito bom estado até ao rio.

Lá chegamos ao primeiro obstáculo [...], a travessia do rio Corubal. [Foto nº 1], Esperamos pela jangada que estava do outro lado e, depois de algum tempo de espera, lá apareceu ela para nos transportar! Estava a ser puxada à mão por diversos homens, porque o motor estava avariado. (...)


Foto nº 1 > Guiné-Bissau > Região de Gabu > Setor de Boé > 30 de junho de 2018 >  Margem direita do Rio Corubal > Rampa de acesso, do lado da estrad que vem de Gabu e Canjadude... Do outro lado, na margem esquerda, fica(va)  Ché Ché (ou Cheche, como vem grafado no nosso blogue): vê-se a jangada que faz o transporte de viaturas, pessoas e bens.. Mas neste dia, a travessia é feita por jangada, puxada... à corda, por avaria no motor.   

Recorde-se que, em 6 de fevereiro de 1969, neste mesmo local, houve um trágico acidente com a jangada: morreram, afogados, 46 militares e 1 civil, na sequência da retirada do quartel de Madina do Boé (Op Mabecos Bravios).


(...) Ultrapassado o rio [Corubal], lá seguimos por cima da estrada de pedra a caminho de Beli, mais ou menos 40 km, passando por algumas poucas tabancas, que outrora eram bem pequenas, com as casas todas cobertas a palha, mas agora são maiores e com mais casas, quase já não há casas cobertas a palha. Este caminho é muito bonito e difícil.

Ao chegar a Beli, iniciamos o nosso trabalho e procuramos alojamento nas instalações da Chimbo, que tem 9 bangalós para alugar. [Foto nº 2]. São holandeses, da Fundação Chimbo Daribó. Andam a instalar máquinas fotográficas nas árvores, para fotografarem os chimpanzés, muitos, búfalos, alguns e até alguns leões: vd. o sítio na Net,  www.chimbo.org.

Não há Internet, mas na vila há telefone. No resto da região, não. A língua falada corrente é o Fula. Por vezes não é possível uma conversa em Crioulo e Português, língua oficial, só com professores e alguns funcionários. Os jovens entendem um pouco.


Foto nº 2 > Guiné-Bissau > Região de Gabu > Setor de Boé > 1 de julho de 2018 > Béli > Bangalós da Fundação Chimbo Daribó, baseadas nas casas tradicionais fulas, circulares, e com telhado de colmo, em forma de cone.


Ao outro dia [, 1 de julho de 2018} seguimos viagem para Dandum, voltamos para trás até tabanca de Cobolo e seguimos em direção a Sate; dali por um caminho a corta mato para Diquel, por onde as viaturas ainda passam. [Fotos nº 3 e 4]



Foto nº 3 > Guiné-Bissau > Região de Gabu > Setor de Boé > 1 de julho de 2018 > Picada para Dandum, q sul de Madina do Boé, ainda transitável



Foto nº 4 > Guiné-Bissau > Região de Gabu > Sector de  do Boé > 30 de junho de 2018 > Tabanca de e posto fronteiriço de Dandum, 3km a sul de Madina do Boé.


Passamos por algumas pequenas tabancas perdidas nas colinas do Bolé, mas todas têm escolas. Cruzamos alguns rios que começam rapidamente a aumentar o caudal, com a chuva que está a cair.

Lugares muito bonitos e completamente diferentes do resto da paisagem da Guiné (foto 6). Algumas destas tabancas já existiam. (Ver mapa de 1961 da Província da Guiné, e voltaram a ser implantadas na Carta Geológica da Guiné, do Dr. Paulo Alves, em 2011).

Por aqui começam a aparecer algumas hortas de caju nos vales, assim como algumas pequenas tabancas, porque os terrenos são mais férteis. O que obriga os animais selvagens existentes no Parque Natural do Boé a ter de "arranjar" outros locais … Agora são avistados para os lados de Lugajole, mesmo junto à fronteira com a Guiné-Conacri. (***)

Chegamos até perto de Madina do Boé, mas seguimos o caminho para Dandum, 3 km mais à frente.

Dandum, a tabanca é muito grande com muitas casas, tem posto de fronteira [, Foto nº 4]: alguns funcionários públicos, guardas de fronteira, professores; tem um hospital, tudo e todos perdidos na distância para Bissau... O local é uma planície com terra muito fértil, com muitas árvores de fruto.

Verificamos o trabalho que tínhamos realizado no hospital,  há uns meses, está tudo Ok!


Foto nº 5 > Guiné-Bissau > Região de Gabu > Sector de  do Boé > 1 de julho de 2018 > Tabanca de Madina do Boé. 



Foto nº 6 > Guiné-Bissau > Região de Gabu > Sector de  do Boé > 1 de julho de 2018 >  Madina do Boé > Restos do antigo aquartelamento, retitado em 6 de fevereiro de 1969, ao tempo da CCAÇ 1790, do cap inf José Aparício... Estas ruínas parecem ser a da antiga central elétrica...



Foto nº 7 > Guiné-Bissau > Região de Gabu > Sector de  Boé > 1 de julho de 2018 >  A velhinha fonte da "Colina de Madina do Boé",  construída em 1945, ainda já está, operacional... O painel de azulejos já muito degradado...


No regresso pelos mesmos caminhos, mas paramos em Madina do Boé, para as fotos da praxe. A tabanca de Madina do Boé fica em uma planície fértil, com muitos árvores de fruto e tem alguns morros ao longe (Fotos nºs 5 e 6).

A fonte "Colina de Madina do Boé", construída em 1945, ainda lá está, resistindo à usura do tempo e dos homens (Foto nº 7). Há dibversas fotos no blogue.

 Estivemos junto ao Memorial de Domingos Ramos, local onde foi ferido e provavelmente morto (foto 11). Está aproximadamente a uns 500 metros da fonte de 1945 e do antigo quartel, a poucos metros do caminho para Dandum, na planície. (Foto nº 8).

Na pedrta, não havia nenhuma inscrição. O pessoal que me acompanhava,  do Parque Natural do Boé, sabia deste local, indicaram-me talvez porque passamos perto. Das outras vezes que fui a Madina,  não me indicaram este sitio. Do outro lado da picada, perto a 70 metros, já há algumas casas.  



Foto nº 8 > Guiné-Bissau > Região de Gabu > Sector de  Boé > 1 de julho de 2018 >  Monumento à memória de Domingos Ramos, comandante do PAIGC, morto em 10 de novembro de 1966, ao tempo da CCAÇ 1416.


Regresso a Beli, para assistir ao encontro de Portugal / Uruguai, no clube dos jovens, enquanto a trovoada deixou ver, até que o sinal da parabólica deixou passar. A Net por estas paragem não é uma ciência exacta... é muito complicado. Grande foi a festa, quando Portugal marcou o golo.

Depois regresso de Beli até Candjadude (Foto nº 9) onde passamos o resto do dia a fazer trabalhos, antes da chegada da noite, a Gabú.



Foto nº 12 > Guiné-Bissau > Região de Gabu > Sectir de Boé > 1 de julho de 2018 > Caminhos do Boé, com colinas ao fundo, no regresso a Canjadude e a Gabu (antiga Nova Lamego)

Fotos (e legendas): © Patrício Ribeiro (2018) Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]
 
___________

Notas do editor:

(*) Vd. postes de;


21 de julho de 2018 > Guiné 61/74 - P18861: Bom dia, desde Bissau (Patrício Ribeiro) (7): Os meus passeios pelo Boé - Parte I: 30 de junho de 2018: a travessia do Rio Corubal, de jangada, em Ché Ché

(**) Vd. poste de 24 de outubro de 2020 > Guiné 61/74 - P21479: Memória dos lugares (414): Região de Gabu, setor de Boé, Colinas do Boé: Montanha Cabral... Alguém sabe onde fica, exatamente, essa "montanha" (fello, em fula), que faz parte das "lendas e narrativas" do PAIGC ? 

Guiné 61/74 - P21481: Casos: a verdade sobre... (13): a "Montanha Cabral", como chama a população local, de maioria fula, à colina Dongol Dandum (cota 171), a sul de Madina do Boé


Foto nº 1 > Guiné > Região de Gabu > Setor de Boé > Colinas do Boé > s/d>  Detalhe de imagem reproduzida, com a devida vénia, da página do Facebook de Catarina Marcelino) > Marco com a inscrição "1958"... Local: colina Dongol Dandum (cota 1971), também  conhecida pela população local como "Montanha Cabral" 


Foto nº 2  >  Guiné-Bissau > Região de Cacheu > Chão Felupe > Estrada, com cerca de 14 km de extensão, que liga Cassolol ao porto de Budjedjete > Marco com a inscrição "1951"...


Foto nº 3 > Guiné-Bissau > Região de Cacheu > Chão Felupe > Estrada, com cerca de 14 km de extensão, que liga Cassolol ao porto de Budjedjete > Marco com a inscrição "MGHG" (sigla de Missão Geo-Hidrológica da Guiné", e não MCOG, como  regista a antropóloga Lúcia Bayan


Foto nº 4 > Guiné-Bissau > Região de Cacheu > Chão Felupe > Estrada, com cerca de 14 km de extensão, que liga Cassolol ao porto de Budjedjete >  Marco com a incrição "LN 2 0” e “R”.


Foto nº 5 > Guiné-Bissau > Região de Cacheu > Chão Felupe > Estrada, com cerca de 14 km de extensão, que liga Cassolol ao porto de Budjedjete >  Marco, sem inscrições.

Fotos (e legendas) (2, 3, 4 e 5): © Lúcia Bayan (2020). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


1. Caros/as leitores/as:

Parece-nos ter "descoberto" o mistério do "marco", atribuído a Amílcar Cabral e à sua passagem pela colina, que hoje teria o seu nome, "Montanha Cabral" [, Foto nº 1]. A "tradição" ou a  "crença popular local" fpi aproveitada pela ONGD Afectos com Letras, para ali erigir, a pedido da população local, de maioria fula,  um pequeno memorial da luta pela independência,... 

Recorde-se o que diz a página do Facebook da Catarina  Marcelino, deputada à Assembleia da República Portuguesa  (*):

(...) "A Associação Afetos com Letras está a construir um pequeno espaço de memória na Montanha Cabral, junto ao marco ali colocado por Amílcar Cabral em 1958 e que mais tarde se torna o local de encontro com os seus homens e onde muita da estratégia militar era definida". (...)

Há tempos publicámos aqui um poste com fotos de marcos semelhantes ao da Foto nº 1,  para os quais a antropóloga Lúcia Bayan procurava uma explicação, agradecendo a eventual a ajuda.


2. Escreveu a antropóloga Lúcia Bayan [Vd. aqui o poste P20584 (**)]

(...) Que marcos são estes? [Fotos nºs 2, 3, 4 e 5]

Na ponta noroeste da Guiné Bissau, em pleno chão Felupe, existe uma estrada, com cerca de 14 km de extensão, que liga Cassolol ao porto de Budjedjete, onde a população, para as suas idas ao Senegal, em especial Kabrousse, apanha a canoa para atravessar o rio com o mesmo nome. 

Esta é uma estrada de terra, por vezes plana e lisa, outras vezes irregular e “com dois andares”, que atravessa floresta, campos agrícolas, bolanhas secas ou com água, de acordo com a época do ano, e também as tabancas Caroai, Basseor, Tenhate e Sucujaque.[Vd. carta de Varela.]

Entre as tabancas Sucujaque e Tenhate (...) , a estrada, com uma extensão de cerca de 2,5 Km, é muito bonita, ladeada de floresta, como se de um parque ou jardim se tratasse (...).

Nesta estrada existem dois marcos de pedra que não sei identificar. Serão marcos geodésicos? Delimitações da administração colonial? Militares? Propriedade de terrenos?

Um dos marcos, que nomeei Marco 1, está situado junto à estrada, a 12° 20’ 48,27’’ N e 16° 38’ 32,01’’W (valores recolhidos por mim no local), e tem inscrições em três dos seus lados. Na face virada para a estrada está inscrito “M C O G” [,. Foto nº 3], na face traseira “1951” [, Foto nº 2 ], numa das faces laterais encontra-se inscrito “L N 2 0” e “R” e nada na outra (...)

O Marco 2, situado a 12° 20’ 48,56’’ N e 16° 38’ 11,09’’ W, está também muito perto da estrada, mas escondido no mato e, apesar de idêntico ao primeiro, não tem qualquer inscrição (...) , provavelmente devido ao desgaste do tempo. [Foto nº 4]. (...)

[Nota do editor LG: na foto nº 3. a sigla não é MCOG, mas sim MGHG leia-se: Missão Geo-Hidrográfica da Guiné:  Vd. Decreto-lei n.º 33609 de 14 de Abril de 1944: em 1944, o Ministério das Colónias organiza e envia à Guiné uma missão geo-hidrográfica encarregada de proceder ao levantamento geodésico e cartográfico da colónia, e seguidamente ao seu levantamento hidrográfico.]

3. Só o nosso "mais velho" António Rosinha  respondeu,  na altura,  ao repto da antropóloga,  Lúcia Bayan, fazendo uso da sua grande sabedoria, experiência, africanismo e inteligência emocional... Afinal, os nossos "mais velhos" veem sempre muito mais longe, mesmo quando estão sentados na base do poilão, do que os "djubis", os putos, dependurados lá no cocuruto da árvore sagrada!...

O Rosinha, com o seu apurado "olhar clínico", não teve dúvidas: "não, minha senhora, esses marcos não podem ser marcos geodésicos"... Afinal, ele foi um experiente topógrafo em Angola e depois na Guiné-Bissau (,aqui ao serviço da famosa TECNIL).

Foi ele que nos deu uma "pista preciosa" que,  juntando à informação da antropóloga. nos levou à MGHG - Missão Geo-Hidrográfica da Guiné... ("E não MCOG, senhora doutora!... Veja com mais atenção as fostos dos marcos que tirou no chão felupe"...).

Escreveu o nosso querido amigo e camarada, o "cólon" António Rosinha:

(...) Um vértice (ou Marco) geodésico é um sinal que indica uma posição cartográfica exacta e que forma parte de uma rede de triângulos com outros vértices ..

Aqui na "Metrópole" os marcos geodésicos são normalmente troncos de cone e em Angola, eram troncos de pirâmide em geral.

Normalmente todos com alturas de mais de metro e meio em locais altos e se possível intervisíveis com outros vértices directamente, caso contrário usando torres metálicas centradas sobre esses marcos.

Também nas minhas andanças guineenses, junto de um canal, (que já não me consigo recordar onde) encontrei um marco de cimento igual aos das fotos.

Não é possível que esses marcos da foto e o tal que eu também encontrei há mais de 25 anos, pertencessem a uma rede geodésica principal.

Para mim, foram marcos coordenados por oficiais da marinha, em levantamentos geográficos parciais, para posterior ligação a uma futura rede geodésica.

Nem compreendo para que outra coisa serviria construir uns marcos com fundações tão frágeis.

Era muito caro e muito custoso fazer cartografia na Guiné, havia a MGA, Missão Geográfica de Angola, mas aí, terra muito rica, eram enormes marcos para toda a vida.

Guiné, cuitada!

23 de janeiro de 2020 às 18:38


4. Comentário do nosso editor LG:

O Patrício Ribeiro, lá da sua "ponta do Vouga", acaba de nos mandar um texto, documentado com  fotos, sobre as diversas viagens que já fez à região do Boé. Não se esqueçam que ele está há manga de luas a viver e a trabalhar na Pátria de Cabral.

Sobre a "Montanha Cabral", diz-nos que nunca ouviu falar desse lugar, ou dessa designação. Falou, de resto, com  com "dois  investigadores portugueses,  que tu conheces, o Geólogo, Paulo Aves,  e o Biólogo, Luís Catarino, que também fizeram trabalhos no Boé":  mas também eles não conhecem essa "Montanha Cabral",

 E depois acrecenta: "Parabéns à Joana Benzinho e sua equipa, que com muito sacrifício, andam a levar a língua Portuguesa a locais de difícil acesso. Depois da AMI nos anos 80  com a sua equipa médica, chega mais alguém a falar Português ao Boé, esta língua é pouco falada naquela zona."

Em resumo,  nenhum de nós, nem o Cherno Baldé, nunca tinha ouvido falar da tal mágica e sagrada "Montanha Cabral"... E se o Cherno Baldé não conhece, poucos guineenses conhecerão...

Mas também, e como escrevemos ao Cherno, é importante associar o território à memória das gentes... Também nós, portugueses, temos as nossas "lendas e narrativas", desde Ourique a Alcácer Quibir, passando por Aljubarrota e os Montes Hermínios... Afinal, um povo que as não tenha, as tais "lendas e narrativas", é um povo morto ou moribundo...

 A ONGD Afectos com Letras está no seu direito de ir ao encontro das necessidades expressas ou sentidas pela população local,  com esta iniciativa de erguer, nas colinas do Boé,  um pequeno memorial ao papel histórico do Amílcar Cabral como líder de um movimento nacionalista que levou o território à independência. 

Que a população local, de maioria fula, chame "Montanha Cabral" à colina Dongol Dandum, está no seu legítimo e pleníssimo direito. 

No tempo da guerra colonial, essa designação não existia. Sobre isso, acaba-nos de falar ao telefone o ten gen ref José Nico que teve protagonismo na "guerra de Madina do Boé", travada em meados de 1968 (***). 

Para ele, só pode tratar-se da colina Dongol Dandum, base de fogos do PAIGC nos ataques e flagelações contra o quartel de Madina do Boé. E onde se posicionavam também os "snippers", os temíveis franco-atiradores, diz o Manuel Coelho, ex-fur mil trms, da CCAÇ 1589, que ia lerpando,,,

Afinal, estamos aqui, numa boa, não para "fazer história", que é uma coisa chata e enfadonha, que deixamos aos senhores historiadores diplomados, mas tão simplesmente  para partilhar memórias... E, já agora, também para nos divertirmos e cuidar da nossa boa saúde mental... 

De facto, mal de nós, antigos combatentes, quando um dia viermos aqui reconhecer em público: "Eh!, malta, já não me lembro do que me esqueci!"... 

Quem nunca conheceu a "Montanha Cabral", não pode lembrar nem esquecer... Infelizmente foi palco de alguns sangrentos combates onde morreram ou ficaram feridos portugueses, guineenses, cabo-verdianos e cubanos (***)... Esta é que foi a verdade, nua e crua, a de uma guerra que nunca deveria ter acontecido  (****)

 Mantenhas. Cuidemo.nos!

PS1 - Nunca é de mais reiterar, publicamente, a nossa homenagem aos valorosos cartógrafos militares portugueses. A cartas do chão felupe / região do Cacheun(Varela, Susana, São Domingos, etc.) da Guiné resultam do levantamento efectuado em 1953 pela Missão Geo-Hidrográfica da Guiné – Comandante e oficiais do Mandovi, daí a razão de ser dos marcos assinalados pela Lúcia Bayan. O mesmo se passa com as cartas de Madina do Boé (1958), Béli (1959), Jabiá (1959)...

PS2 - Em 1958 Amílcar Cabarl já não estava na Guiné. Em 1953, foi contratado como engenheiro agrónomo pela Repartição Prvincial dos Serviços Agrícolas e Florestais da Guiné Portuguesa e, nessa qualidade, foi o rsponsável pelo planeamento e execução do Recenseamento Agrícola da Guiné. Teve então ocasião, em 1953, de percorrer quase toda a Guiné, incluindo a região do Boé. Em 1956/60 foi colaborador eztraordinário da Junta de Investigações do Ultramar, bem como da Direção Geral dos Serviços Agricolas (1958/60), ambas com sede em Lisboa. 


Excerto do "curriculum vitae" profissional do engº Amílcar Cabral, redigido em francês, s/d.
 

Citação:
(s.d.), "Curriculum Vitae - Amílcar Lopes Cabral", Fundação Mário Soares / Arquivo Mário Pinto de Andrade, Disponível HTTP: http://hdl.handle.net/11002/fms_dc_84145 (2020-10-26)


(***) Vd. poste de 30 de abril de  2018 > Guiné 61/74 - P18585: FAP (103): Pedaços das nossas vidas (3): Madina do Boé, "O Algarve na Guiné", por TGeneral PilAv José Nico (José Nico / Mário Santos)

(****)  Último poste da série > 1 de outubro de 2020 > Guiné 61/74 - P21406: Casos: a verdade sobre... (12): O mistério das ruínas de Ponta Varela e Mato Cão... Afinal, tratava-se de estações liminigráficas instaladas pela Brigada dos Estudos Hidráulicos da Guiné (1956-1965)

sábado, 24 de outubro de 2020

Guiné 61/74 - P21479: Memória dos lugares (414): Região de Gabu, setor de Boé, Colinas do Boé: Montanha Cabral... Alguém sabe onde fica, exatamente, essa "montanha" (fello, em fula), que faz parte das "lendas e narrativas" do PAIGC ?


Guiné > Região de Gabu > Setor de Boé > Colinas do Boé > s/d> Catarina Marcelino, com o "homem grande" de Dandum (?), na "Montanha Cabral", junto a marco de cimento que ostenta uma data gravada: 1958.  (Reproduzido, com a devida vénia, da página do Facebook de Catarina Marcelino)



Guiné-Bissau > Região de Gabu > Setor de Boé > 30 de junho de 2018 > Dandum (?) > "Montanha Cabral" : memorial > Foto reproduzida, com a devida vénia, da página do Facebook da ONGD Afectos com Letras


1. Na página do Facebook da ONGD Afectos com Letras, que tem sede em Pombal, criada em 2009 e  liderada pela Joana Benzinho, pode ler-se em poste de 19 de maio último:

(...) Apesar da pandemia, a vontade de fazer acontecer não esmorece. E os nossos projetos vão avançando na medida do possível.

Na montanha Cabral, em Boé, está praticamente terminado o bangaló que vai acolher um pouco da história da luta pela independência da Guiné-Bissau, relatada por quem a viveu. 

Assim que possível iremos ali instalar um painel informativo, forrar o telhado com palha e um painel solar que irá permitir ter som e imagem a recordar os tempos em que esta montanha marcou a história da luta de libertação. (...)
 


2. Pergunta o nosso editor LG:

Onde fica essa "Montanha Cabral" ?...Só pode ser nas "Colinas do Boé" onde, na realidade, não há "montanhas" [ que, segundo o dicionário, são montes elevados e de cumes extensos], mas tão só algumas elevações de terreno que atingem cotas entre os 100 e os 300 metros, no máximo (, em português, colinas, outeiros, cabeços...).

Parece que o ponto mais alto, nas Colinas do Boé, situa-se a 361 metros acima do nível do mar... Ainda não descobrimos onde fica exatamente... O setor do Boé terá hoje mais de 12 mil pessoas, de maioria fula,  distribuidas por mais de 8 dezenas de tabancas... Era uma zona desertificada no tempo da guerra.  

A  paisagem das Colinas de Boé, que domina o setor, é uma  extensão do maciço de Futa Jalom,  situado na Guiné-Conacri, a sudeste.  Por aqui correm os  rios Corubal, Fefine e Mael Bane. No setor situa-se o Parque Nacional do Boé, com mais de 1300 km2. É uma zona sensível, do ponto de vista ecológico, rica em fauna e flora. Ver aqui um vídeo do Daribó, o projeto de conservação, de base comunitária, do chimpanzé.

Já agora que acrescente-se que o ponto mais alto do Futa Jalom, na Guiné-Conacri,  é o Monte Loura [, Fello Loura, em fula], com mais de 1.500 m. A altitde média, no maciço do Futa Jalom, são os 900 metros..

Um dos "tags" (marcadores) usados no poste acima  é Dandum, uma tabanca fronteiriça, já visitada em 2018 pelo nosso amigo e camarada Patrício Ribeiro (*). A "Montanha de Cabral", que faz parte das "lendas e narrativas" do PAIGC, está, pois, associada a este topónimo.

Ora Dandum, atualmemte, deve ficar a sul de Madina do Boé, próximo da frinteira, a sul [vd. infografia].

Esta é uma região pouco ou nada conhecida pela maior parte de nós e que, devido aos maus acessos, também é pouco ou nada procurada pelos ex-combatentes portugueses,   "turistas de saudade"... De Madina do Boé, de Beli, de Cheche, do rio Corubal,,, também não ficaram boas recordações, bem pelo contrário... 

Daí termo-nos lembrado de reconstituir e documentar o percurso do Patrício Ribeiro, nesse início da estação das chuvas de 2018. Publicamos, em próximo poste,  alguns excertos das  crónicas dessa viagem,  com  algumas das fotos, reeditadas e renumeradas (*).


Carta da Província da Guiné (1961) > Escala 1/500 mil > Detalhe: a região do Boé
Posições relativas de Canjadude, Ché-Ché (ou Cheche), Madina do Boé, Diquel, Dandum, Lugajole e Vendu Leid


Infografia: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné (2018)

3. Na página do Facebook da conhecida ativista e deputada à Assembleia da República, Catarina Marcelino, com data de 26 de fevereiro de 2020, encontramos mais informação sobre a tal "Montanha Cabral":

(...) Nasce um projeto de reconhecimento histórico nas colinas do Boé. A Associação Afetos com Letras está a construir um pequeno espaço de memória na Montanha Cabral, junto ao marco ali colocado por Amílcar Cabral em 1958 e que mais tarde se torna o local de encontro com os seus homens e onde muita da estratégia militar era definida. 

Para lá chegarmos fomos até Gabu {, antiga Nova Lamego], depois para Tchetche onde atravessámos o rio Corubal, rio que guarda a memória da morte de muitos portugueses na retirada da Madina do Boe [, em 6 de fevereiro de 1969], e por fim fizemos uma picada dificil com muitas pedras até ao local onde nos encontrámos com o Homem Grande da Tabanca que nos falou desses tempos passados, mas também do presente e do futuro. (...)

De qualquer modo, vamos perguntar ao Patrício Ribeiro (, que está agora no "Puto", na sua "ponta", em Águeda, junto ao rio Vouga, a resguardar-se das investidas do SARS-Cov-2), se, nas últinas andanças lá pelas Colinas do Boé, em 30 de junho e 1 de julho de 2018 (*), ele deu com a tal "Montanha Cabral" (**)...
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Notas do editor:

21 de julho de 2018 > Guiné 61/74 - P18861: Bom dia, desde Bissau (Patrício Ribeiro) (7): Os meus passeios pelo Boé - Parte I: 30 de junho de 2018: a travessia do Rio Corubal, de jangada, em Ché Ché

(**) Último poste da série > 28 de setembro de  2020 > Guiné 61/74 - P21401: Memória dos lugares (413): O meu Seiko 5 (five), comprado na Casa Costa Pinheiro, parou ao fim se 50 anos... (Carlos Pinheiro, ex-1.º Cabo TRMS Op Mensagens)

sábado, 21 de julho de 2018

Guiné 61/74 - P18863: Bom dia, desde Bissau (Patrício Ribeiro) (8): Os meus passeios pelo Boé - Parte II: 1 de julho de 2018: Béli (e a Fundação Chimbo Daribó), Dandum, Madina do Boé, Canjadude...


Foto nº 5 > Guiné-Bissau > Região do Boé > 1de  julho de 2018 >  Béli > Bangalós da Fundação Chimbo Daribó


Foto nº 6 > Guiné-Bissau > Região do Boé > 1 de  julho de 2018 >   Picada para Dandum


Foto nº 7 > Guiné-Bissau > Região do Boé > 30 de junho de 2018 > Posto de fronteira de Dandum


Foto nº 8 > Guiné-Bissau > Região do Boé > 1 de julho de 2018 > A célebre Fonte da Colina de Madina, construída em 1945 (, data já pouco legível), no tempo do governador Sarmento Rodrigues (I)


Foto nº 8A > Guiné-Bissau > Região do Boé > 1 de julho de 2018 > A célebre Fonte da Colina de Madina, construída em 1945 (, data já pouco legível), no tempo do governador Sarmento Rodrigues (II)


Foto nº 9 > Guiné-Bissau > Região do Boé > 1 de julho de 2018 >  Madina do Boé: restos do antigo quartel abandonado pelas NT em 6 de fevereiro de 1969.


Foto nº 10 > Guiné-Bissau > Região do Boé > 1 de julho de 2018 >  Madina do Boé: tabanca.


Foto nº 11 > Guiné-Bissau > Região do Boé > 1 de julho de 2018 >  Madina do Boé: monumento ao herói do PAIGC, Domingos Ramos, morto em 1966.


Foto nº 12 > Guiné-Bissau > Região do Boé > 1 de julho de 2018 >  Caminhos do Boé, com colinas ao fundo.

Fotos (e legendas): © Patrício Ribeiro (2018) Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


1. Bom dia, desde Bissau (Patrício Ribeiro) (8) > Os meus passeios pelo Boé - Parte II: 1 de julho de 2018:  Béli, Madina do Boé, Dandum, Canjadude...

[ Patrício Ribeiro é um português, natural de Águeda, criado e casado em Angola, com família no Huambo, ex-fuzileiro em Angola durante a guerra colonial, a viver na Guiné-Bissau desde meados dos anos 80 do séc. passado, fundador, sócio-gerente e director técnico da firma Impar, Lda.]

(Continuação)

Ultrapassado o rio [Corubal] (`), lá seguimos por cima da estrada de pedra a caminho de Beli, mais ou menos  40 km, passando por algumas poucas tabancas, que outrora eram bem pequenas, com as casas todas cobertas a palha, mas agora são maiores e com mais casas, quase já não há casas cobertas a palha. Este caminho é muito bonito e difícil.

Ao chegar a Beli, iniciamos o nosso trabalho e procuramos alojamento nas instalações da Chimbo, que tem 9 bangalós para alugar.

São holandeses, da Fundação Chimbo Daribó. Andam a instalar máquinas fotográficas nas árvores, para fotografarem os Chimpanzés (muitos), Búfalos, alguns e alguns leões: www.chimbo.org (foto 5)

Não há Internet, mas na vila há telefone. No resto da região, não. A língua falada corrente é o Fula. Por vezes não é possível uma conversa em Crioulo e Português, língua oficial, só com professores e alguns funcionários. Os jovens entendem um pouco.

Ao outro dia [, 1 de julho de 2018} seguimos viagem para Dandum, voltamos para trás até tabanca de Cobolo e seguimos em direção a Sate; dali por um caminho a corta mato para Diquel, por onde as viaturas ainda passam. Passamos por algumas pequenas tabancas perdidas nas colinas do Bolé, mas todas têm escolas. Cruzamos alguns rios que começam rapidamente a aumentar o caudal, com a chuva que está a cair.

Lugares muito bonitos e completamente diferentes do resto da paisagem da Guiné (foto 6). Algumas destas tabancas já existiam. (Ver mapa de 1961 da Província da Guiné, e voltaram a ser implantadas na Carta Geológica da Guiné, do Dr. Paulo Alves, em 2011).

Por aqui começam a aparecer algumas hortas de caju nos vales, assim como algumas pequenas tabancas, porque os terrenos são mais férteis. O que obriga os animais selvagens existentes no Parque Natural do Boé a ter de "arranjar" outros locais … Agora são avistados para os lados de Lugajole.

Chegamos até perto de Madina do Boé, mas seguimos o caminho para Dandum, 3 km mais à frente.

Dandum, a tabanca é muito grande com muitas casas, tem posto de fronteira (foto 7):  alguns funcionários públicos, guardas de fronteira, professores;  tem um hospital, tudo e todos perdidos na distância para Bissau... O local é uma planície com terra muito fértil, com muitas árvores de fruto.

Verificamos o trabalho que tínhamos realizado no hospital há uns meses, está tudo ok!

No regresso pelos mesmos caminhos, mas paramos em Madina do Boé, para as fotos da praxe. A tabanca de Madina do Boé fica em uma planície fértil, com muitos árvores de fruto e tem alguns morros ao longe (Fotos 9,10).

Foto junto da fonte construída,  em 1945, que já tem diversas fotos no blog (foto 8).

Estivemos junto ao Memorial de Domingos Ramos, local onde foi ferido e provavelmente morto (foto 11). Está aproximadamente a uns 500 metros da fonte de 1945 e do antigo quartel, a poucos metros do caminho para Dandum, na planície.

Regresso a Beli, para assistir ao encontro de Portugal / Uruguai no club dos jovens, enquanto a trovoada deixou ver, até que o sinal da parabólica deixou passar.

Grande foi a festa, quando Portugal marcou o golo.

Depois regresso de Beli até Candjadude (foto 12) onde passamos o resto do dia a fazer trabalhos, antes da chegada da noite, a Gabú.

Abraço
Patrício Ribeiro

PS - Sobre, o Memorial ao Domingos Ramos: não, não havia nenhuma inscrição. O pessoal que me acompanhava do Parque Natural do Boé, sabia deste local, indicaram-me talvez porque passamos perto. Das outras vezes que fui a Madina não me indicaram este sitio. Do outro lado da picada, perto a 70 metros, já há algumas casas. Na texto que te enviei, descrevo o local.

A Net por estas paragem não é uma ciência exacta... é muito complicado.


Carta da Província da Guiné (1961) > Escala 1/500 mil > Detalhe: a região do Boé

Infografia: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné (2018)
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Nota do editor:

Último poste da série > 21 de julho de 2018 > Guiné 61/74 - P18861: Bom dia, desde Bissau (Patrício Ribeiro) (7): Os meus passeios pelo Boé - Parte I: 30 de junho de 2018: a travessia do Rio Corubal, de jangada, em Ché Ché