Foto nº 5 > Guiné-Bissau > Região do Boé > 1de julho de 2018 > Béli > Bangalós da Fundação Chimbo Daribó
Foto nº 6 > Guiné-Bissau > Região do Boé > 1 de julho de 2018 > Picada para Dandum
Foto nº 7 > Guiné-Bissau > Região do Boé > 30 de junho de 2018 > Posto de fronteira de Dandum
Foto nº 8 > Guiné-Bissau > Região do Boé > 1 de julho de 2018 > A célebre Fonte da Colina de Madina, construída em 1945 (, data já pouco legível), no tempo do governador Sarmento Rodrigues (I)
Foto nº 9 > Guiné-Bissau > Região do Boé > 1 de julho de 2018 > Madina do Boé: restos do antigo quartel abandonado pelas NT em 6 de fevereiro de 1969.
Foto nº 10 > Guiné-Bissau > Região do Boé > 1 de julho de 2018 > Madina do Boé: tabanca.
Foto nº 11 > Guiné-Bissau > Região do Boé > 1 de julho de 2018 > Madina do Boé: monumento ao herói do PAIGC, Domingos Ramos, morto em 1966.
Foto nº 12 > Guiné-Bissau > Região do Boé > 1 de julho de 2018 > Caminhos do Boé, com colinas ao fundo.
Fotos (e legendas): © Patrício Ribeiro (2018) Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]
1. Bom dia, desde Bissau (Patrício Ribeiro) (8) > Os meus passeios pelo Boé - Parte II: 1 de julho de 2018: Béli, Madina do Boé, Dandum, Canjadude...
[ Patrício Ribeiro é um português, natural de Águeda, criado e casado em Angola, com família no Huambo, ex-fuzileiro em Angola durante a guerra colonial, a viver na Guiné-Bissau desde meados dos anos 80 do séc. passado, fundador, sócio-gerente e director técnico da firma Impar, Lda.]
(Continuação)
Ultrapassado o rio [Corubal] (`), lá seguimos por cima da estrada de pedra a caminho de Beli, mais ou menos 40 km, passando por algumas poucas tabancas, que outrora eram bem pequenas, com as casas todas cobertas a palha, mas agora são maiores e com mais casas, quase já não há casas cobertas a palha. Este caminho é muito bonito e difícil.
Ao chegar a Beli, iniciamos o nosso trabalho e procuramos alojamento nas instalações da Chimbo, que tem 9 bangalós para alugar.
São holandeses, da Fundação Chimbo Daribó. Andam a instalar máquinas fotográficas nas árvores, para fotografarem os Chimpanzés (muitos), Búfalos, alguns e alguns leões: www.chimbo.org (foto 5)
Não há Internet, mas na vila há telefone. No resto da região, não. A língua falada corrente é o Fula. Por vezes não é possível uma conversa em Crioulo e Português, língua oficial, só com professores e alguns funcionários. Os jovens entendem um pouco.
Ao outro dia [, 1 de julho de 2018} seguimos viagem para Dandum, voltamos para trás até tabanca de Cobolo e seguimos em direção a Sate; dali por um caminho a corta mato para Diquel, por onde as viaturas ainda passam. Passamos por algumas pequenas tabancas perdidas nas colinas do Bolé, mas todas têm escolas. Cruzamos alguns rios que começam rapidamente a aumentar o caudal, com a chuva que está a cair.
Lugares muito bonitos e completamente diferentes do resto da paisagem da Guiné (foto 6). Algumas destas tabancas já existiam. (Ver mapa de 1961 da Província da Guiné, e voltaram a ser implantadas na Carta Geológica da Guiné, do Dr. Paulo Alves, em 2011).
Por aqui começam a aparecer algumas hortas de caju nos vales, assim como algumas pequenas tabancas, porque os terrenos são mais férteis. O que obriga os animais selvagens existentes no Parque Natural do Boé a ter de "arranjar" outros locais … Agora são avistados para os lados de Lugajole.
Chegamos até perto de Madina do Boé, mas seguimos o caminho para Dandum, 3 km mais à frente.
Dandum, a tabanca é muito grande com muitas casas, tem posto de fronteira (foto 7): alguns funcionários públicos, guardas de fronteira, professores; tem um hospital, tudo e todos perdidos na distância para Bissau... O local é uma planície com terra muito fértil, com muitas árvores de fruto.
Verificamos o trabalho que tínhamos realizado no hospital há uns meses, está tudo ok!
No regresso pelos mesmos caminhos, mas paramos em Madina do Boé, para as fotos da praxe. A tabanca de Madina do Boé fica em uma planície fértil, com muitos árvores de fruto e tem alguns morros ao longe (Fotos 9,10).
Foto junto da fonte construída, em 1945, que já tem diversas fotos no blog (foto 8).
Estivemos junto ao Memorial de Domingos Ramos, local onde foi ferido e provavelmente morto (foto 11). Está aproximadamente a uns 500 metros da fonte de 1945 e do antigo quartel, a poucos metros do caminho para Dandum, na planície.
Regresso a Beli, para assistir ao encontro de Portugal / Uruguai no club dos jovens, enquanto a trovoada deixou ver, até que o sinal da parabólica deixou passar.
Grande foi a festa, quando Portugal marcou o golo.
Depois regresso de Beli até Candjadude (foto 12) onde passamos o resto do dia a fazer trabalhos, antes da chegada da noite, a Gabú.
Abraço
Patrício Ribeiro
PS - Sobre, o Memorial ao Domingos Ramos: não, não havia nenhuma inscrição. O pessoal que me acompanhava do Parque Natural do Boé, sabia deste local, indicaram-me talvez porque passamos perto. Das outras vezes que fui a Madina não me indicaram este sitio. Do outro lado da picada, perto a 70 metros, já há algumas casas. Na texto que te enviei, descrevo o local.
A Net por estas paragem não é uma ciência exacta... é muito complicado.
Carta da Província da Guiné (1961) > Escala 1/500 mil > Detalhe: a região do Boé
Infografia: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné (2018)
____________Nota do editor:
Último poste da série > 21 de julho de 2018 > Guiné 61/74 - P18861: Bom dia, desde Bissau (Patrício Ribeiro) (7): Os meus passeios pelo Boé - Parte I: 30 de junho de 2018: a travessia do Rio Corubal, de jangada, em Ché Ché
2 comentários:
É extraordinário ver fotografias dos mesmos locais 50 anos depois.
Ficaram as fontes e os azulejos.
Voltaram as tabancas e ficaram as ruínas da guerra.
Muitos nós nos lembramos daqueles lugares, ou os mesmos parecidos. Nunca mais esqueceremos aquelas picadas e aquelas tabancas agora aqui fotografadas em tempos de paz, mas quase iguais às que conhecemos em tempos de guerra.
Era tudo quase assim.
Ainda bem que temos a nossa Tabanca Grande.
Fora isso teríamos que ir, nós ou os nossos descendentes, visitar os monumentos dos Combatentes da Guerra do Ultramar para lembrar esses tempos.
Diferente do que acima escrevi, lembro-me de nos anos 1981/1982 ou 1983 um meu amigo e colega de trabalho pedir dispensa/autorização para ir ver o avô, com mais de noventa anos e pela última vez, desfilar na Av. da Liberdade, em Lisboa, no dia da Batalha de La Lys, da Grande Guerra 1914-1918.
Os tempos são outros, por isso vamos mostrando aos nossos netos estas belas fotografias dos locais por onde passamos quando tínhamos vinte e poucos anos.
Valdemar Queiroz
É verdade tudo isso, ninguém duvida da beleza das fotos actuais, mas temos de enquadrar estas juntamente com as outras que existem, com 50 anos, a preto e branco, e em cenário de guerra. Isto nada se compara às fotos reais da guerra, são para ver, mas não para os nossos filhos e netos, senão eles ficam baralhados e dizem-nos de cara: então era isso a vossa guerra?
Vamos juntar as coisas e mostrar o que era e o que agora passou a ser em tempos de paz. Mas acho que, pela minha parte, com a devida vénia destas fotos e outras que têm saído no blogue, tudo a cores e com camarão à vista, estamos aqui para mostrar a guerra e não a paz. Isto assim até se confunde com as minhas fotos em Bissau, nos restaurantes e bares e com a minha motorizada! Mas essas têm 50 anos e mais.
Bom, haja um bom senso para dar a conhecer a realidade nossa, não as dos nossos ex-Inimigos, não quero nada de mal, até quero ir lá antes de morrer, mas venham aas fotos do passado, senão até nós nos esquecemos do que passamos por lá...
VT/.
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