domingo, 15 de julho de 2018

Guiné 61/74 - P18846: Blogpoesia (576): "O que se diz das omoplatas...", "As flores da minha mente" e "Os males da alma", da autoria de J. L. Mendes Gomes, ex-Alf Mil da CCAÇ 728

1. Do nosso camarada Joaquim Luís Mendes Gomes (ex-Alf Mil da CCAÇ 728, Cachil, Catió e Bissau, 1964/66) estes belíssimos poemas, da sua autoria, enviados entre outros, durante a semana, ao nosso blogue, que publicamos com prazer:


O que se diz das omoplatas...

Se diz que as omoplatas, desencantadas, na criação,
Se agarraram ao corpo como se fossem lapas.
O seu sonho era lhes crescessem asas Queriam voar.
Como não,
Só para reinar,
Decidiram servi-lo para sempre, com o que o que viesse à mão.
Muito versáteis.
Governam o corpo.
Fazem de mastros de caravela ou só de remos, se não houver vento.
Servem de escudo, no caso de ataque.
Desfecham socos, se alguém lhes bate.
Cultivam artes para serem fortes.
Cuidam do aprumo como mais ninguém.
De vaidosas,
Sem elas, não haveria adónis
Nem os bustos seriam aras.
Bailarinas, se dedicam à dança,
Com a esperança forte na sedução.
São dominadoras.
Mantêm as pernas, os seus suportes, mesmo distantes,
ao seu serviço.
Só se sentem em paz quando abraçam...

Mafra, 9 de Julho de 2018
17h42m
Jlmg

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As flores da minha mente

Semeei na minha mente
Um punhadinho de sementes,
Sem saber de que seriam.
Esperei que desabrochassem.
Minha mente ficou um jardim.
Flores de tantas cores.
Das maiores às mais pequenas.
Com elas desenhei canteiros
E teci os meus poemas.
Fiz arranjos tão harmoniosos
Como os andores da procissão.
Tão forte o seu perfume,
Vieram aves e borboletas.
Mais parecia um festival.
Quando caía a hora das trindades,
Ali vinham as andorinhas,
Faziam ninhos no meu sobrado e
O enchiam de chilreios.
Meu jardim ardia em coro
Que se ouvia no mundo inteiro.

Mafra, 11 de Julho de 2018
Jlmg

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Os males da alma

Arremesso ao vento os males da minha alma, confiante de que afoguem nas nuvens e se desfaçam na imensidão do nada.
Chovam do céu as bênçãos da trovoada que despedace a secura dos lagos e rios em combustão.
Venham do alto as riquezas desperdiçadas pelos ricos famintos e ociosos.
Se encham de abastança as mesas pobres, apenas pobres por injustiça.
Se convençam os governantes de que o poder que têm nas mãos lhes foi apenas confiado para o bem de todos.
Contentem-se os ávidos de paz e de justiça com as sementes puras da concórdia.
Se estreitem as relações dos povos na base firme do respeito mútuo.

Bar do Castelão em Mafra, 13 de Julho de 2018
8h26m
ouvindo Concerto nº 1 para piano e orquestra de Chopin por Olga Scheps
Jlmg
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Nota do editor

Último poste da série de 11 de julho de 2018 > Guiné 61/74 - P18836: Blogpoesia (575): "O Meu Jardim", poema de Fernando Tabanez Ribeiro, ex-2.º Tenente da Reserva Naval

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