Blogue coletivo, criado por Luís Graça. Objetivo: ajudar os antigos combatentes a reconstituir o "puzzle" da memória da guerra colonial/guerra do ultramar (e da Guiné, em particular). Iniciado em 2004, é a maior rede social na Net, em português, centrada na experiência pessoal de uma guerra. Como camaradas que são, tratam-se por tu, e gostam de dizer: "O Mundo é Pequeno e a nossa Tabanca... é Grande". Coeditores: C. Vinhal, E. Magalhães Ribeiro, V. Briote, J. Araújo.
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quinta-feira, 17 de julho de 2025
Guiné 61/74 - P27026: Agenda cultural (894): Comemoração do 1.º Aniversário do MASM (Museu Aristides de Sousa Mendes) e dos 140 anos do nascimento de Aristides de Sousa Mendes, a levar a efeito no próximo dia 19 de Julho de 2025, a partir das 17h30, na Casa do Passal - Cabanas de Viriato - Carregal do Sal
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Nota do editor
Último post da série de 16 de julho de 2025 > Guiné 61/74 - P27023: Agenda cultural (893): Lançamento do livro "Aristides de Sousa Mendes - Na Encruzilhada de uma Carreira", de Lina Alves Madeira, a levar a efeito no próximo dia 19 de Julho de 2025, pelas 16 horas, na Biblioteca Pública Municipal João Brandão, Rua Dr. Francisco Beirão, 3 - Tábua. O livro será apresentado pelo Doutor Luís Reis Torgal
quarta-feira, 16 de julho de 2025
Guiné 61/74 - P27023: Agenda cultural (893): Lançamento do livro "Aristides de Sousa Mendes - Na Encruzilhada de uma Carreira", de Lina Alves Madeira, a levar a efeito no próximo dia 19 de Julho de 2025, pelas 16 horas, na Biblioteca Pública Municipal João Brandão, Rua Dr. Francisco Beirão, 3 - Tábua. O livro será apresentado pelo Doutor Luís Reis Torgal
1. Mensagem de Luís Reis Torgal, Historiador e Professor Catedrático Jubilado da Universidade de Coimbra (ex-Alf Mil TRMS do CMD AGR 2952 e COMBIS, Mansoa e Bissau, 1968/69), com data de 15 de Julho de 2025:
Caros Amigos
O envio de um convite tem para mim um duplo significado: exprime um desejo que estejam presentes (no caso de poderem e quiserem) ou simplesmente quer informar sobre a saída de um livro. É nesse duplo sentido que envio este convite, que acaba de me chegar. Não é, pois, pelo facto de eu ir dizer duas palavras informais sobre a obra, mas sim pela obra em si e pela sua autora.
Como sabem, sempre entendi a História como uma Ciência e não como um Tribunal ou uma Hagiografia. Desta forma, a indiscutivelmente notável figura de Aristides de Sousa Mendes passa a ficar apresentada de uma forma mais completa. De resto, a temática do livro foi retirada de uma tese de doutoramento apresentada na Universidade de Coimbra no já longínquo ano de 2014, intitulada O mecanismo de (des)promoção do MNE. O caso paradigmático de Aristides de Sousa Mendes. Só agora vem a público de forma impressa pela editora Âncora, apresentada em Tábua (concelho natal da mãe do Cônsul de Bordéus) e em 19 de Julho, em dia do 140.º aniversário do seu nascimento, porque a autora (a quem se deve também um trabalho importante sobre Veiga Simões) manifestou sempre um cuidado extremo em apresentar o seu estudo de forma rigorosa, com base num amplo trabalho baseado em documentos que se encontram sobretudo no Arquivo do Ministério dos Negócios Estrangeiros.
Numa palavra, com defeitos e qualidades (como todas as obras), tem origem na única tese de doutoramento apresentada numa Universidade pública portuguesa.
Figueira de Lorvão, 15 de Julho de 2025
Luís Reis Torgal
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Nota do editor
Último post da série de 1 de julho de 2025 > Guiné 61/74 - P26972: Agenda cultural (892): "Filhos de tuga": documentário em três episódios, com a duração de 52 minutos cada: começa amanhã na RTP1, às 22:29
sexta-feira, 23 de maio de 2025
Guiné 61/74 - P26836: Tabanca da Diáspora Lusófona (34): João Crisóstomo reconhecido, pela "Tribuna Portuguesa / Portuguese Tribune", da Califórnia, como "Personalidade do Ano 2024"... Outras nomeações: a Sousa Mendes Foundation foi a "Associação do Ano 2024" , e a inauguração do Museu Aristides de Sousa Mendes, em Carregal do Sal, o "Evento Cultural do Ano 2024".
Recortes de imprensa > "Tribuna Portuguesa", de 15 janeiro de 2025 > Editorial, por Miguel V. Ávila, pág, 2. (Reproduzido com a devida vénia...)
1. Pelo muito que fez (e continua a fazer) pela causa da reabilitação da memória de Aristides Sousa Mendes e a consagração do "Dia da Consciência" mas também pelo aumento da visibilidade, mediática, social e cultural, da comunidade luso-americana, o nosso amigo e camarada, régulo da Tabanca da Diáspora Lusófona, a viver em Nova Iorque, foi considerado "Personalidade do Ano de 2024" pelo prestigiado jornal, bilingue, "Tribuna Portuguesa" / "Portuguese Tribune", que se publica na Califórnia, desde 1979.(Quinzenal, independente, é o único jornal que se publica hoje, em português, na costa oeste dos EUA; foi fundado em setembro de 1979 pelo açoriano João P. Brum. )
(...) "Em 2004, este jornal iniciou o reconhecimento anual dos “Melhores do Ano”. Depois dos primeiros anos serem uma simples lista com poucas categorias que ocupavam apenas uma página, a atual lista já ocupa agora cinco páginas desta edição. Como um jornal comunitário, tentamos o nosso melhor para dar a conhecer os eventos comunitários, novas caras e talentos, para assim – juntos – valorizarmos a nossa 'prata da casa' ".
No editorial da edição de 15 de janeiro de 2025, Miguel V. Ávila destaca três personalidades do ano de 2024, um dos quais o nosso João Crisóstomo (vd. recorte acima). A iniciativa tem já 2 décadas.
(...) Não posso deixar de realçar as três “Personalidades do Ano”:
Tony Goulart, o reconhecido líder comunitário, continua a deixar um legado da “experiência luso-americana” por terras da Califórnia. Logo depois de escrever e publicar um importante livro sobre as filarmónicas portuguesas e os 125 anos da sua presença na Califórnia, coordenou a publicação do livro que faltava – Nossa Senhora da Assunção da autoria de Maria Cunha Carty.
Lembro-me que nos anos 1990s, as comunidades portuguesas da Califórnia viviam sob as sombras das comunidades da Costa Leste; havia a sensação que seríamos inferiores e que a distância nos faria quase invisíveis para com o nosso país de origem.
A liderança de Tony Goulart e de outros líderes comunitários muito mudaram essa perspetiva e agora as nossas comunidades luso-californianas são reconhecidas como exemplos na Diáspora portuguesa.
Ana Vargas-Smith tem desempenhado um papel importante no desenvolvimento do auto-estima da cidade de Santa Clara. Reconheceu que uma antiga tradição de 50 anos – o Desfile dos Campeões – tinha cessado durante 24 anos e que havia uma lacuna nos habitantes daquela cidade e que a antiga baixa da cidade merecia ser revitalizada. Colocou mãos à obra, criou uma associação sem fins lucrativos e lá reiniciou essa tradição que tinha sido criada por um luso-americano – Ed Cunha – para reconhecer os combatentes da Segunda Guerra Mundial quando regressaram à sua cidade em 1945.
Ana coordena as angariações de fundos e o desfile que agora conta também com um festival de rua. E a Ana tem a certeza que a comunidade portuguesa e associações portuguesas de Santa Clara desfilam... porque não podemos ser uma comunidade invisivel na sociedade americana." (...)
2. Já na edição de 1 de agosto de 2024, fora dado grande destaque à inauguração do Museu Aristides Sousa Mendes, sendo depois considerado, na edição de 15 de janeiro de 2025, como o "acontecimento cultural do ano", enquanto a Sousa Mendes Foundation foi a "Associação do Ano 2024" .
Reproduz-se a seguir o belíssimo editorial do Miguel Ávila sobre "o museu que faltava para que a memória não falhe", a propósito da inauguração do Museu Aristides de Sousa Mendes, na sua terra natal, Cabanas de Viriatos, Carregal do Sal, no passado dia 19 de julho de 2024.
O evento foi na altura também noticiado por nós (*). E na ocasião o nosso amigo e camarada João Crisóstomo leu uma mensagem expressamente escrita pelo Papa Francisco associando-se à homenagem ao Cônsul de Bordéus, Aristides Sousa Mendes (1885-1954), que coincidia também com o seu 139º aniversário natalício.
(...) Recebi , enviada por e- mail, uma mensagem dum bom amigo e proeminente português na Califórnia, Miguel Ávila, que entre outros lugares de destaque ocupa o de editor do prestigioso jornal bilingue “Portuguese Tribune”/ “Tribuna Portuguesa” e é também membro da "Sousa Mendes US Foundation”, e vice-Presidente do “ Comité Dia da Consciência”.
E porque vocês são meus filhos (e aos outros dois se fossem meus irmãos eu não lhes poderia querer mais ou melhor, sem intuitos de ridículas presunções), partilho o que me enviou que não podia ser mais gratificante:
Primeiro um artigo que escrevi e enviei em novembro passado sobre o problema das armas nucleares. Pensei que não o tinham considerado relevante para ser incluído no jornal, mas afinal não só foi publicado como verifico que dele fizeram "artigo de opinião” (*)
E o segundo a "reportagem da inauguração do museu que deu origem às nomeações para Melhores do Ano 2024.”
4. A Tabanca Grande associa-se, com regozijo, ao reconhecimento público feito pela "Tribuna Portuguesa" ao nosso amigo e camarada, "régulo da Tabanca da Diáspora Lusófona" (**) que, depois de amanhã, dia 25, vai estar no Convento de Varatojo, Torres Vedras, a partir das 10h00, num convívio com a família, os Crispins e os Crisóstomos, bem como com os amigos e camaradas da Guiné. Convívio para o qual estamos todos convidados: é só aparecer: A missa é às 10h30, a que se seguirá um convívio no claustro do convento do séc. XV. O padre Vitor Melícias estará presente.
(*) Último poste da série > 19 de julho de 2024 > Guiné 61/74 - P25762: Efemérides (443): Hoje, no dia do 139º aniversário natalício de Aristides de Sousa Mendes (1885-1954), e na inauguração do seu Museu, em Cabanas de Viriato, Carregal do Sal, o Papa Francisco deu-nos a graça e a honra da Sua Benção (João Crisóstomo)
(**) Último poste da série : 2 de maio de 2025 > Guiné 61/74 - P26756: Tabanca da Diáspora Lusófona (33): artigo de opinião de João Crisóstomo ("O Nobel da Paz e as Armas Nucleares", Tribuna Portugueda, 10/11/2024)
quinta-feira, 9 de janeiro de 2025
Guiné 61/74 - P26366: "Dia da Consciência e o Humanismo Universalista Lusófono Em Aristides de Sousa Medes e Luís Souza Dantas” (Pe. Vitor Melícias, OFM, novo membro da Academia Internacional da Cultura Portuguesa)
1. Tomada de Posse do Padre Vítor Melícias, OFM, como Académico de Número, Academia Internacional da Cultura Portuguesa, Lisboa, 12 de dezembro de 2024.
Realizou-se no passado dia 12 de dezembro, às 17h00, na sede da AICP - Academia Internacional da Cultura Portuguesa,sita na Sociedade de Geografia de Lisboa, a tomada de posse do Padre Dr. Vítor Melícias, como Académico de Número.
“Buona sera, buona gente”. Com estas palavras saudava S. Francisco de Assis as pessoas que algures o acolhiam.
Com a mesma saudação, Boa tarde a todos vós, gente boa e amiga. Bem-vindos.
-Senhora Presidente e estimada Profª Doutora Maria Regina
-Ilustríssima Mesa
-Caros e eminentes Académicos
-Caro amigo e irmão Fr. Silvestre Ministro Provincial dos Franciscanos Portugueses e demais irmãos franciscanos aqui presentes
-Caros Presidentes nacionais dos Bombeiros, das Misericórdias, do Montepio e outros Altos dirigentes da Economia Social e do Mutualismo
-Caros Representantes da Fundação, da Comissão do Dia da Consciência e de outros organismos ligados a Aristides de Sousa Mendes
-Meus caros familiares, conterrâneos e demais amigos
-Senhor Embaixador em representação da CPLP
E, permitam-me, em menção muito especial, the last but not the least:
-Caro David Godorovitch e outros membros das comunidades judaicas portuguesa e brasileira
- Caríssimo irmão e amigo D. José Rodriguez Carballo, ilustre Académico Correspondente da nossa Academia, Arcebispo de Mérida e Badajoz, ex-Ministro Geral da Ordem Franciscana. A vossa presença honra-me muito e dignifica assás a nossa comum Academia.
A todos, também como franciscano, começo por saudar com as palavras com que S. Francisco mandou os seus frades saudarem dizendo “Il Signore vì dia Pace”, “O Senhor vos dê Paz”, aquela paz serena e confortante dos que, em bom espírito, se reúnem por boas causas.
É, de facto, em bom espírito e por boas causas que aqui estamos e que, antes de mais, desejo agradecer, bem cá do fundo do coração, a V. Excia, Senhora Presidente, e ao osso muito ilustre Conselho Académico pela subida, ainda que por mim imerecida, honra de passar a integrar o núcleo institucional dos Académicos de Número da nossa prestigiada e prestigiante Academia.
Como muitas vezes digo em idênticas circunstâncias, quanto menos mereço mais agradeço. Bem hajam.
Em primeiro lugar, seguindo o espírito e a letra dos Estatutos desta nossa Academia, desejo homenagear e enaltecer os que me precederam nesta cátedra, que tanto dignificaram.
Evocá-los neste momento de entrada para o lugar que nos deixaram é confirmá-los na galeria de eternidade dos que da lei da morte se foram libertando e na memória sem empo se vão perpetuando. Honra e glória a todos eles. Perpétua memória aos seus nomes.
Ao ponderar de entre os vários temas que melhor pudessem corresponder à identidade e originária vocação pro-cultural da nossa Academia, acabei por escolher, em contexto de comemoração do 70º aniversário das suas mortes, quase simultâneas, evocar aqui as históricas e corajosas opções de consciência de Aristides de Sousa Mendes e de Luís de Souza Dantas, dois dos símbolos maiores do humanismo identitário da cultura lusófona e, por isso, inspiradores do Dia Mundial da Consciência.
Daí, e também em sentido de homenagem, o ter intitulado e contextualizado esta minha primeira comunicação de Académico de Número como “Dia da Consciência e Humanismo Universalista Lusófono em Aristides de Sousa Mendes e Luís Souza Dantas”.
Como é de universal conhecimento, por proposta de Reino de Barém no seguimento do Congresso Internacional sobre a Paz e a Mente dos Homens, organizado pela UNESCO na Costa do Marfim em 1989, a Assembleia Geral da Nações Unidas decretou, pela Resolução 73/329 de 25 de julho de 2019, que o dia 5 de abril de cada ano fosse celebrado
como “Dia Mundial da Consciência” com o expresso objetivo de “mobilizar os esforços da comunidade nternacional para promover a paz, tolerância, inclusão, entendimento e solidariedade em ordem a construir um mundo de paz, solidariedade e harmonia”.
Após a primeira celebração em 6 de abril de 2020 na sede da ONU em Nova York, o Dia passou, logo no ano seguinte, a ser celebrado na sede da UNESCO em Paris no âmbito da semana que incluísse o dia 5 de abril e, já em 2024, nas instalações da ONU em Genève com ressonância, aliás, muito reduzida.
Ora acontece que, precisamente 20 anos antes, em Nova York um grupo de membros da comunidade portuguesa aí residente, em direta ligação com a Igreja Católica e a Comunidade Judaica e mobilizados por João Crisóstomo, nosso conterrâneo torriense há muito radicado nos Estados Unidos, intrépido promotor de Grandes Causas ligadas a Portugal, como a defesa das Gravuras do Vale do Coa, o apoio político e humanitário à independência de Timor-Leste e, com grande afinco, à reabilitação de Aristides de Sousa Mendes, tinham já lançado um movimento a nível mundial precisamente com a designação de “Dia da
Consciência”, em homenagem e promoção dos valores de humanismo universalista pelos quais o diplomata Aristides de Sousa Mendes, para salvar vidas inocentes e invocando “deveres de consciência”, desobedecera às normas então em vigor e aos seus legítimos superiores, designadamente a Oliveira Salazar, que ao tempo era simultaneamente Presidente do Conselho de Ministros e Ministro dos Negócios Estrangeiros, chegando mesmo a dizer publicamente “não
participo em chacinas, por isso desobedeço a Salazar”.
Esse movimento, que se iniciara, desde logo, com a bênção e patrocínio do Cardeal Renato Martini, Observador Permanente da Santa Sé junto da ONU, recentemente falecido, assentava na promoção de celebrações
eucarísticas em sés catedrais e outros destacados locais de culto católico ou em celebrações culturais e religiosas em sinagogas judaicas de algum modo acessíveis através, nomeadamente, da Fundação Raoul Wallenberg, da qual, aliás, João Crisóstomo era e é Vice-Presidente e da qual, por proposta sua, foram admitidos como “Honorary Members” António Guterres, Jorge Sampaio e eu mesmo.
Celebrado todos os anos a 17 de junho, data em que o cônsul Aristides de Sousa Mendes entrou a conceder, em frenesi de ato salvador, passaportes e visas “a todos os que precisem”, o Dia da Consciência de âmbito judaico-cristão foi-se expandindo gradualmente com o apoio e
direta participação de personalidades tão eminentes como o Cardeal Pietro Parolin, Secretário de Estado do Vaticano, o Cardeal Cláudio Hummes, franciscano meu colega de estudos em Roma e grande amigo do Papa Francisco, que foi aquele que no momento da eleição papal lhe disse “não te esqueças dos pobres”, ou, em Portugal, do Cardeal Manuel Clemente e do seu bispo auxiliar D. Tomás Nunes, que Deus tenha, de D. Serafim Ferreira da Silva, D. António Montes Moreira e tantos outros.
O facto é que foi de tal maneira persistente e eficaz o empenhamento de João Crisóstomo e seus amigos colaboradores na promoção deste Dia da Consciência ligado a Aristides de Sousa Mendes e, ultimamente,
também ao eminente diplomata brasileiro Luís Souza Dantas, que, com surpresa geral, o Papa Francisco na sua Audiência Geral de 17 de junho de 2020 evocou (cito) o “Dia da Consciência, inspirado no testemunho do diplomata português Aristides de Sousa Mendes que, oitenta anos
atrás, decidiu seguir a voz da consciência e salvou a vida de milhares de judeus e outros perseguidos”.
Entusiasmado com este inequívoco apoio e a sua dimensão universalista, João Crisóstomo e os seus mais diretos colaboradores, vencendo algumas compreensíveis resistências à mudança devidas ao receio de que se desvirtuasse a original ligação a Sousa Mendes e ao Holocausto e ao 17 de junho, data mais expressiva da sua corajosa ação, decidiram que (cito literalmente o que ele escreveu em carta ao Cardeal
Parolin) o Dia da Consciência “embora baseado no testemunho de Aristides de Sousa Mendes, em 17 de junho de 1940, será celebrado a partir de agora na mesma semana em que as Nações Unidas celebram o seu ‘Dia Internacional da Consciência’ para evitar qualquer ideia,
mesmo involuntária, de competição e proselitismo, como disse um ilustre diplomata português”.
Como, entretanto, se processava no Brasil a reabilitação de Luís de Souza Dantas, eminente Embaixador do Brasil em França e um dos mais prestigiados diplomatas brasileiros de todos os tempos, o qual evocando, como Sousa Mendes, motivos “de consciência e humanidade” salvara também centenas de vidas de judeus e outros fugitivos do
nazismo e dos seus campos de concentração, em muito boa hora os promotores do Dia da Consciência decidiram estendê-lo ao mundo lusófono e celebrar a 5 de abril o único e universal Dia Mundial da Consciência, mas concentrando as celebrações na específica evocação dos ideais e motivações humanistas tanto de Sousa Mendes e Souza Dantas bem como de todos os que, brasileiros, portugueses ou de qualquer outra fonte lusófona, defenderam e salvaram vidas e se guiaram pelos mesmos critérios de humanidade e consciência como Teixeira Branquinho, Sampaio Garrido, P. Joaquim Carreira
e tantos outros, cujos feitos e nomes se perderam na clandestinidade dos seus atos ou no esquecimento coletivo como, por mero exemplo, Frei Rafael dos Santos, irmão leigo franciscano natural do Vilar, Torres Vedras, o qual, como eu mesmo ouvir de sua própria boca, escondeu,
alimentou e confortou dezenas de famílias judaicas nos extensos sótãos do Colégio Internacional, hoje Universidade, “Antonianum”, na Via Merulana, em Roma, onde, aliás me formei em direito canónico e ele esteve por muitos anos ao serviço da Ordem, situação que só era
conhecida do Superior da casa e de dois outros irmãos que com ele tinham acesso clandestino aos sótãos.
De entre todos sobressaem os dois que estou hoje aqui a homenagear, ambos “Justos entre as Nações”, que, como eferiu o Papa Francisco a propósito de Sousa Mendes em mensagem enviada à inauguração do Museu Sousa Mendes, na sua Casa do Passal, em Cabanas, eram
“homens peritos em humanidade”.
Dois peritos em humanidade, dois modelos de humanismo.
Comecemos por Sousa Mendes.
Votado, por largas décadas, ao mais profundo e intencional esquecimento imposto por vontade e expressas diligências de Salazar e do seu regime, os quais, além da demissão, assim o pretendiam castigar por desobediência, Aristides de Sousa Mendes e a sua obra, recuperadas por ação das liberdades de abril, são hoje plenamente reconhecidas sobretudo em Portugal, no mundo lusófono e na comunidade judaica mundial.
Não carece, pois, nem se justificaria, que aqui evoquemos todos os passos e feitos da sua vida, pelo que referirei apenas os essenciais para enquadrar o sentido de humanismo com que, por expresso imperativo de consciência e contrariando sucessivas ordens dos seus superiores hierárquicos, ele salvou de modo heróico dezenas de milhares (fala-se mesmo em cerca de 30.000) de vidas de judeus e outros perseguidos pelo nazismo.
Nascido em 19 de julho de 1885 em Cabanas de Viriato, Carregal do Sal, no seio de uma família profundamente católica e de formação franciscana, licenciou-se em Direito na Universidade de Coimbra ao mesmo tempo que seu irmão gémeo, César, tendo depois, tal como seu irmão, entrado na carreira diplomática, onde exerceu as funções
de Cônsul em Zanzibar, Brasil, Espanha, Estados Unidos, Bélgica e, a partir de 1938, em Bordéus.
Neste último Consulado Geral, acorrendo a Bordéus multidões de refugiados das perseguições e campos de concentração nazis, Sousa Mendes, apesar de adoentado, com a ajuda dos filhos e sobrinhos e do Rabino Jacob Kruger, que teria conhecido em Antuérpia e agora
reencontrara numa rua em Bordéus, principalmente nos três dias e três noites de 18, 19 e 20 de junho de 1940, aos milhares carimbou passaportes e passou vistos, dizendo em certo momento, no meio do terror e emoção generalizada entre os requisitantes, “a partir de agora, darei vistos a toda gente; já não há nacionalidade, nem raça
nem religião”.
Alertado de que estaria a contrariar e desobedecer a expressas e repetidas orientações governamentais, respondeu “Se há que desobedecer, prefiro que seja a uma ordem dos homens do que a uma ordem de Deus”.
Apesar de lhe terem sido enviadas ordens expressas e funcionários governamentais, incluindo o poderoso Embaixador Teotónio Pereira, para o dissuadir e conter, o corajoso Cônsul, movido por intenso ardor humanitário continuou a passar vistos e carimbar passaportes. E mais:
tendo-lhe chegado a informação de que Espanha ia recusar a entrada e passagem destes refugiados, com a sua própria viatura conduziu uma coluna de veículos de refugiados até à fronteira franco-espanhola, conseguindo fazê-los passar.
Perante isto e sob as pressões mais variadas, foi compulsivamente exonerado e mandado regressar ao país. Aí começou um calvário de castigos e marginalizações que o reduziram à mais profunda pobreza. Tendo morrido sua mulher Angelina, os filhos para sobreviver foram forçados, porventura com auxílio de alguns familiares ou amigos de
seu pai, a emigrar para os Estados Unidos e Canadá, de modo que, após um largo processo persecutório e punitivo, veio a morrer só e abandonado, como na altura escreveu sua sobrinha, único familiar que o acompanhou na morte:
“Lisboa, 3 de Abril de 1954. Estou no Hospital da Ordem Terceira, na Rua Serpa Pinto. O meu tio, Aristides de Sousa Mendes, acaba de falecer, trombose cerebral agravada por pneumonia. A sua esposa, a minha tia Angelina, morreu em 1948 com uma hemorragia cerebral e
ficou vários meses em coma, coitada.
"Todos os seus filhos, meus primos, vivem hoje nos Estados Unidos e Canadá, conseguiram escapar a tempo do purgatório… Sou a única familiar presente. O meu tio era um homem bom sempre a pensar nos outros. É por isso que morreu pobre e desonrado”.
Foi sepultado com hábito franciscano, provavelmente escapulário e cordão da Ordem Terceira de S. Francisco, da qual era membro, tal como seu irmão gémeo César, que foi Ministro desta Ordem Terceira então ainda existente em Cabanas.
Este verdadeiro herói, português, cristão e franciscano, “Justo entre as Nações”, que em determinado momento dissera “Como pode a minha consciência estar tranquila quando penso que tantas pessoas estão a sofrer e a morrer?”, em peças dos processos disciplinares, com que Salazar e o regime o perseguiram, sempre se defendeu com o
argumento de que agira por “dever de consciência de cristão e bom português”.
E, claro, acrescento eu, também de bom irmão terceiro franciscano, que ele era, cuja Regra, ao seu Capítulo II, nº 5, determina que os Irmãos
Assim, por exemplo, no processo disciplinar, arquivado no Arquivo Histórico -Diplomático do MNE, Sousa Mendes disse: “a minha atitude inspirada única e exclusivamente nos sentimentos de altruísmo e de generosidade de que os portugueses, através dos seus oito séculos de história, soubemos tantas vezes dar provas eloquentes e que tanto
ilustram os nossos feitos históricos”.
Isto é o “Humanismo Universalista dos Portugueses” que Jaime Cortesão escolheu como título da sua bem conhecida obra.
Em razão desse seu comportamento humanitário bem merece ser -e de facto já é- reconhecido como símbolo e modelo de humanismo, dever máximo da consciência universal, que o Dia Mundial, a partir de agora, celebra a 5 de abril.

poderes políticos no seu jogo de interesses e artes da diplomacia.
No seguimento da aprofundada investigação de Fábio Koifman, nosso académico correspondente já eleito ainda não empossado, autor do grosso volume “Quixote nas Trevas – O embaixador Dantas e os refugiados do nazismo” e de “Two Diplomats and People in Need” (Sousa Dantas e Raoul Wallenberg) bem como do direto envolvimento (após contato pessoal de João Crisóstomo em Nova York) do então Presidente Fernando Henriques Cardoso, Sousa Dantas, em 10 de dezembro de 2003 foi, tal como Sousa Mendes, reabilitado no Brasil e consagrado pelo Yashem “Justo entre as Nações” com lugar próprio no
Jardim do Holocausto em Jerusalém e passou a integrar a galeria dos “Heróis da Consciência” no mundo da lusofonia.
A própria Comissão que, a partir dos Estados Unidos, promovia o Dia lusófono da Consciência (17 de junho) passou, a partir de 2004, a associá-lo a Aristides de Sousa Mendes nas respetivas celebrações com a constatação da impressionante coincidência de circunstâncias, que João Crisóstomo, emérito aristidesista e, de certo modo pai, do Dia lusófono da Consciência, descreve assim, a páginas 25 do seu “O Papel das Comunidades Luso-Americanas no Reconhecimento de Aristides de Sousa Mendes”:
“É impressionante o quanto estes dois humanistas têm em comum: Os dois têm como língua materna a língua portuguesa. Ambos seguiram a vida diplomática e ambos se encontraram em França, quase vizinhos, no desencadear da WWII.
indivíduos perseguidos pelo terror nazi. E ambos, aparentemente mesmo sem se conhecerem, vão declarar mais tarde durante os processos disciplinares de que vão ser vítimas, ter sido o dever de “seguir a sua consciência de cristãos”, a razão do seu proceder.
De Sousa Dantas e da sua vida e obra ímpar em favor da liberdade de consciência e do mais profundo humanismo universalista certamente nos falará Fábio Koifman na sua comunicação de posse nesta sua e nossa Academia, pelo que aqui e agora me limito a transcrever duas das múltiplas frases lapidares com que, em processos disciplinares por
causa delas, Dantas justificou as suas corajosas opções.
Assim, em telegramas oficiais ao seu Ministro Aranha, referindo-se ao “internamento em campos de concentração comparáveis ao inferno de Dante”, Souza Dantas evoca a “generosidade da alma brasileira” como justificação para “continuar a passar visas livres de encargos para sair de França” (onde eram horrivelmente perseguidos), e ainda:
“Eu fiz o que faria o mais frio de coração, com a nobreza de alma dos Brasileiros, movido pelos mais elementares sentimentos de piedade Cristã”.
Esta “alma dos brasileiros” é, na verdade, aquela “alma”, “alma portuguesa repartida pelo mundo” de que nos falava amões e que, muito para além dos interesses políticos e económicos, é hoje partilhada na troca de princípios e valores comuns entre os vários intervenientes do grande e permanente “encontro de povos, culturas e crenças diferentes”, a que, em razão do muito que têm de comum,
chamamos lusofonia.
Como escreveu o nosso já clássico Eduardo Lourenço no seu precioso texto “Repensar a Lusofonia” incluído no vol. IV das suas Obras Completas, embora “talvez a muitos apareça inviável,”, “este sonho universalista”, “esse continente imaterial que é a lusofonia” (Nau de Ícaro, 174) é possível, mas “só o aprenderemos a fundo no convívio,
no contato e, quanto possível, na comunhão daqueles (povos e gentes) que quisemos ensinar e que, por sua vez, nos ensinaram e nos recriaram. É uma empresa futurante esta, endereçada à redefinição de nós mesmos no horizonte do mundo lusófono, que nos compreende e nos ultrapassa, e não na revisitação nostálgica de um passado de muitas cicatrizes”. Empresa, diz ele, que “apetecia tutelar pela mais lusófona das vozes, a voz imensa, acusadora e ecuménica de António Vieira”.
Eis porque escolhi por tema desta minha intervenção de caráter institucional a convicção pessoal de que o lusófono humanismo universalista, gerado na fé e marcado de franciscanismo, do qual Aristides e Dantas são testemunho repleto de atualidade.
Sim. Homens como estes precisam-se. Hoje talvez mais que nunca. Os valores, princípios e causas, que regeram as suas corajosas opções não podem perder-se.
A cultura do humanismo, da solidariedade sem barreiras nem fronteiras e a fidelidade à consciência têm de se recuperar, corrigindo a desvairada globalização dominante de interesses e individualismos opostos aos valores da consciência e do universalismo humanista.
Por isso, me congratulo com a feliz decisão de, a partir do próximo ano, passarmos a celebrar o nosso Dia da Consciência na mesma data, objetivos e contexto do Dia Mundial proclamado pelas Nações Unidas, assim evitando duplicações e separatismos, mas permitindo-nos “lusofonizar” (desculpem o atrevimento do neologismo) a celebração do único e universal “Dia da Consciência” com acento tónico nos valores ancestrais identitários da nossa cultura humanista e na evocação dos nossos “heróis da consciência”.
De facto, a própria Resolução 73/329 da Assembleia Geral das Nações Unidas, que o criou, estabelece que a celebração e objetivos do Dia se realizem, (cito) “de acordo com a cultura e com outras circunstâncias ou costumes adequados às suas comunidades locais, nacionais e regionais, sobretudo por meio de uma educação de qualidade e de atividades de sensibilização do público”.
É essa intenção que cada vez mais justifica que Portugal, o Brasil e demais Países-Irmãos da CPLP, evocando esses heróis e revitalizando a sua comum cultura identitária de humanismo universalista, façam que aquela partilhada cultura, que da camoniana “saudade para além dos mares” fez “sodade, sodade dess ‘nha terra San Niclau” seja agora por eles partilhada como vigoroso instrumento de Paz.
Do mesmo modo, sendo a nossa Academia, “instituição de índole cultural”, cuja finalidade fundacional e estatutária é (cito) salvaguardar e promover “as tradições e padrões culturais portugueses no estrangeiro e a identificação e estudo das comunidades filiadas na cultura portuguesa radicadas fora de Portugal” é natural e altamente desejável que assuma o “Dia lusófono da Consciência” como lógico e
envolvente instrumento de portugalidade em lusofonia e, portanto, do humanismo universalista como padrão identitário da cultura lusófona.
Por isso, e a terminar, permitam-me, Senhora Presidente e caros Confrades Académicos, a ousadia de sugerir (que não me sinto com autoridade para propor) que o próximo dia 3 de abril de 2025 seja aqui celebrado como “Dia da Consciência” com convite para vir tomar posse e apresentar a sua inerente comunicação o nosso Académico Correspondente brasileiro Fávio Koifman.
É mera sugestão, claro. Mas oxalá seja compreendida e aceite. OBRIGADO.
Bem hajam todos pela vossa presença e paciência.
Viva o Brasil de Souza Dantas.
Viva Portugal de Sousa Mendes.
Vivam a Lusofonia e a nossa Academia.
P. Vítor Melícias,
OFM
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Nota do editor:
(*) Vd. poste de 4 de abril de 2024 > Guiné 61/74 - P25338: Tabanca da Diáspora Lusófona (23): Nova Iorque, Igreja Eslovena de São Ciro, domingo, 7 de abril: recordando e cebrando os 70 anos da morte de dois grandes diplomatas e humanistas do tempo da II Grande Guerra, o português Sousa Mendes, e o brasileiro Sousa Dantas (João Crisóstomo)
segunda-feira, 23 de setembro de 2024
Guiné 61/74 - P25971: In Memoriam (510): António Rodrigues (1940-2024): (i) um mordomo da elite portuguesa dos mordomos da elite de Nova Iorque, que era natural da Batalha; (ii) um grande ativista de causas sociais (cofundador do LAMETA); e sobretudo (iii) "o meu irmão mais velho que eu nunca tive"! (João Crisóstomo, Nova Iorque)
1. Mensagem de João Crisóstomo:
Data - 23 set 2024 01:16
Caro Luís Graca,
Desculpa o atraso. Tem sido um dia difícil.
Para o nosso querido amigo António Rodrigues, nascido na Batalha em 4 de setembro de 1940, acabaram-se as suas muitas batalhas (*):
- primeiro, a de Foz Coa ;
- depois a de Timor Leste (que tem para com ele um grande débito de gratidão, pois nunca foi reconhecido);
- e a de Aristides de Sousa Mendes, cuja casa recebeu, especialmente dele, a primeira reparação em 2004. (**)
Foi durante sua vida como um lutador e herói. Paz à sua alma.
Ele faleceu esta manhã (22 de Setembro) depois de longa doença resultado duma queda. Estava num estabelecimento para "long-staying treatment“ na Barreira, nos arredores de Leiria. Alguns dos seus amigos entre os quais minha esposa Vilma e eu nos contamos, fomos vê-lo, mais do que uma vez, quando em férias em Portugal.
O António nasceu e cresceu na Batalha, numa famíla numerosa de 13 irmãos. Aos 13 nos foi para Lisboa, procurando vida melhor : logo arranjou trabalho ca casa do Dr. António Judice B. Silva, presidente do Banco Lisboa e Açores. De noite estudava e fez a 4ª classe e o 2º ano do liceu.
Numa ocasião encontrou três indivíduos, cheios de sede bebendo água na fonte pública; para logo se aperceber que esses três indivíduos andavam à procura dum seu irmão. Que quando chegassem a Paris, assim lhes haviam recomendado que procurassem esse seu irmão … Esse encontro marcou-o.
Mas Washington e Nova Iorque eram o seu sonho. Veio e depois de uns tempos em Washington veio para Nova Iorque e começou a trabalhar para Morris Bergreen, de quem me lembro bem. Era frequente suceder os mordomos precisarem de auxílio para ocasiões especiais nas casas onde trabalhavam e de repente a minha ajuda começou a ser pedida também. A minha experiência de mordomo para a Senhora Onassis (Jaqueline Kennedy Onassis) era apreciada e foi assim que comecei a conhecer os mordomos portugueses de Nova Iorque.
Logo me apercebi que os mordomos portugueses eram a elite dos mordomos e os mordomos da elite de Nova Iorque. Facto que me me veio a ser de ajuda preciosa nas causas e envolvimentos em que me meti , pois muitas vezes era através deles que eu conseguia chegar às pessoas que pela sua influência podiam "fazer a diferença". O que sucedeu muitas vezes como sabe. Mas tudo começou pelo António Rodrigues.
Até ao ano 2000 ele trabalhou como mordomo para o banqueiro Edmond Safra, que o estimava muito. A sua morte repentina e trágica , vítima dum incêndio no Mónaco, causado por um mordomo, abalou-o profundamente e ele resolveu deixar tudo e voltar para Portugal. E não quis voltar mais.
Quando eu ia a Portugal o António acompanhava-me muitas vezes aos meus “encontros", fossem eles familiares ou encontros de camaradas da Guiné e portanto é natural que alguns camaradas nossos ainda se lembrem dele. Por isso se quiseres fazer uma menção dele no nosso blogue, não será de todo impertinente.
Junto algumas fotos que te poderão ser úteis, se quiseres aproveitar alguma. Eu sei que as minhas fotos são de pouca qualidade. Talvez encontres muito melhores de outras fontes que até já terão aparecido no blogue.
Se escreveres algo, podes então dar a conhecer que hoje mesmo providenciei uma "missa de sétimo dia”, para o próximo domingo, como segue:
Info: sobre a "missa de 7º dia”:
Próximo domingo, dia 29 Setembro às 10.30 AM
Endereço:
na Igreja de S. Cyril, 62 St. Marks' Place em Nova Iorque.
É uma pena que muitos dos seus colegas destas lutas já tenham partido. Agora somos todos “voluntários" na linha da frente, com boa ou má vontade…
Para os que ainda cá estamos, convidamos quem puder a participar nesta missa. Depois da missa podemo-nos reunir no salão para um café , um pequeno refresco ou talvez mesmo só um abraço de mutuo apoio. Por mim preciso bem dele.
Crescido no meio de uma família numerosa, em que eu fui o único rapaz , ele foi para mim aqui nos Estados unidos "o meu irmão mais velho" que eu nunca tive. Sei bem que tenho muitos “irmãos" em Portugal como felizmente tenho ainda aqui. Mas... custa tanto tanto perder um amigo!
Um grande abraço,
João
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Foto nº 6: Capa da brochura Lameta : na foto, eu e ele muma manifestação contra a ocupação de Timor pela Indonésia.
- a Alice Carneiro;
- o João Crisóstomo:
- uma amiga do João (que vive em Leiria);
- o António Rodrigues (que vive na Batalha, e é também ativista de causas sociais, foi ele com o João quem salvou da ruina completa a Casa do Passal, em 2004 (**); emigrou para os EUA em 1967, depois de ter feito o serviço militar na Base de Monte Real, como voluntário na FAP);
- a Mariana Abrantes de Sousa (outra grande ativista da causa de Aristides de Sousa Mendes, igualmente da diáspora lusitana nos EUA):
- e a esposa do António Rodrigues
Notas do editor:
(*) Último poste da série > 10 de setembro de 2024 > Guiné 61/74 - P25929: In Memoriam (509): Rui Baptista (1949-2023), ex-Fur Mil Inf da CCAÇ 3489 / BCAÇ 3872 (Cancolim, 1971/74)
terça-feira, 23 de julho de 2024
Guiné 61/74 - P25771: Aristides de Sousa Mendes - Um dos nossos grandes que eu admiro (Carlos Silva, ex-fur mil inf, CCAÇ 2548/BCAÇ 2879, Jumbembem, 1969/71) - II (e última) Parte: Visita ao museu da História do Holoscausto / Yad VaShem, Israel, Jerusalém, 2017
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Nota do editort:
Último poste da série > 21 de julho de 2024 > Guiné 61/74 - P25768: Aristides de Sousa Mendes - Um dos nossos grandes que eu admiro (Carlos Silva, ex-fur mil inf, CCAÇ 2548/BCAÇ 2879, Jumbembem, 1969/71) - Parte I: Casa do Passal (Cabanas de Viriato), Museu do Holocausto (Jerusalém) e capas de livros
domingo, 21 de julho de 2024
Guiné 61/74 - P25768: Aristides de Sousa Mendes - Um dos nossos grandes que eu admiro (Carlos Silva, ex-fur mil inf, CCAÇ 2548/BCAÇ 2879, Jumbembem, 1969/71) - Parte I: Casa do Passal (Cabanas de Viriato), Museu do Holocausto (Jerusalém) e capas de livros
Foto nº 1 > Carregal do Sal, Cabanas de Viriato, Casa do Passal, em restauro (c. 2018)
Fotos (e legendas): © Carlos Silva (2024. Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]
Carlos Silva, Jerusalém, 2017 |
1. Mensagem do Carlos Silva, ex-Fur Mil Inf da CCAÇ 2548/BCAÇ 2879 (Jumbembem, 1969/71), advogado, natural de Gondomar, régulo da Tabanca dos Melros, com 145 referências no nosso blogue, para o qual entrou em 20/7/2007.
Data - sábado, 20/07/2024, 20:06
Meu Caro Luís
A propósito do Post 2755 e 25762 sobre o Cônsul Aristides Sousa Mendes e relativamente à inauguração como Museu da Casa do Passal situada em Cabanas de Viriato, onde pelo carnaval se faz a tradicional “Dança dos Cus”, concelho de Carregal do Sal, já lá estive 3 vezes, porque tenho dois amigos/camaradas que são daquela localidade, sendo um da minha CCaç 2548.
Fui levado em 2015 pelo camarada mais velho da CCav 1905 ( Companhia dos Bigodes ) que foi sediada em Teixeira Pinto e Bissorã, o qual me levou a visitar a povoação e o cemitério local para ver o jazigo onde jaz Aristides Sousa Mendes.
O dito camarada, Carlos Rodrigues, falou-me desta figura ímpar da nossa História que eu não conhecia, tendo eu ficado maravilhado com o que ele me ia contando sobre o seu conterrâneo, pois, embora pequeno ainda chegou a conhecê-lo e toda a azáfama que havia em torno daquele palacete.
Deste modo, envio-te umas fotos de 2015 e 2018 da Casa do Passal e do cemitério.
A partir daí fiquei muito interessado em conhecer verdadeiramente a História do nosso cônsul em Bordéus e os seus feitos, pelo que fui adquirindo alguns livros sobre a sua personalidade e dos quais junto fotos das capas dos mesmos, assim como do livro que adquiri no Palácio da Independência em Lisboa na altura da sua apresentação em novembro de 2017 e da autoria do seu neto António Moncada Sousa Mendes, que tem a sua dedicatória.
Em setembro de 2017 estive em Israel e claro fomos a Jerusalém onde tive a oportunidade de visitar o Museu do Holocausto/ Yad Va Shem e aí a Senhora que nos atendeu perguntou-nos de que nacionalidade éramos, tendo eu respondido que éramos portugueses e face a esta resposta foi de uma simpatia inexcedível, de mediato informou-me que figurava no Museu um “Justo” português de seu nome Aristides Sousa Mendes, pelo que fez várias cópias sobre o seu historial e ofereceu-me, bem como, explicou-nos onde se encontrava exposto, só que não se podia tirar fotos, mas como sempre o fruto proibido … eu consegui fazer duas fotos que junto e outras.
Podes, se assim entenderes fazer a respectiva publicação
Abraço
Carlos Silva
20-07-2024