Mostrar mensagens com a etiqueta Aristides Sousa Mendes. Mostrar todas as mensagens
Mostrar mensagens com a etiqueta Aristides Sousa Mendes. Mostrar todas as mensagens

segunda-feira, 23 de setembro de 2024

Guiné 61/74 - P25971: In Memoriam (510): António Rodrigues (1940-2024): (i) um mordomo da elite portuguesa dos mordomos da elite de Nova Iorque, que era natural da Batalha; (ii) um grande ativista de causas sociais (cofundador do LAMETA); e sobretudo (iii) "o meu irmão mais velho que eu nunca tive"! (João Crisóstomo, Nova Iorque)


Foto nº 1


Foto nº 2


Foto nº 3  


Foto nº 4


Foto nº 5 


Foto nº 6


Fotos (e legendas): ©  João Crisóstomo (2024). Todos os direitos reservados [Edição e legendagem complementar; Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


1. Mensagem de João Crisóstomo: 


Data - 23 set 2024 01:16 

Caro Luís Graca,

Desculpa o atraso. Tem sido um dia difícil.

Para o nosso querido amigo António Rodrigues, nascido na Batalha em 4 de setembro de 1940, acabaram-se as suas muitas batalhas (*): 

  • primeiro,  a de Foz Coa ; 
  • depois a de Timor Leste (que tem para com ele um grande débito de gratidão, pois nunca foi reconhecido);
  •  e a de Aristides de Sousa Mendes, cuja casa recebeu, especialmente dele, a primeira reparação em 2004. (**)

Embora fosse uma reparação temporária, que consistiu em tapar um enorme buraco no telhado, (um trabalho que três “contractors" acharam era impossível de execução ) e que ele conseguiu fazer quase sozinho. 

Foi reparação uma provisória (ao fim de sete anos o telhado começou a ruir outra vez) mas que foi o suficiente para evitar que a casa inteira ruísse completamente antes da reparação que viria a ter lugar nestes últimos anos e que foi agora inaugurada no dia 19 de Julho, como sabem bem.

Foi durante sua vida como um lutador e herói. Paz à sua alma.

Ele faleceu esta manhã (22 de Setembro) depois de longa doença resultado duma queda. Estava num estabelecimento para "long-staying treatment“ na Barreira, nos arredores de Leiria. Alguns dos seus amigos entre os quais minha esposa Vilma e eu nos contamos, fomos vê-lo, mais do que uma vez, quando em férias em Portugal.

O António nasceu e cresceu na Batalha, numa famíla numerosa de 13 irmãos. Aos 13 nos foi para Lisboa, procurando vida melhor : logo arranjou trabalho ca casa do Dr. António Judice B. Silva, presidente do Banco Lisboa e Açores. De noite estudava e fez a 4ª classe e o 2º  ano do liceu. 

E logo começou a sua vida de motorista e mordomo trabalhando para gente abastada , começando pela famíia Patino.

Cumprido o tempo militar em Braga, RI 8 e depois na base aérea nº 5 em Monte Real, voltou para a família Patino, mas logo percebeu que tinha de sair de Portugal se queria "vencer na vida”.

Primeiro foi para Paris onde se encontravam já alguns dos seus irmãos, e aí viveu algum tempo antes de resolver vir para os Estados Unidos. Mas não esqueço as experiências que ele me contou, de quando vivia em Paris que, na minha opinião, o moldaram para o resto da vida e que de alguma maneira explicam a sua sempre presente vontade de ajudar a toda a gente que ele encontrava precisando de auxílio.

À noite, contava-me ele, passava muitas vezes na zona onde se encontrava o consulado português. E tentava ajudar indivíduos que tinham passado as fronteiras a pé, enganados por passadores que tinham ficado com os seus dinheiros ... e por ali se encontravam, procurando trabalho ou alguém que os ajudassem.

Numa ocasião encontrou três indivíduos, cheios de sede bebendo água na fonte pública; para logo se aperceber que esses três indivíduos andavam à procura dum seu irmão. Que quando chegassem a Paris, assim lhes haviam recomendado que procurassem esse seu irmão … Esse encontro marcou-o.

Mas Washington e Nova Iorque eram o seu sonho. Veio e depois de uns tempos em Washington veio para Nova Iorque e começou a trabalhar para Morris Bergreen, de quem me lembro bem. Era frequente suceder os mordomos precisarem de auxílio para ocasiões especiais nas casas onde trabalhavam e de repente a minha ajuda começou a ser pedida também. A minha experiência de mordomo para a Senhora Onassis (Jaqueline Kennedy Onassis) era apreciada e foi assim que comecei a conhecer os mordomos portugueses de Nova Iorque.

Logo me apercebi que os mordomos portugueses eram a elite dos mordomos e os mordomos da elite de Nova Iorque. Facto que me me veio a ser de ajuda preciosa nas causas e envolvimentos em que me meti , pois muitas vezes era através deles que eu conseguia chegar às pessoas que pela sua influência podiam "fazer a diferença". O que sucedeu muitas vezes como sabe. Mas tudo começou pelo António Rodrigues.

Até ao ano 2000 ele trabalhou como mordomo para o banqueiro Edmond Safra, que o estimava muito. A sua morte repentina e trágica , vítima dum incêndio no Mónaco, causado por um mordomo, abalou-o profundamente e ele resolveu deixar tudo e voltar para Portugal. E não quis voltar mais.

Quando eu ia a Portugal o António acompanhava-me muitas vezes aos meus “encontros", fossem eles familiares ou encontros de camaradas da Guiné e portanto é natural que alguns camaradas nossos ainda se lembrem dele. Por isso se quiseres fazer uma menção dele no nosso blogue, não será de todo impertinente.

Junto algumas fotos que te poderão ser úteis, se quiseres aproveitar alguma. Eu sei que as minhas fotos são de pouca qualidade. Talvez encontres muito melhores de outras fontes que até já terão aparecido no blogue.

Se escreveres algo, podes então dar a conhecer que hoje mesmo providenciei uma "missa de sétimo dia”, para o próximo domingo, como segue:

Info: sobre a "missa de 7º dia”:

Próximo domingo, dia 29 Setembro às 10.30 AM

Endereço:

na Igreja de S. Cyril, 62 St. Marks' Place em Nova Iorque.



É uma pena que muitos dos seus colegas destas lutas já tenham partido. Agora somos todos “voluntários" na linha da frente, com boa ou má vontade…

Para os que ainda cá estamos, convidamos quem puder a participar nesta missa. Depois da missa podemo-nos reunir no salão para um café , um pequeno refresco ou talvez mesmo só um abraço de mutuo apoio. Por mim preciso bem dele.

Crescido no meio de uma família numerosa, em que eu fui o único rapaz , ele foi para mim aqui nos Estados unidos "o meu irmão mais velho" que eu nunca tive. Sei bem que tenho muitos “irmãos" em Portugal como felizmente tenho ainda aqui. Mas... custa tanto tanto perder um amigo!


Um grande abraço,

João
===============

Legendas: 

As 1ª e 2ª fotos não precisam legenda: elas falam por si. 

 A 3ª foto foi tirada no 10º aniversario da paragem da barragem: no meio o então dono dos vinhos “Ervamoira” cuja quinta ia ficar completamente submergida pelas águas da planeada barragem. 

A 4ª: na Casa do Passal em Setembro de 2004: início de remoção do lixo, ainda antes de começarmos a pensar sequer em reparar o telhado.

Foto nº 5: para o nosso casamento (meu e da Vilma)  ele veio a Nova Iorque.

Foto nº 6: Capa da brochura Lameta : na foto, eu e ele muma manifestação contra a ocupação de Timor pela Indonésia. 



S/l> S/d (c. 1996-2006) > O então presidente da República Jorge Sampaio, tendo à sua esquerda o João Crisóstomo e à sua direita o António Rodrigues. Foto do arquivo de João Crisóstomo (2015) 


Lisboa > Centro Cultural Franciscano > Largo da Luz, nº 11, Carnide >  Dia da Consciência, 17 de junho de 2015, celebrado em Lisboa: sessão de homenagem a Artistides de Sousa Mendes, por ocasião dos 75 anos da sua decisão histórica  (1940-2015)

Na foto, da esquerda para a direita:

  • a Alice Carneiro;
  • o João Crisóstomo:
  • uma amiga do João (que vive em Leiria);
  • o António Rodrigues (que vive na Batalha, e é também ativista de causas sociais, foi ele com o João quem salvou da ruina completa a Casa do Passal, em 2004 (**); emigrou para os EUA em 1967, depois de ter feito o serviço militar na Base de Monte Real, como voluntário na FAP);
  • a Mariana Abrantes de Sousa (outra grande ativista da causa de Aristides de Sousa Mendes, igualmente da diáspora lusitana nos EUA):
  •  e a esposa do António Rodrigues

Foto (e legenda): © Luís Graça (2015). Todos os direitos reservados.[Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


_______________

Notas do editor:

(*) Último poste da série > 10 de setembro de 2024 > Guiné 61/74 - P25929: In Memoriam (509): Rui Baptista (1949-2023), ex-Fur Mil Inf da CCAÇ 3489 / BCAÇ 3872 (Cancolim, 1971/74)

terça-feira, 23 de julho de 2024

Guiné 61/74 - P25771: Aristides de Sousa Mendes - Um dos nossos grandes que eu admiro (Carlos Silva, ex-fur mil inf, CCAÇ 2548/BCAÇ 2879, Jumbembem, 1969/71) - II (e última) Parte: Visita ao museu da História do Holoscausto / Yad VaShem, Israel, Jerusalém, 2017

Foto nº 1


Foto nº 2


Foto nº 3


Foto nº 4

~
Foto nº 5


Foto nº 6


Foto nº 7


Foto nº 8


Foto nº 9


1. Continuação da publicação de fotos relativas ao Aristides de Sousa Mendes (Cabanas de Viriato, Carregal do Sal, 1885 - Lisboa, 1954), o cônsul de Bordéus, que, para ser fiel a Deus e à sua consciência, teve de desobedecer aos homens (neste caso, a Salazar).

São fotos do álbum d0o  Carlos Silva, ex-fur mil arm pes inf, CCAÇ 2548/BCAÇ 2879 (Jumbembem, 1969/71), advogado, natural de Gondomar, régulo da Tabanca dos Melros, com 145 referências no nosso blogue, para o qual entrou em 20/7/2007.(*)

Nesta segunda parte mostram-se imagens da sua visita (em companhia da esposa e de uma irmã, fotos nº 4 e 5), ao Museu de História do Holocausto, em Jerusalém, em 2017. (Em hebraico, Yad VaShem, criado em 1953, foto nº 6).

A foto nº 7, no interior do museu é o "hall dos nomes das vítimas do Holocausto, de origem judia" (há mais de um milhão ainda por identificar).  

Na foto nº 8, a legenda diz (em inglês e hebraico): "Um envelope postal e um selo, emitidos em memória de Sousa Mendes, em Portugal, 1995. Na parte inferior do selo pode ler-se: 'Lisboa, a porta para a liberdade- com a sua assinatura salvou milhares de vidas' ".

Na foto nº 9, pode ler-se: "Aristitides de Sousa Mendes, Portugal: por sua iniciativa própria, emitiu vistos de entrada em Portugal a milhares de refugiados judeus em França". 

A entrada no museu é gratuita, mas sujeita a inscrição prévia "on line". Três portugueses figuram aqui com o titulo de "justos entre as nações": além de Aristides de Sousa Mendes (nº 264,  entrado em 1996), Carlos Sampaio Garrido (nº 11758 /2010) e Joaquim Carreira (nº 12893 /2014).

Fotos (e legendas): © Carlos Silva (2024). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]

______________

Nota do editort:

Último poste da série > 21 de julho de  2024 > Guiné 61/74 - P25768: Aristides de Sousa Mendes - Um dos nossos grandes que eu admiro (Carlos Silva, ex-fur mil inf, CCAÇ 2548/BCAÇ 2879, Jumbembem, 1969/71) - Parte I: Casa do Passal (Cabanas de Viriato), Museu do Holocausto (Jerusalém) e capas de livros

domingo, 21 de julho de 2024

Guiné 61/74 - P25768: Aristides de Sousa Mendes - Um dos nossos grandes que eu admiro (Carlos Silva, ex-fur mil inf, CCAÇ 2548/BCAÇ 2879, Jumbembem, 1969/71) - Parte I: Casa do Passal (Cabanas de Viriato), Museu do Holocausto (Jerusalém) e capas de livros


Foto nº 1 > Carregal do Sal, Cabanas de Viriato, Casa do Passal, em restauro (c. 2018)


Foto nº 2 >  Foto nº 2 > Carregal do Sal, Cabanas de Viriato, Casa do Passal, em restauro (c. 2018) > Cartaz, afixado na parede exterior, mostrando a casa em ruínas


Foto nº 3>  Israel > Jerusalém > 2017 > Museu do Holocausto / Yad Va Shem 

  
Foto nº 4 >  Lisboa > Salão Nobre do Palácio da Independência, Largo de S. Domingos, 11 > 31 de outubro de 2017, às 18h30 > Sessão de lançamento do livro "Aristides de Sousa Mendes: memórias de um neto" (da autoria de António Moncada S. Mendes; Lisboa, Editora Desassossego, 2017, 352 pp. )  > Apresentação a cargo da historiadora Irene Pimentel.



Foto nº 5 > Lisboa > Salão Nobre do Palácio da Independência, Largo de S. Domingos, 11 > dia 31 de outubro de 2017, às 18h30 > Sessão de lançamento do livro "Aristides de Sousa Mendes: memórias de um neto" > O Carlos Silva e o autor

 

Foto nº 6 > Dedicatória, a Carlos Silva, do autor do livro, António Moncada S. Mendes, neto de Aristides de Sousa Mendes (1885-1954)










Fotos de 7 a 13 > Capas de livros sobre Aristides deSousa Mendes, da biblioteca do Carlos Silva

Fotos (e legendas): © Carlos Silva (2024. Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


Carlos Silva,
Jerusalém, 2017

1. Mensagem do Carlos Silva, ex-Fur Mil Inf da CCAÇ 2548/BCAÇ 2879 (Jumbembem, 1969/71), advogado, natural de Gondomar, régulo da Tabanca dos Melros, com 145 referências no nosso blogue, para o qual entrou em 20/7/2007.


Data - sábado, 20/07/2024, 20:06
Assunto - Aristides Sousa Mendes


Meu Caro Luís


A propósito do Post 2755 e 25762 sobre o Cônsul Aristides Sousa Mendes e relativamente à inauguração como Museu da Casa do Passal situada em Cabanas de Viriato, onde pelo carnaval se faz a tradicional “Dança dos Cus”, c
oncelho  de Carregal do Sal, já lá estive 3 vezes, porque tenho dois amigos/camaradas que são daquela localidade, sendo um da minha CCaç 2548.

Fui levado em 2015 pelo camarada mais velho da CCav 1905 ( Companhia dos Bigodes ) que foi sediada em Teixeira Pinto e Bissorã, o qual me levou a visitar a povoação e o cemitério local para ver o jazigo onde jaz Aristides Sousa Mendes.

O dito camarada, Carlos Rodrigues, falou-me desta figura ímpar da nossa História que eu não conhecia, tendo eu ficado maravilhado com o que ele me ia contando sobre o seu conterrâneo, pois, embora pequeno ainda chegou a conhecê-lo e toda a azáfama que havia em torno daquele palacete.

Deste modo, envio-te umas fotos de 2015 e 2018 da Casa do Passal e do cemitério.

A partir daí fiquei muito interessado em conhecer verdadeiramente a História do nosso cônsul em Bordéus e os seus feitos, pelo que fui adquirindo alguns livros sobre a sua personalidade e dos quais junto fotos das capas dos mesmos, assim como do livro que adquiri no Palácio da Independência em Lisboa na altura da sua apresentação em novembro de 2017 e da autoria do seu neto António Moncada Sousa Mendes, que tem a sua dedicatória.

Em setembro de 2017 estive em Israel e claro fomos a Jerusalém onde tive a oportunidade de visitar o Museu do Holocausto/ Yad Va Shem e aí a Senhora que nos atendeu perguntou-nos de que nacionalidade éramos, tendo eu respondido que éramos portugueses e face a esta resposta foi de uma simpatia inexcedível, de mediato informou-me que figurava no Museu um “Justo” português de seu nome Aristides Sousa Mendes, pelo que fez várias cópias sobre o seu historial e ofereceu-me, bem como, explicou-nos onde se encontrava exposto, só que não se podia tirar fotos, mas como sempre o fruto proibido … eu consegui fazer duas fotos que junto e outras.

Podes, se assim entenderes fazer a respectiva publicação

Abraço
Carlos Silva
20-07-2024

sexta-feira, 19 de julho de 2024

Guiné 61/74 - P25762: Efemérides (443): Hoje, no dia do 139º aniversário natalício de Aristides de Sousa Mendes (1885-1954), e na inauguração do seu Museu, em Cabanas de Viriato, Carregal do Sal, o Papa Francisco deu-nos a graça e a honra da Sua Benção (João Crisóstomo)


Imagem de Aristides de Sousa Mendes 
(1885-1954), adapt. com a devida vénia
do programa oficial da inauguração
da antiga Casa do Passal (*)


1. Mensagem de hoje, às 08:45, do nosso amigo e camarada João Crisóstomo, que é um dos convidados de honra  da sessão de inauguração do Museu Aristides de Sousa Mendes, Cabanas de Viriato, Carregal do Sal, sessão que acabou de se realizar às 13:00 locais, conforme programa que divulgámos (*):

 Caríssimos, 

 Quando tiver tempo enviarei melhor... A inauguração consta de três dias:  ontem (pré-inauguração) foi para a família, "visa recipients" e alguns mais; 19 inauguração oficial que se prolonga no dia 20. 

Para já aqui está algo de relevante: Dia 18: Um dia em cheio. O tema "Dia da Consciência" ficou em lugar de honra no museu: o texto está em Inglês e português; até me deram uma medalha.

... E a meio da tarde recebi esta mensagem do Vaticano que eu já não esperava. Vou lê-la hoje durante a cerimónia da inauguração, depois da mensagem do António Guterres. 

Abraço, João.



Carta de 18 do corrente, enviada ao João Crisóstomo, pelo cardeal Pietro Parolin, secretário de Estado do Vaticano, com a mensagem do Papa Francisco, dando a sua benção a todos os participantes na sessão de inauguração do Museu Aristides de Sousa Mendes, hoje às 13h00, em Cabanas de Viriato, Carregal do Sal (*). A mensagem foi lida pessoalmente pelo João Crisóstomo, a seguir à mensagem (gravada) do presidente das Nações Unidas, o português e beirão António  Guterres.

2. Esta mensagem de Sua Santidade veio como anexo, na mensagem do Secretário de Estado do Vaticano, recebida ontem à tarde pelo João Crisóstomo, em Carregal do Sal, onde se encontrava como convidado para a cerimónia de hoje:


Carregal do Sal > Cabanas de Viriato >
Museu Aristides de Sousa Mendes >
18 de julho de 2024 >
A alegria do João Crisóstomo  por ver
que o tema do "Dia da Consciência"
tem o devido destaque neste novo espaço
de memória.
Foto: Vilma Crisóstomo (2024)
Dear Mr. João,

Thank you very much for your e-mails, dated 27 June and 9 July last. First of all, I extend my best wishes on the occasion of your 80th birthday. Although with delay, they are sincere and especially backed by prayer, which I also make for your health. I hope that you are gradually recovering and can continue, even if in a reduced manner, your meritorious activity.

I am sending you in attachment a message from the Holy Father Francis for tomorrow, on the occasion of the inauguration of the restored birth house of Aristides de Sousa Mendes, in Carregal 
do Sal, Portugal. It is, as you see, a written text, 
but the Pope now accepts to make videos only very rarely and only for very special circumstances. You, however, 
can read it in public.

I hope that tomorrow’s initiative, with the participation of the President of the Portuguese Republic,  will be successful and will help spread his message 
through this centre that will become the new headquarters for the “Day of Conscience.”

With warmest regards and best wishes.
X Pietro Card. Parolin
SECRETARY OF STATE

Tradução do inglês para português (Google Translate | LG)

Meu caro João, muito obrigado pelos seus e-mails datados de 27 de junho e 9 de julho passado. 

Em primeiro lugar, apresento-lhe os meus melhores votos por ocasião do seu 80º aniversário natalício. Embora com atraso, são sinceros e principalmente apoiados na oração, que faço também pela sua saúde. Desejo que esteja a recuperar gradualmente e possa continuar, ainda que de forma reduzida, a tua meritória actividade. 

Envio-lhe em anexo uma mensagem do Santo Padre Francisco para amanhã, por ocasião da inauguração da casa, agora restaurada,  onde nasceu Aristides de Sousa Mendes, em Carregal do Sal, Portugal. É, como vê, um texto escrito: agora o Papa  só muito raramente,  e apenas em circunstâncias muito especiais, aceita fazer vídeos . No entanto, o João pode lê-la em público. 

Espero que a iniciativa de amanhã, com a participação do Presidente da República Portuguesa, seja um sucesso e ajude a difundir a sua mensagem através deste centro que passará a ser a nova sede do “Dia da Consciência”. 

Com os mais calorosos cumprimentos e melhores votos. Cardal Pietro Parolin, Secretário de Estado do Vaticano.

3. No passado dia 9 de julho de 2024, 01:16, o João Crisóstomo tinha feito, por email, o  seguinte pedido ao Secretáro de Estado do Vaticano, Cardeal Pietro Parolin (reproduzimos apenas a versão em português,  tradução do inglês, da nossa responsabilidade):

Eminência,

A pedido do Presidente da Câmara Municipal de Carregal do Sal, Dr. Paulo Catalino, no dia 27 de junho enviei uma carta a Sua Santidade solicitando a Sua Bênção para a inauguração da antiga casa de Aristides de Sousa Mendes.

Enviei esta carta à sua atenção, pedindo a Vossa Eminência que fosse nosso advogado junto de Sua Santidade para nos conceder a Sua Bênção, mas, lamento dizê-lo, nem sei se a carta chegou a si e a Sua Santidade.

No dia 19 de julho de 2024, aniversário de nascimento de Aristides de Sousa Mendes, a sua antiga casa, agora restaurada e inaugurada neste dia, será a nova sede do Dia da Consciência. Venho pedir uma curta mensagem, em vídeo, tal como o Secretário Geral das Nações Unidas, António Guterres, concordou em fazer para este evento, que será presidido pelo Presidente de Portugal, Professor Marcelo Rebelo de Sousa.

Ciente dos muitos assuntos prementes que todos os dias chegam à mesa de trabalho de Vossa Eminência, atrevo-me ainda a pedir-lhe que não o esqueça e nos conceda esse favor, como forma de alimentar o interesse pelo "'Dia da Consciência'". Este, embora baseado no testemunho de Aristides de Sousa Mendes, em 17 de junho de 1940, será celebrado a partir de agora na mesma semana em que as Nações Unidas celebram o seu “Dia Internaconal da Consciência" (“para evitar qualquer ideia, mesmo involuntária, de competição e proselitismo”, como disse um ilustre diplomata português). 

Aguardando o favor de sua resposta, meu pai e amigo, imploro a Deus, Nosso Senhor, que o abençoe a si e a Sua Santidade. 

João Crisóstomo (**)




O João Crisóstomo, no Museu Aristides de Sousa Mendes, 
lendo hoje às 13h00 a mensagem do Papa Francisco,
enviada expressamente para saudar (e "unir-se de coração" com)
todos os que vieram a Cabanas de Viriato "não apenas para homenagear 
mas para beber do legado de um homem perito em hunanidade 
e justo entre as nações". 

Foto enviada pelo Valdemar Queiroz, obtida do Telejornal, 20h00, RTP1.

______________

Notas do editor:

(**) Último poste da série > 10 de junho de 2024 > Guiné 61/74 - P25627: Efemérides (442): Comemoração do Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades, promovida pelo Núcleo de Matosinhos da LC, em colaboração com a União de Freguesias de Matosinhos e Leça da Palmeira, levada a efeito na Freguesia de Leça da Palmeira (LC / Carlos Vinhal)

quinta-feira, 18 de julho de 2024

Guiné 61/74 - P25756: De(Caras) (212): João Crisóstomo e António Rodrigues, dois antigos mordomos portugueses em Nova Iorque, que vêm, em 2004, a Cabanas de Viriato, dar início à história da recuperação da Casa do Passal, hoje museu Aristides de Sousa Mendes






Carregal do Sal > Cabanas de Viriato > Casa do Passal > 2004 > António Rodrigues e João Crisóstomo "pondo mãos à obra"...

Fotos do jornal  "Defesa da Beira", 1/10/2004. 
Imagens digitalizadas e enviadas pelo João Crisóstomo (2015) (*) e reeditadas pelo Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné (2024)



Título da reportagtem feita pelo jornal "Defesa da Beira", 1/10/2004



S/l> S/d (c. 1996-2006) > O então presidente da República Jorge Sampaio, tendo à sua esquerda o João Crisóstomo e à sua direita o António Rodrigues. Foto do arquivo de João Crisóstomo (2015) (*)


Lisboa > Centro Cultural Franciscano > Largo da Luz, nº 11, Carnide >  Dia da Consciência, 17 de junho de 2015, celebrado em Lisboa: sessão de homenagem a Artistides de Sousa Mendes, por ocasião dos 75 anos da sua decisão histórica  (1940-2015)

Na foto, da esquerda para a direita,  a Alice Carneiro, o João Crisóstomo, uma amiga do João (que vive em Leiria), o  António Rodrigues (que vive na Batalha, e é também  ativista de causas sociais, foi ele com o João quem salvou da ruina completa a Casa do Passal, em 2004 (*); emigrou para os EUA em 1967, depois de ter feito o serviço militar na Base de Monte Real, como voluntário na FAP), a Mariana Abrantes de Sousa (outra grande ativista da causa de Aristides de Sousa Mendes, igualmente da diáspora lusitana nos EUA) e a esposa do António Rodrigues

Foto (e legenda): © Luís Graça (2015). Todos os direitos reservados.[Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


1. Em 2004 o João Crisóstomo  "queria que o nosso herói Aristides [de Sousa Mendes] fizesse parte da Galeria dos Heróis no prestigioso Museum of Jewish Heritage em Nova Iorque", na sequência da consagração, a nível nacional e internacional,  do dia 17 de Junho como o "Dia da Consciência".

Conseguiu, entretanto, convencer o director do supracitado Museu  a aceitar a ideia, mas ficou condicionada a que ele conseguisse trazer para Nova Iorque,  para ficar em exposição por um ou dois anos, o livro do "Registo de Bordéus" e o carimbo com que Aristides autenticava os passaportes. 

Foi,  na sequência da sua busca do famoso carimbo,  que ele acabou por conhecer, há 20 anos atrás, a Casa do Passal, que hoje é monumento nacional (classificado em 2005) mas  então em estado de abandomo e ruina.  Depois de restaurada e requalificada, a Casa do Passal vai amanhã ser inaugarada  como Museu Aristides de Sousa Mendes (**).

Aproveitamos a efeméride para relembrar aqui um antigo poste que publicámos, em 2015, com o início da história da recuperação do imóvel, que vem do séc. XIX. E  também para fazer uma pequena homenagem a estes "dois portugueses das Américas" que têm a sua quota-parte de mérito na defesa da causa de Aristides de Sousa Mendes e na salvaguarda da sua memória, (a par naturalmente  de muitos outros, aqui e lá fora). O João Crisóstomo é membro da nossa Tabanca Grande desde 2010. O António Rodrigues, infelizmente, está internado num lar, na sua terra natal, Batalha. (***)

Do poste em questão (P14419) (*), selecionamos o essencial:

"Consegui que o MNE [Ministério dos Negócios Estrangeiros] aceitasse deixar vir o livro, mas faltava o carimbo (que no fim teve de ser substituído pela caneta de Aristides, já que não foi possível encontrar o carimbo). Mas na altura nós pensávamos que o carimbo existia em qualquer parte em Portugal. Aproveitei as minhas férias e, com o António Rodrigues, que sempre tinha sido o meu braço direito em todas as minhas campanhas e que tinha regressado de vez a Portugal, resolvemos procurá-lo."

"Pedi o auxílio de Mariana Abrantes, de Luís Fidalgo e de António Moncada, neto do César (irmão gémeo de Aristides) em cuja casa suspeitávamos se encontrava esse carimbo. E lá andámos umas duas ou três horas, sem encontrarmos o carimbo."

"No fim resolvemos 'visitar' a casa de Aristides, que fica bem perto. Aí o António Moncada disse-nos que não, pois a casa não estava em condições de ser visitada por ninguém, pelo perigo que isso representava: havia um grande buraco no teto que havia caído (com uns quatro a cinco metros de diâmetro), e os 'beams' (barrotes, é assim que se chamam, não é?), alguns deles ao caírem, fizeram buraco enorme em todos os andares até ao chão,  e outros barrotes, de todos os tamanhos, alguns enormes, estavam dependurados, numa imagem dantesca de ameaça e perigo.

Mas ele e o António Rodrigues, que tínham vindo de tão longe, queríam ver  a casa de que tanto tínham ouvido falarm de modo que insistimos com a direção da Fundação Aristides de Susa Mendes, criada em 2000 e com sede em Cabanas de Viraito, representada na altura  pessoas pelo António Moncada e o Luis Fidalgo. 

"Finalmente acederam ao nosso pedido, mas que tudo seria por nossa conta e risco. Assim aceitámos. E lá entrámos, pés de mansinho, um após outro, olhando para o alto e para os lados com todo o cuidado. Verificámos que o enorme buraco estava situado mais ou menos no meio da casa, logo à entrada, mas com cuidado havia maneira de ver o resto da casa sem grande perigo.

"Para nosso espanto apercebemo-nos que a casa parecia nunca ter sido sujeita a qualquer cuidado ou limpeza. E por respeito ao nosso herói nós resolvemos que a casa teria de ser limpa imediatamente e não sairíamos de Cabanas de Viriato sem que a casa de Aristides recebesse pelo menos uma limpeza geral.


"Mais: começámos a pensar se não seria possível contratar um empreiteiro para consertar o telhado. Pensamos nós: se este buraco continuar assim, com as chuvas e ventos de inverno etc., a casa não vai aguentar mais do que dois ou três invernos… Viemos para fora para pedir autorização do que queríamos fazer e averiguar sobre empreiteiros locais, etc. Sucede que entretanto a nossa visita tinha despertado a curiosidade de alguns residentes de Cabanas; e, quando falámos sobre a ideia de reparar o telhado, falámos sobre orçamentos e viabilidades, etc.

"Entre os presentes que tinham chegado ou estavam por perto foi-nos apresentado um empreiteiro, logo seguido de outro que também podia estar interessado e que nos podiam dar ideias sobre o que estávamos falando, dum possível conserto da Casa. Que era impossível reparar o buraco e não era possível fazer nada a não ser cobrir o telhado com uma "umbrella" de metal, até que fosse possível fazer uma reparação à casa toda. Essa cobertura de metal custaria pelo menos 20.000 dálares ( isto em 2004!), o que nós não podíamos dispender nem tínhamos disponível!

"O António Rodrigues porém não se conformava, arguindo que se podia consertar o telhado, que a casa não precisava de cobertura nenhuma e que não era preciso gastar tanto dinheiro.

"Perante a posição bem clara e declarada de que nada se podia fazer, o António Rodrigues, meio nervoso, deu-me um toque no braço de maneira a não ser ouvido por mais ninguém e diz-me: 'Se eles não o podem fazer, então faço eu!'...

"Eu, habituado a muitas outras ocasiões em que o António tinha feito 'milagres' aqui nos EUA, apenas disse: 'Eh pá, tu tens a certeza? Então estes que são profissionais acham que não há nada a fazer, tu achas que vais conseguir alguma coisa?!'… Ao que ele respondeu: 'Deixa comigo. Eles estão a dizer que para consertar o teto têm de consertar a casa toda... Ora eu posso escorar tudo, partindo do chão até chegar ao teto e aí, depois de chegar ao teto, o telhado é fácil de consertar... Deixa comigo'.

"Foi difícil de convencer, mas depois não só concordaram em nos deixar a 'limpar a casa' que era tudo o que dizíamos ia acontecer, como toda a gente começou a oferecer os seus préstimos e ajudas: (i) um trator e um camião para levar as madeiras, pedras, tijolos, terra e lixo; (ii) além de virem eles próprios (e elas, pois se me lembro bem o trator pertencia a uma senhora que quando podia nos vinha ajudar) ao fim do dia para conduzir os mesmos; (iii) os escuteiros da escola queriam ajudar, o que tivemos de recusar pelo perigo de que não podiamos assumir a responsabilidade; (iv) o irmão da Mariana Abrantes, professor António Abrantes,  e sua esposa Ivone vieram-nos ajudar e connosco permaneceram até altas horas da noite para o que trouxeram holofotes para pudermos trabalhar de noite, como nós pedimos.

"Os que não puderam ficar foram-se, mas o Luís Fidalgo (advogado, e director da Fundação) nos garantiu, e cumpriu!, arranjar-nos um seguro contra acidentes, para o caso de nos acontecer algo (o que bem podia ter acontecido, dado a nossa coragem e entusiasmo em fazer o que estávamos a fazer).

"Foi durante essa primeira noite, conforme depois saiu em todos os jornais e na própria RTP que também fez cobertura do acontecido, debaixo de grossa camada de terra e estrume de ovelhas e de galinhas, tudo misturado com caliça das paredes, pedras e tijolos, que nós viemos a encontrar o que os media chamaram de 'tesouro na casa de Aristides': "documentos inéditos 'encontrados;'  'documentação encontrada surpreende investigadora', etc etc.; cartas de Aristides à sua mulher, de seus filhos para outros que já tinham emigrado para o Canadá; uma cópia de um livro, escrito por A. S. Mendes ainda por abrir ( à maneira antiga, tinha de se cortar as páginas com um 'abridor de cartas'); e muitos outros pedaços de documentos, alguns ainda intactos, mas a maioria que se desfaziam em pó nas nossas mãos ao simples tocar, revistas e jornais do tempo...

"Tudo foi entregue no dia seguinte em dois sacos de plástico à Fundação na pessoa do dr. Luis Fidalgo na presença da dra. Lina Madeira, uma autoridade em A. S. Mendes que veio de Coimbra a correr, e de vários correspondentes presentes.

"Voltando à reparação 'ad hoc' do telhado e dos buracos nos andares até ao chão... Eu fiquei com o António Rodrigues três ou quatro dias comendo na cantina do lar para idosos, de que o Luis Fidalgo era diretor, e dormindo as primeiras noites na casa do António e Ivone Abrantes, e depois num pequeno hotel local (ainda hoje não sei quem pagou a nossa estadia; o Luis Fidalgo disse-nos que estava tudo pago e não nos devíamos preocupar com isso). Tive de deixar o António sozinho e voltei aos EUA.

"O que o António fez e conseguiu depois, muitas vezes trabalhando sozinho, viajando todos os dias num camião bastante "usado" que um amigo dele lhe pôs ao serviço e onde trazia de sua casa ferramentas, materiais de construção como madeiras, barrotes, e tudo o mais que tinha e ele achava ser preciso para consertar a casa e o telhado... é coisa quase impossível de imaginar, não se tivessem visto os resultados.

A sua imaginação de arquiteto 'ad hoc' - entre outros apelidos chamavam-lhe o 'arquiteto sem canudo', 'o milagreiro ambulante', 'o americano maluco'...porque às cinco da manhã ele já estava, vindo de Aljubarrota, encarrapitado no telhado ou a trabalhar sozinho como um desalmado para remendar o que ele achava imperioso ser feito para que a casa aguentasse mais uns anos até se encontrar uma solução definitiva - levou-o a procurar nos arredores eucaliptos, telhas para o telhado ( iguais às outras do telhado, já difíceis de encontrar), materiais de construção, sobretudo barrotes e madeiras que precisava.

"A sua franqueza e simplicidade desarmavam toda a gente que não podia negar o que ele queria, 'para consertar a casa de Sousa Mendes'... Os troncos dos eucaliptos, não sei quantos, mas numa visita que fiz à Casa anos depois deparei com um bem grosso, barrando o meu caminho, escorando o andar superior, depois de rusticamente despojados dos seus braços/ramos, serviram para escorar os andares começando pelo chão...

"E, um por um, cada andar foi escorado e consertado até chegar ao teto.... era preciso 'ter a certeza' de que os barrotes originais no telhado å volta do buraco 'ficassem bem ligados' para que tudo não fosse parar ao chão outra vez. E o António de vez em quando me falava nos anos seguintes nuns bons cabos que lhe faziam muita falta e que ainda estavam a escorar e segurar o telhado da casa de Sousa Mendes: 'Quando consertarem de vez a casa, vou lá buscá-los, que eles ainda me fazem boa falta de vez em quando'…

"E assim foi o que sucedeu. O António, acabado o teto, estava esgotado e só desejava e sonhava poder descansar. Faltava tapar as janelas com madeira para proteger um pouco mais da chuva e vento e ter a certeza de que as portas permaneciam fechadas. Assim pediu, como eu antes de me ir embora de volta aos EUA tinha já falado seria preciso fazer. Mas tal parece não ter sucedido.

"A Casa ficou durante alguns anos em condições de ser visitada sem perigos dum barrote a cair na cabeça. Mas com o tempo e sem um 'António' a preocupar-se pela sua saúde, sujeita às intempéries, o telhado e o resto começou outra vez a cair aos bocados até que finalmente, quase no último minuto, a desesperada reconstrução das paredes, telhado e janelas, finalmente aconteceu..

"Bem hajam quantos trabalharam e contribuíram para o que agora finalmente e felizmente vai já em bom progresso. Bem merecem uma placa em lugar de destaque. Mas nesta não se esqueçam de mencionar também o nome de António Rodrigues!

"Não fora a intervenção 'ad hoc', mas que veio a ser providencial, em 2004, deste apaixonado 'arquiteto sem canudo' de Aristides de Sousa Mendes, não haveria nada a consertar mais, pois o que ainda restava e foi possível salvar, teria sem dúvida desmoronado completamente e tudo teria de ser reconstruido à base de fotos e memórias.

"Nova Iorque, 31 de janeiro, 2015.

"PS - Em anexo dois 'recortes' de jornais : 'Diário de Coimbra', de 8 de outubro de 2004; e 'Defesa da Beira', de 1 de outubro 2004. As imagens [do jornal 'Defesa da Beira'] parecem deixar muito a desejar, mas dão uma ideia do estado da casa com o seu enorme buraco, do teto ao chão;  e nos outros recortes, tens comentários do 'Diário de Coimbra' sobre o que foram encontrar. "
(***) Último poste da série > 15 de julho de 2024 > Guiné 61/74 - P25746: (De)Caras (301): Quem seria o instruendo nº 821, do 3º turno de 1968, 3ª Companhia de Instrução, Centro de Intrução de Sargentos Milicianos (CISMI), Tavira ? Pergunta ao César Dias, que era o nº 847/3ª, desse turno (Eduardo Estrela, ex-fur mil, CCAÇ 14, Cuntima e Farim, 1969/71)