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sábado, 9 de março de 2013

Guiné 63/74 - P11222: Álbum fotográfico do Jorge Canhão (ex-fur mil inf, 3ª CCAÇ / BCAÇ 4612/72, Mansoa e Gadamael, 1972/74) (5): Balantas, mandingas e mansoancas


Foto s/nº - "A morte da árvore"... [Parece ser um poilão sagrado, centenário...]


Foto s/ nº - "Bajudas"... [transportando lenha à cabeça]


Foto s/ nº - "Depois da pesca"... [Mukheres, balantas, que regressam do Rio Mansoa]


Foto s/ nº - "Tabanca 2"


Foto s/ nº - "O pilão"


Foto s/ nº - "Alimentar o almoço" ... [Neste caso, os bacorinhos]



Foto s/ nº - "Transporte do rancho"... [Que ternura de foto!]


Guiné > Região do Oio > Mansoa > 1972/1974 > BCAÇ 4612 (1972/74) >  Legenda do Jorge Canhão:


1. Continuação da publicação do álbum fotográfico do nosso amigo e camarada Jorge Canhão, que vive em Oeiras (ex-Fur Mil At Inf da 3ª CCAÇ/BCAÇ 4612/72, Mansoa e Gadamael, 1972/74).

Estas fotos, relativas a Mansoa,  chegaram-nos às mãos através de outro grã-tabanqueiro, o Agostinho Gaspar, ex-1.º Cabo Mec Auto Rodas, 3.ª CCAÇ/BCAÇ 4612/72, Mansoa, 1972/74), residente em Leiria. Os nossos especiais agradecimentos aos dois, e muito em especial ao nosso camarada Jorge Canhão, a quem desejamos boa continuação da sua recuperação de um recente problema de saúde.

Não sabemos quem é o autor (ou quem são aos autores) das fotos,,,  Estas fotos constam de um CD, do Agostinho Gaspar, estão sob um ficheiro com a seguinte designação: Jorge Canhão > Vários Batalhão.

Principais grupos humanos do setor (excertos da Históira do BCAÇ 4162, Mansoa, 1972/74, Cap II, pp. 8-11



quinta-feira, 14 de setembro de 2006

Guiné 63/74 - P1071: Historiografia da presença portuguesa em África (3): Mandingas soninqués, animistas, islamizados à força (Paulo Santiago / Beja Santos)




René Pélissier - História da Guiné: Portugueses e Africanos na Senegâmbia, 1841-1936. Lisboa: Editorial Estampa. 2 volumes, c. 600 pp. Preço de capa de cada volume: 14,27 € (mais IVA) .

Foto das capas: Editorial Estampa (2006) (com a devida vénia)


1. Mensagem do Paulo Santiago, enviada ao Beja Santos:

Camarada:

Escrevias há dias, no blogue, que estiveste como cooperante na Guiné, com alojamento na Cicer. Assim, deves ter conhecido o meu irmão mais negro, o Domingos Pereira, director daquela cervejeira.

Costumo ler alguns artigos teus na Soberania do Povo (1) que, ultimamente, com as mudanças que teve, está a pasquinizar-se, é a minha opinião.

Como conseguiste pôr Mandingas a cozinhar carne de porco ?

Um abraço

Paulo Santiago
(ex-Alf Mil, Pel Caç Nat 53, Saltinho, 1970/72)

2. Resposta do Beja Santos, ex- Alf Mil, Pel Caç Nat 52 (Missirá e Bambadinca, 1968/70):


Caro Paulo, obrigado pela tua mensagem. Encurtando razões, fui cooperante em 1991 nos termos de um protocolo entre Portugal e Guiné-Bissau na área do Ambiente e da Defesa do Consumidor. Estive lá cerca de 5 meses na tentativa vã de criar a Comissão Interministerial da Defesa do Consumidor.
Eu estava pago com ajudas de custo como se estivesse em território nacional, pago pelo nosso governo, a Guiné-Bissau dava-me a pernoita e um motorista para as voltas de serviço. Naquele tempo ainda era possível jantar na Pensão da Berta (mesmo ao lado da Sé Catedral) e vir a pé até à Cicer (hoje corre-se o risco de ser esquartejado).

As minhas recordações na Cicer ficaram confinadas ao espaço agradável do meu quarto e aos frequentes cortes de luz quando estava a fazer relatórios ou escrever à família. Juro que não conheci o teu irmão mais negro. Já naquela altura a miséria era pungente e recordo que o guarda me pedia as giletes usadas, restos de sabonete, meias, toalhas...

Ficas a saber que a China Popular ofereceu à Guiné um estádio desportivo modelar que as autoridades não souberam manter e eu passava todas as noites por um gigantesco estádio reduzido ao silêncio e à inoperância (a luz não funcionava, a relva crescia desordenadamente, pilhava-se o vidro das portas...).

Ainda hoje tenho vertigens quando penso que o país que fez mudar a história de Portugal está de cócoras.

Sobre os mandingas islamizados, há muita coisa que nós não sabíamos na Guiné. Se puderes, compra a História da Guiné, por René Pélissier, em dois volumes (Editorial Estampa, 1989) (2). Ali ficarás a saber que os mandingas soninqués (mandingas do Oio ou Oincas) eram profundamente animistas e foram islamizados à força na segunda metade do século XIX. Daí que os meus fulas e mandingas viviam cheios de contradições entre o vinho e a carne de porco.

Mesmo antes de eu chegar, o porco de mato (eles diziam sim-sim) era comprado pelo vagomestre. Não esqueças ainda que só os arranchados é que comiam na Messe (oficial, furriéis, cabos portugueses, malta dos morteiros, desempanadores, etc.) e todos os outros comiam a bianda na tabanca. Que havia bebedeiras, havia pois uma noite um 1º cabo Papel entrou-me no abrigo completamente etilizado e perguntou-me se não queria dançar com ele e as bajudas que estavam no baile...

Espero ter satisfeito a tua curiosidade. Escreve sempre e espero ver-te na tal reunião anual que se prevê ter lugar em Dezembro (3).

Abraços do Tigre [de Missirá].

____________

Notas de L.G.

(1) Semanário de Águeda, o mais antigo do país, com 126 anos

(2) Vd. post de 7 de Julho de 2006 > Guiné 63/74 - P944: Historiografia das guerras de África: colaboradores, precisam-se (Nuno Rubim)

(3) O Beja Santos não poderá estar, em princípio no nosso primeiro encontro, agendado para 14 de Outubro próximo, em Montemor-o-Novo, na Herdade da Ameira, por sugestão e iniciativa do Paulo Raposo. Para ele, o mais conveniente seriam as férias de Natal...