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sábado, 18 de outubro de 2025

Guiné 61/74 - P27328: O vinho... pró branco de 2ª e pró tinto de 1ª (2): qual era a ração diária em campanha , no Ultramar ? Um copo à refeição, 2,5 dl por dia ? Se sim, uma companhia no mato (=160 homens) tinha um consumo médio mensal de 240 garrafões de 5 l... (Mas a capitação diária da ração de vinho, para os 3 ramos das Forças Armadas, foi fixada em 0,4 l, em 1975.)




Guiné > Zona Oeste > Região de Cacheu > São Domingos > CCS/BCAÇ 1933 > Novembro de 1968 > O alf mil SAM Virgílio Teixeira (o segundo a contar da esquerda), a ajudar a carregar (do barco para as viaturas)  garrafões de 5 litros de vinho, alguns dos quais têm o rótulo, perfeitamente reconhecível,  da Adega Cooperativa do Cartaxo.  Outra marca seria "Paladar" (será que ainda existe ?). Mas havia mais, de acordo os  rótulos, não legíveis.

Foto (e legenda): © Virgílio Teixeira (2018) / Blogue Luís Graça & Caramadas da Guiné (2013). Todos os direitos reservados


1. Qual era a dose ou ração  diária de vinho de um soldado português em África durante a guerra colonial ? Um copo à refeição, 1 ou 2 decilitros ? E como era fornecido o vinho, pela Manutenção Militar, na Guiné-Bissau ? Em garrafões de 5 litros, 10 litros ou mais ? Ou em barris de 50 litros ? Ou em bidões (metálicos) de 210 ? Sabemos que havia problemas logísticos...


Esta pergunta foi  formulada há tempos (em 2018...) aos nossos camaradas do Batalhão de Intendência(BINT), o Fernando Franco (1951-2020) (falecido na pandemia, no IPO)  o João Lourenço,  o António Baia (ex-1º cabo aux, outero histórico do nosso blogue, juntamente com o Franco) (*)




João Lourenço, ex-alf mil
SAM,. cmdt  PINT
9288 (Cufar5, 1973/74);
mora na Figueira da Foz.
Aliás, náo era uma pergunta, eram quatro: adicionalmente interessava-nos saber se: 

(i)  o vinho levava aditivos (cânfora, por exemplo); 

(ii) era batizado, com "água do Geba";

 (iii)   havia alguma marca de vinhos conhecida,  como por exemplo, o "Cartaxo", distribuído em garrafões de 5 litros...

A questão da ração diária de um soldado na Guiné era importante para termos uma noção do consumo diário, mensal e anual de vinho:  

Dois copos / dois decilitros e meio por dia dava, a multiplicar por 160 homens=1 companhia, 40 litros por companhia, ou sejam, 8 garrafões de vinho de 5 litros... 

Ao fim do mês eram 240 garrafões, o que obrigava a uma logística complicada, em termos de transporte, armazenamento, gestão, etc...

 Ao fim do ano, uma companhia no mato consumia c. de 14600 litros (=146 hectolitros). Só em vasilhame era um quebra-cabeças. (Partimos do princípio que cada compmhia no mato era abastecida regularmente, o que na prática não acontecia...).

2. Só nos respondeu, em parte, o João Lourenço,  ex-alf mil SAM, cmdt do PINT 9288, Cufar (1973/74) (*):

 (...) "A cânfora é, quanto a mim, um mito.  E fui responsável pelo tacho, fui comandante de um PINT.

O vinho era fornecido pela MM [Manutenção Militar] em bidões de 215 lts, salvo erro, e usado assim mesmo, devido ao calor havia por vezes o hábito de usar um bidão sem a tampa onde eram colocadas barras de gelo feitas com água tratada e potável claro, o que dava sobras....

Havia algum controle para evitar grandes 'bubas'. Em especial em Bissau. No mato... dependia. (...) 


3. Vd. Decreto-Lei 329-G/75, de 30 de Junho:

 O Decreto-Lei 329-G/75, de 30 de Junho, veio atualizar e unificar as ementas e tabelas de rações dos militares dos 3 ramos das Forças Armas.

Algumas das normas alimentares ainda em vigor,  até então, nas Forças Armadas remontavam ao ano de 1926 (Decreto nº 12949, de 16 de dezembro de 1926).

No seu artigo 1.º do D.L. 329-GHH/75, de 30 de junhoo, obriga que a alimentação tenha valor nutritivo adequado e que as rações respeitam a composição e as quantidades que constam das tabelas anexas ao diploma.

A "capaitão diária de vinho" é de 0,4 l (e a da fruta, é de 250/300 gramas) (Tabela VII, anexa ao diploma).

Há ainda direito ao abono de um suplemento de alimentação quando o militar esteja de serviço, durante 4 ou mais horas, no período das 20h00 às 08h00. No que respeita ao vinho, esse abono é de 0,2 l.

Acresce ainda, no caso desse serviço ser de guarda, ronda ou patrulha ou equivalente, na "época fria" (sic), o direito a uma raçáo de aguardente no quantatitavo de 0,3 l por abonado. (Diários da República - Versão do cidadão).

Fernando Franco,
(1951-2020)
ex-1º cabo caixeiro,
PINT 9288 (Cufar, 1973/74),
um histórico da Tabanca Grande;
morava na Amadora

4. Recorde-se aqui o essencial da ficha de unidade do BINT (Batalháo de Intendència):

(i) o BlNT foi criado com base em Qaudro Orgânico aprovado por despacho ministerial de 21Nov63;

(ii) englobava uma Companhia de Intendência, uma Companhia de Depósito e os destacamentos de Intendência (4, em  Bissau, Tite, Bula e Bafatá, este depois instalado em Bambadinca, a partir de 2Jun66, e, mais tarde, outro pelotão instalado em Farim, a partir de 1Jan67);

(iii) era considerado  uma unidade da guarnição normal;

(iv) em 1Abr68, as funções da Companhia de Depósito passaram a ser executadas por um novo órgão, então criado, o Depósito Base de Intendência e a partir de 1Set68, o batalhão passou a ser constituído pelas subunidades designadas por Companhia de Intendência de A/D [Apoio Direto], C  , Companhia de Intendência de A/G  [Apoio Geral], e Pelotões de Intendência [PINT], , tendo ainda sido instalado outro pelotão em Cufar, a partir de 01Ago73, o PINT 9288;

(iv) fornecia  apoio logístico às unidades e subunidades em serviço na Guiné, efectuava a reparação dos meios de frio, máquinas de escritório e de bobinagem, entre outros, para o que dispunha também de equipas itinerantes;

(v) ministrava também instrução de formação de especialistas de intendência de padeiros, magarefes, caixeiros e outras;

(vi) mantinha ainda as reservas de combustíveis e lubrificantes e accionava o funcionamento dos centros de fabrico de pão e de abate;
.
(vii) em 140ut74, após entrega das instalações e equipamentos ao PAIGC, o batalhão foi desactivado e extinto;

(viii) não tem História da Unidade.

Fonte: Excertos de: CECA - Comissão para Estudo das Campanhas de África: Resenha Histórico-Militar das Campanhas de África (1961-1974) : 6.º Volume - Aspectos da Actividade Operacional: Tomo II - Guiné - Livro I (1.ª edição, Lisboa, Estado Maior do Exército, 2014), pp. 675/676

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quarta-feira, 16 de junho de 2021

Guiné 61/74 - P22287: Facebok...ando (64): O transporte de gado vivo: embarque de vacas no porto fluvial de Bambadinca, em 1973 (João Lourenço, ex-alf mil, cmtd PINT, Cufar, 1973/74)

 

Guiné > Zona Leste > Região Bafatá > Bambadinca > Rio Geba Estreito > Porto Fluvial > 1973 > "Transporte de carne" (sic)... com as vacas em grupo de três presas pelos chifres, erguidas pela autogrua Galion.  Como se pode, ver por comparação com a foto a seguir, de 1968/69, o transporte de gado vivo parece que não melhorou muito, em 4/5 anos... Bem pelo contrário... Foto da  
página do Facebook do João Lourenço, com a devida vénia.

Foto (e legenda): © João Lourenço (2021). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


1. O  João Lourenço, membro da nossa Tabanca Grande desde 7 de maio de 2009, foi alf mil int, cmdt do trágico PINT 9288, Cufar, 1973/74. Tem 12 referências no nosso blogue

Esta imagem (a de cima) fala por si... Era nestas condições (hoje, chocantes) que se fazia o transporte de animais vivos...

Bambadinca era um importante porto fluvial, no rio Geba Estreito, entre o Xime e Bafatá. Tinha um destacamento de intendência desde junho de 1966. Por terra e por rio, chegavam aqui os abastecimentos para todo o Leste (regiões de Bafatá e de Nova Lamego). A sua importância era absolutamente estratégica, mas nunca foi posta em causa pelo PAIGC.


Guiné > Zona leste > Região de Bafatá > Setor L1 > Bambadinca > CCS/BCAÇ 2852 (1968/70) > Porto fluvial de Bambadinca, no Rio Geba Estreito... Embarque de vacas, utilizando a cilha (técnica mais morosa)... (Do outro lado do rio,  era a bolanha de Finete e o caminho para Missirá, o destacamento mais avançado do Setor L1 na região do Cuor.)

Foto do álbum do nosso camarada José Carlos Lopes, que era fur mil, amanuense do Conselho Administrativo (CA) da CCS... Não se percebe muito bem se é um embarque ou desembarque de vacas no porto fluvial de Bambadinca...  É mais provável tratar-se de um embarque. A zona leste fornecia gado vacuum para outras partes da Guiné, incluindo o "ventre" de Bissau (onde o bifinho com batatas fritas e ovo a cavalo era o prato favorito da tropa que vinha do "Vietname", sinónimo de "mato & porrada".) (***)

Foto: ©  José Carlos Lopes (2012). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


2. Ficha de unidades > Batalhão de Intendência da Guiné

Identificação: BINT  (Tem 6 referências no nosso blogue)

Crndt: Maj SAM Carlos Gonçalves Ferreira
Maj SAM António Monteiro
Maj SAM Augusto Soares Pinheiro
Maj SAM José Maria Teixeira
Maj SAM António Monteiro Alves dos Santos
Maj SAM António Avelino de Abreu Parente
Maj SAM António Madeira Peste
Maj SAM António Alberto Bravo Ferreira
Maj SAM Emídio José Brandão dos Santos Marques

2.° Cmdt (, só  a partir de 1Ago67): 
Cap SAM Manuel de Oliveira Rego
Cap SAM José Luís de Sousa Jorge
Cap SAM António José Calvo de Almeida Pereira
Cap SAM Manuel António Duran dos Santos Clemente
 
Início: lJun64 | Extinção: 140ut74

O BlNT  foi criado com base em QO aprovado por despacho ministerial de 21Nov63 e englobou uma Companhia de Intendência, uma Companhia de Depósito, então constituídas, e os destacamentos de Intendência (4), então existentes em Bissau, Tite, Bula e Bafatá, este depois instalado em Bambadinca, a partir de 2Jun66, e, mais tarde, outro pelotão instalado em Farim, a partir de 1Jan67, sendo considerado uma unidade da guarnição normal.

Em 1Abr68, as funções da Companhia de Depósito passaram a ser executadas por um novo órgão, então criado, o Depósito Base de Intendência e a partir de 1Set68, o batalhão passou a ser constituído pelas subunidades designadas por Companhia de Intendência de A/D, Companhia de Intendência de A/G, e Pelotões de Intendência, tendo ainda sido instalado outro pelotão em Cufar, a partir de 01Ago73.

Nesta situação, forneceu o apoio logístico às unidades e subunidades em serviço na Guiné, efectuou a reparação dos meios de frio, máquinas de escritório e de bobinagem, entre outros, para o que dispunha também de equipas itinerantes.

Ministrou também instrução de formação de especialistas de intendência de padeiros, magarefes, caixeiros e outras. Manteve ainda as reservas de combustíveis e lubrificantes e accionou o funcionamento dos centros de fabrico de pão e de abate.
Em 140ut74, após entrega das instalações e equipamentos ao PAIGC, o batalhão foi desactivado e extinto.

Observações - Não tem História da Unidade.

Fonte: Excertos de: CECA - Comissão para Estudo das Campanhas de África: Resenha Histórico-Militar das Campanhas de África (1961-1974) : 6.º Volume - Aspectos da Actividade Operacional: Tomo II - Guiné - Livro I (1.ª edição, Lisboa, Estado Maior do Exército, 2014), pp. 675/676
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(***) Vd. poste de 8 de dezembro de 2012 > Guiné 63/74 - P10774: Álbum fotográfico do ex- fur mil José Carlos Lopes, amanuense do conselho administrativo da CCS/BCAÇ 2852 (Bambadinca, 1968/70) (1): Embarque de vacas no porto de Bambadinca

quarta-feira, 8 de janeiro de 2020

Guiné 61/74 - P20538: (in)citações (142): Homenagem aos nossos bravos "intendentes", Fernando Franco (1951-2020) e António Baía, os primeiros a falar-nos da tragédia de Cufar, de 2 de março de 1974


Foto nº 1


Foto nº 2


Foto nº 3

Guiné > Região de Tombali  > Catió >  Cufar > 2 de março de  1974 > Três fotos que documentam as brutais consequências do accionamento de duas minas, reforçadas, colocadas pela guerrilha do PAIGC junto ao cais acostável de Cufar e ao destacamento do PINT (Pelotão de Intendência) 9288 (Cufar, 1973/74)...

A viatura, onde seguia o fur mil madeirense Pita da Silva e mais 1 militar do PINT 9288 e 3 civis, estivadores,   ficou completamente desfeita, tendo sido projectada a 100/150 metros (Foto nº 1)... Tiveram morte imediata o soldado caixeiro Rodrigo Oliveira Santos, mais os 3 guineeenses e houve 1 ferido grave, o fur mil Carlos Alberto Pita da Silva que, em consequência dos ferimentos sofridos, virá  a falecer no Hospital Militar de Bissau, duas semanas depois, a 17 março.

O soldado Rodrigo Oliveira Santos, de alcunha, o "Jeová", era natural da freguesia de Romariz, Vila da Feira; o furriel miliciano Pita da Silva nasceu no Funchal, Madeira.

Fotos (e legenda): © Fernando Franco (2006). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné)


Guiné > Região de Tombali > Cufar > Horror, impotência e luto (1)


Guiné > Região de Tombali > Cufar > Horror, impotência e luto (2)



Guiné > Região de Tombali > Cufar > Porto do rio Manterunga > 2 de março de 1974 > Batelão ao serviço do BINT (Batalhão da Intendência, de Bissau), em chamas, depois de ter accionado uma mina reforçada.

Fotos obtida de "slides" do António Graça de Abreu, autor de Diário da Guiné: Lama, Sangue e Água Pura (2007).

Fotos (e legendas): © António Graça de Abreu (2009). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


Guiné > Região de Tombali > Mapa de Bedanda (1961) (Escala 1/50 mil) > Posição relativa de Cufar e do porto do rio Manterunga, afluente do Rio Cumbijã

Infografia: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné (2014)


1. Foi a primeira vez, em 14 de outubro de 2006, na Ameira, por ocasião do nosso I Encontro Nacional, que eu ouvi falar da "tragédia de Cufar# (*)... O António Graça de Abreu chamou-lhe o "dia do Diabo" (**).

Foi no dia 2 de março de 1974, a um mês e meio do 25 de Abril... O 1º cabo aux enf António Baia, do PINT 9288,   assistiu a este episódio de guerra, "pura e dura"... Estava destacado em Cufar. O Fernando Franco, 1º cabo caixeiro, estava em Bissau.  O cmdt do PINT 9288, o alf mil João Lourenço, também estava em Cufar. Estes três camaradas entraram para a Tabanca Grande, o Baía e o Franco, logo em outubro  de 2006, o João Lourenço mais tarde, em maio de 2009 (***).

Foi o Franco e o Baia que, em conversa, na Ameira, me fizeram uma primeira descrição dos acontecimentos.  Depois o Franco mandou fotos: a foto nº 1, é impressionante, um jipe feito num rodilha, projetado a grande distância, na sequência da explosão de mina A/C reforçada...

Noutra das fotos pode ver-se a cratera originada pela explosão (Foto nº 3)... O Fernando Franco não sabia, na altura, se os dois soldados do seu pelotão que morreram, vieram ou não para o Continente, mas ele fez Guarda de Honra aos seus restos mortais, "até ao Hospital de Brá" [, HM 241].

Entretanto, um outra mina, reforçada com uma bomba da FAP (que não explodira, ao cair...), escondida no lodo, foi accionada por um batelão, ao atracar ao cais. O batelão, que levava carga da Intendência, incluindo bidões de combustível, pegou fogo e ficou destruído (Foto nº 2).

Houve vinte e tal mortos e desaparecidos, além de mais de um dúzia de feridos, todos civis, estivadores ao serviço da Intendência. (Estes mortos, sendo civis, não foram contabilizados como "mortos da guerra do Ultramar".)

Às vezes esquecemo-nos destes valorosos camaradas da Intendência que, à parte a fama (mas, quiçá, sem o competente proveito...) de nos  roubarem uma ou outra caixa de uísque ou de cerveja, também corriam riscos de vida nos seus destacamentos e nas viagens que faziam pelas rios e braços de mar da Guiné, acompanhando as colunas logísticas...

Nunca é demais lembrá-los (****)... Para mais, partiu, ontem, para a sua última morada, o "intendente" Fernando Franco, membro da Tabanca Grande da primeira hora, e que muitas saudades nos deixa,  a todos aqueles que, como eu, o  Carlos Vinhal, o Virgínio Briote e outros, o conheceram e que com ele conviveram, na Ameira, na Ortigosa, em Algés (na Tabanca da Linha)...

Fonte de informação: entrevista,  feita por LG, ao Fernando Franco a  ao António Baia, I Encontro Nacional da Tabanca Grande,  Montemor-o-Velho,  Ameira, 14 de Outubro de 2006...


2. O nosso "intendente" (, como eu gostava de chamar-lhe,) Fernando Franco esteve no BIG (Batalhão de Intendência Geral) em Bissau entre 1973 e 1974, numa CIAD (Companhia de Intendência de Apoio Directo).

Recordo que nos desencontrámo-nos no 10 de junho de 2006, em Belém, mas viemos a conhecer-nos, pessoalmente, na Ameira, a 14 de outubro de 2006.

No final de junho desse ano, ele já tinha feito a devida apresentação à nossa "tertúlia" (mais tarde, "Tabanca Grande"):

"Luís, conforme o pedido aqui vai uma fotografia de quando ainda era magro, em Bissau, onde estive, de 20 de abril 1973 a 11 de setembro 1974. Como podes ver pela data,  a minha unidade, CIAD, foi quase das últimas a sair da Guiné"... 

Enquanto ouvia o Adeus, Guiné... e o barco ou o avião não chegava... Na realidade, ele foi, a par do António Baía, outro "intendente", um dos últimos "soldados do Império".

A 4 de outubro de 2006, uns dias antes do nosso I Encontro Nacional, ele teve a gentileza de me mandar mais alguns dos seus dados curriculares:

(i) Fernando Alberto da Silva Franco nasceu em 1951 e foi criado em Lisboa, no bairro da Graça;

(ii) trabalhou e estudou de noite;

(iii)  na tropa, tirou a especialidade em Administração Militar;

(iv) embarcou para a Guiné como 1º Cabo Caixeiro (sic), integrado numa CIAD (Companhia de Intendência de Apoio Directo), em 20 de abril de 1973;

(v) a sua comissão foi até mesmo ao fim da nossa presença na Guiné: regressou a casa a 11 de setembro de 1974;

(vi) "casado há 32 anos", tinha  "um casal de filhos e mais recentemente uma netinha";

(vii) profissionalmente passara pela "área de escritório e contabilidade";  nestes últimos 16 anos, estivera na área dos camiões pesados (compras de material), "e actualmente  [, em 2006,] estou no desemprego, ou à espera da reforma";

(viii)  morava na altura, na Venda Nova, Amadora;

(ix) acabou de morrer  no IPO de Lisboa, no início deste ano.


3. Outro camarada da Intendência, que eu conheci em 14 de outubro de 2006, na Ameira, foi o António Baía,  1º cabo aux enf, no  PINT 9288.  

Era um grande amigo do Fernando Franco, cujo endereço de e-mail partilhava, na altura. Rezava assim a sua biografia:

(i) nasceu em Beja em 1951;

(ii)) trabalhou  como serralheiro até assentar praça na mesma cidade em janeiro de 1972;

(iii) de seguida foi tirar a especialidade de enfermeiro em Coimbra, acabando por seguir para a Guiné, em abril de 1973, integrado numa Companhia de Intendência, com sede em Bissau;

(iv) o seu pelotão foi destacado para Cufar (PINT 9288 – Cufar, Os Pioneiros, 1973/74);

(v) regressando a casa também  em 11 de setembro de 1974;

(vi) casado,  disse.nos [, em 2006,] que tinha "um rebento do melhor que se pode pedir",  filho Bruno;

(vii)  "profissionalmente e após findar o serviço militar", ingressara como funcionário no Ministério Justiça,  mas em 2006  já estava aposentado;

(viii) morava [, em 2006,]  nos Moínhos da Funcheira, Amadora.
________________

Notas do editor:

(*) Vd. postes de:

16 de novembro de 2006 > Guiné 63/74 - P1284: A Intendência também foi à guerra (Fernando Franco / António Baia)

16 de novembro de  2006 > Guiné 63/74 - P1283: Os nossos intendentes, os homens da bianda (Fernando Franco / António Baia)

(**) Vd. poste de 12 de novembro de 2009 > Guiné 63/74 - P5258: A tragédia de Cufar, sábado, dia do Diabo, 2 de Março de 1974 (António Graça de Abreu)

Vd. também postes de:

21 de outubro de 2011 > Guiné 63/74 - P8933: Memória dos lugares (158): Cufar e o porto do rio Manterunga, extensão do inferno na terra : 2 de Março de 1974 (António Graça de Abreu)

22 de maio de 2013 > Guiné 63/74 - P11610: Efemérides (126): "O dia em que Satanás andou à solta"! Cufar, 2 de Março de 1974 (António P. Almeida, Pel Rec Fox, 8870/72)

2 de março de 2014 > Guiné 63/74 - P12787: Efemérides (150): Cufar, 2 de março de 1974: Horror, impotência, luto... (Armando Faria, ex-fur mil, MA, CCAÇ 4740, Cufar, 1972/74)

2 de março de 2015 > Guiné 63/74 - P14314: Efemérides (181): Recordando o dia 2 de Março de 1974, dia de horror, impotência e luto em Cufar (Armando Faria)

(***) Vd. poste de 19 de maio de 2009 > Guiné 63/74 - P4377: Tabanca Grande (145): João Lourenço, ex-Alf Mil do PINT 9288 (Cufar, 1973/74)

(****) Ùltimo poste da 20 de dezembro de  2019 > Guiné 61/74 - P20473: (In)citações (141): Morreu a G3, viva a G3 (, substituída agora pela SCAR) (fotos de Jacinto Cristina, e versos de Albino Silva)

domingo, 8 de julho de 2018

Guiné 61/74 - P18825: (Ex)citações (341): Cânfora no vinho para tirar a "tusa"?... É um mito, diz o "intendente" João Lourenço, ex-alf mil, cmdt, PINT 9288 (Cufar, 1973/74)


Guiné > Região de Cacheu > São Domingos > CCS/BCAÇ 1933 > Novembro de 1968 > O alf mil SAM Virgílio Teixeira (o segundo a contar da esquerda), a ajudar a descarregar garrafões de vinho, alguns dos quais têm o rótulo do Cartaxo (presumivelmente, da Adega Cooperativa do Cartaxo).

Foto (e legenda): © Virgílio Teixeira (2018) / Blogue Luís Graça & Caramadas da Guiné (2013). Todos os direitos reservados

1. Pedimos aos nossos camaradas do Batalhão de Intendência ( BINT), o Fernando Franco, o António Baia, o João Lourenço, para esclarecer esta "momentosa" questão do vinho e da cânfora... E já agora acrescentei questões que estavam associadas ao vinho:

(i) qual era a ração diária de um soldado na Guiné? Um decilitro, um copo, ou dois, à refeição? (Dois decilitros por dia dava, a multiplicar por 160 homens=1 companhia,  dava 32 litros por companhia, ou sejam, 6 garrafões de vinho de 5 litros... Ao fim do mês eram 180 garrafões, o que obrigava a uma logística complicada... transporte, armazenamento...

(ii) como é que o vinho era transportado desde Bissau? Em garrafões, de 5 litros, 20 litros? Em meias pipas? Ou outro vasilhame?

(iii) o vinho levava aditivos? Cânfora, por exemplo? Era batizado, com "água do Geba"?

(iv) lembram-se de alguma marca de vinhos, como por exemplo, o "Cartaxo"?

Obrigado, em nome da Tabanca Grande e em honra da memória dos nossos valorosos "intendentes". LG


2. Primeirsa resposta de um "intendente", a do João Lourenço, que foi alf mil int, cmdt do trágico PINT 9288, Cufar, 1973/74 (*):

Bom dia, Luís .

A cânfora é, quanto a mim, e fui responsável pelo tacho, fui comandante de um PINT, um mito.

O vinho era fornecido pela MM [Manutenção Militar] em bidões de 215 lts, salvo erro, e usado assim mesmo, devido ao calor havia por vezes o hábito de usar um bidão sem a tampa onde eram colocadas barras de gelo feitas com água tratada e potável claro, o que dava sobras....

Havia algum controle para evitar grandes "bubas". Em especial em Bissau, no mato... dependia.

Um alfa bravo  (**)

João Lourenço
_____________


(...) Meu caro Luís,


"Tropecei" no teu blogue e gostava não só de me encontrar com o pessoal das nossas "férias tropicais" como de pertencer ao grupo e ir ao almoço de dia 20.

Fui o 1º Comandante do PINT 9288, estive lá em Cufar até ao terrível dia da morte do meu Furriel Pita e do Jeová no mesmo Jipe que eu próprio tinha conduzido na estrada para o porto interior nesse dia de manhã cedo, antes de ir em serviço a Bissau chamado pelo Cap Manuel Duran Clemente, meu 2º Comandante.

Estive no Hospital com o Pita o pouco tempo em que o coração dele resistiu ao destino que era inevitável. Hoje resta apenas a memória gravada no monumento em Belém de homenagem a todos os que deram a vida. Tal como a maioria, nunca soube o nome do Jeová, penso que estará homenageado no mesmo monumento.

Convivi com a CCaç 4740, o CAOP 1, ainda me lembro de alguns, poucos, bons momentos, como a célebre recepção aos piras em que lhes demos arroz com marmelada..., antes de vir a nossa janta reforçada, etc.

Lembro-me bem do Baía e de mais alguns, havia o Furriel Cardoso, um moço do Norte que era Bate-chapas... um 1º Cabo que ficou no BINT de Bissau, que era aqui da Figueira onde habito agora e que gostava de voltar a encontrar,etc." (...)

quarta-feira, 21 de junho de 2017

Guiné 61/74 - P17500: Álbum fotográfico de Luís Mourato Oliveira, ex-alf mil, CCAÇ 4740 (Cufar, dez 72 / jul 73) e Pel Caç Nat 52 (Mato Cão e Missirá, jul 73 /ago 74) (18): Amigos e camaradas de Cufar - Parte I


Guiné > Região de Tombali > Cufar > CCAÇ 4740 > 1973 > 18º Pel Art > Eu, junto ao obus 14 mais o  sargento Barros



Guiné > Região de Tombali > Cufar > CCAÇ 4740 > 1973 > O edifício da Intendência [o martirizado PINT 9288, de que era cmdt o nosso camarada João Lourenço].




Guiné > Região de Tombali > Cufar > CCAÇ 4740 > 1973 > Eu e António António [Octávio da Silva] Neto [, alf mil inf] junto ao "Solar do Gringo"


Guiné > Região de Tombali > Cufar > CCAÇ 4740 > 1973 > Com o Rebelo,  do Liceu Pedro Nunes



Guiné > Região de Tombali > Cufar > CCAÇ 4740 > 1973 >  António e Eiriz (cujo nome completo  não identificámos): o primeiro será o alf mil, cmdt do 2º Gr Comb  António Adolfo Moreira da Silva Zêzere ? Vd. aqui a história da unidade e a sua composição orgânica. [No caso do Eiriz, trata.se do alf mil trms  do CAOP1, António Eiriz]


Fotos (e legendas): © Luís Mourato Oliveira (2017). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné].


1. Continuação da publicação do álbum fotográfico do Luís Mourato Oliveira, nosso grã-tabanqueiro, que foi alf mil inf da CCAÇ 4740 (Cufar, 1973) e do Pel Caç Nat 52 (Mato Cão e Missirá, 1973/74). (*)

De rendição individual, foi o último comandante do Pel Caç Nat 52. Irá terminar a sua comissão no setor L1 (Bambadinca), em Missirá, depois de Mato Cão, e extinguir o pelotão em agosto de 1974.

Até meados de 1973 esteve em Cufar, a comandar o 3º pelotão da CCAÇ 4740, no 1º semestre de 1973. Tem bastantes fotos de Cufar, que começámos a publicar no poste P17388 (*).

Hoje mostram-se mostram-se algumas fotos de camaradas de Cufar. Além da CCAÇ 4740, unidade de quadrícula, de origem açoriana, Cufar era uma verdadeira base militar,  com pista de aviação e porto fluvial, contando com forças da marinha, da força aérea, do CAOP1, e ainda as seguintes:

Pel Caç Nat 51

Pel Caç Nat 67

Pel Canhões s/r

 Pel Art 18

Pel Rec Fox 8870

PINT 9288

Milícias.

Vários camaradas da Tabanca Grande passaram por lá nesta altura (1973/74), além do Luís Mourato Oliveira: António Graça de Abreu, Fernando Franco, António Baia, António Salvador, Armando Faria, João Lourenço, António P. Almeida... Citamos  de memória!

O Luís Mourato Oliveira já não estava em Cufar quando se deu a tragédia do dia 2 de março de 1974: duas minas, mais de duas dezenas de mortos, em grande maioria estivadores ao serviço da Intendência(**)...  Nem antes,  em 14 de novembro de 1973, quando  Cufar começou a "embrulhar", com os foguetões 122 mm ("os jactos do Povo", como lhes chamava a malta do PAIGC) (***)...
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2 de março de  2014 > Guiné 63/74 - P12787: Efemérides (150): Cufar, 2 de março de 1974: Horror, impotência, luto... (Armando Faria, ex-fur mil, MA, CCAÇ 4740, Cufar, 1972/74)

2 de março de 2015 >  Guiné 63/74 - P14314: Efemérides (181): Recordando o dia 2 de Março de 1974, dia de horror, impotência e luto em Cufar (Armando Faria)

(***) Vd. poste de 17 de outubro de 2008 > Guiné 63/74 - P3328: Memórias literárias da guerra colonial (7): O baptismo de fogo de A. Graça de Abreu, em Cufar, aos 17 meses (Luís Graça)

domingo, 2 de março de 2014

Guiné 63/74 - P12787: Efemérides (150): Cufar, 2 de março de 1974: Horror, impotência, luto... (Armando Faria, ex-fur mil, MA, CCAÇ 4740, Cufar, 1972/74)

Guiné > Região de Tombali > Cufar >  Horror, impotência e luto.  
Foto obtida de sides do António Graça de Abreu, autor de Diário da Guiné: Lama, Sangue e Água Pura (2007)...

Guiné > Região de Tombali > Cufar > Porto do rio Manterunga > 2 de março de 1974 > Batelão ao serviço do BINT (Batalhão da Intendência, de Bissau), em chamas, depois de ter accionado uma mina.

Fotos: © António Graça de Abreu (2009). Todos os direitos reservados.


1. Mensagem do Armando Faria [ex-Fur Mil, MA, CCAÇ 4740, Cufar1972/74]

Assunto: 2 de março de 1974

Camarigo amigo.
Que a saúde seja vossa companheira nestes DIAS que temos.

Por estes dias, ao "mexer" nas memórias, para escrever um resumo da história da minha companhia, a CCAÇ 4740, dos acontecimentos que então vivi na companhia de todos os que como eu passaram por Cufar- de Julho de 1972 a Julho de 1974, revivi o dia mais negro por lá passado.

Foi a 2 Março que em Cufar se viveu um dia trágico e só o acaso o não fez mais negro. Não queria deixar de partilhar, em memória dos que então ai deixaram a vida, o que então vivi. (*)

Um abraço solidário a quantos partilham esta espaço e a todos quantos o visitam,
Armando Silva Faria,
Ex-Fur Mil MA,
CCAÇ 4740, Cufar 72/74


2. Cufar, Guiné, 2 Março de 1974, 16H30 

Quarenta anos se passaram no calendário que governa o tempo…

Para quem, por desdita, fado ou má sorte estava lá nesse dia, foi Ontem que tudo isto se passou…

Hoje refaço a memória do tempo, em singela homenagem àqueles a quem coube o destino ou má sorte de ali entregar a alma ao Criador.

Aqueles que, como eu, assistiram a todo este cenário, que viveram e conviveram com esses homens, mantêm-nos presentes nas suas lembranças. Teremos para sempre esse dia a habitar-nos a alma e o coração. Será esquecido, apenas quando a "tumba" nos der repouso.

A 2 Março de 1974, pelas 16H30, o jipe do Pelotão de  Intendência 9288,  ao dirigir-se ao porto interior de Cufar, no rio Manterunga, acciona uma mina anticarro. O jipe voou, tal foi a violência da carga explosiva utilizada que o atingiu, a cratera aberta no solo, pelo seu diâmetro de cerca de 2 metros de largo por outros tantos de profundidade, assim podia testemunhar. (**)

Como especialista de MA [, Minas e Armadilhas,]  fiz o reconhecimento ao local nos minutos que se seguiram.

Os corpos dos cinco ocupantes ficaram espalhados em redor num senário dantesco.

Ali de imediato tinha sido ceifada a vida a 4 homens, o Soldado Caixeiro Rodrigo Oliveira Santos, mais 3 estivadores africanos e 1 ferido grave, o Fur Mil Carlos Alberto Pita da Silva que, em consequência da gravidade dos ferimentos sofridos, veio a falecer no Hospital Militar de Bissau, a 17 Março.

Mas se esta tragédia é demasiado pesada e deixa já profundas marcas em todo o pessoal, o pior ainda estava à nossa espera, pelas 22H00 com o baixar da maré ocorreu um novo rebentamento de uma mina, agora accionada pelos barcos que estavam a ser descarregados no porto, tendo originado a morte de mais 3 civis estivadores e ferido 13, estes foram localizados nos momentos que se seguiram, havendo ainda a registar 18 civis considerados mortos, carbonizados ou desaparecidos.

A imagem que retenho daquilo que vi destes homens recolhidos no posto médico, escuso-me comentar, tal foi o cenário vivido nesse dia.

Honra e Glória aos amigos que vimos partir e, neles, a todos quantos um dia com seu sangue regaram esses espaços…

Pedroso, 2 Março 2014

Armando Silva Faria,
Ex-Fur Mil MA
CCAÇ 4740, Cufar 72/74

Guiné > Região de Tombali > Mapa de Bedanda (1961) (Escala 1/50 mil) > Posição relativa de Cufar e do porto do rio Manterunga, afluente do Rio Cumbijã

Infografia: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné
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Notas do editor:


terça-feira, 10 de dezembro de 2013

Guiné 63/74 - P12427: Boas Festas (2013/14) (2): Álvaro Vasconcelos, Amaral Bernardo, Eduardo Estrela, J. C. Lucas, J. Mexia Alves, João Lourenço, José Colaço, Tony Levezinho



Lisboa > Praça do Comércio > 1 de dezembro de 2013 > A "árvore de Natal" de 2013

Foto: © Luis Graça (2013). Todos os direitos reservados

1. Mensagens de boas festas (*), recebidas hoje até ao fim da tarde,  dos nossos bons amigos e camaradas  a seguir listados, por ordem alfabética



[ex-1.º Cabo Transmissões do STM, Aldeia Formosa e Bissau, 1970/72]

Obrigado, Luís. Retribuo com todo o carinho e adiciono saudações fraternas para todo o universo da família para as famílias!

Um abraço

 do Vasconcelos

(ii) Amaral Bernardo [ex-alf mil médico, CCS/BCAÇ 2930, e CCAÇ 5, Catió, Guileje, Bedanda, 1970/72]

Comungo o teu singelo e profundo sentimento em mais esta efeméride circadiana, como dizes.

Na verdade já estamos todos na fase das perguntas menos cómodas e com respostas... conhecidas, quer queiramos quer não! Mas nós ,apesar de tudo, já tivemos o privilégio de chegar até aqui! Pensemos nisto nos momentos menos bons.

Que no "outono" de uns e no "inverno" de outros esteja sempre a esperança e o apoio deste sentimento fraterno que nos une a todos (nesta Tabanca Grande que tu ergueste e governas) os que partilhamos as vivências de uma fase traumática e desestruturante das nossas vidas.

Que os teus votos e desejos formulados se concretizem TODOS!

Um quebra ossos forte, Amaral Bernardo
(iii) Eduardo Estrela
[ ex-Fur Mil da CCAÇ 14, Cuntima, 1969/71]

Luís!

Li atentamente a tua mensagem. Projecto em ti os meus votos de Boas Festas a todos os Tabanqueiros e suas familias. Acima de tudo e como referes no final do texto, torna-se necessário ter esperança.

È PRECISO ACREDITAR NO HOMEM!

Um grande e fraterno abraço, 

Eduardo Estrela




[ex alferes miliciano,  op esp, CCAÇ 2617, 
Magriços de Guileje, 
Pirada, Paunca, Guileje, 
1969/71]

Agradeço e retribuo os votos natalícios

J.C.Lucas 
Magriços de Guileje

(v) João Lourenço [, ex-alf mil, PINT 9288, Cufar, 1973/74]

Meu caro Luís, sem jeito para a prosa resta-me desejar-te, a ti,  e a todos os nossos “associados”… umas Boas Festas e que 2014 nos traga alguma esperança, que começa a faltar a quem está na reta final, muito longa,  esperamos, sem trabalho, somos demasiados...  

E, já agora,  que só conseguiu sair da guiné em Outubro de 74 e teve de pagar o bilhete na TAP…. Que 5 contos tão bem gastos, para não esperar ainda mais!...
Um alfabravo natalício, com alguma esperança,  João Lourenço


[ex-alf mil op esp,  CART 3492/BART 3873, (Xitole/Ponte dos Fulas); Pel Caç Nat 52, (Ponte Rio Udunduma, Mato Cão) e CCAÇ 15 (Mansoa), 1971/73] 

Meus amigos

Agradeço os votos e devolvo-os com o coração.

Um Feliz Natal e um Óptimo Ano Novo é o que vos desejo.

Abraços amigos do 

Joaquim Mexia Alves


(vii) José Colaço  [ex-Soldado Trms, CCAÇ 557, 
Cachil, Bissau e Bafatá, 1963/65]

Luís, só tu podias escrever esta bela, linda mensagem de Natal sobre o nosso blogue... 

Quanto ao resto, prognósticos só podem ser como no futebol; aqui não há resultados encomendados ou comprados. As nossas vidas não há dinheiro que as pague.

Um braço amigo.
José Botelho Colaço

(viii) Tony  Levezinho 

[ex-fur mil at inf, CCAÇ 2590/CCAÇ 12, Contuboel e Bambadinca, 1969/71]
JÁ NÃO TEMOS VINTE ANOS…

Correspondendo ao desafio que o texto, vertido pelo coração do meu velho camarada e, acima de tudo, amigo Luis Graça, titulo estas despretensiosas linhas com uma frase que retive do mesmo.

Na verdade, esta teve o condão de me fazer recuar aos já longínquos anos de 60-74, numa altura em que a vida da maior parte dos jovens portugueses foi abruptamente desviada e encaminhada para um rumo incerto, pleno de medos e sem a menor garantia de um seguro retorno ao ponto de partida.

Se com vinte e tais anos somos de tudo capazes, muitas vezes até, sem sabermos bem porquê, a verdade é mesmo essa: Já não temos vinte anos!

E dentro desta, tão inegável como irrecusável, realidade, aqui fica a expressão do meu profundo desapontamento pelo facto de, uma vez mais, estarmos a ser vítimas de um abrupto e violento desvio das nossas vidas, igualmente para um rumo incerto e, tal como então, sem a menor garantia de retorno, agora, não ao ponto de partida, porque a nossa caminhada já vai longa, mas ao natural trilho a que nossa respeitável idade vai, inexoravelmente, conduzindo o resto das nossas vidas.

Afinal, como podemos ser bons alunos se somos REPETENTES ?

Nesta quadra de tão forte simbolismo para a maioria de nós, os meus sinceros e amigos votos de Boas Festas. Tony Levezinho

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Nota do editor: