Guiné > Região de Cacheu > São Domingos > CCS/BCAÇ 1933 > Novembro de 1968 > O alf mil SAM Virgílio Teixeira (o segundo a contar da esquerda), a ajudar a descarregar garrafões de vinho, alguns dos quais têm o rótulo do Cartaxo (presumivelmente, da Adega Cooperativa do Cartaxo).
Foto (e legenda): © Virgílio Teixeira (2018) / Blogue Luís Graça & Caramadas da Guiné (2013). Todos os direitos reservados
1. Pedimos aos nossos camaradas do Batalhão de Intendência ( BINT), o Fernando Franco, o António Baia, o João Lourenço, para esclarecer esta "momentosa" questão do vinho e da cânfora... E já agora acrescentei questões que estavam associadas ao vinho:
(i) qual era a ração diária de um soldado na Guiné? Um decilitro, um copo, ou dois, à refeição? (Dois decilitros por dia dava, a multiplicar por 160 homens=1 companhia, dava 32 litros por companhia, ou sejam, 6 garrafões de vinho de 5 litros... Ao fim do mês eram 180 garrafões, o que obrigava a uma logística complicada... transporte, armazenamento...
(ii) como é que o vinho era transportado desde Bissau? Em garrafões, de 5 litros, 20 litros? Em meias pipas? Ou outro vasilhame?
(ii) como é que o vinho era transportado desde Bissau? Em garrafões, de 5 litros, 20 litros? Em meias pipas? Ou outro vasilhame?
(iii) o vinho levava aditivos? Cânfora, por exemplo? Era batizado, com "água do Geba"?
(iv) lembram-se de alguma marca de vinhos, como por exemplo, o "Cartaxo"?
Obrigado, em nome da Tabanca Grande e em honra da memória dos nossos valorosos "intendentes". LG
Obrigado, em nome da Tabanca Grande e em honra da memória dos nossos valorosos "intendentes". LG
2. Primeirsa resposta de um "intendente", a do João Lourenço, que foi alf mil int, cmdt do trágico PINT 9288, Cufar, 1973/74 (*):
Bom dia, Luís .
A cânfora é, quanto a mim, e fui responsável pelo tacho, fui comandante de um PINT, um mito.
O vinho era fornecido pela MM [Manutenção Militar] em bidões de 215 lts, salvo erro, e usado assim mesmo, devido ao calor havia por vezes o hábito de usar um bidão sem a tampa onde eram colocadas barras de gelo feitas com água tratada e potável claro, o que dava sobras....
João Lourenço
_____________
(...) Meu caro Luís,
Havia algum controle para evitar grandes "bubas". Em especial em Bissau, no mato... dependia.
Um alfa bravo (**)
João Lourenço
_____________
Notas do editor:
(*) Vd. poste de 17 de maio de 2009 > Guiné 63/74 - P4366: Tabanca Grande (144): João Lourenço, ex-Alf Mil, PINT 9288, Cufar (1973/74)
(*) Vd. poste de 17 de maio de 2009 > Guiné 63/74 - P4366: Tabanca Grande (144): João Lourenço, ex-Alf Mil, PINT 9288, Cufar (1973/74)
(...) Meu caro Luís,
"Tropecei" no teu blogue e gostava não só de me encontrar com o pessoal das nossas "férias tropicais" como de pertencer ao grupo e ir ao almoço de dia 20.
Fui o 1º Comandante do PINT 9288, estive lá em Cufar até ao terrível dia da morte do meu Furriel Pita e do Jeová no mesmo Jipe que eu próprio tinha conduzido na estrada para o porto interior nesse dia de manhã cedo, antes de ir em serviço a Bissau chamado pelo Cap Manuel Duran Clemente, meu 2º Comandante.
Estive no Hospital com o Pita o pouco tempo em que o coração dele resistiu ao destino que era inevitável. Hoje resta apenas a memória gravada no monumento em Belém de homenagem a todos os que deram a vida. Tal como a maioria, nunca soube o nome do Jeová, penso que estará homenageado no mesmo monumento.
Convivi com a CCaç 4740, o CAOP 1, ainda me lembro de alguns, poucos, bons momentos, como a célebre recepção aos piras em que lhes demos arroz com marmelada..., antes de vir a nossa janta reforçada, etc.
Lembro-me bem do Baía e de mais alguns, havia o Furriel Cardoso, um moço do Norte que era Bate-chapas... um 1º Cabo que ficou no BINT de Bissau, que era aqui da Figueira onde habito agora e que gostava de voltar a encontrar,etc." (...)
Fui o 1º Comandante do PINT 9288, estive lá em Cufar até ao terrível dia da morte do meu Furriel Pita e do Jeová no mesmo Jipe que eu próprio tinha conduzido na estrada para o porto interior nesse dia de manhã cedo, antes de ir em serviço a Bissau chamado pelo Cap Manuel Duran Clemente, meu 2º Comandante.
Estive no Hospital com o Pita o pouco tempo em que o coração dele resistiu ao destino que era inevitável. Hoje resta apenas a memória gravada no monumento em Belém de homenagem a todos os que deram a vida. Tal como a maioria, nunca soube o nome do Jeová, penso que estará homenageado no mesmo monumento.
Convivi com a CCaç 4740, o CAOP 1, ainda me lembro de alguns, poucos, bons momentos, como a célebre recepção aos piras em que lhes demos arroz com marmelada..., antes de vir a nossa janta reforçada, etc.
Lembro-me bem do Baía e de mais alguns, havia o Furriel Cardoso, um moço do Norte que era Bate-chapas... um 1º Cabo que ficou no BINT de Bissau, que era aqui da Figueira onde habito agora e que gostava de voltar a encontrar,etc." (...)
(**) Último poste da série > 4 de julho de 2018 > Guiné 61/74 - P18812: (Ex)citações (340): Histórias de vida, a propósito do "ventre da guerra" (Luís Graça / António Ramalho)
6 comentários:
Olá Camaradas
Quem é o "Indendenete"?
Um Ab.
António Costa
"Intendente", foi gralha... domingueira. Há os "infantes" e os... "intendentes"... O João Lourenço era da Intendência. Peço desculpa... LG
Como vês, estava atento...
Um Ab.
Reproduzo aqui um comentário de há 4 anos atrás do nosso camarada Adriano Moreira (Admor), exc-fur mil enfermeiro, sobre a cânfora no vinho e a pirimetamina... Bem humorado, constata que o raio da cãnfora no vinho tinha um efeito "retardador", só ao fim de 50 anos é que começava a fazer efeito...
(...) É curioso, que só me lembrava de uma toma por semana (quinta-feira) da referida Pirimetamina e devo confessar que foi ao único medicamento que não me furtei. Aprendi esse hábito de mandar embalagens inteiras para serem distribuídas no refeitório durante o treino operacional em Bigene e mantive-o sempre até ao fim da comissão. Felizmente nunca tive o paludismo nem estive doente de coisa nenhuma durante a comissão, costumava dizer a título de brincadeira que o cheiro dos medicamentos na enfermaria imunizava os enfermeiros.
Quanto ao fazer mal à tusa, só agora é que começo a sentir os efeitos da cânfora no vinho e da pirimetamina duas vezes por semana.
Abraços amigos para todos, adeus, até ao meu regresso. (...)
16 DE OUTUBRO DE 2014
Guiné 63/74 - P13743: Os nossos médicos (80): Memórias do Dr. Rui Vieira Coelho, ex-Alf Mil Médico dos BCAÇ 3872 e 4518 (12): Até a Maria Turra dizia que o antipalúdico Pirimetamina, do Laboratório Militar, fazia mal à tusa...
https://blogueforanadaevaotres.blogspot.com/2014/10/guine-6374-p13743-os-nossos-medicos-80.html
tusa | s. f.
tu·sa
(origem obscura)
substantivo feminino
1. [Calão] Excitação ou desejo sexual.
2. [Calão] Erecção do pénis.
3. [Calão] Entusiasmo, ânimo.
Sinónimo Geral: TESÃO
Confrontar: tuza.
"tusa", in Dicionário Priberam da Língua Portuguesa [em linha], 2008-2013, https://www.priberam.pt/dlpo/tusa [consultado em 08-07-2018].
E não foi alterada com o novo AO?
A tusa, pois claro.
Acho que a legislação sobre AO ainda) não chegou ao aparelho recreativo.
É um "case study" ou motivo para um inquérito...
Um Ab.
António Costa
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