Guiné-Bissau > Região de Tombali > Guileje > 2006 > "Laranjada Convento / Mafra / Marca registada"... Restos arqueológicos de uma guerra... e que hoje figuram no Núcleo Museológico Memória de Guiledje, carinhosamente criado pelo nosso saudoso amigo Pepito (1949-2012). Na imagem pode ler-se: "Composição: Sumo - Popa e óleo de laranja - Açúcar granulado - Água esterelizada / Corado artificialmente / Fabricado por Francisco Alves & Filho Lda / Venda do Pinheiro"...
Houve muita gente, na Metrópole, a ganhar dinheiro com a guerra, a começar pelos industriais do sector agroalimentar... Ainda conheci o sr. Evaristo Alves e um dos filhos, Mário, descendentes do fundador da empresa Francisco Alves & Filhos Lda, quando trabalhei na administração fiscal em Mafra, em 1973... Constava que o sucesso do Francisco Alves, no negócio dos refrigerante, tinha começado no tempo da guerra civil de Espanha (1936-1939)...
Na Guiné (como de resto nos outros Teatros Operacionais), o "ventre da guerra" obrigava, por seu teu turno, a uma tremenda logística... Quantos camaradas nossos não terão morrido ou sofrido para que esta garrafa de laranjada Convento chegasse a Guileje ?
Na Guiné (como de resto nos outros Teatros Operacionais), o "ventre da guerra" obrigava, por seu teu turno, a uma tremenda logística... Quantos camaradas nossos não terão morrido ou sofrido para que esta garrafa de laranjada Convento chegasse a Guileje ?
Fotos (e legenda): © Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné (2018). Todos os direitos reservados
Obrigado, António, pelo esclarecimento e pela autorização para publicar... Sim, Evaristo e não Francisco Alves, OK, tomei boa nota... O Francisco foi o fundador da empresa, o Evaristo o filho e o Mário o neto...
Troquei os nomes ao escrever:
"Ainda conheci o Sr. Francisco Alves e um dos seus filhos, quando trabalhei na administração fiscal em Mafra, em dezembro de 1973, num 'jantar de Natal' que ele ofereceu ao 'pessoal das Finanças', como era da tradição: foi na fábrica, em Venda o Pinheiro, tudo muito bem 'regado', eu, que era 'novato' no ofício e na repartição, não me lembro de ter bebido 'produtos da casa'... Constava que o seu sucesso, nos negócios, tinha começado no tempo da guerra de Espanha (1936-1939)... Uma das marcas famosas da firma era a Laranjinha C, cuja história, ao que parece, remontava já a 1926, ano da fundação da empresa Francisco Alves e Filhos, na Venda do Pinheiro, e em que o empresário Francisco Alves começou a produzir pirolitos, a par de outros refrigerantes".
António, todos temos uma "história de vida", para uns mais curta, para outros mais comprida. Somos uma geração que andou em bolandas e apanhou todas as mudanças e todas as crises (políticas, militares, demográficas, sociais, económicas, culturais, mentais...) a começar pela maldita guerra (, que me tirou, sem exagero, dez anos de vida, no mínimo, aliás, nos tirou a todos...). Mas isso são contas de outro rosário... Não nos vitimizemos. Ninguém escolhe a data e o local de nascimento e muito menos os progenitores... E eu não gosto de me vitimizar nem de ver os nossos camaradas a armarem-se em coitadinhos... É uma pecha nacional. (***)
Fica bem, um abraço, Luís
3. Resposta do António Ranalho, com data de 28 de junho p.p.:
Caro Luís, boa noite.
Se assim o entenderes publica, a tua vontade é soberana.
A minha passagem pela DGCI [, Direção-Greal das Contribuições e Impostos,] em 67/68 também foi interessante mas efémera! Iniciei o meu percurso na Covilhã com cerca de 250 fábricas de lanifícios, em todo o concelho, era obra, processos de Contribuição Industrial à mão!
Fui para a Direcção de Finanças da Guarda, um paraíso, com a Direcção Escolar ao lado! Terminei na Mealhada por causa de uma marotice que até hoje não consigo entender: vim a Lisboa ao Liceu Camões prestar provas, entreguei-a 15/20 minutos antes do tempo e regressei à Mealhada. Sai a lista no "Diário do Governo" e o meu nome não constava, o meu Chefe entra em pânico e liga para Aveiro, Aveiro liga para Lisboa, e sabes qual foi a resposta?
A prova extraviou-se, venha no próximo concurso!
1. Mensagem de António Ramalho, ex-fur mil at cav, CCAV 2639 (Binar, Bula e Capunga, 1969/71), alentejano de Vila de Fernando, Elvas:
Data: 28 de junho de 2018 às 19:09
Caro Luís Graça, boa tarde.
Agradecido pela publicação das fotos e memórias da nossa guerra por terras de África.(*)
Achei interessante a réplica ao texto sobre as sobras das nossas refeições, para nós não eram "restos"!
Pela parte que nos toca, achámos sempre uma acção interessante até porque os nossos cozinheiros ensinaram aos miúdos algumas tarefas na cozinha, além de começarem a habituar-se a comer com colher, faca e garfo.
Há uma pequena imprecisão no texto sobre a laranjada Convento (**), se algum camarada da Venda do Pinheiro o ler verá que o jantar foi com o senhor Evaristo Alves (filho de Francisco Alves, o fundador da empresa ) e seu filho Mário, este felizmente ainda vivo, fará 84 anos em Julho (, neto portanto do fundador).
Foi dia de festa quando nos anos 80 foi adquirido o primeiro semi-reboque para transporte da Laranjina C, esteve em exposição na fábrica, uma autêntica romaria!...
Vivi dez anos na Venda do Pinheiro, naquele tempo era um lugar da freguesia do Milharado, cocnelho de Mafra, e hoje é freguesia.
Foi uma família que me acolheu assim como a maioria dos habitantes duma forma extraordinária, ainda hoje mantenho essa amizade e convívios.
Era um lugar lindíssimo com pinhais recheados de vivendas com habitantes dos mais variados extractos sociais, culturais, artísticos e empresariais
Logo ao lado tínhamos a Malveira onde às 5ª feiras degustávamos um belo cozido à portuguesa, além de outras "iguarias"!
Tudo isto nada tem a ver com o nosso blogue, é só para te situar e sustentar aquela pequena imprecisão.
Aguardo com toda a ansiedade um almocinho para esta zona, oxalá a minha agenda o permita e tu possas estar presente, ou ou o blogue pára nas férias?
Um grande abraço,
Caro Luís Graça, boa tarde.
Agradecido pela publicação das fotos e memórias da nossa guerra por terras de África.(*)
Achei interessante a réplica ao texto sobre as sobras das nossas refeições, para nós não eram "restos"!
Pela parte que nos toca, achámos sempre uma acção interessante até porque os nossos cozinheiros ensinaram aos miúdos algumas tarefas na cozinha, além de começarem a habituar-se a comer com colher, faca e garfo.
Há uma pequena imprecisão no texto sobre a laranjada Convento (**), se algum camarada da Venda do Pinheiro o ler verá que o jantar foi com o senhor Evaristo Alves (filho de Francisco Alves, o fundador da empresa ) e seu filho Mário, este felizmente ainda vivo, fará 84 anos em Julho (, neto portanto do fundador).
Foi dia de festa quando nos anos 80 foi adquirido o primeiro semi-reboque para transporte da Laranjina C, esteve em exposição na fábrica, uma autêntica romaria!...
Vivi dez anos na Venda do Pinheiro, naquele tempo era um lugar da freguesia do Milharado, cocnelho de Mafra, e hoje é freguesia.
Foi uma família que me acolheu assim como a maioria dos habitantes duma forma extraordinária, ainda hoje mantenho essa amizade e convívios.
Era um lugar lindíssimo com pinhais recheados de vivendas com habitantes dos mais variados extractos sociais, culturais, artísticos e empresariais
Logo ao lado tínhamos a Malveira onde às 5ª feiras degustávamos um belo cozido à portuguesa, além de outras "iguarias"!
Tudo isto nada tem a ver com o nosso blogue, é só para te situar e sustentar aquela pequena imprecisão.
Aguardo com toda a ansiedade um almocinho para esta zona, oxalá a minha agenda o permita e tu possas estar presente, ou ou o blogue pára nas férias?
Um grande abraço,
António Ramalho
2. Resposta do editor LG:
"Ainda conheci o Sr. Francisco Alves e um dos seus filhos, quando trabalhei na administração fiscal em Mafra, em dezembro de 1973, num 'jantar de Natal' que ele ofereceu ao 'pessoal das Finanças', como era da tradição: foi na fábrica, em Venda o Pinheiro, tudo muito bem 'regado', eu, que era 'novato' no ofício e na repartição, não me lembro de ter bebido 'produtos da casa'... Constava que o seu sucesso, nos negócios, tinha começado no tempo da guerra de Espanha (1936-1939)... Uma das marcas famosas da firma era a Laranjinha C, cuja história, ao que parece, remontava já a 1926, ano da fundação da empresa Francisco Alves e Filhos, na Venda do Pinheiro, e em que o empresário Francisco Alves começou a produzir pirolitos, a par de outros refrigerantes".
Possivelmente, em 1973, o fundador da empresa, Francisco Alves, já não seria vivo, e portanto o jantar foi-nos oferecido pelo sr. Evaristo Alves e o seu sucessor, o Mário Alves... Devo acrescentar que, depois desse jantar de Natal, nunca mais os vi, mas eram uma família hospitaleira e simpática... Nunca lhes fiz favores nem recebi benesses ... Liquidava-lhes o imposto de circulação, que já era uma pipa de massa... Eu estive uns meses em Mafra, de resto apanhei lá o 25 de abril...Trabalhava no "convento", na Repartição de Finanças... Aliás, estive 15 anos no Ministério das Finanças, 10 anos em Lisboa, acabei a minha carreira como técnico superior do elitista Centro de Estudos Fiscais, a "nata" dos fiscalistas... Depois acabei por enveredar por outra carreira, o ensino superior... numa instituição que só passou a integrar a universidade, a NOVA, em 1994...
António, todos temos uma "história de vida", para uns mais curta, para outros mais comprida. Somos uma geração que andou em bolandas e apanhou todas as mudanças e todas as crises (políticas, militares, demográficas, sociais, económicas, culturais, mentais...) a começar pela maldita guerra (, que me tirou, sem exagero, dez anos de vida, no mínimo, aliás, nos tirou a todos...). Mas isso são contas de outro rosário... Não nos vitimizemos. Ninguém escolhe a data e o local de nascimento e muito menos os progenitores... E eu não gosto de me vitimizar nem de ver os nossos camaradas a armarem-se em coitadinhos... É uma pecha nacional. (***)
Fica bem, um abraço, Luís
Caro Luís, boa noite.
Se assim o entenderes publica, a tua vontade é soberana.
A minha passagem pela DGCI [, Direção-Greal das Contribuições e Impostos,] em 67/68 também foi interessante mas efémera! Iniciei o meu percurso na Covilhã com cerca de 250 fábricas de lanifícios, em todo o concelho, era obra, processos de Contribuição Industrial à mão!
Fui para a Direcção de Finanças da Guarda, um paraíso, com a Direcção Escolar ao lado! Terminei na Mealhada por causa de uma marotice que até hoje não consigo entender: vim a Lisboa ao Liceu Camões prestar provas, entreguei-a 15/20 minutos antes do tempo e regressei à Mealhada. Sai a lista no "Diário do Governo" e o meu nome não constava, o meu Chefe entra em pânico e liga para Aveiro, Aveiro liga para Lisboa, e sabes qual foi a resposta?
A prova extraviou-se, venha no próximo concurso!
Tinha direito a férias, voltei-lhe as costas, até hoje, e assim perderam um "distinto" elemento!
Mais tarde vim encontrar alguns ex-colegas espalhados em diversas repartições, um deles foi Director em Lisboa, é a vida!
Mais tarde vim encontrar alguns ex-colegas espalhados em diversas repartições, um deles foi Director em Lisboa, é a vida!
Caro Luís, somos a geração que somos, foram experiências que também nos enriqueceram, amadureceram-nos, ainda estávamos na árvore, contudo devemos pôr-nos sempre do lado positivo da vida! (***)
Uma boa noite. Um forte abraço.
António Fernando Rouqueiro Ramalho
António Fernando Rouqueiro Ramalho
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Notas do editor;
(*) Vd. poste de 25 de junho de 2018 > Guiné 61/74 - P18779: O segredo de... (31): António Ramalho, ex-fur mil at cav, CCAV 2639 (Binar, Bula e Capunga, 1969/71)... O senhor alferes que estava mesmo a pedir... uns abatises, à hora do almoço, no cruzamento da estrada Bula / Binar / Pete
(**) Vd. poste de 25 de junho de 2018 > Guiné 61/74 - P18777: Fotos à procura de...uma legenda (106): "As sobras do rancho da tropa"... e as latas de conservas, "made in Portugal", que as crianças levavam à cabeça (Valdemar Queiroz / Museu de Portimão / Virgílio Teixeira)
(***) Último poste da série > 3 de julho de 2018 > Guiné 61/74 - P18805: (Ex)citações (339): "Hoje sentimo-nos bem connosco, por termos ajudado a minorar o sofrimento dos feridos e doentes, que nos foram confiados. Em nós ficou o sentimento de um dever cumprido" (Maria Arminda Santos, capitão, enfermeira paraquedista, ref)
(**) Vd. poste de 25 de junho de 2018 > Guiné 61/74 - P18777: Fotos à procura de...uma legenda (106): "As sobras do rancho da tropa"... e as latas de conservas, "made in Portugal", que as crianças levavam à cabeça (Valdemar Queiroz / Museu de Portimão / Virgílio Teixeira)
(***) Último poste da série > 3 de julho de 2018 > Guiné 61/74 - P18805: (Ex)citações (339): "Hoje sentimo-nos bem connosco, por termos ajudado a minorar o sofrimento dos feridos e doentes, que nos foram confiados. Em nós ficou o sentimento de um dever cumprido" (Maria Arminda Santos, capitão, enfermeira paraquedista, ref)
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