Em 1973, a partir de agosto o dispositivo dos fuzileiros no CTIG era o seguinte: DFE 1, Ganturé | DFE 21, Cacheu, no rio Cacheu | DFE 12, Cafine, rio Cumbijã |DFE 4, Chugué, rio Geba/r moio Corubal | DFE 22, Cacine, rio Cacine.
Blogue coletivo, criado por Luís Graça. Objetivo: ajudar os antigos combatentes a reconstituir o "puzzle" da memória da guerra colonial/guerra do ultramar (e da Guiné, em particular). Iniciado em 2004, é a maior rede social na Net, em português, centrada na experiência pessoal de uma guerra. Como camaradas que são, tratam-se por tu, e gostam de dizer: "O Mundo é Pequeno e a nossa Tabanca... é Grande". Coeditores: C. Vinhal, E. Magalhães Ribeiro, V. Briote, J. Araújo.
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sexta-feira, 28 de novembro de 2025
Guiné 61/74 - P27474: A Nossa Marinha (5): Os últimos marinheiros do Império
Em 1973, a partir de agosto o dispositivo dos fuzileiros no CTIG era o seguinte: DFE 1, Ganturé | DFE 21, Cacheu, no rio Cacheu | DFE 12, Cafine, rio Cumbijã |DFE 4, Chugué, rio Geba/r moio Corubal | DFE 22, Cacine, rio Cacine.
quarta-feira, 26 de novembro de 2025
Guiné 61/74 - P27466: A Nossa Marinha (4): Reserva Naval : uma elite ? Era, pelo menos, mais apelativa para os jovens com formação universitária, de classe média e média-alta, do que o Exército e a Força Aérea e por ela passaram alguns dos melhores quadros da nossa geração
Escola Naval > O curso de Marinha que frequentou o 16º CFORN, no verão de 1970. O curso teve início em 22 de janeiro e concluiu-se em 19 de setembro de 1970, com a promoção dos 63 cadetes que o haviam frequentado: 35 da classe de Marinha (55,6%); e 25 da classe de Fuzileiros (39,7%); 1 da classe de Engenheiros Construtores Navais mais 2 da clssse de Farmacêuticos Navais (0,7%).
Além de um exemplar de "O Anuário da Reserva Naval: 1958-1974", da autoria dos comandantes A. B. Rodrigues da Costa e Manuel Pinto Machado (edição de autor, Lisboa, 1992), o Manuel Lema Santos (1942-2025) também nos ofereceu um exemplar do "Anuário da Reserva Naval: 1976-1992", da sua autoria (Lisboa, AORN, 2011, 113 pp).
"Au voil d'oiseau", e folheando o "anuário da Reserva Naval: 1958-1974", reconheço nomes de figuras públicas (e entre eles vários académicos) como:
- Alexandre Vaz Pinto (3º CEORN, 1960);
- o médico e psicólogo Orlindo Gouveia Pereira (foi professor na Escola Naval, na área da psicossociologia / gestão do comportamento organizacional, juntamente o cmdt Correia Jesuino), António José Avelãs Nunes, José Manuel Merêa Pizarro Beleza ( todos do 6º CEORN, 1963);
- Artur Santos Silva, Ernâni Lopes, Rui Machete (todos do 7º CEORN, 1964);
- Alípio Dias, António Soares Pinto Barbosa, Manuel Soares Pinto Barbosa, Vitor Constâncio (todos do 9º CFORN, 1966);
- Adelino Amaro da Costa e Diogo Freitas do Amaral (ambos do 11º CFORN, 1967)(cofunmdadores do CDS);
- Ricardo Salgado e Manuel Valentim Franco Alexandre (ambos do 15º CFORN, 1969);
- António Bagão Félix (17º CFORN, 1970);
- Marinus Pires de Lima (18º CFORN, 1971) (um dos pioneiros da sociologia do trabalho, professor no ISCTE, no meu tempo);
- António Henriques Rodrigues Maximiano (20º CFORN, 1972) (futuro magistrado);
- Luís Salgado Matos (22º CFORN, 1973);
- Luís Valadares Tavares e José António Sarsfield Cabral (24º CFORN, 1974)...
Fonte: "O Anuário da Reserva Naval, 1958-1974".
Mas estamos a falar de um pequena amostra do Portugal de então, que tinha menos de 9 milhões de habitantes...
De qualquer modo, em 25 cursos de formação de oficiais da Reserva Naval (CFORN), de 1958 a 1974, a Marinha irá beneficiar do concurso de 1712 oficiais, dos quais cerca de um milhar (segundo o.nosso saudoso Manuel Lema Santos) terá sido mobilizado para a guerra do ultramar / guerra colonial / guerra de África (cerca de 58%).
Para reforçar os seus quadros, a Marinha utilizou a Reserva Naval (RN), um corpo composto por jovens licenciados ou estudantes universitários, geralmente provenientes da classe média e média-alta urbana.
O estatuto de "elite" da RN resultará de uma combinação de fatores relacionados com o seu processo de recrutamento, o perfil exigido e o contexto social e educacional de Portugal na época da guerra colonial (1961/74).
Recorde-se alguns números sobre a população que frequentava a universidade / ensino superior nestes últimos 75 anos:
- em 1950, o acesso ao ensino superior era muito limitado, apenas cerca de 16 mil (!) alunos frequentavam a universidade;
- nos anos 70 (especialmente por volta de 1974, após as transformações políticas e sociais em Portugal), esse número aumentou para cerca de 56/57 mil;
- por volta de 1978 havia já algo em torno de 80/82 mil estudantes de ensino superior;
- hoje, o número de inscritos no ensino superior é quase 30 vezes superior ao de 1950: perto de 446 mil estudantes.
(ii) Recrutamento baseado em habilitações académicas
A principal razão para o seu caráter de elite residia no facto do acesso ser altamente seletivo e condicionado pela formação universitária:
- critério de preferência: a legislação da época (vd. Portaria nº 18710, de 4 de setembro de 1961) estabelecia que uma das condições de preferência para servir na Reserva Naval (através dos CEORN . Cursos Especiais de Oficiais da Reserva Naval, mais tarde CFORN - Cursos de Formação de Oficiais da Reserva Naval) era possuir as "melhores habilitações escolares";
destino de universitários: a Marinha precisava de quadros especializados (engenheiros, economistas, advogados, construtores navais, gestores, médicos, fuzileros, oficiais de marinha, etc.) e recrutava a sua reserva de oficiais quase exclusivamente entre os diplomados ou estudantes das principais universidades e escolas superiores do país, com destaque para as faculdades de ciências, faculdade de engenharia, Instituto Superior Técnico, faculdades de medicina, escolas de farmácia, ISEF, faculdade de economia, faculdades de direito... (Decreto-lei nº 41399, 26 de novembro de 1957).
voluntários e oferecidos: os voluntários (os que se apresentavam por iniciativa própria) tinham preferência; este grupo era composto, em grande parte, por universitários que procuravam uma modalidade de serviço militar que utilizasse a sua formação, e que, em alguns casos, era vista como uma alternativa mais "qualificada" ou mais apelativa em comparação com o serviço no Exército.
A diferença entre "voluntários" e "oferecidos" (sic) para efeitos de acesso à RN da Marinha de Guerra Portuguesa, no contexto da guerra colonial (em vigor, por exemplo, na Portaria n.º 18710 de 1961), residia na forma como se apresentavam para o serviço militar na RN.
Essencialmente, ambos eram considerados condições de preferência para o ingresso, em comparação com os indivíduos que eram simplesmente chamados, mas a distinção era a seguinte:
- voluntários: eram os cidadãos que se apresentavam espontaneamente para a prestação do serviço militar na RN sem terem sido previamente chamados; o ato era totalmente por iniciativa própria;
- oferecidos: eram os indivíduos que, embora talvez ainda não tivessem sido chamados ou tivessem outras obrigações, ofereciam-se para o serviço na Reserva Naval, em vez de cumprirem o serviço militar obrigatório noutro ramo ou modalidade.
O termo pode ser interpretado como uma manifestação de desejo de servir na Marinha em particular, após terem sido incluídos no sorteio ou no processo de recrutamento, ou de terem sido destacados de outro ramo das Forças Armadas para a RN.
Ser "voluntário ou oferecido" era a primeira condição de preferência para servir na RN, demonstrando um grau de iniciativa superior ao do contingente geral.
Outras condições de preferência incluíam possuir conhecimentos náuticos (como carta de patrão de costa ou alto mar) e melhores habilitações escolares.
Em suma, ambos os termos ("voluntários" ou "oferecidos") indicavam uma predisposição e proatividade para servir na RN, o que lhes dava preferência no acesso aos CEORN / CFORN.
(iii) o Contexto sociopolítico da época
No Portugal do Estado Novo, nas décadas de 1960 e 1970, o acesso ao ensino universitário era ainda bastante restrito:
privilégio social: a frequência universitária era, por si só, um forte indicador de pertença a classes sociais mais abastadas ou com maior capital cultural (classes média,. média-alta e alta):
"viveiro" de líderes: O grupo de jovens que frequentava as universidades de prestígio (como o Instituto Superior de Ciências Económicas e Financeiras - ISCEF, que formou muitos economistas e futuros banqueiros; ou o IST - Instituto Superior Técnico) era, inevitavelmente, o grupo que viria a ocupar os mais altos cargos na economia, na política e na academia: ao recrutar este universo, a RN tornou-se um ponto de passagem obrigatório para a futura classe dirigente do país.
A RN não era uma elite no sentido de ser uma força especial de combate (esse papel era desempenhado pelos Fuzileiros Especiais, por exemplo), mas sim uma elite social, cultural, intelectual e profissional.
Os oficiais da RN eram jovens com elevada formação civil que cumpriam o seu serviço militar, muitas vezes em funções administrativas, logísticas, técnicas ou de comando a bordo de navios, utilizando os seus conhecimentos académicos.
O facto de alguns deles terem alcançado notoriedade pública pode ser visto como uma consequência direta de terem pertencido a esse grupo social e educacional altamente privilegiado e selecionado.
A opção pela RN surgia por vários motivos:
- em navios (fragatas, navios hidrográficos, navios de transporte, LFG, LDG);
- em bases costeiras ou fluviais mais organizadas e seguras;
- com melhor capacidade de evacuação, apoio médico, alimentação, lazer, etc.
A figura do “oficial da Marinha”, impecável na sua "farda do botão de âncora", tinha, tradicionalmente, maior prestígio social do que o oficial do exército; a instituição mantinha uma cultura mais elitizada e tecnocrática, preservando modelos de carreira próximos dos padrões europeus.
A tropa terrestre enfrentava nos TO ultramarinos:
- condições de campanha mais precárias,
- maior exposição ao combate,
- baixas mais elevadas sobretudo em operações do mato, ataques e flagelações aos aquartelamentos e destacamentos, minas e armadilhas, emboscadas,
- instalações precárias, insalubres e inseguras,
- isolamento,
- dificuldades de abastecimento, etc..
Comparativamente, a Força Aérea também oferecia boas condições, mas dispunha de bem menos vagas e exigia aptidões muito específicas.
(v) Composição social e formação
Entre 1958 e 1974, os 25 cursos da Reserva Naval formaram 1712 oficiais, dos quais cerca de mil foram mobilizados. O seu número de candidatos foi sempre crescendo a apartir do 9º CFORN (1965), atingindo o valor mais expressivo no final da guerra.
- universitários de direito, economia, engenharia, educação física, farmácia, medicina;
- jovens de famílias ligadas ao funcionalismo qualificado, indústria, banca e profissões liberais, etc.. (famílias que, além do poder económico, tinham também um importante capital de relações sociais);
- futuros quadros políticos e económicos do Portugal democrático (como Artur Santos Silva, Freitas do Amaral, Vitor Constâncio, Rui Machete, Ernâni Lopes, Bagão Félix,, etc.).
A Marinha proporcionava-lhes uma formação disciplinada, tecnicamente exigente e socialmente valorizada, além de viagens (20 dias, a viagem de instrução).
(vi) Funções operacionais da Marinha e da Reserva Naval
Os oficiais da Reserva Naval desempenhavam funções em:
- navios de patrulha e escolta: controlo das costas africanas; inspeção de embarcações; transporte de tropas e abastecimentos.
- unidades de fuzileiros;
- hidrografia e vigilância fluvial: em Angola e Moçambique, a Marinha operava nas zonas ribeirinhas e lacustres, essenciais para garantir mobilidade estratégica; na Guiné, circulava sobretudo nos rios e braços de mar;
- administração e logística: atividades menos expostas ao combate direto, mas fundamentais para o esforço de guerra.
- Marinha: tradicionalmente mais prestigiante, com cultura mais próxima das marinhas europeias (a Royal Navy, por exemplo);
- Exército: mais massificado, com maior presença de mobilizados (contingente geral e milicianos) e menor distinção social;
- Força Aérea: tecnocrática e profissionalizada, mas com menor dimensão e capacidade de absorver quadros da Reserva; mas incluia os batalhões de caçadores paraquedistas;
b) Condições de vida e de trabalho
- Marinha: melhores quartéis/destacamentos/bases, alimentação, condições sanitárias e descanso (a bordo, de navios);
- Exército: operações prolongadas no mato, maior desgaste físico e psicológico;piores instalações no mato (em geral);
- Força Aérea: boas bases, mas frequentemente o pessoal era colocada em zonas de risco mais elevado.
- Exército: a esmagadora maioria das baixas portuguesas (mas também era o grosso dos efetivos militares: 6,7 vezes mais do que a FA (em 1973); 29,2 vezes mais do que a Marina (em 1973);
- Marinha: reduzidas (maior risco para fuzileiros e guarnições das lanchas de desembarque; operações mais controladas e com evacuação mais rápida;
- Força Aérea: baixas sobretudo entre os pilotos e mecânicos, e os paquedistas.
A Reserva Naval (RN) era mais apelativa. E, de facto, funcionou como uma alternativa preferencial para jovens qualificados, de formação universitária, oferecendo:
- melhor estatuto social,
- melhores condições de vida e trabalho,
- talvez menor risco operacional (à parte os fuzileiros e as guarnições das LGF e LDG, nas LDM e LDP não havia oficiais)
- e formação de qualidade, tecnicamente exigente.
Isto explica porque muitos futuros líderes políticos, académicos e económicos passaram por esta via durante o conflito. Parte deles não terão sido sequer mobilizados para o ultramar.
- em primeiro lugar, o estatuto social associado ao oficial da Marinha (uma instituição que preservava uma cultura mais tecnocrática, estruturada e prestigiada);
- em segundo lugar, as condições de vida, apoio logístico e organização interna eram, em regra, mais favoráveis do que as enfrentadas pelas tropas terrestres; a bordo, havia melhores condições sanitárias, maior acesso a cuidados médicos, melhor alimentação e períodos mais regulares de descanso e oportunidades de aventura, "escape" e lazer;
- finalmente, a Marinha, embora exposta a perigos significativos, sobretudo em operações fluviais e costeiras bem como no corpo de fuzileiros, terá registado proporcionalmente um número de baixas muito inferior ao do Exército.
As funções desempenhadas pelos oficiais da RN eram variadas: desde o serviço em navios de patrulha e transporte, à fiscalização costeira, hidrografia, vigilância fluvial, logística e apoio administrativo. Outros integraram também unidades de fuzileiros, assumindo papéis de combate direto. No conjunto, tratava-se de um corpo técnico e operacional que contribuiu de forma essencial para manter a presença portuguesa nos territórios ultramarinos, e que prestigiou as nossas Forças Armadas.
Hoje, ao olhar para a história da Reserva Naval, percebemos que ela reflecte não apenas a estratégia militar portuguesa, mas também a realidade social do país nessa época: as oportunidades desiguais, o valor atribuído à formação académica, e as diferentes formas de viver (e sobreviver) numa guerra que marcou profundamente toda uma geração (a nossa, nascida entre finais de 1930 e princípios de 1950).
(Condensação, revisão / fixação de texto: LG)
Nota do editor LG:
Último poste da série > 14 de fevereiro de 2021 > Guiné 61/74 - P21901: A Nossa Marinha (3): a LFG Orion, "o melhor restaurante de Bissau", às quintas-feiras, em 1969/71, sem esquecer a tertúlia que, depois do jantar, se reunia na casa do célebre metereologista Anthímio de Azevedo [José Pardete Ferreira (1940-2021), autor de "O Paparratos"
domingo, 22 de janeiro de 2023
Guiné 61/74 - P24004: Fotos à procura de... uma legenda (169): Um ministro de Salazar, desembarcado na fragata Nuno Tristão, no decurso da Op Tridente, Ilha do Como, c. jan/mar 1964 (José Belo, Suécia)
Guiné > Região de Tombali > Ilha do Como > c. jan / mar 1964 > Chegada do ministro da Defesa Nacional (1962-1968), general Gomes de Araújo, à fragata Nuno Tristão (Arquivo Histórico da Marinha)
Editada pelo Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné (2023)... Com a devida vénia a Matthew M. Hurley e José Augusto Matos, "Sanctuary Lost: Portugal's Air War for Guinea 1961-1974". Volume I: Outbreak and Escalation (1961-1966), Helion & Co, UK, 2022 (*)
Curiosamente, tanto o meu Camarada e Amigo Graça de Abreu como eu próprio reagimos perante a foto de Excelentíssimo Senhor Ministro da Defesa desembarcando do helicóptero. Mas, como seria de esperar, vimos “coisas” diferentes naquela fotografia… ”catita”.
O Senhor Ministro desembarca na Fragata para se juntar ao comando da operação. “Equipado” para a função de comando nos trópicos (!) com o típico vestuário da época entre os altos expoentes do governo da ditadura e… não só. Gravata, blêizer assertoado, calças cinzentas e o indispensável chapéu na mão. Era um Senhor Ministro (General) vestidinho para “ir à missa” na igreja da Parada de Cascais.
A meditar-se sobre o ridículo de tal vestuário (marcante de uma certa maneira de estar, "tendo em conta o local e função”) acaba por se compreender tornarem-se desnecessárias argumentações (pseudomarxistas) quanto a utopias de Império sem se dispor de condições económicas, demográficas e políticas, para o manter e defender.
E, para mais, sei do que falo. Usei em toda a minha adolescência este uniforme “de ir à missa” e não só, precisamente nos sempre muito interessantes acontecimentos na Parada de Cascais da época. (Faltou-me o chapéu!)
Poeta português [ Alberto Caeiro / Fernando Pessoa] escreveu:
“Para além da curva na estrada / Talvez haja um poço, e talvez um castelo. / Etalvez apenas a continuação da estrada./ Não sei nem pergunto”.
Um abraço do JBelo
[ Jurista, vive na Suécia há 4 décadas; cap inf ref, ex-alf mil na CCAÇ 2381, Os Maiorais (Buba, Aldeia Formosa, Mampatá, Empada, 1968/70)]
2. Comentário adicional do editor LG:
Independentemente da pose e do vestuário do senhor ministro da Defesa, gen Manuel Gomes de Araújo (1897 -1982), é de referir o seguinte, que também tem interesse documental, e que complementa a legenda da foto acima:
"Primeiro pouso de um helicóptero (um Alouette II, da FAP) numa unidade da Marinha, no caso a fragata Nuno Tristão. Pilotado por Villalobos Filipe (José Luis Villalobos Filipe, militar de Abril que faleceu em Dezembro de 2013, com 76 anos), o héli participava na altura na Operação Tridente que tentou recuperar - de 14 de Janeiro a 24 de Março de 64 - a ilha do Como, na Guiné-Bissau - que era controlada pelo PAIGC, com Nino Vieira no terreno.
"A bordo da fragata estava instalado o Posto de Comando da operação, que envolveu cerca de 1.200 homens da Marinha, Exército e Força Aérea. Para além da Nuno Tristão, a Armada destacou para o zona 4 Lanchas de Fiscalização, 4 LDP e duas LDM. Foto da Marinha."
(Fonte: Página do Facebook "Navios da Armada", com a devida vémia...
___________
Notas do editor:domingo, 14 de fevereiro de 2021
Guiné 61/74 - P21901: A Nossa Marinha (3): a LFG Orion, "o melhor restaurante de Bissau", às quintas-feiras, em 1969/71, sem esquecer a tertúlia que, depois do jantar, se reunia na casa do célebre metereologista Anthímio de Azevedo [José Pardete Ferreira (1940-2021), autor de "O Paparratos"]
Guiné > Bissau > c. 1973/74 > "Dos poucos momentos que passei em Bissau... Junto às LFG Orion, Lira e Argos (da esquerda para a direita)"
Foto (e legenda): © J. Casimiro Carvalho (2017). Todos os direitos reservados [. Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]
O Fado da Orion foi escrito em Homenagem ao Comandante [Alberto Augusto] Faria dos Santos [, entretanto falecido em 1986, ex-1º ten, comandou o NRP Orion, 1968/70].
A LFG {Orion] passou mais de um ano acostada ao molhe do Pi(n)djiguiti porque tinha cedido à [LFG] Batarda um dos motores.
Quando o recebeu de volta ou ele foi substituído por um novo, já não posso precisar, fez uma viagem experimental e de contrabando "a acreditar nos praticantes da má-língua" e, de seguida, foi o navio almirante da ida a Conacri [, Op Mar Verde, 22 de novembro de 1970], sob o Comando de Faria dos Santos, mais tarde Comandante do porto e, em seguida, Governador Civil de Aveiro.
Poeta e grande amigo, recebia a jantar e bem um pequeno número de amigos na torre, onde, no final, a poesia expulsava o álcool.
Ele foi, igualmente, a nossa chave de acesso à Base Naval de Bissau onde, às quintas-feiras, havia jantar melhorado e aberto a convidados. (...)
Fado da 'Orion' (excerto)
Tristes noites de Bissau,
Neste clima tão mau,
Passá-las não há maneira,
Sem comer arroz, galinha.
Ou então ir à "Marinha"
Aos "jantares da quinta-feira"!
Às vezes um Comandante,
Bom amigo, bem falante,
Obriga uma pessoa,
Com uma grande bebedeira,
Pensar que o Ilhéu do Rei
Fica em frente de Lisboa.
Refrão
Ser marinheiro
De "LFG' no estaleiro,
Sem motores nem cantineiro,
Junto ao cais sem navegar,
E esperando,
A comissão foi passando,
Ai!, os amigos engrossando,
Com o Geba a embalar. (...)
[Nota do autor: 1ª parte e refrão escritos em Bissau em Novembro de 1970; 2ª parte, escrita em Setúbal na madrugada de 15 de Dezembro de 1997. Para ser cantado com a Música do "Fado do Cacilheiro" do Maestro Carlos Dias).
quinta-feira, 11 de fevereiro de 2021
Guiné 6/74 - P21885: A Nossa Marinha (2): Em louvor dos bravos da Reserva Naval (1961/74) (Luís Graça / Manuel Lema Santos)
Fotos (e legendas): © João José Alves Martins (2012). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]
(i) Luís Graça:
Manuel, camarada: Espero que não leves a mal por ter citado o teu preciosíssimo blogue [Reserva Naval: "Espaço aberto a antigos Oficiais da Reserva Naval na publicação de documentos, relatos, imagens e comentários. Um meio de comunicação e participação na divulgação do legado histórico da Reserva Naval da Marinha de Guerra Portuguesa".]...
Chegou-me às mãos uma foto da LDM 203, a navegar algures (presumo que entre Bissau e Catió), em 1964, no "Mare Nostrum"... Penso que a podes utilizar, foi editada por mim, o original pertence ao Rui Ferreira, filho de uma camarada nosso, infelizmente já falecido...
Aproveitei para relembrar a epopeia da LDM 302.
Não preciso de te dizer para te cuidares e poupares. Vejo que o teu blogue continua de vento em popa... Criei, no nosso (onde tens cerca de 60 referências e a "Marinha" 140...) uma nova série, "A Nossa Marinha"... Pode ser que apareçam mais fotos das nossas sempre queridas unidades navais [e surjam mais camaradas da Reserva Naval: o último foi o Carlos Moreno, hoje arquitecto, 2º tenente RN, oficial imediato da Esquadrilha de Lanchas do CTIG (1968/70) (***)].
Li também o teu poste sobre as (des)venturas da LDG Bombarda, de saudosa memória... Andei nela e vi-a várias vezes no Xime, que era a porta de entrada no Leste, como sabes...
Tenho uma história passada com a LFG Orion, nos anos 1969/70, quando esteve atracada ao cais, em reparação, e era então o melhor restaurante de Bissau... Um dia destes mando-ta.
E vamos a ver quando é que chegamos ao 1º ano da era pós-Covid (de que Deus nos livre!)... Só oiço malta a chorar a perda de amigos e familiares. Ou gente que apanhou um "cagaço" dos antigos... Que a doença, como diz o povo, vem a cavalo e vai a pé...
Um alfabravo, Luís
de fevereiro de 2021 às 11:57

(ii) Manuel Lema Santos
Caro Luis Graça,
As minhas primeiras palavras são para o filho de um Camarada falecido que, pese embora o desgosto que tão pesada carga negativa arrasta para família e amigos, estará certamente em descanso. Entre os melhores, porque cumpriu o que lhe foi exigido.
Grato pelas referências feitas que, infelizmente, correspondem a um trabalho a "solo", o que não deveria suceder em qualquer situação. Há responsabilidades históricas colectivas institucionais que me não pertencem ainda que, pessoalmente, pudesse ser um colaborador entre tantos que poderiam manter viva a chama da Marinha que, tal como nos restantes ramos das Forças Armadas parece em vias de extinção.
Cuidem-se!
MLS
4 de fevereiro de 2021 às 11:37
(**) Vd. poste de 3 de fevereiro de 2021 > Guiné 61/74 - P21843: A Nossa Marinha (1): LDM 203 e LDM 302 (Manuel Lema Santos / Luís Graça)
quarta-feira, 3 de fevereiro de 2021
Guiné 61/74 - P21843: A Nossa Marinha (1): LDM 203 e LDM 302 (Manuel Lema Santos / Luís Graça)
Guiné > s/l > c. setembro de 1964 > LDM (Lancha de Desembarque Média) 203... que devia estar a fazer serviço entre Bissau e Catió, abastecemdo as NT no sul.
Lisboa > Monumento aos Combatentes do Ultramar > 10 de junho de 2019 (antes da era da pandemia Covid-19) > Manuel Lema Santos e Luís Graça. Foto: LG (2019) |
"Em 13 de Janeiro de 1964 foram aumentadas ao efectivo dos navios da Armada as LDM 201, LDM 203, LDM 204 e LDM 205" (...)
Depois de efectuass as necessárias "provas e testes", estas unidades navais "foram transportadas para a Guiné em navios mercantes, onde permaneceram sempre enquanto operacionais até serem abatidas ao efectivo" (, no princípio da década de 1970, e mais concretamente, no caso da LDM 203, em junho de 1971).
Das suas caracterísricas técnicas destaque-se o seguinte, de acordo com o Manuel Lema Santos:
(...) "Muitos oficiais da Reserva Naval desempenharam missões de comando que integraram aquelas unidades navais em múltiplas missões operacionais de fiscalização, escolta, embarque e transporte de fuzileiros, militares de outros ramos, população em geral, nos comboios logísticos com material, equipamentos e abastecimentos.
"Com uma guarnição de 6 homens, comandadas por um Cabo de Manobra, foram, em conjunto com todas as outras classes de LDM presentes na Guiné, um importante suporte da estrutura operacional e logística da Marinha." (,..)
"Que se enalteça a competência, coragem, esforço e dedicação das suas guarnições, no bom êxito conseguido das inúmeras e arriscadas missões que lhes foram atribuídas, algumas delas pagas com o sacrifício da própria vida." (...)
Que a terra te seja leve, meu amigo e camarada!... E que a gente da nossa terra saiba cultivar a tua memória e a memória dos nossos antepassados que têm o mar no seu ADN !" (...)












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