Fotos (e legenda): © Armindo Batata (2012). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné].
Fotos (e legenda): © Martin Evison (2022). Todos os direitos reservados [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]
Foto (e legenda): © Luís Mourato Oliveira (2017). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné].
1. Mensagem enviada, ao Armindo Batata, pelo editor LG, com data de 18/06/2024, 17:09
Armindo: Aqui tens mais um poste sobre o teu Pel Caç Nat (ou só Pel Caç 51, como vem nos livros da CECA sobre a atividade operacional) e sobre Cufar com algumas das tuas fotos de Cufar "reeditadas" e legendadas. (***)
Toda esta zona (Catió / Cufar ) era o grande celeiro da Guiné, com as melhores e maiores bolanhas... Os balantas de Mansoa começaram a emigrar para aqui, nos anos 20/30, expulsando para as florestas-galeria do Cantanhez "os donos do chão", os nalus, hoje minoritários... Mas também vieram chineses de Macau, deportados da metrópole, colonos de Cabo Verde... (O contributo dos chineses de Macau, no início do séc. XX, foi decisivo para o desenolcimento e o sucesso da cultura do arroz, no sul da Guiné, segundo o António Estácio,1947-2022)
O dono de Cufar era o "ponteiro, cabo-verdiano, Álvaro Boaventura Camacho, que nos anos 30 conseguiu uma importante concessão de terras...Era um grande produtor e comerciante de arroz. A fábrica de descasque era dele...
Tinha uma pista de aviação, ao que parece. Terá cedido ou alugado tudo à tropa no início da guerra... Sabes algo mais sobre ele ?
Cufar, como sabes, era a "Bissalanca do Sul", com uma pista de aviação, alcatroada com 2,2 km de comprimento... O António Graça de Abreu escreveu bastante sobre Cufar, esteve lá de meados de 1973 até abril de 1974, no CAOP1 (que já não é do teu tempo)...
"Mantenhas". Vamos estando em contacto... e recuperando memórias destas nossas subunidades africanas... de que, infelizmente, "não reza a história"! (Não têm "fichas de unidade", nos livros da CECA - Comissão para o Estudo das Campanhas de África)
PS1- Tens alguma ideia do alferes que foste render ? Provavelmente nem o conheceste... O primeiro comandante, como te disse, era o João Perneco (Guileje, 1966/68), que será alentejano...Já publicámos há dias uma foto de grupo dele..
https://blogueforanadaevaotres.blogspot.com/2024/06/guine-6174-p25654-elementos-para.html
E do teu 1º cabo trms, que sabia latim e grego, o José Maria Martins da Costa, autor do "Silvo da Granada" ? Tens alguma notícia dele ? Deve viver no Porto...
"Mantenhas". Vamos estando em contacto... e recuperando memórias destas nossas subunidades africanas... de que, infelizmente, "não reza a história"! (Não têm "fichas de unidade", nos livros da CECA - Comissão para o Estudo das Campanhas de África)
PS1- Tens alguma ideia do alferes que foste render ? Provavelmente nem o conheceste... O primeiro comandante, como te disse, era o João Perneco (Guileje, 1966/68), que será alentejano...Já publicámos há dias uma foto de grupo dele..
https://blogueforanadaevaotres.blogspot.com/2024/06/guine-6174-p25654-elementos-para.html
E do teu 1º cabo trms, que sabia latim e grego, o José Maria Martins da Costa, autor do "Silvo da Granada" ? Tens alguma notícia dele ? Deve viver no Porto...
PS2 - O teu Pel Caç Nat 51 continuava em Cufar (em 1 de julho de 1971 e 1 de julho de 1973).
2. Resposta do do Armindo Batata
2. Resposta do do Armindo Batata
Data - 1/7/2024, 17:08
Caro Luís Graça
Puxando pela memória, surge de facto o tal Camacho. Passou por Cufar quando eu lá estive, i.e., em 1970, tendo viajado em avião civil.
Caro Luís Graça
Puxando pela memória, surge de facto o tal Camacho. Passou por Cufar quando eu lá estive, i.e., em 1970, tendo viajado em avião civil.
Na altura perguntei de quem se tratava e a resposta que obtive foi a de que era o dono de Cufar, das instalações que ocupávamos e defendíamos, a quem o exército pagava renda. Recordo-me que foi resposta mais do que suficiente para voltar as costas e continuar com o que estava a fazer.
O alferes que me rendeu, nos últimos dias de dezembro de 1970, foi o Manuel Rosa. Creio não estar enganado no nome, até porque conheci-o na metrópole onde estive de férias, no final da minha comissão, tendo regressado quando me faltava cerca de um mês para completar os 24 meses.
O alferes que me rendeu, nos últimos dias de dezembro de 1970, foi o Manuel Rosa. Creio não estar enganado no nome, até porque conheci-o na metrópole onde estive de férias, no final da minha comissão, tendo regressado quando me faltava cerca de um mês para completar os 24 meses.
O pai dele tinha uma loja de pneus na Rua São Filipe Neri, em Lisboa, e almocei com ele e a família numa casa que eles tinham em Dona Maria / Belas. Imagina o quanto constrangedor foi aquele almoço, em que todos queriam saber "coisas" sobre o local para onde ele ia.
Quanto ao 1º cabo de transmissões José Maria Martins da Costa, sabia que ele tinha sido seminarista mas pouco mais soube.
Quanto ao 1º cabo de transmissões José Maria Martins da Costa, sabia que ele tinha sido seminarista mas pouco mais soube.
O cabo de transmissões, assim como o maqueiro, eram incorporados na escala de serviços da companhia para as saídas, o que limitava bastante os contactos e relacionamento, que em Guileje eram mais frequentes precisamente por sairmos menos do que em Cufar.
O que retenho sobre ele não tem interesse algum para esta recuperação de memórias que em boa hora iniciaram. Quanto ao livro (o "Silvo da Granada"), de que nunca tinha ouvido falar, vou tentar encontrá-lo.
Abraço, Armindo Batata
Falei há dias com o ex-alferes Ramos Sequeira, julgo que foi o último comandante do pelotão de canhões s/r de Cufar [Pel Canh s/r 3079 ?] , recentemente regressado da visita a Cufar, que me disse: "Cufar encontra-se destruída e abandonada, os seu campos de arroz não foram recuperados, o capim vai até à pista de aviação que, do seu contributo à guerra da Guiné, passou a contribuir para a sua desgraça".
E como o blogue me permite, informo-te que sou autor de um livro centrado em Cufar e na mata de Cufar Nalu.
Ab. Manuel Luís Lomba
(*) 22 de abril de 2022 > Guiné 61/74 - P23189: Memória dos lugares (440): A antiga pista de Cufar...e uma torre de vigia do tempo da CART 2477 (1969/71) (Martin Evison, Action Guinea-Bissau, Catió e Cufar)
Abraço, Armindo Batata
Capa do livro do nosso camarada de Barcelos, Manuel Luís Lomba,“A Batalha de Cufar Nalu” (Terras de Faria, Lda. 4755-204 – Faria, Barcelos, 2012). Uma batalha de meses, que começou em 20/21 de dezembro de 1964 (Op Ferro, com forças das CCaç 617 e 728, CCav 703 e 4ª CCaç). |
3. Comentário do Manuel Luís Lomba ao poste P18074 (**)
[ O Manuel Luís Lomba foi fur mil cav, CCAV 703/BCAV 705, Bissau, Cufar e Buruntuma, 1964/66, autor de "Guerra da Guiné: a batalha de Cufar Nalu", 2012; membro da Tabanca Grande desde 17 set 2012].
Olá, Luís (Oliveira):
Antes da guerra, Cufar seria o principal centro da produção arrozeira do chamado celeiro da Guiné - Catió e Cacine. O edifício da vossa "intendência" era o que restava da moderna fábrica de descasque de arroz, que pertencera ao cabo-verdiano de origem madeirense Álvaro Boaventura Camacho
O abrigo subterrâneo parece dos escavados por nós (em 1965). A bomba de picota também é desse tempo.
A pista de Cufar era a segunda maior da Guiné, inaugurada em 1958 pelo PR General Craveiro Lopes, na ocasião da inauguração do aeroporto/aeródromo da base de Bissalanca, transitado de Brá (futuro aquartelamento da Engenharia, dos Comandos, dos Adidos e futuro Ministério das Obras Públicas da República da Guiné-Bissau).
A nossa subunidade (CCav 703) ocupou Cufar: a fábrica e a povoação estavam totalmente destruídas, por acções de guerra, entre Janeiro e Março de 1965, em operação de "intervenção às ordens do Comando-chefe"; em Dezembro de 64 participara na operação à mata de Cufar-Nalu e em Maio de 65 foi recorrente na operação que limpou essa mata, pelo desempenho decisivo da CCaç 763, do camarada Mário Fitas, que nos havia rendido na ocupação de Cufar.
Nessa altura, a base de Cufar Nalu do PAIGC era comandada por Manuel Saturnino Costa, que virei a conhecer pessoalmente como ministro das Obras Públicas de consulado de 'Nino' Vieira e que chegará a seu Primeiro-ministro, ainda vivo, creio eu, - os meus votos da melhor saúde. [ Nascido em 1942, em Bolama, morreu em Bissau, em 2021, aos 78 anos: era irmão do Vitorino Costa].
Falei há dias com o ex-alferes Ramos Sequeira, julgo que foi o último comandante do pelotão de canhões s/r de Cufar [Pel Canh s/r 3079 ?] , recentemente regressado da visita a Cufar, que me disse: "Cufar encontra-se destruída e abandonada, os seu campos de arroz não foram recuperados, o capim vai até à pista de aviação que, do seu contributo à guerra da Guiné, passou a contribuir para a sua desgraça".
E como o blogue me permite, informo-te que sou autor de um livro centrado em Cufar e na mata de Cufar Nalu.
Ab. Manuel Luís Lomba
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Notas do editor:
Notas do editor:
(*) 22 de abril de 2022 > Guiné 61/74 - P23189: Memória dos lugares (440): A antiga pista de Cufar...e uma torre de vigia do tempo da CART 2477 (1969/71) (Martin Evison, Action Guinea-Bissau, Catió e Cufar)
(**) Vd. poste de 11 de dezembro de 2017 > Guiné 61/74 - P18074: Álbum fotográfico de Luís Mourato Oliveira, ex-alf mil, CCAÇ 4740 (Cufar, dez 72 / jul 73) e Pel Caç Nat 52 (Mato Cão e Missirá, jul 73 /ago 74) (23): aspetos do aquartelamento de Cufar
(***) Último poste da série > 18 de junho de 2024 > Guiné 61/74 - P25654: Elementos para a história do Pel Caç Nat 51 - Parte VII: Notícias do Armindo Batata e fotos do seu tempo de Cufar (1970)