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sábado, 24 de dezembro de 2022

Guiné 61/74 - P23913: Boas festas 2022/2023 (10): Mensagem dos nossos amigos nova-iorquinos Vilma e João Crisóstomo


Nova Iorque > Queens > Dezembro de 2022 >  A primeira coisa que fiz ao voltar de Portugal foi dar os devidos "ares de Natal” à minha casa. As luzes são menos este ano, excepto na entrada que está mais ou menos como em anos anteriores.


Nova Iorque > Dezembro de 2022 > Depois dum concerto de  Natal no ‘Carnegie Hall,  fomos ver a árvore de natal no “Rockefeller Center”. "Boas Festas”...



Newark, New Jersey > Dezembro de 2022 > cidade que conheço bem e onde ainda vou de vez em quando, especialmente para me fornecer de coisas portuguesas, como sucedeu na semana passada num dia das compras para o Natal: bacalhau, bolos-reis (para nós e presentes para os amigos),  azeite, vinho verde e tantas coisas que nos ajudam a matar saudades Na foto, a Vilma,  a minha filha Cristina e o meu neto Caton no meio da secção de bacalhau…

Fotos (e legendas): © João Crisóstomo  (2022). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas de Guiné]


1. Mensagem do João Crisóstomo, Nova Iorque, com data de hoje, às 14;44:


Caríssimo Luís Graça e Alice

Era minha intenção telefonar-vos hoje dia 24 (são agora 06.00 AM aqui, mas os fusos horários fazem uma hora já avançada para vocês), mas resolvi antes mandar este E mail.

Ontem ao deitar dei uma olhada pelo Blogue para ver se haviam mensagens de boas festas dos nossos camaradas . Últimamnente tenho andado mesmo ocupado e já há tempos que não tenho visitado o blogue.

E logo deparei com algo que me chamou a atenção e curiosidade : Um conto de natal em que um pobre (Um tal Garrinchas, criado pelo nosso grande Miguel Torga) consoou com a Nossa Senhora e o Menino Jesus). Que coisa linda de ler! Só mesmo um Miguel Torga! E só mesmo um Luís Graca para lembrar, encontrar e ter a ideia de nos enviar um presente destes como presente de natal . Obrigado meu caro. Com certeza muitos outros ( mesmo que não façam comentários) vão sentir o que eu senti. E só por isso já valeu bem o tempo que te levou a escrever este post de natal.(*=

E logo me lembrei que tenho de telefonar ao António Luís Malhado. O Peixeira tinha-me pedido para o contactar, pois não conseguia falar com ele já há bastante tempo. E fui a descobrir que este nosso "camarada da Guiné" vive relativamente perto de mim, em Newark, New Jersey, cidade que conheço bem e onde ainda vou de vez em quando, especialmente para me fornecer de coisas portuguesas, como sucedeu na semana passada num dia das compras para o Natal… (Ver foto: a Vilma , a minha filha Cristina e o meu neto Caton no meio da secção de bacalhau…) 

 Ele, como o meu primo Germano, era do pelotão do Joaquim Peixeira. Gostei de falar com ele e até ficamos de nos encontrar logo que possível. Porque ele usa computador,  vou tentar "aliciá-lo” para entrar para a Nossa Tabanca. Vamos a ver. Entusiasmos e situações semelhantes anteriores não levaram a sucesso. Oxalá neste caso tenha mais sucesso .

Mas o sono não vinha e logo decidi ver mais alguns posts recentes. E vi então muitas mensagens de Natal de camaradas nossos: joaquim Alves, Beja Santos, António Ramalho, Ramiro Jesus e Valdemar Queiroz. 

Mas aos Valdemar Queiroz e Beja Santos, de quem tenho os contactos telefónicos, vou logo que me for possível tentar chamar directamente. A todos os outros, mencionados ou não, que enviaram a sua amizade e saudações — e também outros como o Abel Rei que o fizeram no facebook, == de que tive conhecimento pela minha Vilma que frequenta essas paragens —  o meu Muito Obrigado com a certeza dos meus votos de Boas Festas e a minha amizade também. (**)

A minha “navegação”pelo blogue levou-me ao teu “Arquivo.pt” onde , entre muitas outras coisas fui deparar com muitas fotos, descrições de lugares que "foram meus" antes de "serem teus", como os casos de Bambadinca, Bafatá, Xime, etc, que,  embora na maioria dos casos já tenha visto em posts e ocasiões anteriores, me veio proporcionar relembrar divagar e sonhar uma vez mais nesta "quase véspera" de Natal de 2022/23…

E decidi ler alguns dos comentários aos blogues mais recentes para descobrir entre os comentários ao post P 23905, que "eu este ano, estou como o condenado à morte, da cama para o corredor para a cama, com uma escapadela (temerária) ao portátil, na mesa de trabalho... Apanhei /apanhámos uma virose ou uma gripe daquelas de caixão à cova... E coitadinha da neta que andou a espalhar os vírus, não sei como ela vai conseguir esta noite ir no 'avião grande« para a «Madeira Grande«... Por mim e pela a Alice, o Natal está feito...Faz-me tristemente lembrar as tristes crises palúdicas da Guiné"---

E eu que raramente rogo pragas (mas faço-o quase sem dar por isso quando as razões são fortes) dei comigo a acordar a Vilma e a praguejar contra mim mesmo… "Como é possível passarmos tanto tempo sem telefonar que o pobre do Luís Graca e a Alice estão doentes e nós nem sabemos nada?”

Bom meu caros…mea culpa, mea culpa… Very very sorry to hear this. Oxalá essa virose ou gripe malvada passe depressa. Ficamos “torcendo”,”rezando” ou o que quer que seja seja mais forte e dê mais resultados. Estamos com vocês. Com muita saudade e muita amizade,

João e Vilma
.___________


segunda-feira, 4 de julho de 2022

Guiné 61/74 - P23408: Tabanca da Diáspora Lusófona (19): Oh, home, sweet home!... De novo em casa, depois de um périplo de dois meses por Portugal, Inglaterra e Eslovénia (João Crisóstomo, Queens, Nova Iorque)


Foto nº 1 > Inglaterra >Stonehenge > 20/5/2022 > João e Vilma


Foto nº 2 > Inglaterra > Londres > Piccadilly Circus >
 18/5/2022> João e Vilma


Foto nº 3 > Inglaterra > Londres > 18/5/2022>
 "Depois do valente trambolhão da Vilma , 
escadas abaixo, neste ‘London bus', 
não houve vontade de mais fotos… e voltamos a Portugal"


Foto nº 4 >  Eslovénia  >  > 18/5/2022> Vilma no seu "jardim secreto", algures numa das montanhas da sua bela e querida terra natal


Fotos (e legendas): © João Crisóstomo (2022). Todos os direitos reservados. [Edição: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]



1. Mensagem de João Crisóstomo, membro da nossa Tabanca Grande, com cerca de 190 referências no blogue, conhecido luso-americano a viver em Queens, Nova Iorque, ativista social (tendo-se batido por causas como Foz Côa, Aristides Sousa Mendes e Timor Leste), régulo da Tabanca da Diáspora Lusófona, ex-alf mil inf, CCAÇ CCAÇ 1439 (Xime, Bambadinca, Enxalé, Porto Gole e Missirá, 1965/67):

Data - segunda, 27/06/2022, 00:23

Assunto - Home, sweet home!

Caríssimo:
 
Acabo de chegar dum encontro da “Academia de Bacalhau de Long island” (comemorando mais um aniversário) e lá fizemos os tradicionais brindes “Gavião do Panacho” (*)… Ao transmitir-lhes o abraço que o Rui Chamusco me instruiu esta manhã para fazer, eles decidiram dar uma pequena ajuda para a Escola S. Francisco de Assis em Timor Leste… Gente boa!

Chegámos bem, vindos da Eslovénia, depois de dois atrasos (menores): um Zagreb, minutos antes de nós deslocarmos eles fecharam tudo para uma aterragem de emergência, usando a pista que o nosso avião ia usar para deslocar. Avisaram-nos etc. etc., ao mesmo tempo que nos informaram ter tudo corrido bem sem acidentes para passageiros e tripulação. É tudo o que sei, nem sei sequer que avião foi. 

Depois em Lisboa, em trânsito , chegando atrasados, foi uma corrida para apanhar o avião para Nova Iorque. E ao fim e ao cabo não era preciso pois outros aviões chegaram atrasados e eles esperaram… Chegámos um pouco atrasados a Nova Iorque mas chegámos direitinhos.
 
Tínhamos um amigo nosso à nossa espera e estamos em casa. Oh, home, sweet home! Como é bom entrar no nosso próprio buraquinho! (Depois de dois meses fora, passando por Portugal, Inglaterra e Eslovénia, périplo de que te mando mais algumas fotos.)

Mando-te os contactos que me pediste do ex-fur mil da CCAÇ 1439, Joaquim Teixeira, bem como do "Mafra",  Manuel Leitão, e do filho, Pedro Leitão (**). Não encontrei o nome do "Mafra"  na  lista de essoal da CCaç 1439. Dizes tu que ele era de um Pelotão de Morteiros... E já é tarde para ligar para ele. Mas amanhã eu ligo.

Estou, estamos, cansados… vou-me mesmo deitar que a idade agora já exige destas coisas…
Abraços e beijos à Alice. E sempre na esperança de que vocês nos façam a surpresa de nos anunciarem a vossa visita…

João e Vilma

2. Em mensagem anterior, de 16 de junho de 2022, 19h02, o João (ainda na Eslovénia com a Vilma)  tinha-nos dito, entre coisas, o seguinte:

(...) Nós estamos bem, e quase de volta a nova Iorque. Entre as voltas que temos dado neste país de sonho fomos visitar o nosso "Secret Garden”. Fica numas montanhas a 973 metros de altitude. Em 2017, por brincadeira deixamos a nossa passagem marcada numa árvore (sei que é coisa de garotos, mas deu-nos para aquilo…) e no ano seguinte marcamos a nossa passagem outra vez. Depois veio a pandemia etc.,  e no ano passado eu não pude acompanhar a Vilma. E este ano fomos ver se o nosso “memo” ainda lá estava… e estava , como podes ver pela foto.

Aproveito para juntar um apendice ao livro LAMETA. Este é um corolário à Escola S. Francisco de Assis em Timor Leste. Como sabes a situação da falta de professores credenciados ainda não encontrou solução e continuamos a lutar com quantas forças temos e todos os meios que se nos apresentam. Neste apêndice falo também do “Dia da Consciência”, celebrado amanhã , 17 de junho, data que felizmente não tem sido esquecida.
 
Um grande abraço , já com com muitas saudades, J
oão e Vilma. (...) (***)

_________

Notas do editor:



domingo, 5 de setembro de 2021

Guiné 61/74 - P22516: Tabanca da Diáspora Lusófona (18): Lembrando, há 20 anos, o ataque às Torres Gémeas... E anunciando a minha primeira saída pós-pandémica à Eslovénia e a Portugal (João Crisóstomo, Nova Iorque)


1. Mensagem de João Crisóstomo, membro da nossa Tabanca Grande, com mais de 160 referências no blogue, a viver em Queens, Nova Iorque, ativista social, régulo da Tabanca da Diáspora Lusófona, ex-alf mil inf, CCAÇ CCAÇ 1439 (Xime, Bambadinca, Enxalé, Porto Gole e Missirá, 1965/67):


Data - sábado, 4/09, 15:26 

Assunto - 11 de setembro... e um abraço


Caro Luís Graça,

Há dias ao telefone disse-te que ainda não tinha coragem de viajar de avião e por isso um abraço mesmo real teria de esperar mais uns tempos. Mas depois de ter falado contigo fiz outros telefonemas; alguns dos meus amigos a quem eu fazia estarem aqui,  responderam-me nos seus móveis de Portugal; a minha filha e meu neto também não hesitaram em pegar o avião,  estão lá agora ; e de toda a parte a pergunta é sempre a mesma: "quando é que vens cá"? Mas se a vontade de ir era grande , a minha cobardia era ainda maior .

Entretanto a Vilma, mais afoita,  já tinha decidido ir à Eslovénia… e a mim não me apetecia mesmo nada ficar aqui sozinho…

Olha, para não te fazer perder mais tempo...já compramos bilhetes para Zagreb… ainda por cima na TAP… com escala por Lisboa. Depois da Eslovénia iremos dois dias a Paris onde temos bons amigos que não quero deixar de ver. E daí iremos passar pelo menos umas duas semanas em Portugal.

Ainda não sei as datas certas que tudo agora é feito “ em cima dois joelhos” . Mas conta connosco em princípios de Outubro. E podes avisar os nosso comuns amigos e camaradas que "vou ficar zangado" se não me for dada a possibilidade de lhes apertar bem as costelas…

Mas antes disso quero falar-te de um outro encontro muito importante para mim:
como sabes o nosso querido camarada e  amigo Valdemar Queiroz diz não estar em condições de saúde para se deslocar a algum encontro . E eu gostava mesmo de o ir ver e dar-lhe um grande abraço. 

Acabo de falar com ele ao telefone ( falamos frequentemente) e combinei com ele o seguinte: como eu vou fazer escala em Lisboa e vou ter a tarde do dia 14 de Setembro livre, vai ser essa a ocasião para o ir ver. Em princípio o Rui Chamusco vai-nos esperar ao aeroporto e leva-nos ao Valdemar em Agualva-Cacém. E se o Rui não puder fazê-lo , outra solução haverá, nem que seja um taxi…

Lembrei-me de te dar a conhecer isto, para o caso de haver mais alguém que queira fazer uma visita ao Valdemar nessa altura, uma vez que ele não pode deslocar-se a algum outro encontro que venha a acontecer. Não foram os teus problemas de locomoção, e eu estaria a convidar-te ou a desafiar-te para ires também. Vou tentar contactar o João Ferreira, filho do nosso saudoso Eduardo. Como ele vive em Lisboa, quem sabe possa e queira vir connosco...

Deixei ao Valdemar decidir  onde e como nos vamos encontrar, e logo que receba instruções dele eu informo-te. OK?

Entretanto aproxima-se o 20º aniversário do atentado às torres gémeas e com ele imagens, memórias e experiências desses dia e dias seguintes . Se por um lado "lembrar um mau passado para que se não repita” pode ser benéfico, mais vantagens ainda podem advir duma atitude de "esquecer o negativo e salientar o positivo” .

 Pois como vou esquecer o medo, o silêncio quase sepulcral que se apoderou de todos os nova-iorquinos nesta ocasião?  Recordo-me de tomar o “subway”, cada um olhando para o vizinho do lado receoso de que algum deles fosse um terrrorista suicida, que rumores desses não faltavam e não havia ninguém que dissesse uma palavra; as situações aflitivas,  especialmente nos arredores das torres,  de não se poder respirar fundo, obrigando-nos a uso de lenços e máscaras; as cenas dantescas dos escombros e da espessa camada de cinza que cobria toda a zona… se não posso esquecer tudo isto eu quase me esforço para lembrar antes boas memórias como foram as visitas de amigos que nessa altura aqui vieram: a do Sr. Bispo de Leiria/Fátima, Dom Serafim Ferreira que fez questão de, acompanhados dos dirigentes da “Blue Army “ carregando uma imagem da Senhora de Fátima, fez questão de visitar o “ground zero”; ou o Oscar Mascarenhas, nessa altura editor do “Diário de Notícias”, a quem sem esperar servi de cicerone e desenrasquei: é que a cidade por motivos e segurança tinha imposto as maiores restrições de entrada em toda a parte, incluindo a jornalistas que se apresentassem sem especiais autorizações emitidas para cada caso, especialmente jornalistas estrangeiros. 

O Oscar não tinha tido tempo de arranjar esse documento e sentia-se frustrado ter vindo a Nova Iorque para nada. Foi então que me lembrei de experimentar usar um cartão que me tinha sido emitido pelas Nãções Unidas na ocasião da preparação da Exposição "Visas for Life”, a cuja direcção eu tinha pertencido; e com ele tinha tido fácil acesso a toda a parte. Foi remédio santo: a apresentação desse cartão deu-me a mim e ao Oscar imediata entrada em toda a parte, para surpresa do Oscar que me creditava com conhecimentos muito maiores em Nova Iorque do que eu jamais tive.

Se são estas as memórias que sempre me vêm, mas há uma memória muito especial que me ficou para sempre:

Era dia de eleições. Vivia já no endereço actual em Queens, nos arredores de Nova Iorque,  e tinha decidido tirar o dia de folga para, além de votar , tratar de vários assuntos relacionados com a minha nova residência. Minha filha já estava a viver em Nova Iorque e minha esposa estava com ela nesse dia. As notícias e imagens do que se estava a passar deixaram-me duplamente aflito pois o meu filho trabalhava na altura no “ Goldman Sacks”, situado bem perto do Word Trade Center.

Se esse dia nos marcou a todos, que razões não faltaram, eu lembro esse dia também com muito orgulho. Aponta-se , muito apropriadamente, a abnegação, coragem e heroísmo dos bombeiros, polícias e e tantos outros que, mesmo conscientes dos perigos, e quem sabe de outros que podiam ainda estar para acontecer, sem pestanejar puseram todos os receios de lado e voaram ao local. Todos eles foram heróis; e muitos deles pagaram o seu heroísmo de acorrer e salvar vidas com a sua própria vida, como foi o caso do frade franciscano, Michael Judge, capelão dos bombeiros duma unidade no meio da cidade, a primeira vítima conhecida de entre os que acorreram ao local.

Mas, certos do heroísmo de todos eles cujas profissões os levaram ao local, outros casos de heroísmo sucederam, pouco mencionados: houve casos de altruísmo que pelo que mostram e inspiram merecem ser sempre lembrados e jamais esquecidos. Falo do heroísmo daqueles que em vez de seguirem o natural instinto de sobrevivência de fugir imediatamente para longe, se lembraram de que no local havia gente a necessitar da ajuda, gente mesmo desconhecida , cuja vida ou morte dependia talvez da bondade e coragem de outros. O meu filho, e segundo ele me contou depois ele, não foi o único, foi um destes.

Meu filho estava já no escritório quando o ataque às torres gémeas começou. Alertados, todos os que se encontravam no seu edifício foram instruidos para descerem ao abrigo subterrâneo , na base desse edifício. Entretanto eu estava em minha casa sem saber o que fazer; mas cedo eu recebia um telefonema dele: “ Pai , sei que deves estar preocupado, mas não há razão para isso. Encontro-me no abrigo subterrâneo do prédio do “Goldman Sacks” e temos água e víveres por muito tempo para todos nós; portanto não te preocupes comigo, que está tudo certo.”

Respirei fundo e agora aliviado decidi sair de casa e ir para a grande artéria de Queens Boulevard, esperando o seu regresso. Tudo parado, não havia transportes e quando lá cheguei esta artéria parecia já um rio de grosso caudal, que se alongava tão longe quanto a vista podia alcançar, de gente que de Nova Iorque a pé voltava para suas casas.

Esperei e esperei . E todo o dia não chegou. Chegou a noite e voltei a casa . Meu filho só voltou no dia seguinte. Logo que lhes foi dado autorização para deixarem o abrigo, em vez de voltar para casa ele decidiu dirigir-se ao local do atentado que eram agora os escombros das torres. Aí começou a acartar garrafões de água que dava aos bombeiros e a todos os que dessa ajuda necessitavam. A certa altura a polícia decidiu mandar embora todos os civis, mas ele, pretendendo acatar e seguir as instruções recebidas, logo voltava carregando garrafões. Nesta e noutras tarefas de que me falou na altura mas que agora prefere não falar mas esquecer, passou toda a noite. Só se decidiu a voltar a casa quando exausto não se podia aguentar mais em pé.

O meu filho insiste agora em não falar de tudo isto, e muito menos de relatar à imprensa as suas vivências desse dia. É que ele ficou muito aborrecido mesmo nessa altura quando notícias na imprensa falaram que ele se dirigiu às torres , "depois de ter saido dos escombros". situação em que nunca se encontrou.

Meu filho não se considera um herói pelo que fez. Mas eu não tenho dúvidas em assumir para mim o orgulho de ter um filho assim.

João Crisóstomo, Nova Iorque (*)
_________

Nota do editor:

sábado, 28 de agosto de 2021

Guiné 61/74 - P22494: Tabanca da Diáspora Lusófona (17): A(s) nossa(s) Academia(s) do Bacalhau: Long Island, Nova Iorque: "Gavião do penacho, de bico p'ra cima, de bico p'ra baixo, vai acima, vai abaixo"... (João Crisóstomo)


Estados Unidos da América >  Long Island, Nova Iorque > 25 de julho de 2021 > O João e a Vilma na festa de aniversário da Academia do Bacalhau de L.I., criada em 2008. 

Foto: cortesia da página do Facebook da Academia do Bacalhau de L.I., comunidade.



1. Mensagem do João Crisóstomo, membro da nossa Tabanca Grande, com cerca de 160 referências no blogue, a viver em Queens, Nova Iorque, régulo da Tabanca da Diáspora Lusófona, ex-alf mil inf, CCAÇ CCAÇ 1439 (Xime, Bambadinca, Enxalé, Porto Gole e Missirá, 1965/67):

Data - terça, 27/07, 05:20

Assunto - Academias de Bacalhau no Mundo




Meus caros Luís Graca e demais camaradas,

Com a melhoria da situação pandémica, a vida pouco a pouco está a voltar ao normal .

Ontem, dia 25 de Julho, fomos a uma “festa de aniversario " da Academia de bacalhau de Long Island onde eu e a Vilma nos fizemos membros há três anos.

As reuniões mensais desse "clube" deixaram de ser possíveis desde que começou a pandemia de Covid -19, mas agora foi uma satisfação grande rever os nossos amigos que não víamos há mais de um ano. E a Vilma, embora não seja portuguesa, é também membro de pleno direito. Aliás, até me surpreendeu pelos seus "conhecimentos de português" …

Estávamos nós a fazer uma saudação "Gavião do Penacho”... a que associamos em uníssono o apropriado refrão, "Gavião do Penacho, de bico p'ra cima, de bico pr’a baixo, vai acima, vai abaixo…(isto enquanto com os copos fazemos os respectivos movimentos)... E eu, entusiasmado, esqueci-me da frase e, "passando em vão” a frase seguinte, adiantava-me já para beber o meu copo, cantando "bota pr’a dentro", quando a Vilma me agarrou o meu copo e me parou : "Não, João, before "bota pr’a dentro" you have to say ”vai ao centro” … and then "bota p’ra dentro"…

Ora eu… que pensava que ela nunca mais ia falar português…

Por descuido meu ( até há duas horas não tencionava falar sobre isto), não fiz fotos, mas fica para a próxima vez! O repasto é sempre generoso: desta vez foi: bacalhau cozido com batatas; carme de porco à alentejana; arroz/paelha de mariscos; bacalhau no forno; galinha assada…salada de grão de bico, etc etc … para não falar já da variada sobremesa que é de fazer um santo franciscano pecar de gula…

E depois há dança. Ora como a minha “ciática" ainda me inibe para tanto, a Vilma não teve outro remédio e foi dançar com a fotógrafa… e pela foto podem ver que não estava a chorar…

Isto tudo vem a propósito das Academias de Bacalhau. Estive a falar com o Valdemar Queiroz e fiquei surpreendido que ele nunca tivesse ouvido falar dessa associação. E como não temos aqui ( por enquanto!) nenhuma “Tabanca", como vocês têm em Portugal, resolvi aproveitar o que tenho para vos dizer que não perdemos o nosso tempo. "Quem não tem cão, caça com gato", certo?

Mas, para os que não conhecem, aproveito para dar uma ideia do que são as Academias de Bacalhau. O nome não foi escolhido pelo seu relacionamento com o nosso popular pescado. Ou aliás foi, mas não directamente: O bacalhau foi desde sempre , e continua a ser, um “elo” comum a todos os portugueses espalhados pelo mundo; o nosso "fiel amigo", onde quer que estejamos.

Em 1968 na África do Sul no meio da comunidade portuguesa surgiu a ideia de se juntarem para celebrarem Portugal (o dia 10 de Junho) e a amizade que a todos os unia. 

Essa associação tinha também como finalidade ajudar alguém que precisasse de ajuda, uma associação de amigo para amigo. O símbolo e nome de bacalhau foi o escolhido por representar o amigo comum de todos os portugueses sempre e onde quer que estes se encontrem.

"A ideia pegou” e a essa primeira associação que é chamada desde então a "Academia Mãe" seguiram-se outras, primeiro na África do Sul, hoje com onze "academias" e depois pouco a pouco pelo mundo fora.

Neste momento há Academias de Bacalhau por toda a parte. Vim a saber que existem em Portugal dezoito academias, duas destas na Madeira e Porto Santo e três nos Açores. 

Na última lista que me foi dado ver encontrei duas no Canadá , cinco nos Estados Unidos, oito no Brasil, três na Venezuela, cinco na França; Moçambique e Suazilândia com duas cada. Bélgica, Luxemburgo, Inglaterra; Angola, Namíbia e Austrália cada um com a sua Academia.

A pandemia veio alterar os planos mais recentes, mas sei que no 48º congresso que teve lugar em Portugal, no Porto, em 2019, foram aprovadas três novas academias, uma em Macedo de cavaleiros, uma em Sydney, Austrália e outra em Quito, no Equador.

Se bem que o propósito ou fim desta associação seja, como na maioria dos outros clubes , além de de proporcionar tempos e meios de recreação, promover os nossos valores e assim conservar e manter unidas as comunidades onde existem,  é de salientar no caso especial das Academias de Bacalhau o espírito primordial de generosidade que caracteriza e anima estas Academias. Em todas as reuniões esse fim de altruísmo e de cuidado pelos que precisam é sempre relembrado; e sempre se é dado a conhecer o que se fez ou o que vai acontecer nesse sentido.

Lembro que, l
ogo que entrei para o clube, sem saber ainda desta sua notável característica especial de ajudar os outros, eu fui informado que aquela Academia do Bacalhau tinha decidido ajudar a escola S. Francisco de Assis em Timor Leste. Eu não tinha pedido nada, mas eles souberam, nem sei como, que eu, o Rui Chamusco, o casal Sobral e mais mais dúzia de pessoas estávamos a construir essa escola para as crianças esquecidas nas montanhas.

Foi pois uma surpresa grande quando me apresentaram um cheque de mil dólares para essa escola ; e logo essa quantia foi mais que dobrada pois houve um membro dessa Associação que decidiu de sua lavra aumentar essa quantia com uma ajuda pessoal no mesmo valor. E como os bons exemplos, quando conhecidos por vezes também se multiplicam, passados umas semanas depois esse gesto de solidariedade foi repetido pelas escolas portuguesas Antero de Figueiredo, de Farmingville e pela escola S. Teotónio,  de Brentwood.

Bom, meus caros, vamos gozando as nossas tertúlias e academias enquanto ciáticas e outras coisas da idade não nos chateiam e nos obrigam a "ter mais juízo” e a ficarmos de observadores, sentados nas mesas.

João Crisóstomo, Nova Iorque


Fotos: © João Crisóstomo (2021). Todos os direitos reservados. [Edição: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]

quarta-feira, 28 de julho de 2021

Guiné 61/74 - P22411: Tabanca da Diáspora Lusófona (16): Entrevista, à agência Lusa, do João Crisóstomo que iniciou a sua luta por causas sociais na casa da 5ª Avenida, em Nova Iorque, de Jacqueline Kennedy Onassis, de quem foi mordomo. (A antiga primeira-dama dos EUA detestava rosas vermelhas e faria hoje 92 anos, se fosse viva.)


Nova Iorque > V Avenida > Edifício 1040 > Foi aqui, num apartamento deste edifício, um T-14,   que viveu e morreu Jacqueline Kennedy Onassis (1929-1994), de quem o nosso camarada João Crisóstomo foi mordomo interno, de 1975 a 1979. 

Créditos fotográficos: Henrique Mano (2020) (reproduzidos aqui com a devida vénia...)


1. Mensagem do nosso camarada da diáspora, João Crisóstomo (Nova Iorque), ex-alf mil, CCAÇ 1439 (Enxalé, Porto Gole e Missirá, 1965/67):
 
Date: sábado, 24/07/2021 à(s) 22:50
Subject: entrevista à Lusa

 
Meus caros Luís Graca e  Rui Chamusco:

Como a data de nascimento da  antiga primeira  dama   Jacqueline Kennedy Onassis  se aproxima (nasceu a 28 de julho 1929,  em Southampton,  uma pequena cidade bem perto de onde moro), os "media" não deixam de a lembrar.  

E o facto de eu ter trabalhado para ela é motivo para me  procurarem.  Não tenho qualquer mérito por isso, sucedeu-me a mim,. podia ter sucedido a qualquer outro.

O que segue é assunto mais que batido, mas … que hei-de fazer, a culpa também não é minha.  Como vocês são os meus "manos"  em  todas as ocasiões, aqui está o que saiu hoje  na Lusa. (*)

Um abraço
João

2. Peça da agência imformativa LUSA:


LUSA > 24/07/2021 08:26 > Entrevista: João Crisóstomo iniciou ativismo em casa da família Kennedy em Nova Iorque (C/ áudio e vídeo)
 
Serviços áudio e vídeo disponíveis em www.lusa.pt *** (O conteúdo completo só está só disponível  para subscritores)


Elena Lentza, da agência Lusa 
 
Nova Iorque, 24 jul 2021 (Lusa) – O trabalho em casa da antiga primeira-dama norte-americana e filhos de John Kennedy, Presidente dos Estados Unidos entre 1961 e 1963, ajudou o antigo mordomo português João Crisóstomo a juntar atenção internacional para várias causas.

A preservação das gravuras rupestres de Foz Côa, salvas de uma barragem em projeto de construção, o reconhecimento dos feitos do diplomata português Aristides de Sousa Mendes e a autodeterminação de Timor-Leste foram das causas mais defendidas por João Crisóstomo, que fez sempre todos os esforços que podia a partir de Nova Iorque, começando pelo escritório do filho do antigo Presidente norte-americano.

"Eu digo que John [Kennedy júnior] foi o meu primeiro 'sponsor', o meu primeiro ajudante", disse, com um sorriso, João Crisóstomo, em entrevista à agência Lusa, em Nova Iorque.

A mãe de John Kennedy Jr. e ex-primeira-dama dos Estados Unidos, Jacqueline Kennedy Onassis, contratou João Crisóstomo em 1975 para 'tratar' da casa na 5.ª Avenida de Nova Iorque, quando o português "nem sequer sabia o que era um mordomo e não tinha experiência nenhuma" e estava nos Estados Unidos há apenas três meses.

Foi por recomendação de um amigo comum, que Jackie, como era conhecida, teve confiança: "Eu conheço o João e pela experiência que ele tem de hotelaria, ele vai ser o melhor mordomo que a senhora pode ter", disse o amigo que trouxe a sugestão, segundo contou João Crisóstomo à Lusa.

João Crisóstomo naturalizou-se norte-americano com ajuda de Jacqueline Kennedy e como despenseiro ou "encarregado da casa" durante três anos, teve duas colegas, sendo todos tratados "com carinho" enquanto serviam a família, num apartamento de 15 quartos.

Numa característica que sempre partilhou com a antiga primeira família norte-americana, também o português gosta de organizar encontros ou eventos. Para além das causas a que se dedica feramente, Crisóstomo gosta de conservar as amizades que, reclama: "são o melhor que a vida nos pode dar".

Mantendo sempre a "distância" devida, como "servente apenas", nos anos em que foi mordomo da família e nas ocasiões posteriores em que nunca recusou dar apoio a Jacqueline Onassis para a organização de encontros para a alta sociedade ou jantares, João Crisóstomo fez muitos contactos com pessoas influentes e conheceu pessoas que o poderiam ajudar nas causas de ativismo a que posteriormente se dedicou.

A paragem da construção da barragem em Foz Côa, para proteção das gravuras rupestres foi um dos exemplos e a primeira grande causa a que João Crisóstomo se dedicou, em 1995, depois de ler um artigo no The New York Times, que também foi lido por John Kennedy Junior, o filho da antiga fotógrafa e editora.

Quando o português se decidiu a fazer alguma coisa para a preservação do sítio arqueológico, John Kennedy Jr. ofereceu o seu escritório para que Crisóstomo pudesse telefonar, mandar fax e de uma maneira geral manter os contactos que entendesse necessários.

"Eu ia para lá de noite, para o escritório do John, na casa da Jacqueline, e era de lá que eu contactava, mandava 'faxes' para toda parte do mundo", explicou o antigo gerente de um hotel em Rio de Janeiro.

"A primeira pessoa que me ajudou [no ativismo] foi ele, porque me facilitou a contactar. Daí eu mandava cartas para toda a parte do mundo, jornais no Canadá, nos Estados Unidos e tudo mais" e daí se gerou a pressão internacional sobre Portugal para que se parasse a construção da barragem.

"Entre os muitos que eu contactei, foram as pessoas que eu conhecia e que tinham sido hóspedes da 'missus' Kennedy Onassis (…) Todos eles me diziam que sim", descreveu João Crisóstomo.

Uma "excelente senhora", "diplomata fantástica" e "muito inteligente", que o recebeu com um "sorriso" e o deixou ficar "à vontade", foi assim que João Crisóstomo recordou uma "primeira-dama extraordinária".

Mulher do Presidente dos EUA, John F. Kennedy, que lhe morreu no colo, assassinado quando faziam campanha para um segundo mandato e, mais tarde, casado com o magnata milionário grego Aristotle Onassis, Jacqueline Kennedy Onassis "era realmente a primeira-dama não dos Estados Unidos, [mas] a primeira-dama mundial, sem dúvida nenhuma", considerou o antigo mordomo à agência Lusa.

A família Kennedy Onassis eram das únicas pessoas que sabiam o segundo nome de João Crisóstomo e o chamavam de Francisco, para que não houvesse confusão do "John" que era chamado lá em casa – se era o filho de Jacqueline e do Presidente ou se era o português.

Elogiando a força e o "bom coração" da antiga patroa, João Crisóstomo lembra-se de um recado especial de Jackie: "Francisco, se alguma vez alguém enviar rosas vermelhas para mim, não mas dês, não quero vê-las. Rosas vermelhas lembram-me da morte do Presidente Kennedy". Eram as mesmas flores que levava no dia trágico de 22 de novembro de 1963, quando o marido foi assassinado.

Depois de três anos, o mordomo e a antiga primeira-dama nunca tinham perdido o contacto e qualquer "raminho de flores" que João Crisóstomo enviava nos aniversários era sempre agradecido com cartas e postais escritos à mão por Jacqueline Kennedy Onassis, que, para o antigo mordomo, mostravam "uma sensibilidade tremenda".

EYL // ELLusa

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Nota do editor:

quinta-feira, 1 de julho de 2021

Guiné 61/74 - P22333: Tabanca da Diáspora Lusófona (15): Convite do João Crisóstomo e da Vilma Kracun, aos seus vizinhos de rua, para se juntarem em convívio pós-Covid... no 14 de Julho, dia nacional da França... Um exemplo muito bonito de boa vizinhança e multiculturalismo!


Portugal > Torres Vedras > A-dos-Cunhados > Paradas > 16 de setembro de 2018 > João e Vilma. Ela eslovena, com nacionalidade francesa. Ele português, com dupla nacionalidade, a viver na América desde 1975. Dois cidadãos do mundo, que não páram de nos surpreender. Casaram em segundas núpcias em 2013. Vivem em Queens, Nova Iorque. Saúde e longa vida oara eles!

Recorde-se que o nosso amigo luso-americano João Crisóstomo, e nosso camarada da diáspora (EUA, Nova Iorque) foi alf mil, CCAÇ 1439 (Enxalé, Porto Gole e Missirá, 1965/67).  É destacado ativista social, tendo liderado campanhas bem sucedidas como a defesa das gravuras rupestres de Foz Coa, a reabilitação da memória de Aristides Sousa Mendes ou o apoio à autodeterminação de Timor Leste. LG

Foto: © Luís Graça (2018). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné].


"Flyer", em inglês  (*), em que os nossos amigos João Crisóstomo e Vilma Kracun convidam os seus vizinhos de rua  a celebrar o 14 de Julho, festa nacional da França, depois da separação imposta pela pandemia de Covid-19. "Comes & Bebes" por conta dos anfitriões... 

A Vilma, embora de origem eslovena, tem passaporte francês. Casou-se com o João em 2013. Este é um exemplo que merece o nosso aplauso, de multiculturalismo e de boa vizinhança, que nos vem... da Tabanca da Diáspora Lusófono!... E que merece ser conhecido. 

João e Vulma, parabéns!... Boa Festa, mas cuidem-se... Apesar de vacinados, a Covid-19 ainda anda por aí a fazer estragos por todo o mundo... Se  decidirem cá vir a Portugal, ainda este ano, já sabem que serão recebidos de braços abertos pelas Tabancas da Tabanca Grande, e em especial pela Tabanca do Atira-te ao Mar, herdeira da Tabanca de Porto Dinheiro (que era animada pelo nosso querido Eduardo Jorge Ferreira, 1952-2019).  Aliás, vocês pertencem, de pleno direito, à Tabanca do Atira-te ao Mar (de que é régulo agora o Joaqim Pinto Carvalho).


1. Excerto de mensagem que o João Crisóstomo nos mandou, hoje, às 12h10: 

(...) Nós, por aqui "vamos andando”, como se costuma dizer. Na semana passada fomos a West Virgínia visitar uns amigos e na volta estivémos em Gettysburg, lugar da batalha mais conhecida e decisiva para os Estados na altura permanecerem Unidos como ficaram estão e para o fim da escravatura “oficial”( …) 

 O que mais me surpreendeu foi a diferença entre a cidade enorme de Nova Iorque ( repara que não digo ‘grande cidade” mas cidade enorme ) e as várias cidades e lugares por onde passámos. Em toda a parte tudo muito limpo, nada de papéis e lixo por todos os cantos com o sucede aqui, para frustração minha. 

Por isso, logo que acabe de te enviar este E mail, comentário aos posts sobre o Círio ao Santuário do Senhor Jesus do Carvalhal, vou pôr a minha fardamenta de “voluntário do Departamento de parques” e vou limpar a vizinhança. Não posso fazer milagres, tanto mais que esta chata da ciática me inibe de me mover como eu estou acostumado, mas pelo menos a minha rua e lugares mais próximos da minha casa estão sempre mais ou menos limpos…

Neste momento eu e Vilma estamos já a preparar um pequeno”convívio", com os velhinhos da minha rua, um edifício de 72 apartamentos de regime de "vida assistida”. 

O próximo domingo, dia 4 de Julho, “Dia da Independência” é sempre festejado em toda a parte especialmente a nível familiar, com "pic nics” e outros eventos ao ar livre. E nós, queiramos ou não, americanizados também já especialmente pelos nossos filhos e netos, fazemos o mesmo. Desta vez vai ser na casa do meu filho que vive em New Jersey e que está morto por dar mais vida à piscina que mandou construir ao lado da casa. 

 Neste dia em Nova Iorque vai ser inaugurada uma segunda " Estátua da Liberdade” , réplica em ponto pequeno da bem conhecida senhora que se encontra no estuário entre Nova Iorque e New Jersey e que, assim consta, antes de ser colocada na capital dos US, onde vai ficar definitivamente, vai andar às voltas pelos Estados Unidos para benefício daqueles que vivem no interior e que não viajam a estas paragens.

Como não podemos estar aqui neste dia 4 de Julho, e uma vez que a Vilma ainda conserva o seu passaporte francês, decidimos celebrar com estes seniors ( que eu considero a “my extended family"!) o Dia da Bastilha, a 14 de Julho. Creio que o “flyer” que junto é elucidativo; e nem o vou traduzir pois sei que tu e quase toda a gente hoje conhecem suficiente inglês para o compreender ( e há sempre a tradução do “Google", para quem tem coragem para essas coisas digitais).

A Vilma acaba de se levantar e está a sair para se juntar a um pequeno grupo de coreanos, chineses, liderados por um americano-polaco, para os seus exercícios de Tai Chi,!!!… em que eu não alinho….

Instruiu-me para não esquecer ( como se fosse preciso lembra-me !) de te enviar ti, à Alice e demais amigos de quem tantas saudades temos um grande abraço. 

João e Vilma (**)
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Notas do editor:

(*) Tradução livre  e rápida para português (LG / Google):

A todos os residentes dos Sunnywood Apartments: 

Caro/a vizinho/a, como você sabe, os EUA têm uma segunda Estátua da Liberdade oferecida pela França. Esta nova estátua, em bronze, apelidada de "irmã mais nova",  é um décimo sexto do tamanho da mundialmente famosa que fica na Ilha da Liberdade. Será exposta na Ilha Ellis no Dia da Independência. Nós não estaremos aqui no dia 4 de julho, mas… Na quarta-feira, 14 de julho, Dia nacional da França! João e Vilma, convidam-na, a si!

Temos saudades de todos vocês ! É hora de nos encontrarmos novamente, como costumávamos fazer antes da pandemia de Covid 19! Então ... Vamos almoçar juntos e desfrutar da companhia uns dos outros enquanto comemoramos o Dia nacional da França na quarta-feira, 14 de julho. 

Local: área da entrada para o nº 44-20, 64th Street, Woodside. Horário: 13h00.   Alimentos e bebidas serão servidos: Frango grelhado…. Arroz de marisco ... Salada de macarrão frio,  Salada verde mista ... Salada de frutas frescas ... Bolo ... e bebidas 

 Embora não seja necessário, se alguém quiser trazer algum prato ou qualquer coisa para compartilhar com todos ... está à vontade para o fazer!

sexta-feira, 11 de dezembro de 2020

Guiné 61/74 - P21631: Boas Festas 2020/21: Em rede, ligados e solidários, uns com os outros, lutando contra a pandemia de Covid-19 (5): De Nova Iorque, Queens, "Merry Christmas" para todas as tabancas e tabanqueiros de boa vontade (João e Vilma Crisóstomo)



Foto nº 1 > EUA > Nova Iorque > Queens > Dezembro de 2020 > Vilma e João Crisóstomo: "Merry Cristmas" para toda a Tabanca Grande e as suas tabancas federadas!


Foto nº 2 > EUA > Nova Iorque > Queens > Novembro  de 2020 > As tradicionais ilumações de Natal na frente da casa de Mr John & Mrs Vilma Crisostomo 


Foto nº 3 > EUA > Nova Iorque > Queens > Novembro  de 2020 >  Os Crisóstomos no seu quintal 


Fotos (e legendas): © João Crisóstomo (2020). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


1. Mensagem de John Crisostomo / João Crisóstomo [ luso-americano, natural de Torres Vedras, conhecido ativista de causas  que muito dizem aos portugueses: Foz Côa, Timor Leste, Aristides Sousa Mendes;  Régulo da Tabanca da Diáspora Lusófona; ex-alf mil, CCAÇ 1439 (Enxalé, Porto Gole  e Missirá, 1965/67): vive desde 1975 em Nova Iorque; é casado com a eslovena Vilma desde 2013; tem mais de 125 referências  no nosso blogue]

Data . quinta, 10/12/2020, 10:27


Assunto - Natal e Fim de Ano 2020


Caro Luis Graça e bons amigos e camaradas,

Todos os anos a minha casa é a primeira na minha rua a aparecer toda enfeitada com as luzes de Natal.
Tenho-o feito propositadamente como incentivo para que outros façam o mesmo e a vizinhança fique bonita e acolhedora… 

Este ano, quando alguém me disse que, devido à situação pandémica, não ia pôr nenhumas luzes, eu discordei do raciocínio: exactamente,  no meio de tantas razões para tristezas, há que encontrar e aproveitar tudo o que se apresente que nos "ajude a esquecer” essas tristezas e nos levante os espíritos. E que melhor do que a época de Natal e o fim de ano ? 

Por isso a minha época de Natal este ano começou ainda mais cedo do que o costume: no dia 1º de Novembro , "Dia de Todos os Santos”, os enfeites e luzes de Natal na frente da minha casa estavam prontos (Foto nº 2, acima), para deleite de vizinhos e esporádicos passeantes que não deixavam de me manifestar a sua surpresa e satisfação…

Mas é sobretudo na parte traseira da minha casa que encontro maior satisfação  (Foto nº 3, em cima), sobretudo agora que somos obrigados a viver quase isolados. Mas,  se somos obrigados a viver isolados, mesmo daqueles que nos são mais queridos, isso não se aplica a outros amigos de longa data cuja amizade e presença nos alegram desde há muitos anos: esquilos, pardais, rolas, cardeais, pica-paus e outros bichinhos com quem,logo que mudei para aqui,  comecei a fazer amizades.   


Foto nº 4 > EUA > Nova Iorque > Queens > Dezembro  de 2020 >  
O quintal dos Crisóstomos: o céu da bicharada

Os meus amigos até chamam por vezes ao meu quintal “o céu da bicharada “..,Eu explico: logo desde o início comecei a dar de comida à passarada que sucedia aparecer no meu quintal. E pelos vistos eles começaram a passar a palavra uns aos outros pois cedo o meu quintal parecia ponto de reunião de pequenos alados, especialmente logo de manhã. (Foto nº 4, acima).

E com os alados vieram os esquilos e, de vez em quando,  visitas de outros pequenos animais roedores como raccoons e possums que também não são maltratados. (Fotos nºs 5 e 6).


Foto nº 5 > EUA > Nova Iorque > Queens > Dezembro  de 2020 >  
O quintal dos Crisóstomos:  refúgio de esquilos e de outros pequenos mamíferos como "raccoons" [, guaxins,]  e "possums" [, gambás]...


Foto nº 6 > EUA > Nova Iorque > Queens > Dezembro  de 2020 >  
O quintal dos Crisóstomos:  refúgio da passarada...


Porque o quintal é pequeno, sem espaço para plantação de árvores e coisas assim, veio-me à ideia pôr num canto uma pequena árvore seca que trouxe do parque, que servisse para poiso ou fácil "meio de aterragem" para a bicharada. 

Foi um sucesso.  Sabedores de que havia sempre algo para comer, mesmo no Inverno, eles não deixavam o lugar. Crdo reparei que a árvore era pequena demais para tanta demanda e comecei a acrescentar outros ramos para dar mais espaço…


Foto nº 7 > EUA > Nova Iorque > Queens > Dezembro  de 2020 >  
O quintal dos Crisóstomos: engenho & arte (1)


Foto nº 8 > EUA > Nova Iorque > Queens > Dezembro  de 2020 >  
O quintal dos Crisóstomos: enegnho & arte (2)

Os meus amigos, que muitas vezes me davam o prazer da sua presença, começaram a chamar a esta geringonça “a árvore frankenstein do João”. E há meses atrás, quando o meu vizinho cortou as várias árvores frondosas que tinha no seu quintal onde a bicharada, sobretudos esquilos,     passavam a maior parte do seu tempo, eu, para que os bichinhos sentissem menos a perca, resolvi acrescentar mais uma e depois mais outras pequenas “árvores geringonças" no meu quintal: simples troncos a que ia acrescentando ramos, sem olhar sequer se condiziam ou não entre si e que fazem agora um engraçado " bosque frankenstein”. (Fotos nºs 7 e 8, acima)

Na falta de outro espaço para “plantar” as árvores,     valeu-me o teto duma “arrecadação” que eu mesmo construi há anos atrás. O nosso “céu da bicharada” que conta agora com seis pequenas árvores, com "pontes aéreas" entre si, é para nós um espetáculo deliciante todas os dias, especialmente de manhã quando todos se apresentam para o rancho geral, o primeiro repasto do dia. 

Que o diga o Rui Chamusco que perante "tanta rola junta, como nunca vi na minha vida”.  não pode resistir e gravou em video o pequeno almoço dos bichinhos no meu quintal no primeiro dia que passou aqui no ano passado.

Que melhor maneira de passar o tempo de confinados? Para ajudar,   montei também um pequeno presépio dentro de casa, que este ano, além de nós, poucos admiradores vai ter, pois não tencionamos convidar ninguém antes que tenha passado esta pandemia. 


Foto nº 9 >Foto nº 1 > EUA > Nova Iorque > Queens > 
Dezembro de 2020 >  João e Vilma com o neto, a filha e o genro

Já o mesmo não sucede com a árvore de Natal que a minha filha montou em sua casa. Para que o meu neto não se sinta traumatizado com o isolamento completo, fomos convidados pela minha filha e aceitámos ir ajudá-lo a enfeitar essa árvore, como temos feito) em anos anteriores. A foto que tirámos então mostra esse feliz momento. (Fot0 nº 9).

A outra foto em que estamos, só eu e a Vilma,  junto do pequeno presépio foi tirada em minha casa (Foto nº 1, em cima).  Na falta de melhor cartão, aceitem este, com as palavras “Merry Christmas” entre nós, como o nosso cartão de Natal para todos os que não terei melhor maneira de contactar.

Como lógico desenvolvimento nesta época, comecei hå muito a chamar os meus amigos por telefone para os tradicionais votos de Natal e ao mesmo tempo para saber deles. Pena é que agora o facebook e outras redes sociais tenham relegado o telefone para segundo ( ou último) lugar. E por isso já fiz cerca de uma centena de tentativas (e muitas mais se seguirão) para os quatro cantos dos mundo do Brasil à Austrália, da Holanda ao Canadá e outros países pelo meio, para aqueles que alguma vez me providenciaram os seus contactos telefónicos e ainda não os mudaram sem me dizer. Entre estes contam-se alguns camaradas da Tabanca Grande, especialmente os da Diáspora. 

Apesar do pouco sucesso numérico, (não chegaram ainda a trinta aqueles a quem consegui falar pessoalmente ) foi para mim uma satisfação muito grande o poder cavaquear com estes meus amigos. 

Uma coisa comum ( além da idade e das mazelas em maior ou menor grau que na nossa idade estão sempre presentes) foi a vontade de partilharem com os outros este sentimento de saudade e de bons desejos.

"Eh, pá, mas que surpresa ouvir a tua voz e ver que te não te esqueceste de mim"...e quando lhes dizia que tento sempre falar pelo telefone e que tinha muitos outros ainda a quem chamar , vinha quase sempre o pedido de uma mensagem : "Olha lá, João, então com que falares, não te esqueças de lhes dar (aos nossos amigos comuns) um abraço meu também".

Portanto, assim como eu na ilha da Madeira, em Portugal, na França, etc,,  eu pedia àqueles a quem falava para partilharem o meu abraço com outros camaradas que eventualmente viessem a contactar e com quem eu não tinha conseguido falar, aqui fica este recado, um abraço de muitos dos nossos amigos comuns com quem falei para todos os que este leiam poste ou deste vierem a ter conhecimento.

Vejo com satisfação pelos postes de todos os dias, dos nossos editores e felizmente de tantos tantos mais ( não vou mencionar nomes pois por falta iria ser terrivelmente injusto como muita gente),     as muitas e variadas contribuições de tantos camaradas e do interesse e intenção evidente de partilharem com outros os seus interesses e até as suas vidas.

Sei que o momento actual quase exige que alguém fale daqui com mais assiduidade. E, de alguma maneira,  como residente em Nova Iorque,  sei que o devia fazer. Tenho pena não saber responder a estas expectativas, que de vez em quando eu sinto existirem . É que ser-me-ia quase impossível falar sem deixar que políticas, crenças e opiniões pessoais, sempre muito subjectivas, mesmo sem eu querer se manifestassem. E eu sei bem que este blogue não é lugar para políticas e similares. 

Mas dentro deste contexto de respeito permito-me partilhar algo que na minha opinião pode explicar e ajudar a compreender o momento em que vivemos, sobretudo aqui nos US. 

A situação actual traz-me à lembrança uma conversa que presenciei, no ano 1977 se me não engano, entre Mrs Jacqueline Kennedy Onassis e o seu convidado de jantar nesse dia, ex-candidato à Presidência dos US em 1972, o   Senador McGovern. Dizia a ex-Primeira Dama, Mrs Onassis,  que a seu ver os Estados Unidos não se podiam comparar com a Europa, onde a acumulação de cultura de muitos séculos tinha resultado numa civilização a todos os níveis extraordinária.  "Nós, os Estados Unidos,  em comparação com a Europa atingimos e estamos já num estado de decadência sem jamais termos atingido uma verdadeira civilização".

Essa conversa ficou-me gravada para sempre. Lembro de na altura me ter dito para os meus botões que não era bem assim. Os Estados Unidos, achava eu, tinham uma civilização essencialmente baseada em valores materiais em que o dinheiro era tudo, muito diferente da europeia, mas de alguma maneira não era caso para se dizer que não tinham uma civilização. 

Verifico agora que estava errado. O decorrer do tempo tem provado que a decadência é um facto real que, com altos e baixos, se tem agravado desde então. A falta em extremo de valores éticos, a existência de um egoísmo muito generalizado e uma ganância desenfreada têm impedido que uma verdadeira civilização tenha florescido nestas paragens, que por outro lado em muitos outros aspectos apresenta 
espetaculares conveniências.

Oxalá esta mentalidade egoísta desapareça em favor de mais senso comum e de maior respeito mútuo. Isto poderá ocasionar que as coisas mudem para melhor. E isso será bem possível, qualquer que seja o partido que traga estabilidade e consiga implantar nos Estados Unidos os valores éticos que estão na base de qualquer comunidade e que possibilitam a existência de uma verdadeira civilização.

De resto foi isso que transmitimos, eu e a Vilma em mensagem de 8 de novembro passado, em mensagem aos nossos amigos e familiares e que tinha por título "Um abraço de alívio de Nova Iorque":

(...) "Não quero deixar de partilhar o que eu e a Vilma sentimos e vivemos neste momento: a grande satisfação por irmos ter brevemente  um novo Presidente. E alívio também, (...) por  sabermos que estamos a chegar ao fim deste confuso e difícil trajecto que temos vivido nestes últimos quatro anos: uma experiência que parece ter tido repercursão e sido vivida de alguma maneira semelhante em muitas partes do mundo. Esperamos confiadamente que todos os habitantes deste nosso pequeno planeta terra que partilhamos, americanos e não americanos pelo mundo fora, possamos entrar brevemente num verdadeiro “Renascimento”, como sucedeu séculos atras após o período negro em que o mundo esteve mergulhado durante grande parte da Idade Média." (...)
 

 
Os meus votos calorosos e um grande abraço (e de minha esposa Vilma também ) para todos.

Nova Iorque, 10 de Dezembro de 2020.
João e Vilma Crisóstomo

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domingo, 22 de novembro de 2020

Guiné 61/74 - P21566: Ser solidário (235): João Crisóstomo e Vilma Kracun [Woodside, Queens, Nova Iorque]: em tempo de Covid-19 vêm para a rua limpar o seu bairro e animar lares de idosos


Foto nº 1


Foto nº 2


Foto nº 3


Foto nº 4

Fotos (e legendas): © João Crisóstomo (2020). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]




João Crisóstomo, luso-americano, natural de Torres Vedras, conhecido ativista de causas 
que muito dizem aos portugueses: Foz Côa, Timor Leste, Aristides Sousa Mendes... 
Régulo da Tabanca da Diáspora Lusófona; ex-alf mil, CCAÇ 1439 (Enxalé, Porto Gole 
e Missirá, 1965/67): vive desde 1975 em Nova Iorque; tem mais  de 120 referências 
no nosso blogue.


1. Mensagem de João Crisóstomo. com data de 10 de outubro  último:

Caro Luís Graça:

Como sabes, eu de vez em quando eu dou uma ajuda aqui e ali à minha volta, conforme as necessidades o exigem, especialmente nos últimos tempos devido aos problemas de orçamentos e falta de verbas,  falta de pessoal, etc. Como aliás como sucede sempre em toda a parte.

Há semana atrás, na minha mania de querer “compensar”  estas faltas,  exagerei um pouco e tenho passado as últimas três semanas com muletas por causa dum ataque de ciática, embora já me sinta melhor. A primeira semana foi dura,  praticamente  imobilizado na cama, com o médico a dizer-me que  que o melhor remédio  para isto é "continuar quieto e ter paciência".  Portanto, goste eu ou não, tenho mesmo de obedecer.

Sucede que há tempos este meu voluntariado a fazer limpezas nos parques e ruas da vizinhança (aliás, o "nosso voluntariado", pois a Vilma, contra a minha vontade, teima em nunca me deixar sozinho…), despertou a curiosidade dum repórter e ontem mesmo saiu um artigo aqui num jornal local [, o  "Queens Ledger", semanário local, fundado em 1873]…

Como gostas de saber como é que os camaradas, pelo mundo fora,    reagem a este coronavírus e passam o seu tempo, aqui está, no que me diz respeito, o artigo que saiu. Creio que não vale a pena o trabalho de o traduzir, pois em maior ou menor escala quase toda a gente fala ou lê hoje um pouco de inglês. Caso aches que isso vale a pena, então diz-me, que eu farei a tradução; mas alguns assuntos que exigem a minha atenção imediata não me permitem fazê-lo de pronto  e eu não sei usar a "tradução automática’, que estas novas tecnologias facilitam [João, vê o Google Translate, traduz tudo, até o nosso calão, só não traduz os nossos crioulos; o inglês-português não é nada mau, e até o português-inglês, embore precise sempre de revisão / correção final... De qualquer mood, o "guglês" já  é a língua mais usada no mundo...LG]. 

Mas,  para compensar, para o caso de achares que vale a pena mencionar este artigo, eu junto algumas fotos relacionadas com o assunto e tu decides o que fazer com elas, incluindo ignorá-las. A foto (única) que aparece junto com o artigo foi tirada pelo próprio repórter que quis e veio falar comigo. As outras foram tiradas como “memos” para mim mesmo, coisa que nunca não se deixo de fazer em ocasiões destas.

A foto nº 1  é o meu “ID' (que me foi dado em 2007, pelo Departamento de Parques de Nova Iorque
quando me alistei como “voluntário") 

A foto nº 2, eu e a Vilma juntando a folhagem e os ramos de árvores do parque, logo após a passagem de uma violenta tempestade. 

Aqui, como noutras, funciona "a lei do menor esforço”, o que leva a que,  mesmo os que vêm todos os dias "fazer ginástica” no parque,  não tenham o cuidado de limpar o lugar primeiro, alegando que isso é obrigação e trabalho do autarquia…

De vez em quando também organizamos ou ajudamos a organizar eventos para tornar a vida num lar para idosos,  aqui na minha rua,   mais agradável [Foto nº 3].

Foto nº 4: num dia em vésperas de Natal, depois de ter conseguido um voluntário para acompanhar as canções ao piano, convidamos os residentes deste lar para uma tarde de “ Christmas Carols” [Canções de Natal].

Um abraço grande,
João

2. Reproduzimos, com a devida vénia, o artigo sobre o João Crisóstomo, publicado no jornal da sua comunidade, o "Queens Ledger" [tradução, adaptação livre, revisão e fixação de  texto: Google Translate / LG]


Voluntário mantém limpo o parque local

por Samantha Galvez-Montiel 

Queens Ledger, 7 de outubro de 2020


 João Crisóstomo, que vive em Nova Iorque há 45 anos, tem uma vida preenchida, plana, desde ter sido mordomo de Jacqueline Kennedy Onassis a ativista de causas sociais,  ligadas ao seu país natal, Portugal.

Mudou-se para a cidade de Nova Iorque há 45 anos. Desde 1997, Crisóstomo e  a sua esposa Vilma Kracun, com quem se casou em 2013, moram em Woodside [, Queens, Nova Iorque],  onde passam o tempo limpando o bairro e o parque Big Bush.

“Há treze anos, comecei a ser voluntário para ajudar Jack Maurin, então supervisor do parque, a manter o Big Bush Park e outros parques limpos”, disse Crisóstomo.

Mas Crisóstomo viu seu parque local negligenciado, mesmo depois de um milhão de dólares ter sido destinado,  há cerca de dois anos,  para renovar o parque. Desde então, Crisóstomo tem dedicado o seu  a manter o parque limpo, assim como outras áreas do bairro com problemas de lixo.

“O belo parque cercado foi naturalmente concebido para evitar que crianças e outras pessoas entrassem em áreas reservadas, mas não há um simples portão de acesso para as limpezas, a irrigação, o corte de ervas daninhas e a remoção de galhos caídos”, disse ele. “Já tive que escalar a cerca várias vezes para fazer isso, caso contrário, o lugar seria sempre uma bagunça terrível e uma atração para os ratos.”

Crisóstomo disse estar satisfeito por o lixo,  em Big Bush Park, ter sido recolhido recentemente pelos funcionários do Departamento de Parques, mas ficou danado por isso ter levado mais de três semanas e só depois de ele ter contactado várias autoridades locais, incluindo o deputado Brian Barnwell.

“Como a Prefeitura fez cortes drásticos no orçamento do Departamento de Saneamento, vemos o lixo e o entulho a acumular-se nas  nossas ruas”, disse o deputado. “Os meus pedidos.  para mais contentores do lixo e mais recolha,   foram repetidamente negados. É inaceitável o que está a acontecer".

Um porta-voz do Departamento de Parques confirmou que os recentes cortes no orçamento tiveram como consequência, entre outras,  a  falta de pessoal.

Desde o último anúncio de orçamento, o orçamento de Parks FY21 é de 503 milhões de dólares, o que significa uma redução de 84 milhões em relação ao ano passado”, escreveu o porta-voz por email. “Não podemos recorrer a trabalhadores sazonais, este ano,  para apoiar a Manutenção e Operações em toda a cidade devido aos cortes orçamentais. Mas o Big Bush Park é limpo diariamente e o a paisagem é cuidada ao máximo. ” 

Crisóstomo disse que a falta de cooperação dos  trabalhadores temporários do parque também pode ser resultante  do facto de  haver horários rotativos e nem sempre eles  reconhecerem isso. 

“Os trabalhadores mais de uma vez me explicaram a sua recusa em entrar nas áreas cercadas. pelo perigo que isso poderia representar”, disse ele. 

Crisóstomo levou uma vida plena antes de se mudar para Wooside [Queens, Nova Iorque]. Ele nasceu em Portugal em 1944 e frequentou o seminário,  antes de completar o serviço militar em África, 

Aprendeu inglês e serviu à mesa em Londres no início dos anos 1970. Mudou-se para Nova York em 1975, tendo começado por trabalhar como mordomo ao serviço da senhora Kennedy Onassis. Tornou cidadão americano em 12 de setembro de 1993. 

Em 1994, começou a trabalhar na campanha em prol da conservação das gravuras,  da Idade da Pedra, de Foz Côa, em Portugal, hoje Património Mundial da UNESCO. Israel, por seu tunro,  homenageou-o,  com a emissão de um selo dos correios, em 2017 por seu trabalho  de reabilitação da memória de heróis do Holocausto,  Aristides de Sousa Mendes, Luis Martins de Sousa Dantas, Padre Benoit e outros. 


 
A arrecadação da casa do João Crisóstomo e Vilma Kracun, onde se guardam os apetrechos de limpeza.
 
Fonte: Queens Ledger - Volunteer keeps his local playground free of trash 
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Nota do editor:

Último poste da série >16 de novembro de 2020 > Guiné 61/74 - P21549: Ser solidário (234): Associação Anghilau ("criança", na língua felupe), admissão de sócios, ficha de adesão... Somos já 28!... Poucos mas bons, mas ainda podemos ser mais (Manuel Rei Vilar)