João Crisóstomo, régulo da Tabanca da Diáspora Lusõfona
e amigo de Timor Leste. Foto: LG (2017)
1. Email enviado por João Crisóstomo, na sequência de comentário ao poste P25944 (*)
Data - 15 de setembro de 2024, 08:51
Caros Rui Chamusco e Luís Graça,
Nem sempre leio, mas hoje vi, li e tive de desabafar (*) (...). São 01.24 da manhã de 15 de setembro. Não consigo dormir e resolvi buscar o computador, talvez alguma leitura amena no nosso blogue, como as peripécias narradas pelo Jorge Cabral ou outras me trouxessem o sono.
E ao deparar com esta crónica do Rui, resolvi lê-la para “lembrar”; ao fim e ao cabo também cheguei a ir e estive em Timor (em 2017 e 2018), onde , perante a situação de que o Rui me tinha falado e que confirmei, pensei poder continuar a ajudar: a minha experiência e contactos que ainda mantinha desde os tempos da luta pela independência poderiam com certeza ajudar, pensava eu.
Mas hoje, em vez de uma leitura amena, deparei com o contar duma situação que tem sido uma constante desde esses dias em 2018 até hoje. Raiva, tristeza, saudades, frustração, não sei qual deles maior, foi o que experimentei agora.
De alguma maneira quase me sinto culpado, pois que na altura sonhei e falei do muito que se poderia fazer para ajudar aquelas crianças esquecidas e aquelas gentes tristemente ignoradas nas montanhas de Liquiçá; alimentei tantas esperanças ao Rui, ao Gaspar e à Glória e a tanta gente boa em Portugal, e não só, que perante o nosso entusiasmo resolveram dar também a sua ajuda. E de alguns não foi só ajuda financeira como a de oferecerem-se e irem a Timor Leste. E agora passados seis anos ainda continuamos lutando pela mera sobrevivência duma única escola. Como é triste!
Mas como poderia eu, como poderíamos nós esperar tão pouca resposta por parte daqueles que em Timor Leste, em Portugal e em outras partes do mundo (como na Guiné), desta situação e outras semelhantes, se deviam ocupar?
Se razões de consciência, solidariedade e mesmo justiça não os motivam, então que cumpram o dever e obrigações dimanadas pela situação de poder ou de privilégio em que se encontram agora ou tiveram no passado se ainda agora podem ser influentes.
Os deveres inerentes à consciência e solidariedade são deveres permanentes e não devem ser coisas acidentais e temporárias na nossa vida.
Tenho acompanhado outros projectos semelhantes na Guiné e S.Tomé, aqui descritos no nosso blogue. Que são para mim sempre motivos de motivação, não só pelo simples facto de existirem, como pelo facto de serem motivo de tanto interesse por parte de todos nós que por lá andamos e conhecemos o que era e o que ainda é.
No caso de Timor admiro a boa vontade de tantos que nunca lá estiveram mas que inspirados pelo Rui e outros continuam ajudando, persistindo em fazer bem.
Bem hajam! Eu não acredito em milagres, mas, mesmo na minha muita desilusão, ainda teimo em persistir, esperando sempre por um milagre.
João Crisóstomo
PS - Esqueci-me de dizer que tudo o que temos pedido é que, que forneçam professores devidamente acreditados para esta escola, uma vez que agora já há uma escola construída e uma residência para professores nestas montanhas onde as crianças, que são tão timorenses como as crianças que vivem em cidades ou em locais com mais facilidades e que têm sorte de terem pais mais afortunados, parecem ou foram completamente esquecidas. (**)
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Data - 15 de setembro de 2024, 08:51
Caros Rui Chamusco e Luís Graça,
Nem sempre leio, mas hoje vi, li e tive de desabafar (*) (...). São 01.24 da manhã de 15 de setembro. Não consigo dormir e resolvi buscar o computador, talvez alguma leitura amena no nosso blogue, como as peripécias narradas pelo Jorge Cabral ou outras me trouxessem o sono.
E ao deparar com esta crónica do Rui, resolvi lê-la para “lembrar”; ao fim e ao cabo também cheguei a ir e estive em Timor (em 2017 e 2018), onde , perante a situação de que o Rui me tinha falado e que confirmei, pensei poder continuar a ajudar: a minha experiência e contactos que ainda mantinha desde os tempos da luta pela independência poderiam com certeza ajudar, pensava eu.
Mas hoje, em vez de uma leitura amena, deparei com o contar duma situação que tem sido uma constante desde esses dias em 2018 até hoje. Raiva, tristeza, saudades, frustração, não sei qual deles maior, foi o que experimentei agora.
De alguma maneira quase me sinto culpado, pois que na altura sonhei e falei do muito que se poderia fazer para ajudar aquelas crianças esquecidas e aquelas gentes tristemente ignoradas nas montanhas de Liquiçá; alimentei tantas esperanças ao Rui, ao Gaspar e à Glória e a tanta gente boa em Portugal, e não só, que perante o nosso entusiasmo resolveram dar também a sua ajuda. E de alguns não foi só ajuda financeira como a de oferecerem-se e irem a Timor Leste. E agora passados seis anos ainda continuamos lutando pela mera sobrevivência duma única escola. Como é triste!
Mas como poderia eu, como poderíamos nós esperar tão pouca resposta por parte daqueles que em Timor Leste, em Portugal e em outras partes do mundo (como na Guiné), desta situação e outras semelhantes, se deviam ocupar?
Se razões de consciência, solidariedade e mesmo justiça não os motivam, então que cumpram o dever e obrigações dimanadas pela situação de poder ou de privilégio em que se encontram agora ou tiveram no passado se ainda agora podem ser influentes.
Os deveres inerentes à consciência e solidariedade são deveres permanentes e não devem ser coisas acidentais e temporárias na nossa vida.
Tenho acompanhado outros projectos semelhantes na Guiné e S.Tomé, aqui descritos no nosso blogue. Que são para mim sempre motivos de motivação, não só pelo simples facto de existirem, como pelo facto de serem motivo de tanto interesse por parte de todos nós que por lá andamos e conhecemos o que era e o que ainda é.
No caso de Timor admiro a boa vontade de tantos que nunca lá estiveram mas que inspirados pelo Rui e outros continuam ajudando, persistindo em fazer bem.
Bem hajam! Eu não acredito em milagres, mas, mesmo na minha muita desilusão, ainda teimo em persistir, esperando sempre por um milagre.
João Crisóstomo
PS - Esqueci-me de dizer que tudo o que temos pedido é que, que forneçam professores devidamente acreditados para esta escola, uma vez que agora já há uma escola construída e uma residência para professores nestas montanhas onde as crianças, que são tão timorenses como as crianças que vivem em cidades ou em locais com mais facilidades e que têm sorte de terem pais mais afortunados, parecem ou foram completamente esquecidas. (**)
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Notas do editor:
(*) Vd. poste da série >15 de setembro de 2024 > Guiné 61/74 - P25944: II Viagem a Timor: janeiro / junho de 2018 (Rui Chamusco, ASTIL) - XII (e útima) Parte: A minha casa é o mundo e qualquer dia estarei de volta...
(**) Último poste da série > 14 de agosto de 2024 > Guiné 61/74 - P25842: (In)citações (269): Quantos somos ainda? (Juvenal Amado, ex-1.º Cabo CAR do BCAÇ 3872)
(*) Vd. poste da série >15 de setembro de 2024 > Guiné 61/74 - P25944: II Viagem a Timor: janeiro / junho de 2018 (Rui Chamusco, ASTIL) - XII (e útima) Parte: A minha casa é o mundo e qualquer dia estarei de volta...
(**) Último poste da série > 14 de agosto de 2024 > Guiné 61/74 - P25842: (In)citações (269): Quantos somos ainda? (Juvenal Amado, ex-1.º Cabo CAR do BCAÇ 3872)
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