Guiné-Bissau > Bolama > Junho de 2021 > A estátua de Ulysses Grant, "ao luar"...
Guiné-Bissau > Bolama > Junho de 2021 > A estátua de Ulysses Grant, vista de dia... (A estátua original, em bronze, desapareceu, há uns largos anos; esta da foto é uma réplica... em cimento)
[...] Grant, [...] dente dos
Estados Unidos da
América do Norte justo
árbritro na causa de
Bolama 21 - IV-18970
Fotos (e legendas): © Patrício Ribeiro (2021). Todos os direitos reservados [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]
1. O que sabíamos nós sobre a história da Guiné quando nos mandaram para lá "defender a Pátria" ? Nada, e muito menos desta ou daquela cidade ou vila, como Bolama, Bissau, Bafatá, Bambadinca, Nova Lamego, Tite, Buba, Cacheu, Catió, Teixeira Pinto, etc.
Cinquenta anos depois ainda temos direito a saber algo mais... sobre aquela terra a quem pagámos o devido "imposto de sangue, suor e lãgrimas"... Por exemplo, sobre a história (atribulada) de Bolama: muitos camaradas passaram por lá, fizeram a IAO e até foram "saudados" pela "rapaziada do PAIGC com uns foguetões 122 mm, felizmente com fraca pontaria...
O nosso colaborador permanente Mário Beja Santos (uma das pessoas que em Portugal mais sabe sobre a historiografia da presença portuguesa na Guiné) tem escrito imenso sobre estes temas, e nomeadamemnte sobre Bolama.
Isso não nos impede de publicar aqui um apontamento com "uma resenha histórica" de Bolama, escrita por um padre, de que só conhecemos as iniciais (Pe. A. J. D.). O artigo faz parte do nº único do jornal "Sport Lisboa e Bolama", novembro de 1938 (pp. 1, 6 e 7 de 12). É um artigo de divulgação, já com quase 90 anos, escrito por um missionário (que seguramente tinha uma grande amor àquela terra).
Recorde-se que Bolama foi elevada à categoria de cidade, com a República, em 1913. O seu plano urbano também tem a marca da época. E foi a capital da antiga Guiné Portuguesa até 1941 (portanto, ao longo de escassas sete décadas).
O século XIX (e sobretudo o período entre 1830 e 1870) é marcado pela disputa, npor vezes violenta. em relação à soberania da ilha, entre portugueses. ingleses e ilhéus.
Correu-se até o risco até de cair num conflito militar entre as duas potências coloniais, se bem que "velhos aliados", o que terá sido evitado graças à iniciativa de António José de Ávila (Horta, Ilha do Faial, Açores, 1807 — Lisboa, 1881) (futuro Duque de Ávila e Bolama), que pediu a intervenção de Ulysses S. Grant, presidente dos Estados Unidos, a favor de Portugal,
Os bolamenses erigiram-lhe uma estátua, em homenagem à sua justa arbitragem a favor de Portugal. Infelizmemnte, há uns anos atrás a estátua (ou parte da estátua), em bronze, desapareceu...Em total decadència, a Bolama de hoje parece não saber ou poder conseguir tomar contar dos vivos, quanto mais dos mortos...
Hoje é também uma ilha de fantasmas. onde por certo por lá pára ainda a alma errante do Caetano José Nozolini (ilha do Fogo, Cabo Verde, 1800 — Bissau, 1850), grande esclavagista cabo-verdiano de origem italiana... Mas também o Bento José Nogueira, o Bevaer, o Nozolini, o Honórito Barreto, o Grant e tantos outros, sem esquecer os régulos bijagós e biafadas.
Jornal-programa (sic) editado pelo "Sport Lisboa e Bolama", novembro de 1938. Composto e impresso pela Imprensa Nacional da Guiné, Bolama. Nº de páginas: 12 (doze).Visado pela Comissão de Censura,
Fonte: Câmara Municipal de Lisboa > Hemeroteca Digital > Sport Lisboa e Bolama, novembro de 1938 (com a devida vénia).
(Seleção, introdução, recortes, revisão / fixação de texto: LG)
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Nota do editor:
Último poste da série > 18 de setembro de 2024 > Guiné 61/74 - P25954: Historiografia da presença portuguesa em África (442): A Guiné Portuguesa em 1878 - Boletim Official do Governo da Província da Guiné Portuguesa, 1881 até 1882 (2) (Mário Beja Santos)
2 comentários:
A história do capitão, "anti-esclavagista" inglês,a href=" https://www.rmg.co.uk/collections/objects/rmgc-object-1179877" > Philip Beaver (1766–1813) e as suas peripécias em Bolama é apenas aflorada pelo nosso padre A. J. D.... Fiquei com curiosidade em saber mais...
Diz o autor da resenha histórica de Bolama: "O oficial da marinha britànica Filipe Beaver, rapaz novo e ardente, concebera o projeto de estabelecer em África uma colónia, cuja finalidade não seria o tradicional comércio mas o amanho de terras por gente livre como meio prático de civilizar o ngero" (sic). (...) A ideia foi secundada pela aprovação do governo inglês"...
A atual estátua do Ulysses S. Grant, em Bolama, é uma réplica, não em bronze, mas... em cimento.
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