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terça-feira, 18 de janeiro de 2022

Guiné 61/74 - P22918: A nossa guerra em números (13): Literacia e numeracia... A propósito das 2 minas A/C accionadas em 13/1/1971, à saída do reordenamento de Nhabijões, causando 1 morto, 8 feridos graves e 2 viaturas destruídas (1 Unimog 411 e 1 GMC)...




Fonte: (1971), "Comunicado - Frente Leste", CasaComum.org, Disponível HTTP: http://hdl.handle.net/11002/fms_dc_40689 (2022-01-18)
(Com a devida vénia...)

Instituição:Fundação Mário Soares
Pasta: 07200.170.117
Título: Comunicado - Frente LesteAssunto: Comunicado da Frente Xitole Bafatá sobre as acções militares do PAIGC em Nhabiam, Bambadinca e Xime.
Data: Quarta, 27 de Janeiro de 1971
Observações: Doc. incluído no dossier intitulado Diversos. Guias de Marcha. Relatórios. Cartas dactilografadas e manuscritas. 1960-1971.
Fundo: DAC - Documentos Amílcar Cabral
Tipo Documental: Documentos 


1. Transcrição de comunicado do PAIGC sobre acções levadas a cabo em Nhabijões (13/1/1971) e Xime (14/1/1971), referidas no poste P12139 (*), com revisão/fixação de texto pelo editor L.G. O comunicado é manuscrito em papel de carta, com linhas.

Comunicado

No dia 13/1/71, um grupo de 5 camarada[s] armados estalaram [instalaram] 2 minas anti-carro na estrada entre Nhabions [Nhabijões] e Bambadinca, causou os [causando aos] inimigos de grandes perdas em vidas humanas, e destruiu [destruindo] 2 viaturas cheio[as] de tropas tugas que tinham ido [iam] pra [para] Bambadinca buscar comida para aqueles que ficaram na[em] Nhabions [Nhabijões].

Os Inimigos sofreram grandes percas em vidas humanas, entre mortos e feridos.

Por no [nosso] lado não houve nada mau.
Dirigido por [pelos] camaradas:
Mário Mendes e Mário Nancassá.

No dia 14/1/71, os nossos artilheiros bombardiaram [bombardearam] guarnição fortificada de militares tugas no Xim[e], com canhões e morteiros 82, causou os [causando aos] inimigos estagionados [estacionados ] de grandes percas em vidas humanas, entre mortos e feridos.

Por nosso lado, não houve nada mal.

Bombardiamento [bombardeamento] foi dirigido por [pelos] camaradas:

Djambu Mané, António da Costa e Bicut Iula [ou Tula] [?]

[Assinatura ilegível]

Sector 2 da Frente Leste, 27/1/71
 


Guiné > Região de Baftá > Setor L1 > Bambadinca > CCS / BART 2917 (1970/72) > Janeiro de 1971 > Cemitério de viaturas de Bambadinca... O estado em que ficou o "burrinho", o Unimog 411, conduzido pelo sold cond auto, da CCAÇ 12, Manuel da Costa Soares, que teve morte imediata, ao accionar uma mina A/C, à saída de Nhabijões, aglomerado populacional, em fase de reordenamento, e que era de maioria balanta, com parentes no "mato", sendo considerado sob "duplo controlo"... A sua proximidade ao Rio Geba e à grande bolanha de Samba Silate davam-lhe um valor estratégico tanto para o PAIGC como para as NT.. (**)

Foto: © Humberto Reis (2006). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


2. Comentário do editor:

Segundo informação do António Duarte, nosso camarada, membro da Tabanca Grande, ex- furriel miliciano da 3ª terceira geração de quadros metropolitanos da CCAÇ 12, o "Mário Mendes, comandante de bi-grupo na zona do Xime, foi morto numa acção da CCaç 12 no final de 1972: numa deslocação feita para lá de Madina Colhido, foi abatido pelo apontador de HK21 do 4º pelotão". (***)

O Mário Nancassá era, por seu turno, o chefe do grupo de sapadores do setor 2 (Xime/Xitole). Foi ele que montou as minas em Nhabijões. Foi ele que matou o sold cond auto Manuel da Costa Soares, da CCAÇ 12... Enfim, a guerra também tem rostos!

Cotejando as versões dos acontecimentos, do nosso lado e do lado do PAIGC, é óbvio que eram diferentes as preocupações de rigor factual, bem como a literacia dos combatentes de um lado e doutro.  Na realidade, há diferenças no cômputo das baixas: "1 mortos e 8 feridos graves" (segundo as NT) e as
 "grandes percas em vidas humanas, entre mortos e feridos" (segundo o PAIGC).

Eu fui uma das "vítimas", embora tenha saído ileso da GMC, a 2ª viatura,  que foi pelos ares nessse dia fatídico...

A mesma expressão hiperbólica  "grandes percas em vidas humanas, entre mortos e feridos" volta a ser  usada o caso da notícia sobre flagelação, à distância,  ao aquartelamento do Xime (, guarnecido pela CART 2715 / BART 2917), no dia seguinte, e que não teve quaisquer consequências.

 Mas fica aqui, para apreciação crítica dos nossos leitores, o que sobre nós diziam e escreviam  ou difundiam os homens (e as mulheres) que. no passado, foram nossos inimigos e contra os quais combatemos. (**)
______________

Notas do editor:

(*) Vd. poste de 11 de outubro de 2013 > Guiné 63/74 - P12139: A minha CCAÇ 12 (29): 1 morto e 6 feridos graves em duas minas A/C, no reordenamento de Nhabijões, Bambadinca, em 13/1/1971, aos 20 meses de comissão (Luís Graça)

(...) Resumo: Em 13/1/1971, às 11h24, na estrada Nhabijões-Bambadinca um Unimog 411 que ia buscar a comida para o pessoal do destacamento, accionou uma mina A/C, causando um morto e 3 feridos graves.

O Gr Comb da CCAÇ 12, que estava de piquete em Bambadinca, dirigiu-se de imediato ao local... No regresso, duas horas depois, cerca das 13h30, a GMC que transportava duas secções, accionou outra mina A/C, não detectada, na berma da estrada, a 10 metros da anterior. As NT sofreram mais cinco feridos graves, de imediato evacuados para o HM 241.

No dia seguinte, em 14/1/1971, o IN flagelou o Xime, da direcção de Ponta Varela, com morteiro 82, "à distância, sem consequências". (...)

Vd. também poste de 13 de janeiro de  2022 > Guiné 61/74 - P22903: Efemérides (361): À uma e meia da tarde, à saída do reordenamento de Nhabijões... Em 13 de janeiro de 1971... Quando o teu relógio parou... (Luís Graça)

(**) Último poste da série > 18 de janeiro de 2022 > Guiné 61/74 - P22917: A nossa guerra em números (12): baixas militares e civis, de um lado e do outro... Por cada militar português morto, terá havido 2,7 guerrilheiros mortos... Na Guiné, o PAIGC terá tido 9 mil baixas, entre mortos (78%) e feridos (22%), entre guerrilheiros e população sob o seu controlo. Mas o nº de feridos pode estar subestimado e o de mortos sobreestimado.

quinta-feira, 13 de janeiro de 2022

Guiné 61/74 - P22903: Efemérides (361): À uma e meia da tarde, à saída do reordenamento de Nhabijões... Em 13 de janeiro de 1971... Quando o teu relógio parou... (Luís Graça)



Guiné > Região de Bafatá > Sector L1 > Bambadinca > 1970 > Da esquerda para a direita, os ex-furriéis milicianos António Fernando  Marques e Luís M. Graça Henriques, da CCAÇ 12 (1969/71), em amena conversa ou talvez disputando amigavelmente o "lugar do morto" (que era ao lado do condutor). Caiarão, ambos, meses mais tarde, em 13/1/1971, com 20 meses de comissão, numa mina A/C, à saída do destacamento de Nhabijões... 

Eu ia no lugar do morto e ele atrás... Eu saí "ileso" da explosão, ele ficou dois anos a recuperar dos graves ferimentos ... Costumamos, todos os anos (, nomeadamente desde que o blogue existe), recordar esta trágica efeméride. Acabei, mesmo agora, de escrever-lhe a seguinte mensagem: "Foi há 51 anos...Felizmente estamos vivos, mesmo com mazelas físicas e/ou psicológicas. Lembro o pobre do nosso sold cond auto Soares , que perdeu a vida nesse dia fatídico... 'Carpe diem', curte a vida com a tua Gina e os teus...Luís"... E ele respondeu-me de imediato: "Muito obrigado pela tua mensagem. Curte também na companhia da Alice e dos teus. Hoje saímos e almoçamos fora. Um grande abraço. Marques".

Foto (e legenda): © Luís Graça (2005). Todos os direitos reservados. (Edição: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné].



À uma e meia da tarde...

pro Luís Graça


Ao António Fernando Marques, ex-fur mil at inf, 
e à memória do  Manuel da Costa Soares,
ex-soldado condutor auto,
que deixou um filho que nunca verá crescer, 
ambos da CCAÇ 12 (Bambadinca, 1969/71)


Era uma hora e meia da tarde
quando o teu relógio parou,
na estrada de Nhabijões-Bambadinca.


... O sol dos trópicos desintegrou-se,
o céu tornou-se de bronze incandescente,
mil e um pedaços de sol riscaram o ar,
e o  mamute de três toneladas deu um urro de morte,
ao ser projetado sob a lava do vulcão.

Uma súbita explosão,
um trovão que ecoa até ao Mato Cão, a norte...
E depois o silêncio, o silêncio da morte.

...À uma e meia hora da tarde
na estrada de Nhabijões-Bambadinca.


Gritaste:
– Agarrem-se que a viatura vai despenhar-se!
Foste projetado ao lado do condutor,
batendo violentamente
com a cabeça na chapa do tejadilho.
Conseguiste equilibrar-te
dentro do caixão de ferro.
Não vias nada,
e a espessa nuvem de pó, envolvente,
exalava um forte cheiro a enxofre.
Mas ainda conseguiste pensar:
– O ar está rarefeito,
milhões de partículas de pó barrento
bloqueiam-te os pulmões,
vais sufocar dentro desta maldita cabina!

... Foi quando parou o teu relógio,
à uma e meia da tarde
do dia 13 de janeiro de 1971,
à saída do reordenamento de Nhabijões.


… Um curto-circuito ocorreu no teu cérebro,
como se tivesses sido eletrocutado,
ficaste rigidamente colado ao assento,
a G3 entrelaçada nas pernas,
e a estranha sensação
de que a massa encefálica te tinha saltado da caixa craniana.
O olhar vidrado de quem mergulhou 
nas profundezas da terra,
o gélido terror de quem entrou 
num mundo desconhecido,
a antevisão da viagem no barco do barqueiro  
do Rio de Caronte,
o calafrio da morte, 
trespassando o teu corpo da cabeça aos pés.

...À uma e meia da tarde
na estrada Nhabijões-Bambadinca.


Nunca saberás ao certo
quantos segundos se passaram,
mas houve um solução de continuidade,
essa fração de tempo
em que a tua consciência esteve bloqueada,
e os pulmões falharam,
e o sangue gelou,
e o coração parou, de puro terror,
escreve, não tenhas pudor, de puro terror...
até compreenderes que a velha GMC
tinha acionada... uma mina!
– Outra mina, meu Deus!, que horror!
E instintivamente agarraste-te àquela carcaça de mamute,
mal refeito da surpresa de estares vivo.

...À uma e meia da tarde,
à saída do reordenamento de Nhabijões.


Quando saltaste para o chão,
tinhas, sob o olhar aterrado, os destroços duma batalha:
corpos por todo o lado,
juntamente com espingardas, cartucheiras, cantis,
canos de bazuca e de morteiro, granadas de bazuca e de morteiro, 
granadas de mão, dilagramas, 
um rádio, bocados de chapa e de borracha, 
quicos, botas, restos de camuflado,
tudo numa profusão indescritível,
corpos que gemiam, que gritavam, ou que talvez já fossem cadáveres.

...No vulcão de Nhabijões,
a oeste de Bambadinca,
Setor L1, 
Zona Leste,
Teatro Operacional da Guiné,
África subsariana,
Planeta Terra!


– Mortos! Tudo mortos! – gritava-te o puto Umaru,
os braços abertos, o pânico estampado no seu belo rosto de efebo,
menino fula feito soldado,  sem o seu inseparável pequeno cachimbo,
que sempre usava para lhe dar o ar de falso Homem Grande.

E logo ali o Transmissões, o primeiro ferido que reconheceste,
todo encolhido junto ao colosso de ferro amalgamado,
numa postura fetal, de defesa, em estado de choque.

Abeiraste-te depois do comandante da 1ª secção,
teu companheiro de quarto,  o Marques,
o teu querido Marquês sem acento circunflexo, 
como o gostavas de  tratar,
mas ele já não reagia à tua voz
nem às bofetadas que lhe davas no rosto,
o olhar vidrado dos moribundos...
Aparentemente não tinha qualquer fratura exposta
mas de um dos ouvidos, o do lado direito,  corria-lhe um fio de sangue,
um fiozinho,  vermelho e logo negro,
rapidamente oxidado em contacto com o ar.
Procuraste desesperadamente os seus sinais vitais,
mas sua respiração era cada vez mais fraca,
e o pulso escapava-se-te, entre os teus dedos,
como a areia da ampulheta.

Trágica ironia!, um minuto antes,
ao subirem os dois para a viatura,
haviam disputado amigavelmente o 'lugar do morto'.
– Vais tu, vou eu, vais tu, vou eu!...

… À uma e meia da tarde de um dia treze,
ao vigésimo mês de Guiné,
em janeiro de 1971.


Acabaste por ser tu a ir para o 'lugar do morto',
ao lado do condutor.
Mas daquela vez, e para sorte tua,
a mina rebentaria sob um dos rodados duplos traseiros 
da GMC, embora do teu lado.
A velha GMC do tempo da Guerra da Coreia,
que gastava cem aos cem...
e que acabava de fazer a inversão de marcha,
de regresso ao quartel, em Bambadinca.

Outra filha de puta de mina,
não detetada pelos nossos picadores,
fora acionada, na berma da estrada,
às portas do reordenamento de Nhabijões,
a coqueluche do comando do batalhão, e do Spínola,
300 moranças para os "turras", diziam os teus soldados fulas!

Porra, camaradas, 
a escassos metros da anterior, já fora da estrada!

… À uma e meia da tarde de um dia 13, 
que nem sequer era sexta-feira 13,
era uma vulgar quarta-feira,
mas foi 13 de azar!


Estavas de piquete, quando duas horas antes 
uma viatura do destacamento acionara uma mina.
Um frágil burrinho, um Unimog 411,
ia buscar o almoço para o pessoal do reordenamento.
O condutor, o Soares, teve morte imediata,
o furriel Fernandes, também da CCAÇ 12,
o alferes sapador Moreira e outro militar,
ambos da CCS do batalhão,
ficaram feridos, com gravidade…

Mas só agora reparaste  
no velho Tenon, no Ussumane, no Sherifo,
mesmo ao teu lado, a teus pés,
sem darem acordo de si.
E ainda no Quecuta, no Cherno e no Samba, teu bazuqueiro,
arrastando-se penosamente sobre os membros superiores,
como lagartos cortados ao meio.

…À uma e meia da tarde
na estrada da morte,
com as palmeiras de Samba Silate
e o Rio Geba ao fundo.


As duas secções que seguiam atrás, na GMC,
tinham sido projetadas pelo vulcão de trotil,
como se fossem cachos de bananas.
Caso se seguisse uma emboscada,
então seria um massacre, pensaste tu!
Tu que eras o único que tinha uma arma na mão,
mas inútil, inoperacional, encravada,
devido ao choque sofrido…
Não deixaste de sentir um calafrio
ao imaginar-me sob a mira certeira dos RPG
e sob o matraquear das 'costureirinhas' e das Kalash.

… Ali, à uma e meia da tarde,
em Nhabijões, na Guiné, longe de Saigão,
'far from the Vietnam'.


Tinhas acabado de fazer o reconhecimento das imediações,
detetando o trilho dos guerrilheiros, até ao rio.
Durante a noite, eles tinham vindo pôr as minas assassinas…
Eles faziam a guerra deles, tão cruel e tão suja como a tua,
e esse trilho, mais fresco, acabava por confundir-se
com os usados pela população de Nhabijões
que, como tu sabias, não morriam de amores pelos "tugas"…
Hoje sabes os seus nomes,
os nomes dos que te montaram as duas minas,
a ti e aos teus:
Mário Mendes, chefe de bigrupo,
e Mário Nancassá, sapador.
Não podes deixar de sentir ódio, 
mais de meio século depois,
por aqueles que te quiseram matar, 
a ti e aos teus camaradas.

Pedes SOS, evacuação Ypsilon,
vais a correr para o heliporto,
sem soro, sem garrotes, sem pensos,
sem maqueiro, sem mala de primeiros socorros,
sem picador, sem arrebenta-minas à tua frente!

...Numa luta desvairada contra o tempo,
na estrada Nhabijões-Bambadinca.


Era possível, entretanto, que houvesse mais minas
pela estrada fora,
anda hesitaste em mandar picar o terreno,
mais alguns metros em redor,
mas não podias perder nem mais um segundo,
para logo seguires, de imediato,
para os helis que aguardavam os feridos mais graves,
no heliporto de Bambadinca.
Mais até do que a solidariedade entre camaradas de guerra,
mais até que a tua amizade pelo Marques,
de repente o que te terá movido,
o que te deu a força anímica dos gigantes,
o que te deu uma raiva imensa de vulcão,
foi o brutal sentimento do absurdo da morte,
do absurdo daquela guerra,
a raiva contra aquela guerra,
na véspera de fazeres 24 anos, dali a dias!...

… À uma e meia da tarde
nessa maldita picada do inferno.


Foi uma corrida louca, aquela, na estrada de Nhabijões,
na fronteira indefinida que separava a vida da morte,
no primeiro Unimog 404 que te apareceu à mão,
e que levava um carregamento letal de feridos,
três deles estavam em estado de coma
e tinham como destino outro inferno,
o hospital de Bissau
os Alouettes III, roncando como o macaréu,
sobre o Geba, largo e medonho,
a incerteza do desfecho da luta entre a vida e a morte
aos vinte e poucos anos de idade.

…No dia 13 de Janeiro de 1971,
num dia  13 que nem sequer era sexta-feira,
mas que foi de terrível azar,
às treze e meia da tarde,
quando o teu relógio parou
à saída da grande tabanca de Nhabijões,
finalmente reordenada
e controlada…


Luís Graça, Bambadinca, 13/1/1971 / Madalena, V.N. Gaia, 13/1/2023
[Revisto nesta data, pela "enésima" vez...]

____________

Nota do editor:

Último poste da série > 4 de janeiro de 2022 > Guiné 61/74 - P22876: Efemérides (360): Os 50 anos da Corrida de São Silvestre no Saltinho, 1971/72 (Mário Migueis da Silva, ex-Fur Mil Rec Inf)

terça-feira, 9 de fevereiro de 2021

Guiné 61/74 - P21875: Tabanca Grande (512): Adélio Monteiro, "homem grande" de Castro Daire, ex-sold cond auto, CCAÇ 2590 / CCAÇ 12 (Contuboel e Bambadinca, 1969/71): senta-se à sombra do nosso poilão, no lugar nº 830, com 12 anos de atraso



Guiné > Região de Bafatá > Sector L1 > Bambadina > CCAÇ 12 (1969/71) > s/d> Dos dos nossos bravos condutores: em primeiro plano, o Adélio Monteiro, em segundo plano o Aniceto R. Rodrigues, já falecido este ano.


Fotos (e legenda): © Adélio Monteiro (2021). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]



Óbidos > Restaurante A Lareira > 22 de maio de 2010 > 16º Convívio do Pessoal de Bambadinca 1968/71 > Quatro camaradas da CCAÇ 12 > Da esquerda para a direita: (i) João Gonçalves Ramos (ex-sold radiotelegrafista); (ii) José Manuel P. Quadrado (ex-1º cabo ap armas pesadas inf) (1947-2016); (iii) Fernando Andrade Sousa (ex-1º cabo aux enf); e (iv) Adélio Monteiro (ex-sold cond auto, organizador do encontro de 2009, o 15º, em Castro Daire)

Foto (e legenda): © Luís Graça (2010). Todos os direitos reservados. [Edição: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]



Crachá da CCAÇ 2590 / CCAÇ 12 (Contuboel e Bambadinca, 1969/71)


Castro Daire > Freguesia de Monteiras > Zona Industrial da Ouvida > Restaurante P/P > 30 de Maio de 2009 > 15º Convívio do pessoal de Bambadinca, 1968/71, CCS / BCAÇ 2852, CCAÇ 2590 / CCAÇ 12 e outras subunidades adidas > 

Depois do almoço, houve um espectáculo de "variedades", com música ao vivo e artistas espontâneos como foi o caso aqui do nosso camarada Soares, do Pel Rec Inf (1968/70), que era comandado pelo Alf Mil Oliveira. à direita o Adélio Monteiro apresenta, ao estimável público, mais um artista de ocasião, ... 
O Soares tinha vindo do Luxemburgo e disse-nos que esperara 39 anos (!)  por aqule momento... Emocionado, tocou-nos várias músicas com uma harmómnica que lhe foi dada na Guiné por um oficial superior cujo nome não retive..

Foto (e legenda): © Luís Graça (2009). Todos os direitos reservados. [Edição: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


1. O  Adélio Gonçalves Monteiro [foto à  esquerda], ex-sold cont auto, CCAÇ 2590 / CCAÇ 12 (Contuboel e Bambadinca, Junho de 1969 / Março de 1971), e hoje um conceituado comerciante de Castro Daire, com duas lojas de moda, e chefe de um clã de gente fantástica e hospitaleira, com talentos para a música, o fado  e as cantigas ao desafio, é um "homem grande" na sua terra, tendo  exercido funções em instituições locais como a Misericórdia de Castro Daire de que foi provedor e pertencendo aos seus corpos sociaisa.

Há  muito tempo que deveria estar aqui, formalmente, ao nosso lado, sentado à sombra do nosso poilão. Tinha essa intenção desde que participei num convívio do pessoal de Bambadinca, 1968/71, de que ele foi o entusiástico e competente organizador (*). De resto, também sou vizinho dele, quando estou na Tabanca de Candoz; entre as nossas moranças distam menos de 50 km, tendo o rio Douro , o rio Paiva e a serra de Montemuro a separarnos.

Lembro-me da carta que ele me mandou em 2009, com o convite para participar no 15º Convívio do Pessoal de Bambadinca (1968/71):

(...) "Cá estou eu, Adélio Gonçalves Monteiro, para vos convidar ao nosso já habitual convívio que todos os anos se realiza por esta altura (...).

Castro Daire é uma vila muito bonita bem no Coração de Portugal, mais propriamente no Planalto Beirão, banhado ao sul pelo Rio Paiva, um dos rios menos poluídos da Europa, onde abundam as famosas trutas (...) que fazem parte da gastronomia local.

Castro Daire conta também com as famosas Termas do Carvalhal consideradas as melhores do País em tratamentos de doenças de pele, aparelho digestivo e respiratório. Esta vila pequena, mas muito acolhedora, rodeada de vales e montes, sobranceira à serra de Montemuro, com paisagens deslumbrantes que só a natureza nos pode oferecer" (...) 

Volei a estar com ele e outros camaradas, no ano segyuinte, em Óbidos.(**)

O Adélio Monteiro foi um dos 15 condutores auto da CCAÇ 2590 que foi, comigo, e os restantes graduados e especialistas, no T/T Niassa, a caminho da Guiné. Embarcámos am 24 de maio de 1969 e regressámos, no T/T Uíge, a 17 de março de 1971...

Éramos 6 dezenas de "metropolitanos", abancados, a partir de 18 de julho de 1969, em Bambadinca,  conhecíamo-nos todos. Aqui fica lista dos nossos 15 bravos condutores (entre parênteses,  o local de residência conhecido há uns anos atrás):

1º Cabo Cond Auto Luís Jorge M.S. Monteiro [Vila do Conde, mais tarde Porto];
Sold Cond Auto António S. Fernandes [, morada actual desconhecida];
Sold Cond Auto Manuel J. P. Bastos [, morada actual desconhecida];
Sold Cond Auto Manuel da Costa Soares [, morto em, mina A/C, em Nhabijões, em 13/1/1971];
Sold Cond Auto Alcino Carvalho Braga [Lisboa];
Sold Cond Auto Adélio Gonçalves Monteiro [Castro Daire];
Sold Cond Auto João Dias Vieira [Vila de Souto, Viseu];
Sold Cond Auto Tibério Gomes da Rocha [,Viseu, falecido em 6/12/2007]
Sold Cond Auto Francisco A. M. Patronilho [Brejos de Azeitão, Setúbal];
Sold Cond Auto Manuel S. Almeida [, morada actual desconhecida];
Sold Cond Auto António C. Gomes [, morada actual desconhecida];
Sold Cond Auto Fernando S. Curto [, Vagos];
Sold Cond Auto Aniceto R. da Silva [,Anadia e EUA, faleceu em 2021];
Sold Cond Auto Diniz Giblot Dalot [Aljubarrota, Prazeres, Batalha];
Sold Cond Auto Manuel G. Reis [, morada actual desconhecida]

Dei conta da minha falha aquando da notícia recente morte do Aniceto Rodrigues da Silva (***). Prometi ao Adélio que ia cumprir  o que tinha planeado há 12 anos atrás.  Lembro-me de tempos a tempos dos nossos bravos condutores e das peripécias por que passámos juntos (*****)



Guiné > Zona Leste >  Região de Bafatá > Sector L1 > CCAÇ 2590 / CCAÇ12 >  1969 > Estrada de Bambadinca-Mansambo. Eu e o Dalot, o Diniz G. Dalot, talvez o melhor condutor de GMC do mundo ou pelo menos o melhor que eu alguma vez conheci... Berliet e GMC nas mãos dele, carregadas de sacos de arroz, não ficavam atoladas na famosa estrada Bambadinca-Mansambo-Xitole, a menos que rebentassem debaixo de uma mina. Eu dizia que era preciso ser maluco para conduzir uma GMC. Ele ofendia-se: era o mais profissional dos nossos condutores auto... Reguila, setubalense, de apelido francês, apanhou logo no princípio da comissão, em Julho de 1969, cinco dias de detenção... Devia estar aqui, na nossa Tabanca Grande, ao lado do Adélio Monteiro e do Aniceto Rodrigues da Silva. Não o vejo há séculos.

Foto (e legenda): © Luís Graça (2005). Todos os direitos reservados. [Edição: Blogue Lúís Graça & Camaradas da Guiné. Todos os direitos reservados]



(**) Vd. poste de 23 de maio de  2010 > Guiné 63/74 - P6460: Convívios (159): Grande ronco, Óbidos 2010 / Bambadinca 1968/71: CCS/BCAÇ 2852, CCAÇ 12, Pel Rec Daimler 2206, CCS/ BART 2917... (Parte I) (Luís Graça)

(***) Vd. poste de 1 de fevereiro e  2021 > Guiné 61/74 - P21833: In Memoriam (388): Aniceto Rodrigues da Silva (1947 - 2021), soldado condutor auto, CCAÇ 2590 / CCAÇ 12 (Contuboel e Bambadinca, maio de 1969 / março de 1971)


(****) Vd. postes de:

16 de maio de  2014 > Guiné 63/74 - P13148: A minha CCAÇ 12 (30): fevereiro de 1971: batismo dos "piras" que nos vieram render... Adeus, Bissau, em 17 de março de 1971, no T/T Uíge... A CCAÇ 12 será extinta em 18 de agosto de.. 1974 ! (Luís Graça)

e em especial:

11 de outubro de 2013 > Guiné 63/74 - P12139: A minha CCAÇ 12 (29): 1 morto e 6 feridos graves em duas minas A/C, no reordenamento de Nhabijões, Bambadinca, em 13/1/1971, aos 20 meses de comissão (Luís Graça)

30 de junho de 2012 > Guiné 63/74 - P10094: A minha CCAÇ 12 (25): Setembro de 1970: Levando 50 toneladas de arroz às populações da área do Xitole/Saltinho, e aguardando o macaréu no Rio Xaianga (Luís Graça)

22 de Janeiro de 2011 > Guiné 63/74 - P7655: A minha CCAÇ 12 (11): Início do reordenamento de Nhabijões, em Novembro de 1969 (Luís Graça)

8 de Dezembro de 2010 > Guiné 63/74 - P7401: A minha CCAÇ 12 (10): O inferno das colunas logísticas Bambadinca - Mansambo - Xitole - Saltinho, na época das chuvas, 2º semestre de 1969 (Luís Graça)

28 de Novembro de 2010 > Guiné 63/74 - P7354: A minha CCAÇ 12 (9): 18 de Setembro de 1969, uma GMC com 3 toneladas de arroz destruída por mina anticarro (Luís Graça)

25 de Junho de 2010 > Guiné 63/74 - P6642: A minha CCAÇ 12 (4): Contuboel, Maio/Junho de 1969... ou Capri, c'est fini (Luís Graça)

quarta-feira, 27 de novembro de 2019

Guiné 61/74 - P20390: Jorge Araújo: ensaio sobre as mortes de militares do Exército no CTIG (1963/74), Condutores Auto-Rodas, devidas a combate, acidente ou doença - Parte V


Foto 1 – Uma mina A/C (ao centro) e três minas A/P. Foto do P15813, de José Manuel Lopes, ex-fur mil da CART 6250/72, Mampatá, 1972/74, com a devida vénia.

Na legenda desta foto pode ler-se: "Das dezenas que o Vilas Boas e o Fernandes levantaram. Ainda hoje me interrogo como só tivemos uma baixa em minas, além dos seis trabalhadores que foram vítimas de uma mina A/C ao beber água de um carro cisterna que molhava a terra da estrada acabada de terraplanar para lhe dar consistência. A picagem era mesmo um trabalho bem planeado e bem feito, onde o método, o rigor e a paciência, eram fundamentais. A pica era mesmo o sexto sentido dos soldados da CART 6250."

A propósito desta rotina, com a qual o contingente da CART 6250 teve de conviver durante a sua missão no CTIG, José Manuel Lopes (Josema) escreveu, para memória futura, o seguinte poema:





O nosso coeditor Jorge Alves Araújo, ex-Fur Mil Op Esp/Ranger, 
CART 3494 (Xime e Mansambo, 1972/1974), professor do ensino superior, 
indigitado régulo da Tabanca de Almada; 
tem 230 registos no nosso blogue.


ENSAIO SOBRE AS MORTES DE MILITARES DO EXÉRCITO, NO CTIG (1963-1974), DA ESPECIALIDADE DE "CONDUTOR AUTO RODAS": COMBATE, ACIDENTE, DOENÇA – PARTE V


1. – INTRODUÇÃO

Este quinto fragmento da temática em título continua a unir o interesse pessoal com a procura de outros (novos) elementos historiográficos emergentes na natureza da guerra. Deste modo, prosseguimos com a divulgação e análise de mais alguns resultados apurados, tendo por objecto de estudo o universo das "baixas em campanha" de militares do Exército, e como amostra específica os casos de mortes de "condutores auto rodas", ocorridas durante a guerra no CTIG (1963-1974), identificados na literatura "Oficial" publicada pelo Estado-Maior do Exército.


2. - ANÁLISE DEMOGRÁFICA DAS MORTES DE MILITARES DO EXÉRCITO, NO CTIG (1963-1974), DA ESPECIALIDADE DE "CONDUTOR AUTO RODAS": COMBATE-ACIDENTE-DOENÇA (n=191)

Como temos vindo a referir, a análise demográfica incluída nesta investigação, e as variáveis com ela relacionada, foi feita a partir dos casos de mortes de militares do Exército durante a guerra no CTIG (1963-1974), da especialidade de "condutor auto rodas", identificados nos "Dados Oficiais", elaborados pela Comissão para o Estudo das Campanhas de África (1961-1974), 8.º Volume; Mortos em Campanha; Tomo II, Guiné; Livros 1 e 2; 1.ª Edição, Lisboa (2001).



Quadro 1 – Distribuição de frequências das variáveis categóricas "em combate" ("contacto", "minas" e "ataque ao aquartelamento"), segundo a «Estação Seca», considerada entre 1 de Maio e 15 de Outubro.




Quadro 2 – Distribuição de frequências das variáveis categóricas "em combate" ("contacto", "minas" e "ataque ao aquartelamento"), segundo a «Estação das Chuvas», considerada entre 16 de Outubro e 30 de Abril.


3. – MAIS ALGUNS EPISÓDIOS E CONTEXTOS ONDE OCORRERAM MORTES DE CONDUTORES AUTO RODAS ["CAR"] POR EFEITO DE REBENTAMENTO DE "MINAS"

Neste ponto, continuamos a respeitar um dos principais objectivos deste trabalho onde, para além dos números, se recuperam algumas memórias, sempre trágicas, quando estamos em presença de perdas humanas. Serão mais quatro "casos" (de um total de trinta e três), enquadrados pelos contextos conhecidos. Como principal fonte de consulta, foi utilizado o espólio do blogue, ao qual adicionámos, ainda, outras informações obtidas em informantes considerados privilegiados.


3.13 – 25 DE AGOSTO DE 1966: A QUARTA BAIXA DE UM "CAR" POR MINA - O CASO DO SOLDADO FRANCISCO ANTÓNIO FERNANDES LOPES, DA CCAÇ 1566, ENTRE S. JOÃO E NOVA SINTRA

A quarta morte de um condutor auto rodas, do Exército, em "combate", por efeito do rebentamento de uma mina (fornilho), foi a do soldado Francisco António Fernandes Lopes, natural de Estômbar, Lagoa, ocorrida no dia 25 de Agosto de 1966, 5.ª feira, por volta das 18:00h, no regresso de uma actividade operacional na sua zona de acção, no itinerário entre S. João e Nova Sintra, a cerca de mil metros do aquartelamento.

O condutor Francisco Lopes pertencia ao 1.º Gr Comb da CCAÇ 1566 [26Abr66-23Jan68, do Cap Mil Inf António dos Santos Paula (1.º); Alf Mil Inf Vladimiro de Pinho Brandão (2.º) e Cap Inf Adolfo Melo Coelho de Moura (3.º)], unidade que, após a sua chegada a Bissau, substituiria a CART 676 [13Mai64-27Abr66, do Cap Art Álvaro Santos Carvalho Seco (Pirada, Bajocunda e Paunca)] que de imediato embarcou no N/M «UÍGE», por ter concluído a sua comissão.

Durante a sua curta permanência em Bissau, na dependência do BCAÇ 1876 [26Jan66-04Nov67; do TCor Inf Jacinto António Frade Júnior], a CCAÇ 1566 teve por missão a segurança e protecção das instalações e das populações da área, efectuando, simultaneamente, a instrução de adaptação operacional na região de Mansoa.

Em 30Abr66, cedeu, temporariamente, um Gr Comb para reforço da guarnição de Pelundo, na dependência do BCAV 790 [28Abr65-08Fev67; do TCor Cav Henrique Alves Calado (1920-2001)] e depois do BCAÇ 1877 [08Fev66-06Out67; do TCor Inf Fernando Godofredo da Costa Nogueira de Freitas] e onde se manteve até 26Jun66.

Em 30Mai66, iniciou o deslocamento dos seus efectivos para Jabadá, tendo seguidamente rendido a CCAÇ 797 [28Abr65-19Jan67; do Cap Inf Carlos Alberto Idães Soares Fabião (1930-2006) - Militar de Abril], assumindo, em 03Jun66, a responsabilidade do subsector de S. João, incluindo o destacamento de Jabadá e ficando integrada no dispositivo e Manobra do BCAÇ 1860 [23Ago65-15Abr67; do TCor Inf Francisco da Costa Almeida] e depois do BART 1914 [13Abr67-03Mar69; do TCor Art Artur Relva de Lima (1.º).

A partir de 28Nov66, a sede do subsector passou para Jabadá, ficando o 1.º Gr Comb a guarnecer um destacamento em S. João, sob o comando do Alf Mil José Inácio Leão Varela. Em 11Jan68, o Gr Comb em S. João foi substituído pela CART 1802 [02Nov67-23Ago69; do Cap Mil Art António Nunes Augusto (1.º) e em 13Jan68, dois Grs Comb da CART 1743 [30Jul67-07Jun69; do Cap Mil Inf José de Jesus Costa (1.º)] passaram a guarnecer a povoação de Jabadá, tendo a subunidade recolhido a Bissau, a fim de aguardar o embarque de regresso. [Ceca; 7º vol. p 354]



Foto 2 - S. João (1967) - O 1.º Gr Comb da CCAÇ 1566, do Alf Mil Leão Varela - P14007
Após confirmado o óbito do soldado "CAR" Francisco António Fernandes Lopes ocorre, no aquartelamento, uma segunda baixa, a do soldado José Maria Fernandes Carvalho, natural de Aião, Felgueiras, devido a paragem cardiorrespiratória.

Os corpos dos malogrados Francisco Lopes e José Carvalho seriam, no dia seguinte, inumados no cemitério de Bolama, em campas uma ao lado da outra [poste P3421].

Na caixa de comentários ao poste P3389, Leão Varela deixou a seguinte mensagem:

"Caros amigos e camaradas: acabo de ler o relato dos falecimentos dos nossos saudosos camaradas José Maria Fernandes Carvalho e Francisco António Fernandes Lopes que, naturalmente, me deixou bastante comovido pela recordação do momento mais triste que tive na Guiné. Um daqueles momentos que jamais esquecemos mas que nos custa reviver. Ia de imediato relatar-vos [29Jan2015] como as tristes ocorrências se passaram. Mas não fui capaz… quase que as lágrimas me rompiam.

"Na verdade, trata-se dos dois camaradas que pertenciam ao 1.º Pelotão que eu comandava… que dia triste. Por isso, não consigo escrever mais… desculpem-me… mas hoje não dá para ir mais longe… deve ser por causa das muitas luas que já passaram por mim. Dentro de alguns dias voltarei aqui, ou por mail, para vos descrever como tudo se passou. Até lá aqui fica o meu abraço para todos e os meus sentimentos para os familiares destes dois saudosos amigos e camaradas. Que descansem em paz. Leão Varela (ex-Alf Mil)." [Poste P3389]


3.14 - O CASO DO SOLDADO 'CAR' VÍTOR MANUEL RIBEIRO LOPES, DO PEL REC DAIMLER 2045, EM 01.NOV.1968, ENTRE CATIÓ E CUFAR

A morte em "combate" do soldado condutor auto rodas Vítor Manuel Ribeiro Lopes, natural de São Sebastião da Pedreira, Lisboa – a vigésima primeira de um "CAR" –, ocorreu no dia 01 de Novembro de 1968, 6.ª feira, por efeito do rebentamento de uma mina anticarro, no itinerário Catió e Cufar, durante a realização de uma coluna auto.

O condutor Vítor Lopes pertencia ao Pelotão de Reconhecimento Daimler 2045 [Pel Rec Daimler  2045], uma unidade mobilizada pelo Regimento de Cavalaria 6 [RC6], do Porto, tendo desembarcado em Bissau a 07Mai68, e o seu regresso a verificar-se a 10Mar70. Após a sua chegada a Bissau, a unidade comandada pelo Alf Mil Cav Alfredo Cardoso seguiu para Catió, a fim de substituir o PRecD 1132 [Ago66-Mai68], onde permaneceu durante os vinte e dois meses da sua comissão. Em Fev70, foi rendida pelo PRecD 2205.

Perante a não existência de referências históricas no blogue relacionadas com cada um dos três Pel Rec Daimler  acima identificados: "1132", "2045" e "2205", a concretização do principal objectivo deste trabalho ficou dependente do que, eventualmente, pudesse encontrar ao longo da pesquisa. No final, podemos dizer que tivemos algum sucesso, pouco, é certo, mas foi o possível.

Localizámos uma notícia publicada no «Mafra Hoje» online, do dia 20 de Setembro de 2011, a propósito da inauguração de um Monumento aos Combatentes da Freguesia de Azueira (Mafra) que tombaram na Guerra do Ultramar. Trata-se de uma revista com 4 páginas, onde em cada uma delas se dá conta dos conteúdos expressos nas diferentes intervenções previstas para esta cerimónia pública.



Na terceira e quarta página, O Alf Mil Cav Alfredo Cardoso, Cmdt do Pel Rec Daimler 2045, faz uma alusão à morte em combate do soldado "CAR" Vítor Manuel Lopes, referindo:

"Embarcámos em Abril de 1968 [chegada a 7 de Maio de 1968 e regresso a 10 de Março de 1970] no navio «Niassa», rumo à Guiné onde o pelotão [PRecD 2045] permaneceu cerca de dois anos. Infelizmente o Vítor Manuel não teve a sorte de estar connosco até ao fim da Comissão de Serviço porque uma mina traiçoeira, rebentando debaixo da viatura Daimler que conduzia, pôs fim à sua vida promissora passados apenas seis meses após a nossa chagada à Guiné. O Vítor Manuel como homem e como militar foi sempre, em todos os momentos, um exemplo de colega respeitador, voluntarioso, dedicado e sempre amigo de todos os colegas e seus superiores, tendo sempre desempenhado as suas funções com empenho e dedicação. Por tais motivos acho de toda a justiça esta homenagem que a Associação de Ex-Combatentes do Ultramar, os seus amigos, familiares e conterrâneos resolveram prestar-lhes." 

Fonte:
https://www.yumpu.com/pt/document/read/12731083/monumento-aos-combatentes-freguesia-de-azueira-ultramar


3.15 - O CASO DO SOLDADO 'CAR' MANUEL DA COSTA SOARES, DA CCAÇ 12, EM 13.JAN.1971, EM NHABIJÕES (BAMBADINCA)

A morte em "combate" do soldado condutor auto rodas Manuel da Costa Soares, natural de Palmaz, Oliveira de Azeméis – a vigésima sétima de um "CAR" –, ocorreu no dia 13 de Janeiro de 1971, 4.ª feira, por volta das 11:25h, por efeito do rebentamento de uma mina anticarro, à saída do reordenamento de Nhabijões, um aglomerado populacional de maioria balanta, situado nos arredores de Bambadinca [Sector L1].

O condutor Manuel da Costa Soares pertencia à CCAÇ 2590 [CCAÇ 12, desde 18Jan70], uma subunidade constituída por quadros e especialistas metropolitanos a que se juntaram outros elementos de recrutamento local, da etnia Fula.

Este colectivo efectuou a 2.ª fase da instrução de formação em Contuboel, entre 02Jun69 e 12Jul69. Em 18Jul69, foi dada como operacional, sendo colocada em Bambadinca, como força de intervenção de reserva do Agr 2957 [15Nov68-19Ago70; do Cor Inf Hélio Augusto Esteves Felgas (1920-2008)], na zona Leste [com sede em Bafatá, e abrangendo os sectores de Bambadinca, Bafatá e Nova Lamego], ficando adida ao BCAÇ 2852 [30Jul68-16Jun70; do TCor Inf Manuel Maria Pimentel Bastos (1.º) e TCor Cav Álvaro Nuno Lemos de Fontoura (2.º)]. Em 07Jun70, foi rendido no sector [L1] pelo BART 2917 [25Mai70-24Mar72; do TCor Art Domingos Magalhães Filipe (1.º) e TCor Inf João Polidoro Monteiro]. 

A CCAÇ 2590/CCAÇ 12, por períodos variáveis, destacou forças para guarnecerem diversos destacamentos em Sinchã Mamajã, Sare Gana, Sare Banda e Ponte do Rio Udunduma, colaborando ainda, de Nov69 a Jul70, na construção do reordenamento de Nhabijões. Em 18Jan70, a subunidade passou a designar-se CCAÇ 12, sendo considerada subunidade da guarnição normal, desde aquela data. (Ceca; 7º vol. p 380).

Quanto à descrição da ocorrência é de relevar o testemunho singular de quem nela esteve envolvido, neste caso, o Alf Mil Sap da CCS/BCAÇ 2917, Luís Rodrigues Moreira.

No poste  poste P10936, o camarada Luís Moreira, em narrativa enviada para publicação titulada «Efemérides: Nhabijões, 13 de Janeiro de 1971, morte na picada» refere:

"Passam hoje quarenta e dois anos [1971-2013] sobre aquele fatídico dia em que, no destacamento de Nhabijões bem no centro da Guiné-Bissau e cerca das 11:25 horas, faleceu um jovem pai de seu nome [Manuel da Costa] Soares, condutor auto rodas da CCAÇ 12, destacado naquele reordenamento juntamente com outros camaradas da mesma companhia e ainda alguns camaradas sapadores da CCS do BART 2917 e eu Alf Mil Sapador do mesmo Batalhão que comandava aquela força há pouco menos de um mês, vítima de uma mina anticarro quando nos conduzia, a mim, ao furriel Fernandes da CCAÇ 12 e ainda a um jovem africano com menos de 10 anos de idade e não me recordo se mais alguém; à sede do Batalhão em Bambadinca onde eu iria almoçar e presumo que o mesmo iria fazer o Fernandes, regressando depois o Soares com o Unimog 411 que lhe estava distribuído e o almoço para os restantes camaradas que aguardavam no destacamento.

"Não tenho nenhuma memória dos factos que se sucederam excepto daqueles que me contaram os camaradas que nos socorreram e, saiba-se lá porquê, das últimas palavras que o Soares proferir: "vamos fazer gincana, meu alferes".

E explico a razão das suas palavras:

"A estrada por onde circulámos era de terra batida como a maioria das estradas da Guiné naquele tempo. No lado esquerdo da estrada e no sentido em que seguíamos, portanto em contramão para nós, havia um enorme buraco, em diâmetro, não muito fundo mas que todas as viaturas que por ali passavam evitavam até porque a maioria delas passava carregada de bidões de água que iam buscar à Ponte do Rio Udunduma, a alguns quilómetros de distância, e não convinha partir alguma peça da viatura ou perder alguma água com os solavancos. - Ao dizer estas palavras, o Soares desviou a viatura do trajecto normal para descer e subir aquele obstáculo. Foram as suas últimas palavras já que dentro do buraco estava dissimulada uma mina anticarro que rebentou sob o rodado do lado do condutor, deixando o Unimog 411 reduzido a um monte de escombros como se pode ver na foto 3 abaixo." [ver, também, P5717, P11508 e P12139].

Quanto ao camarada Alf Luís Moreira, que ficara gravemente ferido, foi evacuado para o HM 241, em Bissau, onde permaneceu até ser considerado apto. Após reavaliação clínica, foi reclassificado para "serviços auxiliares", tendo passado o restante tempo da sua comissão no CTIG, cerca de dezasseis meses, agora no Batalhão de Engenharia (BENG 447) - poste P10936.


Foto 3 – Estado em que ficou o Unimog 411, depois de accionar uma mina anticarro à saída do reordenamento de Nhabijões, em 13 de Janeiro de 1971, onde tombou o condutor auto rodas Manuel da Costa Soares, da CCAÇ 12. Foto de Humberto Reis, com a devida vénia.



3.16 - O CASO DO SOLDADO 'CAR' ANTÓNIO LUÍS DO COUTO TOSTE PARREIRA, DA CCAÇ 3414, EM 29.MAI.1973, ENTRE BINTA E GUIDAGE


A última referência que elegemos para incluir nesta quinta narrativa, de um quadro de trinta e três casos onde se verificaram mortes em "combate" de "condutores auto rodas" provocadas por engenhos explosivos (minas), tem por contexto as movimentações militares realizadas pelas NT em Maio de 1973, na região de Guidage (Sector Oeste), cujos episódios ficarão gravados, para sempre, na historiografia da Guerra, como «O Cerco de Guidage».

Estão nesta circunstância as ocorrências que determinaram a morte em combate do soldado "CAR" António Luís do Couto Toste Parreira, da CCAÇ 3414 [02Jul71-23Set73; do Cap Inf Manuel José Marques Ribeiro de Faria], natural de Ribeirinha, Angra do Heroísmo, Ilha Terceira (Açores).
Para a elaboração deste ponto foram utilizadas as seguintes fontes históricas:

«P9972: … A coluna do dia 29 de maio de 1973: a participação da 38.ª CCmds (Pinto Ferreira / Amílcar Mendes / João Ogando»;

«Os Marados de Gadamael e os dias da Batalha de Guidage, do Fur Mil Daniel Rosa de Matos (1950-2011), da CCAÇ 3518 [Gadamael, 24Dez71-28Mar74, do Cap Mil Inf Manuel Nunes de Sousa]»;

«https://pt.slideshare.net/ Cantacunda/cercados-em-guidage» e «P6201» e

«https://www.cmjornal.pt/mais-cm/ domingo/detalhe/mata_me_acaba_com_esta_agonia».

Das análises realizadas, retivemos as seguintes:


[…] "À hora aprazada do dia 29/05/1973 [3.ª feira], a coluna saiu de Binta pela seguinte ordem: à frente um grupo/secção de Picadores, depois a 38.ª CCmds a 3 grupos, com uma viatura de Engenharia e outras duas viaturas, uma delas com o Morteiro 81. A seguir, ia a Companhia de Cavalaria do Cap Cav Fernando José Salgueiro Maia (1944-1992), [CCAV 3420; 09Jul71-03Out73] e na rectaguarda a do Cap Inf Manuel José Marques Ribeiro de Faria [CCAÇ 3414; 02Jul71-23Set73], que fechava a coluna.

"Verificando-se que alguns Picadores tinham dificuldades em avançar, passámos a deslocarmo-nos ao lado deles no sentindo de lhes levantar o moral. Por esse facto, os elementos da 1.ª Equipa do Gr Comb da 38.ª CCmds, que seguia na frente, acabaram por se juntar a nós. Entre eles encontrava-se o Furriel Ludgero Sequeira e o 1.º Cabo "Barbeiro" ["Bombeiro" (?), alcunha de Luís Alberto Costa, CAR da CCS/BCAÇ 4512, in: https://www.cmjornal.pt/mais-cm/domingo/detalhe/mata_me_acaba_com_esta_agonia.

"Depois de nos deslocarmos durante algum tempo nestas circunstâncias, fomos surpreendidos por uma forte explosão. Inicialmente pensou-se que seria mais um ataque, mas olhando para trás, verificou-se que um dos Picadores fora projectado pelos ares. Também o Furriel Sequeira estava gravemente ferido no rosto.

"A evacuação não poderia ser feita por via aérea, pois aquela explosão seria o sinal para o inimigo aparecer. Passado algum tempo acercou-se de nós o Cap. Salgueiro Maia, ao qual foi pedido que, com as suas forças se deslocasse para Binta, para a execução de uma evacuação, através de meios navais, pelo Rio Cacheu.

"Resolvido o problema da evacuação, os elementos da 38.ª CCmds passaram para a frente abrindo uma nova picada. Reiniciou-se o deslocamento da coluna, de modo a afastarmo-nos da zona de minas ao mesmo tempo que se salvaguardava uma maior capacidade de reacção ao provável ataque dos grupos do PAIGC.

"Mal se tinha reiniciado a marcha, fomos fortemente atacados sobre o flanco direito. As forças que aí estavam (um Gr Comb da 38.ª CCmds e os restantes elementos da coluna dessa zona) responderam com serenidade ao fogo inimigo. (…)

"A partir da posição Pára, a progressão tornou-se muito difícil, pois o terreno estava cheio de espinheiros muito cerrados, que impediam a passagem das viaturas. Decidimos pois voltar à picada, assumindo o risco de haver mais minas. Contudo, já não estávamos longe do Quartel…
Infelizmente o primeiro Unimog da Cª. do Cap. Ribeiro da Fonseca acabou por rebentar uma mina. Por simpatia, explodiu uma granada de lança roquetes o que veio somar à morte do condutor, vários feridos com estilhaços entre os homens da 38.ª CCmds. Logo de seguida um Milícia pisou uma mina antipessoal, ficando sem o pé e parte da perna. Como estávamos já perto de Guidage, a evacuação teria de ser feita por lá."

Ainda sobre esta missão, o Fur Mil Daniel de Matos (1950-2011), no seu livro: «Os Marados de Gadamael e os dias da Batalha de Guidage", pp 59-60, refere:




Foto 4 – «Operação Ametista Real»; o "Levantar do Cerco". In: Nuno Mira Vaz. Guiné - 1968 e 1973 - Soldados uma vez, sempre Soldados! Tribuna da História. Lisboa, 2003, pp 75-91; de autor desconhecido, com a devida vénia.



Foto 5 - Berliet destruída numa das colunas entre Binta e Guidage em Maio de 1973, com a devida vénia, publicada em 07Set2014 no Correiro da Manhã.

Outras viaturas destruídas deste contexto em P11516: «Álbum fotográfico de Carlos Fraga (ex-alf mil 3.ª CCAÇ / BCAÇ 4612/72, Mansoa, 1973».

(Continua)

Fontes Consultadas:

- Estado-Maior do Exército; Comissão para o Estudo das Campanhas de África (1961-1974). Resenha Histórico-Militar das Campanhas de África; 8.º Volume; Mortos em Campanha; Tomo II; Guiné; Livro 1; 1.ª edição, Lisboa (2001); pp 23-569.

- Estado-Maior do Exército; Comissão para o Estudo das Campanhas de África (1961-1974). Resenha Histórico-Militar das Campanhas de África; 8.º Volume; Mortos em Campanha; Tomo II; Guiné; Livro 2; 1.ª edição, Lisboa (2001); pp 23-304.

-  Outras: as referidas em cada caso.

Termino, agradecendo a atenção dispensada.

Com um forte abraço de amizade e votos de muita saúde.

Jorge Araújo.

03Nov2019
_______________

Nota do editor:

Último poste da série > 28 de outubro de  2019 > Guiné 61/74 - P20283: Jorge Araújo: ensaio sobre as mortes de militares do Exército no CTIG (1963/74), Condutores Auto-Rodas, devidas a combate, acidente ou doença - Parte IV

sábado, 24 de agosto de 2019

Guiné 61/74 - P20091: 15 anos a blogar, desde 23/4/2004 (13): Hoje faz anos, 73, o António Fernando Marques... Porque recordar é viver duas vezes, e blogar é três... Relembramos o fatídico dia, 13/1/1971, em que o PAIGC nos quis mandar para os anjinhos... O meu querido Marquês, sem acento circunflexo, tem filhos, netos, amigos e camaradas que o adoram... E o Mário Mendes, morto de morte matada 16 meses depois... será que alguém ainda o recorda na sua terra natal? (Luís Graça)


Guiné > Região de Bafatá  > Setor L1 > Bambadinca > CCS / BART 2917 (1970/72) > Janeiro de 1971 > Cemitério de viaturas de Bambadinca... O estado em que ficou o "burrinho", o Unimog 411, conduzido pelo sold cond auto, da CCAÇ 12, António Manuel Soares, que teve morte imediata.

Nhabijões era um grande aglomerado populacional, de maioria balanta, com parentes no "mato", e que era considerada sob "duplo controlo"... A dispersão das diversas tabancas (1 mandinga e 4 balantas: Cau, Bulobate, Dedinca e Imbumbe), sua proximidade ao Rio Geba, fazendo ponto de cambança para a margem direita (Mato Cão, Cuor...) e as duas grandes bolanhas (um delas a de Samba Silate, uma enorme tabanca destruída e abandonada no início da guerra), foram motivos invocados para começar a construir, a partir de novembro de 1969, um dos maiores reordenamentos da Guiné no tempo de Spínola. A aposta era também a conquista da população, fugida no mato e sob controlo do PAIGG, vivendo ao longo da margem direita do Rio Corubal (desde a Ponta do Inglês até Mina / Fiofioli).

Foto: © Humberto Reis (2006). Todos os direitos reservados. (Editada e legendagem: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné].


1. O António Fernando Marques, empresário, reformado, natural de Abrantes, residente em Cascais, nosso grã-tabanqueiro, faz hoje 73 anos... 

Foi meu camarada de infortúnio, era fur mil at inf, pertencia como eu à CCAÇ 2590 / CCAÇ 12 (Contuboel e Bambadinca, 1969/71). Vivemos no mesmo quarto, fizemos muitas operações juntos. É um amigo que muito prezo.Chamava-lhe, por brincadeira, o "Marquês sem acento circunflexo".

Esteve 17 dias em estado de coma, no HM 241, e 2 anos hospitalizado, em Bissau e em Lisboa, em 1971/72... Penitencio-me de nunca o ter ido ver ao Anexo do Hospital da Estrela, em Campolide, durante anos perdemos o contacto!... Voltei a revê-lo em 1994, no 1.º encontro do pessoal de Bambadinca, em Fão, Esposende. O nosso blogue ajudou-o a reconstituir esses 17 dias que passou no inferno, um presente envenenado do comandante do PAIGC, Mário Mendes (que morreria mais tarde de morte matada, em 1972, sem completar as 28 luas).  Trágica ironia: foi morto pelos mesmos homens, os do nosso 4.º Gr Comb / CCAÇ 12, a quem calhou uma das minas A/C mandadas pôr por ele, à porta do reordenamento de Nhabijões. Se fosse vivo, diria, em conversa connosco, em Bissau, com a voz de guineense: "Mas... guerra era guerra!"... "Pois é, Mário, sempre e em toda a parte, guerra é guerra!"...

Ele, Marques,  acha que me deve a vida, a mim, e eu, Henriques,  estou-lhe grato pelas mesmas razões. Afinal, se  estou vivo, é porque, suprema ironia,  eu ia no "lugar do morto"... Fui eu que o levei, num correria louca, até ao heliporto de Bambadinca... No lugar dele, não sei se teria sobrevivido... Além disso, ele teve um extraordinário anjo da guarda, de nome... Gina! (*)

Um minuto antes da fatídica mina A/C que nos ia mandando para os anjinhos, disputávamos amigavelmente o "lugar do morto", ou seja, discutíamos sobre quem ia à frente, na GMC, ao lado do condutor... Depois da habitual cantilena, "vais tu, vou eu, vais tu"... ele foi para trás, e eu sentei-me à frente... Azar o dele, sorte a minha: ele ia justamente por cima da dupla roda da GMC do lado direito, que fez accionar a maldita mina... Em 13 de janeiro de 1971, aos 20 meses de Guiné. Aqui fica, em sua homenagem, o filme dos acontecimentos (**).

Recordar é viver duas vezes, e blogar é três (***).

Recordo que foi o  comandante Mário Mendes, em pessoa,  e com o sapador do  seu bigrupo,  que nos pôs essas duas minas A/C, à saída do reordenamento de Nhabijões, acionadas por viaturas nossas em 13/1/1971...  Para o Marques a guerra iria durar mais 2 anos, no calvário dos hospitais... Por sorte, esse não foi o meu dia de azar: ia à frente, o Marques ia atrás, em cima da viatura com 2 secções... Eu estava na altura no 4.º Gr Combate, o mesmo que nos vingaria, matando o  Mário Mendes num duelo fatal, em pleno mato... Um ajuste de contas, a lembrar os filmes do faroeste da nossa infância... 16 meses depois, já eu estava há muito na metrópole!... O Marques está vivo, e tem filhos, netos e amigos que lhe dão hoje os parabéns por estar vivo e de boa saúde... O Mário Mendes, que lhe rouba 17 dias de hoje (em que o Marques esteve em coma), já não está entre os vivos... Será que tem alguém, na sua Guiné natal, que se recorde dele ? (****).


História da CCAÇ 12 (1969/71) > (19) Janeiro de 1971: 1 morto de 6 feridos graves aos 20 meses

O dia 13 seria uma data fatídica para as NT, e em especial para a CCAÇ 12 cujos quadros metropolitanos estavam prestes a terminar a sua comissão de serviço em terras da Guiné. Eis o filme dos acontecimentos:


Guiné > Região de Bafatá > Sector L1 > Bambadinca > 1970 > Da esquerda para a direita, os ex-furriéis milicianos António F. Marques e Luís M. Graça Henriques, da CCAÇ 12 (1969/71), em amena conversa ou talvez disputando amigavelmente o "lugar do morto" (que era ao lado do condutor).

Foto (e legenda): © Luís Graça (2005). Todos os direitos reservados. (Editada: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné].

(i) às 5.45h o 1º Gr Comb detectou, durante a batida à região de Ponta Coli [, subsetor do Xime,] vestígios dum grupo IN de 20 elementos vindos em acção de reconhecimento aos trabalhos da TECNIL na estrada Bambadinca-Xime e locais de instalação das NT;

(ii) às 11.25h, na estrada de Nhabijões-Bambadinca, uma viatura tipo Unimog 411, conduzida pelo sold comd auto Manuel da  Costa Soares, da CCAÇ 12, que ia buscar, a Bambadinca, a 2ª refeição para o pessoal daquele destacamento, accionou uma mina A/C;

(iii) o condutor teve morte instantânea: ficaram gravemente feridos um oficial (CCS / BART 2917), o alf mil Luís sapador Luís R. Moreira, um sargento,  o fur mil Joaquim Fernandes (CCAÇ 12) e uma praça (CCS / BART 2917);

(iv) imediatamente alertadas as NT em Bambadinca, o Gr Comb de intervenção (4º, CCAÇ 12) recebeu a missão de seguir para o local a fim de fazer o reconhecimento da zona, enquanto outras forças acorriam a socorrer os sinistrados.

Ao chegar junto da viatura minada, o cmdt do 4° Gr Comb, o alf mil cav José António G. Rodrigues, [, já falecido, depois do regresso a Portugal, era funcionário da Segurança Social, em Lisboa] deixou duas praças a fazer a deteção, na estrada e imediações, de outros possíveis engenhos explosivos, no que foram apoiados por alguns elementos do destacamento de Nhabijões, seguindo depois uma pista de peugadas recentes, detectadas nas proximidades, e que se dirigiam para a orla da mata.

Aqui, a 50 metros da estrada, atrás duma árvore incrustada num baga-baga, encontraram-se vestígios muito recentes. Seguindo os rastos através da mata, foi dar-se à antiga tabanca de Imbumbe, um dos cinco núcleos populacionais de Nhabijões, entretanto transferidos para o reordenamento, mas nas proximidades do reordenamento, em Bolubate, aqueles passaram a confundir-se com os do pessoal que trabalhava na bolanha.

Regressado ao local das viaturas, o Gr Comb pelas 13.30h recebeu ordens para recolher, tendo o pessoal tomado lugar no Unimog e na GMC em que tinha vindo. Esta última [onde vinham as secções, comandadas pelos fur mil António Fernando Marques e Luís M. Graça Henriques], entretanto, ao fazer inversão de marcha, e tendo saído fora da estrada com o rodado traseiro, accionaria uma outra mina A/C colocada na berma, a 10 metros da anterior, e que não havia sido detetada pelos picadores.

Em resultado de terem sido projectados, ficaram gravemente feridos o fur mil Marques e os sold Quecuta, Sherifo, Tenen e Ussumane, todos do 4º Gr Comb / CCAÇ 12.

Sofreram escoriações e traumatismos de menor grau o alf mil Rodrigues, o sold trms Pereira e os sold Cherno e Samba.
___________

Notas do editor:

sexta-feira, 13 de novembro de 2015

Guiné 63/74 - P15360: A minha CCAÇ 12 - Anexos (V): Punições, louvores, mortos e feridos, ao tempo do BART 2917 (Bambadinca, 1970/72): éramos todos iguais, mas uns mais do que outros... A crueza dos números



 No cômputo das baixas, louvores e punições não se inclui a situação relativa ao período de julho de 1969 a maio de 1970, quando a companhia esteve ao serviço do BCAÇ 2852 (Bambadinca, 1968/70). Nesse período teve, por exemplo, diversas baixas (incluindo um morto, o sold at Iero Jaló, nº mec. 812117869, o primeiro morto em combate, da CCAÇ 12, em 8/9/1969, no meu batismo de fogo) que não são contabilizadas aqui.  (Dados recolhidos e tratados por LG)


Um grupo da CCAÇ 12 em operações no mato.
Foto de Arlindo Roda (2010)
1. É impressionante o nº de praças, da CCAÇ 12,  do recrutamento local, punidas ao tempo do BART 2917 (Bambadinca, 1970/72). seis vezes mais do que os seus camaradas da metrópole (Quadro  I)...

Embora representassem 64% % do pessoal, os meus camaradas guineenses da CCAÇ 12 tiveram proporcionalmente mais mortos, mais feridos e mais punições,  ao tempo do BART 2917...  Em contrapartida, receberam muito menos louvores do que os metropolitanos: apenas 8, num total de 27, sendo esperado que recebessem o dobro (17)...

Parece haver aqui um problema de equidade (ou seja, de igualdade de oportunidades)... É verdade que os militares do recrutamento local eram todos praças, ainda para mais de 2ª classe (!), e praticamente todos operacionais (*)...

Os graduados (capitão, alferes, sargentos e 1ºs cabos, de origem metropolitana) que enquadravam os 4 grupos de combate não ultrapassavam os 25, havendo secções sem sargento: dois do quadro, ficaram com funções de secretaria... Depois havia ainda os condutores auto, os operadores de transmissões e os cabos auxiliares de enfermagem (outros 25),  que também alinhavam na atividade operacional (, os condutores mais concretamente nas colunas logísticas; era sold cond auto o único metropolitano morto em combate no meu tempo, em 13/1/1971, em Nhabijões, . o Manuel Costa Soares)... Os restantes 25 eram pessoal de apoio. Total: 75 efetivos.

Todos as praças especialistas (,do cozinheiro ao corneteiro, do radioteleghrafista ao mecânico auto, do escriturário ao corneteiro, do cripto ao quarteleiro) eram, inicialmente (pelo menos no meu tempo, 1969/71), de origem metropolitana... A companhia foi-se entretanto renovando e "africanizando", até para compensar o nº elevado de baixas...

Verifico que, depois do meu regresso à metrópole (em março de 1971), houve complementos e recomplementos de pessoal africano (vd. ponto 6): por exemplo, no meu tempo não existiam nºs mecanográficos começados por 820, todas as praças do recrutamento local da CCAÇ 12 tinham nºs mecanográficos  começados por 821...

Nas listas abaixo, constato haver já mais primeiros cabos atiradores (além de soldados), do recrutamento local, oriundos provavelmnete de outras subunidades (talvez Pel Caç Nat, como o 54, 53, o 52, o 63...). Em finais de 1971 o nº total de praças guineenses ultrapa já a centena (n=105). (Infelizmente não tenho nenhuma lista nominal do pessoal dessa época) (Vd. ponto 6).

2. Delideradamente, omitimos os nomes dos 5 (cinco) graduados, especialistas e praças metropolitanas, que foram punidos no tempo do BART 2917 (1970/72). (Queremos, naturalmente, preservar a sua identidade; estão vivos e alguns são nossos leitores)...

1 alferes mil at (punido em 17/7/71 c/ 20 D/ PDA pelo Com-chefe);
1 fur nil at (punido em 7/5/71 c/ 08 D/D pelo cmdt do Dep Adidos);
1 primeiro cabo atirador (punido em 5/6/71 c/ 10 D/D pelo cmdt do BART 2917);
1 primeiro cabo atirador (punido em 17/4/71 c/ 10 D/D  pelo cmdt do BART 2917).
1 soldado atirador (punido em 28/12/70 c/ 10 D/PD pelo cmdt do BART 2917);

Em relação aos nossos camaradas guineenses,  publico excecionalmente os seus nomes, muitos deles já morreram, mas faço questão de honrar a sua memória... Não conheço (nem me interessa) a matéria factual que terá sido invocada para os punir, tanto a uns como a outros...A lista é publicada, excecionalmente, a título meramente informativo e didático.

Punições ao tempo ao tempo do BART 2917 (Bambadinca, 1970/72): pessoal do recrutamento local (23) (sendo 7 punidos duas vezes), pelo que o total das punições das praças guineenses é de 30...

Recorde-se que em fevereiro de 1971 passou a comandar o BART 2917 o tenente coronel de Inf JOÃO POLIDORO MONTEIRO, nº mec. 51383111, já falecido, considerado um spinolista, disciplinado e disciplinador... O 2º cmdt continuou a ser  o major art  JOSÉ ANTÓNIO ANJOS DE CARVALHO,  e o adjunto o major art JORGE VIEIRA DE BARROS E BASTOS.


CCAÇ 12 > PRAÇAS (23 guineenses, 30 punições)

ADELINO COSTA FERREIRA SILVA,  1º Cabo Atirador nº mec. 82086569

- Em 06.10.71 foi punido c/ 10 dias de de detenção (D/D) pelo cmdt da CCAÇ 12.

AMADU TURÉ, Soldado Atirador nº mec, 82117369

- Em 08.06.71 foi punido c/ 15 dias de prisão disciplinar (D/PD) pelo cmdt do BART 2917.

ANDRÉ AQUILINO PINA, 1º Cabo Atirador nº mec. 82091469

- Em 17.10.71 foi punido c/ 06 D/D  pelo cmdt do DEP ADIDOS;

- Em 03.12.71 foi punido c/ 10 D/D  pelo 2º cmdt do BART 2917.

ANTÓNIO PEREIRA, Soldado Atirador nºmec, 82100371

- Em 15.10.71 foi punido c/ 20 dias de prisão disciplinar agravada (D/PDA) pelo  cmdt do BART 2917.

CHERNO BALDÉ, Soldado Atirador nº mec. 82109669

- Em 02.02.72 foi punido c/ 05  D/D pelo cmdt da CCAÇ 12.

CUTAEL BALDÉ Soldado Atirador nº mec. 82108669

- Em 27.09.71 foi punido c/ 08 D/D  pelo cmdt do BART 2917.

INÁCIO MANUEL RODRIGUES Soldado Atirador, nº mec. 82072969

- Em 03.02.72 foi punido c/ 15 D/PD  pelo cmdt do BART 2917.

JOÃO CORREIA DIAS GERÁ Soldado Atirador nº mec. 82129070

- Em 22.06.71 foi punido c/ 08 D/D pelo cmdt do BART 2917;

- Em 22.12.71 foi punido c/ 10 D/PD pelo cmdt  do BART 2917.

LUÍS ALBERTO CORREIA BARBOSA Soldado Atirador nº mec. 82077869

- Em 08.04.71 foi punido c/ 30 D/PD  pelo cmdt  do BART 2917;

- Em 06.07.71 foi punido c/ 20 D/PDA  pelo cmdt do BART 2917.

MAMADU BALDÉ Soldado Atirador nº mec. 82116569

- Em 08.06.71 foi punido c/ 15 D/PD pelo cmdt do BART 2917.

MIGUEL TOTALA BALDÉ Soldado Atirador, nº mec. 82008769

- Em 25.11.70 foi punido c/ 10 D/PD  pelo cmdt do BART 2917.

MUTARO BALDÉ Soldado Atirador nº mec.  82001568

- Em 05.10.71 foi punido c/ 05 D/D  pelo cmdt da CCAÇ 12.

SAILO SEIDI Soldado Atirador nº mec. 82106769

- Em 07.06.71 foi punido c/ 05 D/D  pelo cmdt BART 2917.

SAJO BALDÉ Soldado Atirador nº mec 82106069

- Em 18.02.72 foi punido c/ 20 D/PD  pelo cmdt do BART 2917.

SAMBA BALDÉ Soldado Atirador  nº mec. 82110969

- Em 07.06.71 foi punido c/ 08 D/D pelo cmdt  da CCAÇ 12;

- Em 22.06.71 foi punido c/ 10 D/D pelo cmdt da CCAÇ 12.

SAMBA JAU 1º Cabo Atirador nº mec. 82061269

- Em 07.06.71 foi punido c/ 05 D/D pelo cmdt do BART 2917.

SANUCHI SANHÁ Soldado Atirador nº mec. 82109469

- Em 22.06.71 foi punido c/ 10 D/D pelo cmdt da CCAÇ 12.

SHERIFO BALDÉ Soldado Atirador nº mec. 82109769

- Em 07.06.71 foi punido c/ 08 D/D pelo cmdt da CCAÇ 12.

- Em 03.02.72 foi punido c/ 20 D/PDA  pelo cmdt do BART 2917.

SITAFÁ BALDÉ 1º Cabo Atirador  nº mec. 82034669

- Em 27.07.71 foi punido c/ 10 D/D pelo cmdt da CCAÇ 12.

SORI BALDÉ Soldado Atirador nº mec. 82111069

- Em 08.06.71 foi punido c/ 15 D/PD pelo cmdt do BART 2917.

UMARO BALDÉ 1º Cabo Atirador nº mec. 82053467

- Em 05.06.71 foi punido c/ 05 D/D pelo cmdt do BART 2917.

- Em 22.06.71 foi punido c/ 10 D/D pelo cmdt da CCAÇ 12.

USSUMANE JALÓ Soldado Atirador nº mec. 82115369

- Em 07.06.71 foi punido c/ 08 D/D pelo cmdt da CCAÇ 12.

VITOR SANTOS SAMPAIO Soldado Atirador nº mec. 82106369

- Em 17.10.70 foi punido c/ 10 D/D  pelo cmdt da CCAÇ 12.

- Em 17.04.71 foi punido c/ 10 D/D  pelo cmdt da CCAÇ 12.


3. Em contrapartida, veja-se aqui o "preço de sangue" pago pelos bravos da CCAÇ 12 ao tempo do BART 2917 (Bambadinca, 1970/72):



CCAÇ 12 > Mortos em combate (1 metropolitano e 2 guineenses)

MANUEL  DA COSTA SOARES Soldado Condutor nº mec 4853968 

- Morto em 13/01/71 no rebentamento de uma mina anti-carro no Destacamento de NHABIJÕES; sepultado em Oliveira de Azeméis.

USSUMANE SISSÉ Soldado Atirador nº mec 8210766

- Morto em 05/05/71 na Operação “TRIÂNGULO VERMELHO”; sepultado em Bambadinca.

CHEVAL BALDÉ Soldado Atirador  nº mec 82118869 

- Morto em 01/06/71 na Operação “TORDO VERMELHO”; sepultado em Bafatá.


CCAÇ 12  > Mortos por outras causas (2 guineenses)

ANTÓNIO MANJOR GOMES  Soldado Atirador
- Morto por acidente em 12/11/71; sepultado em Bijagós.

BUCAR BALDÉ 1º Cabo Atirador 

- Morto por doença em 04/07/71; sepultado em Bambadinca.


CCAÇ 12 > Feridos (6 metropolitanos e 37 guineenses)


 JOSÉ ANTÓNIO GONÇALVES RODRIGUES Alferes Mil. de Cav nº mec. 10548668 

- Ferido em 13/01/71 no accionamento de uma mina A/C junto ao Destacamento de NHABIJÕES.

ANTÓNIO FERNANDO RODRIGUES MARQUES Furriel Mil. Atirador  nº mec. 13951567 

- Ferido em 13/01/71 no accionamento de uma mina A/C junto ao Destacamento de NHABIJÕES.

FLORINDO GONÇALVES COSTA Alferes Mil Atirador 

JOAQUIM MARQUES FERNANDES  Furriel Mil. Atirador  nº mec. 15265768 

- Ferido em 13/01/71 no rebentamento de uma mina anti-carro no Destacamento de NHABIJÕES.

ADULAI BALDÉ Soldado Atirador  nº mec. 82117069 

ALFA BALDÉ Soldado Arv. Atirador  nº mec. 82100069 

AMADÚ CAMARÁ Soldado Atirador  nº mec. 82117669 

AMADÚ TURÉ Soldado Atirador  nº mec. 82117369 

ARMINDO REIS PIRES 1º Cabo Atirador  nº mec. 82042169 

ARUMA BALDÉ  Soldado Atirador  nº mec. 82103269 

BACARDENA BALDÉ  Soldado Atirador  nº mec. 82153771 

CABI NAFAMBA Carregador  Assalariado 

CHERNO BALDÉ Soldado Atirador  nº mec. 82115269 

- Ferido em 13/01/71 no accionamento de uma mina A/C junto ao Destacamento de NHABIJÕES.

DEMBA JAU Soldado Atirador  nº mec. 82115169 

IERO JUMA CAMARÁ Soldado Atirador  nº mec. 82116469 

JOSÉ CARLOS SULEIMANE BALDÉ 1º Cabo Atirador  nº mec. 82115569 

JOSÉ GARCIA PEREIRA Soldado de TRMS nº mec.  06833469 

- Ferido em 13/01/71 no accionamento de uma mina A/C junto ao Destacamento de NHABIJÕES.

JOSÉ MARIA DAYES Soldado Atirador nº mec. 82179370 

JOSÉ MATIAS G BARROS Soldado Atirador  nº mec. 82129769 

MALAN JAU Soldado Atirador  nº mec. 82109369 

MALAN NANQUI  Soldado Atirador  nº mec. 82109969 

MAMADU BALDÉ  Soldado Atirador  nº mec. 82119069 

MAMADU COLUBALI  Soldado Atirador  nº mec.  82116569 

MAMADÚ JALÓ  Soldado Atirador  nº mec.  82117969 

MAMADU JAU  Soldado Atirador  nº mec.  82108369 

MANUEL GONÇALVES ALVES 1º Cabo Atirador nº mec. 09983370 

MAURO BALDÉ  Soldado Atirador  nº mec.  82108969 

MUSSA SEIDI  Soldado Atirador  nº mec.  82118669 

QUECUTA COLUBAL  Soldado Atirador  nº mec.  82118369 

- Ferido em 13/01/71 no accionamento de uma mina A/C junto ao Destacamento de NHABIJÕES.

SAIDO SEIDI  1º Cabo Atirador  nº mec. 82015469 

SAJO CANDÉ  Soldado Atirador  nº mec.  82107069 

SAJUMA JALÓ  Soldado Atirador  nº mec.  82116069 

SAMBA JAU  Soldado Atirador  nº mec.  82106869
 

- Ferido em 13/01/71 no accionamento de uma mina A/C junto ao Destacamento de NHABIJÕES.

SAMBA SÓ Soldado Arv Atirador .  nº mec. 82115469 

SANA CAMARÁ  Soldado Atirador  nº mec.  82119069 

SHERIFO BALDÉ  Soldado Atirador  nº mec.  82115669 

- Ferido em 13/01/71 no accionamento de uma mina A/C junto ao Destacamento de NHABIJÕES.

SIDI JALÓ  Soldado Atirador  nº mec.  82116369 

SULEIMANE BALDÉ  Soldado Atirador  nº mec.  82042966 

SULEIMANE BALDÉ  Soldado Atirador  nº mec.  82110269 

SULEIMANE SEIDI 1º Cabo Atirador  nº mec. 82112964 

TENEN BALDÉ  Soldado Atirador  nº mec.  82115769 

- Ferido em 13/01/71 no rebentamento de uma mina anti-carro no Destacamento de NHABIJÕES.

TOTALA BALDÉ  Soldado Atirador  nº mec.  82108769 

USSUMANE BALDÉ  Soldado Atirador  nº mec.  82117169


4. E, por fim, veja-se a proporção de militares da CCAÇ 12, do recrutamento local, que foram objeto de louvor, ao tempo do BART 2917, por comparação com o pessoal metropolitano: 19 e 8, respetivamente... E dos 19 três eram oficiais e cinco sargentos...


CCAÇ 12 > Louvores 

OFICIAIS (3)

CARLOS ALBERTO MACHADO BRITO Cap Inf, cmdt da CCAÇ 2590 / CCAÇ 12 nº mec. 50156311

- LOUVOR do BRIGADEIRO CMDT-MILITAR do CTIG em 01.06.71.

ABEL MARIA RODRIGUES Alferes Mil Atirador nº mec. 01006868
- LOUVOR do CMDT da CCAÇ 12 em 13.03.71.

FRANCISCO MAGALHÃES MOREIRA Alferes Mil Op Especiais nº mec. 00928568

- LOUVOR do CMDT do BART 2917 em 12.03.71.

SARGENTOS (5)

JOSÉ MANUEL ROSADO PIÇA 2º Sarg. de Inf nº mec. 50349011

- LOUVOR do CMDT do BART 2917 em 11.03.71.

ANTÓNIO FERNANDO R MARQUES Furriel Mil. Atirador nº mec. 11941567

- LOUVOR do COR do CAOP 2 em 04.05.71.

HUMBERTO SIMÕES REIS Furriel Mil Op Especiais nº mec. 05293067


- LOUVOR do CMDT do BART 2917 em 08.03.71.

JOSÉ LUÍS VIEIRA SOUSA Furriel Mil nº mec. 06759968

- LOUVOR do CMDT do BART 2917 em 25.02.71.

LUÍS MANUEL GRAÇA HENRIQUES Furriel Mil. Arm Pesadas nº mec. 13151468

- LOUVOR do CMDT do BART 2917 em 25.02.71.

O fur mil Henriques [Luís Graça], o 1º cabo J. C.
Suleimane Baldé  e o sold ap mort 60 Umarú Baldé
(já falecido),, pertencentes à â ª seccção do 4º Gr Comb
da CCAÇ 12 (Contuboel e Bambadinca,
julho de 1969/ março de 1971)
PRAÇAS (11 metropolitanos e 8 guineenses)


ABIBO JAU Soldado Atirador nº mec. 82107469
- LOUVOR do GENERAL CMDT-CHEFE em 16.04.71. [Será mais tarde, depois da independência, fuzilado pelo PAIGC, jem Madina Colhido, untamente com o ten grad 'cmd' Abdulai Jamanca, cmdt da CCAÇ 21]

ABÍLIO SOARES 1º Cabo Atirador nº mec. 18998168
- LOUVOR do CMDT do BART 2917 em 02.03.71.

ANSUMANE BALDÉ Soldado Atirador nº mec.82117869

- LOUVOR do GENERAL CMDT-CHEFE em 16.04.71.

ANTÓNIO JOSÉ DAMAS MURTA 1º Cabo Op Cripto nº mec. 08069668
- LOUVOR do CMDT da CCAÇ 12 em 08.03.71.

BRAIMA JALÓ Soldado Atirador nº mec. 82107769

- LOUVOR do CMDT do BART 2917 em 01.03.71.

CARLOS ALBERTO ALVES GALVÃO 1º Cabo Atirador nº mec. 02920168

- LOUVOR do CMDT do BART 2917 em 24.02.71.

CARLOS ALBERTO M SIMÕES 1º Cabo nº mec. 06803070

- LOUVOR do CMDT da CCS/BART 2917 em 23.02.72.

EDUARDO VERÍSSIMO SOUSA TAVARES 1º Cabo Escriturário nº mec. 12951468
- LOUVOR do CMDT da CCAÇ 12 em 13.03.71.

FERNANDO ANDRADE SOUSA 1º Cabo Atirador nº mec. 05762767

- LOUVOR do CMDT do BART 2917 em 01.03.71.

GABRIEL SILVA GONÇALVES 1º Cabo Op. Cripto
- LOUVOR do CMDT da CCAÇ 12 em 08.03.71.

JOÃO FERNANDO R SILVA Soldado Básico nº mec. 09877768

- LOUVOR do CMDT da CCAÇ 12 em 08.03.71.

JOSÉ MANUEL PIMENTA QUADRADO 1º Cabo Ap. Ar. Pesadas nº mec. 18490968
- LOUVOR do CMDT da CCAÇ 12 em 08.03.71.

MAMADU BALÓ Soldado Arv. Atirador nº mec. 82107169

- LOUVOR do CMDT do BART 2917 em 01.03.71.

MANUEL ALBERTO FARIA BRANCO 1º Cabo Atirador nº mec. 18880368
- LOUVOR do CMDT da CCAÇ 12 em 23.02.71.

MANUEL MONTEIRO O VALENTE 1º Cabo Ap. Dilagramas nº mec. 17765068

- LOUVOR do CMDT do BART 2917 em 08.03.71.

SAJO BALDÉ Soldado Arv. Atirador nº mec. 82108469

- LOUVOR do CMDT do BART 2917 em 01.03.71.

SAJUMA JALÓ Soldado Atirador nº mec. 82116069

- LOUVOR do GENERAL CMDT-CHEFE em 16.04.71.

SAMBA SÓ Soldado Atirador nº mec. 82115469

- LOUVOR do CMDT do BART 2917 em 24.02.71.

SUCUBA EMBALÓ Soldado Atirador nº mec. 82030363

- LOUVOR do CMDT da CCS/BART 2917 em 03.02.72.


Fonte: Adapt. de História do BART 2917 (Bambadinca, 1970/72)


5. Os nomes com links (10) são de membros da nossa Tabanca Grande. No meu tempo (1969/71) a composição da CCAÇ 12 era a seguinte: cerca de 75 graduados e praças especialistas, de origem metropolitana (45,4%); e 90 praças, oriundos do recrutamento local (54,6%) (Quadro I).

Só havia, na altura, um 1º cabo guineense, o José Carlos Suleimane Baldé, que tinha o exame da 3ª ou 4ª classe,  E, se bem me recordo, eram todos fulas, dos regulados de Badora e Cossé, com exceção de 2 mandingas e 1 mancanhe, de Bissau, o Vitor Santos Sampaio, valente mas muito reguila... (Ao Vitor, só lhe conheci um momento de "fraqueza" (?), no decurso da Op Abencerragem Candente, em 26/11/1970, vai fazer agora 45 anos...  O Vítor recusou-se a acompanhar-me  à cabeça das NT que tinham acabado de sofrer uma tremenda emboscada (CART 2715 e CCAÇ 12); era preciso  resgatar 6 mortos e socorrer 9 feridos graves;  ainda hoje recordo a desculpa que ele me deu: "pessoal africano só ganhava 600 pesos" e as baixas mortais...  eram todas de "tugas", com exceção do novo guia e picador, o Seco Camará)...

O Vítor pertencia ao 1º Gr Combate e eu estava no 4º (, não tinha pelotão certo)... Terá sido o único gesto de "cobardia" (?) que testemunhei em 22 meses de comissão, na CCAÇ 12,,, Mas quem sou eu para julgar os meus camaradas guineenses ? Infelizmente, já não deve ser vivo, o Vitor Santos Sampaio, o único mancanhe que conheci...  (80% a 90% destes meus camaradas guineenses já morreram)... Quem poderia falar dele, seria o seu antigo comandante de pelotão, o Francisco Magalhães Moreira, alf mil op espec, mas infelizmente ele não deve conhecer sequer o nosso blogue...


6. Complementos (11) e recomplementos  (5) da CCAÇ 12 (ao tempo do BART 2917), entre junho e dezembro de 1971

JUNHO DE 1971

COMPLEMENTOS

 - Soldado Ap. Morteiro AMADÚ BALDÉ 82116671

- Soldado Ap Metralh. E/C SANTOS SAMA BALDÉ 82051771

- Soldado Atirador E/C MAMADÚ CANDÉ 82054171

- Soldado Atirador IDRISSA BALDÉ 82134071

- Soldado Atirador MAMA DJAM 82135370

- Soldado Atirador BACARDENA BALDÉ 82153770


AGOSTO DE 1971

COMPLEMENTOS

 - Soldado Básico MAMADU JALÓ 82001571

- Soldado Corneteiro MUTARO BALDÉ 82001568

SETEMBRO DE 1971

COMPLEMENTOS

- Soldado Condutor CURAEL DJAU 82052366

NOVEMBRO DE 1971

COMPLEMENTOS

 - Soldado Ap. Morteiro BABAGALE BALDÉ 82025769

RECOMPLEMENTOS

 - Furriel Miliciano Atirador ALCINO JOSÉ SOARES

- Soldado Ap. Metralh. SUMAI SILÁ 82174171

DEZEMBRO DE 1971

COMPLEMENTOS

 - 1º Cabo Aux. Enfermagem ALCIDES COSTA 13610771

RECOMPLEMENTOS

 - Soldado Transmissões JOÃO ADULAI CANDÉ 82099871

- Soldado Transmissões ARMANDO MANHÓ EMBALÓ 82000271 

- Soldado Atirador ADUL JALÓ 82054271



A ficha-resumo da CCAÇ 12, constante no Arquivo Histórico Militar... Entre 1969 e 1974, a CCAÇ 12 teve cinco capitães... E conheceu 4 batalhões, BCAÇ 2852 (1968/70), BART 2917 (1970/72), BART 3873 (1972//4) e BCAÇ 4616/73 (1974).

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Notas do editor;



1º Gr Comb

Comandante Alf Mil Op Esp 00928568 Francisco Magalhães Moreira

1ª secção

1º Cabo 8490968 José Manuel P Quadrado (Ap dilagrama)
Soldado Arvorado 82107469 Abibo Jau (F) [, dado como fuzilado depois da independência]
Soldado 82105869 Demba Jau (F)
Sold 82107769 Braima Jaló (Ap LGFog 8,9) (FF)
Sold 82106069 Sajo Baldé (Mun LGFog 8,9) (FF)
Sold 82106869 Suleimane Djopo (Ap Dilagrama) (FF)
Sold 82105469 Baiel Buaró (F)
Sold 82106269 Mamadu Será (FF)

2ª Secção

Fur Mil 04757168 Joaquim João dos Santos Pina [, natural de Silves, onde ainda hoje vive]
1º Cabo 17765068 Manuel Monteiro Valente (Ap Dilagrama)
Soldado Arvorado 82106369 Vitor Santos Sampaio (Mancanhe)
Soldado 82106469 Mamadu Au (Ap Metr Lig HK 21)
Sold 82105969 Samba Camará (Mun Metr Lig HK 21) (FF)
Sold 82105269 Sherifo Baldé
Sold 82106669 Mussa Bari (FF)
Sold 82106969 Mamadu Jau (F)
Sold 82105369 Mamadu Silá (Ap LGFog 3,7) (F)
Sold 82107669 Ussumane Sisse (Mun LGFog 3,7) (M)

3ª Secção

Fur Mil 19904168 António Manuel Martins Branquinho [, reformado da Segurança Social, Évora, já falecido]
1º Cabo 18998168 Abílio Soares [, morada actual desconhecida];
Soldado Arvorado 82107169 Mamadu Baló (F)
Soldado 82106569 Mustafá Colubalii (Ap Mort 60) )(FF)
Sold 82106169 Sana Camará (Mun Mort 60) (FF)
Sold 82105669 Amadu Baldé (FF) [, mais tarde da CCAÇ 21, poderá ter sido fuzilado após a independência]
Sold 82106169 Saico Seide(F)
Sold 82107569 Gale Jaló (FF)
Sold 82105569 Sana Baldé (Ap Dilagrama) (F)
2º Gr Comb

Comandante: Alf Mil de Inf 13002168 António Manuel Carlão [, comerciante, vive em Fão, Esposende]

1ª secção

Soldado Arvorado 82107969 Alfa Baldé (Ap LGFog 3,7)
Soldado 18968568 Arménio Monteiro da Fonseca [, vive no Porto]
Sold 82118169 Samba Camará (FF)
Sold 82115369 Iéro Jaló (F)
Sold 82118869 Cheval Baldé (Ap LGFog 8,9) (F)
Sold 82103269 Aruna Baldé (Mun LGFog 8,9) (F)
Sold 82105169 Mamadú Bari (FF)
Sold 82116369 Sidi Jaló (Ap Dilagrama) (FF) [,dado como tendo sido fuzilado depois da independência]
Sold 82118669 Mussa Seide (F)
Sold 82117669 Amadú Camará (FF)
2ª Secção

Fur Mil Op Esp 05293061 Humberto Simões dos Reis [, engenheiro técnico, Alfragide / Amadora]
1º Cabo 17626068 José Marques Alves [, vivia em Fânzeres, Gondomar; já falecido]
Soldado Arvorado 82116569 Mamadu Baldé (F)
Soldado 82101469 Udi Baldé (FF)
Sold 82101069 Sajo Candé (F)
Sold 82108069 Alfa Jaló (F)
Sold 82116469 Iéro Juma Camará (Ap Mort 60) (FF)
Sold 82111969 Mamadú Jaló (Mun Mort 60) (F)
Sold 82111069 Adulai Baldé (F)
Sold 82117269 Adulai Bal (F)

3ª Secção

Fur Mil 17207968 Antonio Eugénio S. Levezinho [, reformado da Petrogal, vive em Sagres, Vila do Bispo]
1º Cabo 18880368 Manuel Alberto Faria Branco [, morada actual desconhecida];
Soldado Arvorado 82116969 Braima Bá (F)
Soldado 82116669 Gale Colubali (Ap Metr Lig HK 21) (FF)
Sold 82116769 Mamadú Uri Colubali (Mun Metr Lig HK 21) (FF)
Sold 82111369 Amadú Turé (F)
Sold 82117469 Demba Jau (Ap Dilagrama) (F)
Sold 82107869 Iero Jaló (FF)
Sold 82116869 Gale Camará (F)
3º Gr Comb

Comandante: Alf Mil Inf 01006868 Abel Maria Rodrigues [, bancário reformado, Miranda do Douro]
1ª secção

Fur Mil Luciano Severo de Almeida [, já falecido, era do Montijo]
1º Cabo 02920168 Carlos Alberto Alves Galvão [, vive na Covilhã]
Soldado Arvorado 82108769 Totala Baldé (F)
Sold 82108569 Sambel Baldé (F)
Sold 82108969 Mauro Baldé (Ap LGFog 8,9) (F)
Sold 82110369 Jamalu Baldé (Mun LGFog 8,9) (F)
Sold 82109169 Malan Baldé (F)
Sold 82109569 Iéro Jau (Ap Dilagrama) (F)
Sold 82110969 Samba Baldé (Ap Metr Lig HK 21) (F)
Sold 82109969 Malan Nanqui (M)

2ª Secção

Fur Mil 07098068 Arlindo Teixeira Roda [, natural de Pousos, Leiria; professor em Setúbal, reformado]
1º Cabo 17625368 António Braga Rodrigues Mateus [, vive em Guifões, Matosinhos, depois de regerssar de França onde esteve emigrado];
Soldado Arvorado 82108369 Mamadú Jau (Ap Dilagrama) (F)
Soldado 82109369 Malan Jau (Ap Mort 60) (F)
Sold 82100769 Amadú Candé (Mun Mort 60) (F)
Sold 82108869 Quembura Candé (F)
Sold 82109769 Sherifo Baldé (F)
Sold 82115369 Ussumane Jaló (FF)
Sold 82110169 Madina Jamanca (F)

3ª Secção

Fur Mil 06559968 José Luís Vieira de Sousa [, natural do Funchal, agente de seguros]
1º Cabo 12356668 José Jerónimo Lourenço Alves [, morada actual desconhecida];
Soldado Arvorado 82108469 Sajo Baldé (Ap Metr Lig HK 21) (F)
Soldado 82109669 Cherno Baldé (Mun Metr Lig HK 21) (F)
Sold 82109469 Sanuchi Sanhã (Ap LGFog 3,7) (F)
Sold 82109269 Sori Jau (Ap Dilagrama) (F)
Sold 82110569 Mamadu Embaló (F)
Sold 82110769 Chico Baldé (F)
Sold 82115169 Demba Jau (F)
Sold 82108669 Cutael Baldé (F)
4º Gr Comb

Comandante: Alf Mil Cav 10548668 José António G. Rodrigues [, já falecido, vivia em Lisboa]

1ª secção

Fur Mil 15265768 Joaquim Augusto Matos Fernandes [, engenheiro ténico, vive no Barreiro]
1º Cabo 18861568 Luciano Pereira da Silva [, morada actual desconhecida];
Soldado Arvorado 82115469 Samba Só (F)
Soldado 82109869 Samba Jau (Mun Metr Lig HK 21) (F)
Sold 82115269 Cherno Baldé (Ap Metr Lig HK 21) (F)
Sold 82117569 Mamai Baldé (F)
Sold 82117869 Ansumane Baldé (Ap Dilagrama) (F)
Sold 82118269 Mussa Jaló (Ap Dilagrama) (FF)
Sold 82118969 Galé Sanhá (FF)

2ª secção

Fur Mil 11941567 António Fernando R. Marques [, vive em Cascais, empresário reformado]
1º Cabo 17714968 António Pinto [, morada actual desconhecida];
1º Cabo 82115569 José Carlos Suleimane Baldé (F) [, vive em Amedalai, Xime, Guiné-Bissau]
Soldado Arvorado 82118369 Quecuta Colubali (F)
Soldadado 82110469 Mamadú Baldé (F)
Sold 82115869 Umarú Baldé (Ap Mort 60) (F) [, já falecido, vivia na Amadora]
Sold 82118769 Alá Candé (Mun Mort 60) (F)
Sold 82118569 Mamadú Colubali (FF)
Sold 82119069 Mamadu Balde (F)

3ª secção

1º Cabo 00520869 Virgilio S. A. Encarnação [, vive em Barcarena]:
Soldado 82116069 Sajuma Jaló (Ap LGFog 8,9) (FF)
Sold 82110269 Suleimane Baldé (Ap LGFog 8,9) (F)
Sold 82111069 Sori Baldé (F)
Sold 82115669 Sherifo Baldé (F)
Sold 82115769 Tenen Baldé (F)
Sold 82117169 Ussumane Baldé (F)
Sold 82117769 Califo Baldé (F)
Sold 82118469 Califo Baldé (F)

Observ.: o Fur Mil Armas Pesadas Inf Luís Manuel da Graça Henriques [, prof univ.,  vive em Alfragide / Amadora] era o "pião de nicas" (pau para toda a obra...) do capitão, passou por todos os grupos de combate, "tapando buracos", e nos últimos meses comandou uma das secções do 4º Gr Comb. 

O alf mil António Carlão, do 2º Gr Comb, e o fur mil Joaquim Fernandes foram desde cedo destacados para a equipa de reordenamento de Nhabijões, deixando de ser operacionais.

Os Gr Comb da CCAÇ 12 cedo ficaram desfalcados com as sucessivas baixas (incluindo graduados e praças metropolitanas e praças do recrutamento local].

Todos os guineenses eram, originalmente, dos regulafos de Badora e Cossé, com exceção do mancanhe Vitor Santos Sampaio, que veio de Bissau.
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Legendas:

F= Fula
FF= Futa Fula
M= Mandinga
Mc=Mancanhe
Ap= Apontador
Mun= Municiador
Mort= Morteiro
LGFOg= Lança-granadas foguete
Met= Metralhadora
Lig= Ligeira