sexta-feira, 16 de maio de 2014

Guiné 63/74 - P13148: A minha CCAÇ 12 (30): fevereiro de 1971: batismo dos "piras" que nos vieram render... Adeus, Bissau, em 17 de março de 1971, no T/T Uíge... A CCAÇ 12 será extinta em 18 de agosto de.. 1974 ! (Luís Graça)


Foto nº 240


Foto nº 234


Foto nº 235


Foto nº 236

Guiné > Bissau > Imagens da Bissau Colonial que deixámos, a maior parte de nós (oficiais, sargentos e especialistas, de origem metropolitana, pais-fundadores da CCAÇ 12, de rendição individual)...

O T/T Uíge levou-nos de novo a casa, com partida a 17/3/1971... E, a maior parte de nós, nunca mais quis saber da guerra nem da sorte dos nossos camaradas guineenses... A CCAÇ 12 foi desativada e extinta em 18 de agosto de 1974. E alguns destes nossos camaradas do recrutamento local, a quem demos a instrução de especialidade em Contuboel, e que fizeram a guerra connosco - sempre bravos e leais - foram as primeiras vítimas da "justiça revolucionária" do PAIGC, como foi o caso do Abibo Jau, o "bom gigante" do 1º Gr Comb, que era comandado pelo alf mil op esp Francisco Moreira.

Conforme se pode ler na ficha resumo do Arquivo Histórico.Militar que abaixo reproduzimos, a CCAÇ 12 (CCAÇ 2590 até 19 de janeiro de 1970) teve 5 comandantes, o primeiro dos quais o cap inf  Carlos Alberto Machado Brito, felizmente ainda vivo, cor inf ref.

Foi originalmente uma companhia de intervenção ao serviço do comando do setor L1 (Bambadinca). Passou a unidade de quadrícula em finais de março de 1973, rendendo  a CART 3494 e assumindo a responsabilidade do subsetor do Xime que os seus homens conheciam como ninguém e one tiveram numerosas baixas.  

Tem história da unidade até fevereiro de 1971. É uma brochura de 50 páginas, escrita, datilografada e copiada a "stencil" por Luís Graça (que pertenceu a esta companhia como fur mil armas pes inf, na realidade atirador de infantaria a quem, em vez das armas pesadas, deram uma G3, tendo integrado praticamente todos os grupos de combate e particiupado na maior parte das operações aqui descritas) (*)


Fotos: © Arlindo Roda (2010) / Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné. Todos os direitos reservados [Edição e legendagem: L.G.]


1. Última parte da série A minha CCAÇ 12






História da CCAÇ 12: Guiné 69/71. Bambadinca: Companhia de Caçadores nº 12. 1971. Cap. II. 45-46.


2. Informação complementar do ex-alf mil at inf, cmdt do 3º Gr Comb, Abel Maria Rodrigues, com data de 16 de maio de 2014, enviada por mail, às 18h14;

Desta operacao,eu sei tudo, pois fui o actor principal. Penso que dos velhinhos só fomos três (capitão, Piça e eu). 

Depois da flagelação,  o 2º pelotao que ia na vanguarda, recusou-se a avançar .Passei com o meu pelotão para a frente e completámos a operacao sem mais qualquer problema, porque os guerrilheiros vieram esperar-nos em Madina Colhido. 

Deviam ter-se fartado de esperar por nós,  como não apareciamos desmobilizaram,deduzindo que nós já estariamos no quartel do Xime.Foi em 28/2/1971,  um domingo. 

Devo dizer que tivemos muita sorte não nos termos encontrado, pois pelo rasto que deixaram onde estiveram à nossa espera não eram poucos .

Um grande abraço.
Abel



____________


Nota do editor:

(*) Postes anteriores da série:



9 de fevereiro de 2013 > Guiné 63/74 - P11077: A minha CCAÇ 12 (28): Dezembro de 1970: Flagelação ao pessoal e às máquinas da TECNIL, na nova estrada em construção, Bambadinca-Xime (Luís Graça)


26 de novembro de 2012 > Guiné 63/74 - P10726: A minha CCAÇ 12 (27): Novembro de 1970: a 22, a Op Mar Verde (Conacri), a 26, a Op Abencerragem Cadente (Xime)...(Luís Graça)


30 de julho de 2012 > Guiné 62/74 - P10209: A minha CCAÇ 12 (26): Outubro de 1970: o jogo do rato e do gato... (Luís Graça)


30 de junho de 2012 > Guiné 63/74 - P10094: A minha CCAÇ 12 (25): Setembro de 1970: Levando 50 toneladas de arroz às populações da área do Xitole/Saltinho, e aguardando o macaréu no Rio Xaianga (Luís Graça)


21 de maio de 2012 > Guiné 63/74 - P9930: A minha CCAÇ 12 (24): Agosto de 1970: em socorro da tabanca em autodefesa de Amedalai, terra do nosso hoje grã-tabanqueiro J. C. Suleimane Baldé (Luís Graça)

20 de março de 2012 > Guiné 63/74 - P9630: A minha CCAÇ 12 (23): Julho de 1970: "pessoal não ataca população, guerra é com tropa", diz o comissário político... (Luís Graça)


16 de fevereiro de 2012 > Guiné 63/74 - P9492: A minha CCAÇ 12 (22): Junho de 1970: Um ano de comissão... (Luís Graça)


24 de novembro de 2011 > Guiné 63/74 - P9089: A minha CCAÇ 12 (21): Maio de 1970: Chega o BART 2917 que vai render o BCAÇ 2852 (Luís Graça)


15 de Novembro de 2011 > Guiné 63/74 - P9048: A minha CCAÇ 12 (20): Abril de 1970: intensificação da acção psicossocial através de contacto pop, e suspensão temporária da actividade operacional ofensiva por causa das negociações com o IN no chão manjaco (Luís Graça)


26 de Julho de 2011 > Guiné 63/74 - P8604: A minha CCAÇ 12 (19): Março de 1970, a rotina da guerra, a visita do Ministro do Ultramar ao reordenamento de Bambadincazinho... (Luís Graça)


8 de Junho de 2011 > Guiné 63/74 - P8388: A minha CCAÇ 12 (18): Tugas, poucos, mas loucos...30 de Março-1 de Abril de 1970, a dramática e temerária Op Tigre Vadio (Luís Graça)



16 de Abril de 2011 > Guiné 63/74 - P8112: A minha CCAÇ 12 (17): 14 e 15 de Fevereiro de 1970: Op Bodião Decidido, com a CCAÇ 2404 (Mansambo) e a CART 2413 (Xitole) em Satecuta, na margem diireita do Rio Corubal: morto um guerrilheiro e apreendido um RPG2

17 de Março de 2011 > Guiné 63/74 - P7957: A minha CCAÇ 12 (14): Op Borboleta Destemida, 14 de Janeiro de 1970: a ferro a fogo no Poindon/Ponta Varela ou... como nunca confiar num guia-prisioneiro (Luís Graça)

24 de Fevereiro de 2011 > Guiné 63/74 - P7852: A minha CCAÇ 12 (12): Dezembro de 1969, tiritando de frio, à noite, na zona de Biro/Galoiel, subsector de Mansambo (Luís Graça / Humberto Reis)


28 de Setembro de 2010 > Guiné 63/74 - P7048: A minha CCAÇ 12 (7): Op Pato Rufia, 7 de Setembro de 1969: golpe de mão a um acampamento IN, perto da antiga estrada Xime-Ponta do Inglês, morte do Sold Iero Jaló, e ferimentos graves no prisioneiro-guia Malan Mané e no 1º Cabo António Braga Rodrigues Mateus (Luís Graça)

7 de Setembro de 2010 > Guiné 63/74 - P6948: A minha CCAÇ 12 (6): Agosto de 1969: As desventuras de Malan Mané e de Mamadu Indjai... (Luís Graça)

7 de Julho de 2010 > Guiné 63/74 - P6686: A minha CCAÇ 12 (5): Baptismo de fogo em farda nº 3, em Madina Xaquili, e os primeiros feridos graves: Sori Jau, Braima Bá, Uri Baldé... (Julho de 1969) (Luís Graça)

25 de Junho de 2010 > Guiné 63/74 - P6642: A minha CCAÇ 12 (4): Contuboel, Maio/Junho de 1969... ou Capri, c'est fini (Luís Graça)

29 de Maio de 2010 > Guiné 63/74 - P6490: A minha CCAÇ 12 (3): A única história da unidade, no Arquivo Histórico-Militar, é a que cobre o período de Maio de 1969 (ainda como CCAÇ 2590) até Março de 1971... e foi escrita por mim, dactilografada e policopiada a stencil (Luís Graça)

25 de Maio de 2010 > Guiné 63/74 - P6466: A minha CCAÇ 12 (2): De Santa Margarida a Contuboel, 5 mil quilómetros mais a sul (Luís Graça)

21 de Maio de 2010 > Guiné 63/74 - P6447: A minha CCAÇ 12 (Contuboel e Bambadinca, Maio de 1969/Março de 1971) (1): Composição orgânica (Luís Graça)



3 comentários:

Luís Graça disse...

Tínhamos dois 2ºs sargentos, o Piça e o Videira que, em princípio, deveriam ser comadantes de secção... O José Manuel Rosado Piça, o mais velho (terá hoje oitentas e picos anos), acabou por ficar a fazer as vezes do 1º sargento, que foi para Águeda, fazer o curso de serviço geral do exército (que permitia a passagem a oficial, o mesmo curso que irá, depois da guerra, frequentar o 1º sargento Fernando Brito, da CSS/BART 2917).

O Videira por sua vez, e por ser mais adoentado, ficou também com funções de apoio. Nenhum deles foi operacional. No entanto,
ao Piça, o mais bacano, quisemos pregar-lhe uma partida e convencêmo-lo a alinhar, com os "piras", na Op Rato Traquinas, no dia 28 de fevereiro, já com 21 meses de Guiné!...

O camarada Piça deixou-se "praxar", alinhou, teve o seu batismo, foi até à mítica Ponta do Inglês (!), regressou connosco no T(T Uíge e ainda fez mais uma comissão, em Angola (se não me engano). Está vivo, recomenda-se, nunca perdeu o seu sentido do humor e eu faço questão de, um dia destes, apresentá-lo à Tabanca Grande. Foi o Xico mais porreiro que eu alguma vez encontrei na tropa.

Luís Graça disse...

Há um versão "off record"... O Piça teve um acidente de jipe, de que resultaram ferimentos nalguns putos que se tinham pendurado na viatura, e que resultaram ferimentos com ou maior ou menor gravdiade... A reparação "civil" foi feita pelo próprio, que negociou com as famílias... Restava a responsabilidade disciplinar: o capitão (já major, na altura, se não erro) gostava muito dele e não queria estragar-lhe a folha de serviço... A alternativa a uma "porrada" era fazer a Op Ratos Traquinas... Nós incentivámos a ideia... LG

Torcato Mendonca disse...

És cá um bocas"",

Tudo a correr bem na recuperação e um abraço, T.