terça-feira, 13 de maio de 2014

Guiné 63/74 - P13135: Contraponto (Alberto Branquinho) (52): A Guerra (Colonial) no Feminino

1. Em mensagem de 4 de Maio de 2014, o nosso camarada Alberto Branquinho (ex-Alf Mil de Op Esp da CART 1689, , Catió, Cabedu, Gandembel e Canquelifá, 1967/69), enviou-nos o seu contraponto número 52, dedicado à "guerra" no feminino.


CONTRAPONTO

52 - A GUERRA (COLONIAL) NO FEMININO

Não há dúvida: foi aquela guerra!! Aquela experiência!!

Trata-se de escritos sobre a “guerra” das mulheres que acompanharam os seus maridos mobilizados para a “guerra em África”. (!!!)

Em Angola e em Moçambique havia muitos locais assim... “guerreiros” (perigosíssimos!), onde as mulheres, com seus maridos, podiam e eram autorizadas a aboletar-se... gozando as delícias dos trópicos. Bem, em alguns casos poderia tratar-se de militares que se deslocavam em missões ao interior efectivamente guerreiro (pára-quedistas, pilotos...), regressando, em breve prazo, para junto das suas consortes (com melhor sorte). Mas a grande parte dessa “guerra no feminino” foi a “guerra santa” da contraparte dessa masculina “santidade”.

Todos sabemos que, na Guiné, era proibida a presença das esposas dos militares, excepto em Bissau e em Bafatá. Recordo-me do caso daquela Senhora, que, roída de saudades do marido-alferes miliciano, atracou a Catió, mas foi remetida à procedência, tendo o marido sido autorizado a acompanhá-la até Bissau.

Vem este arrazoado a propósito de ter encontrado fartas referências à “guerra colonial no feminino” e, então, pensei que seria sobre as peripécias das vidas das “nossas” enfermeiras pára-quedistas em teatro de guerra. Não! Era sobre essoutro (pretenso) lado da lua, que, afinal, quando escrevente, também é considerada “literatura da guerra colonial”, com muitas referências e citações em compilações literárias sobre essa espécie de.

Ficarão para a História... relatando a guerra vista de longe e baseada no diz-se, consta que, ouvi dizer. 
PÓIS!
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Nota do editor

Último poste da série de 22 DE OUTUBRO DE 2013 > Guiné 63/74 - P12187: Contraponto (Alberto Branquinho) (51): Micoses

21 comentários:

Luís Graça disse...

António:

Provavelmente estás-te a referir ao livro de Margarida Calafate Ribeiro - África no Feminino. As Mulheres Portuguesas e a Guerra Colonial, Porto, Edições Afrontamento, 2007.

Trata-se de uma obra que resultou de um projecto de pós-doutoramento no Centro de Estudos Sociais da Universidade de Coimbra.

É, portanto, uma obra académica. Não a li, pelo que não me pronuncio... Mas vi uma referência bibliográfica que me despertou a atenção e que podes consultar aqui:

http://www.scielo.oces.mctes.pt/scielo.php?pid=S0874-55602008000100012&script=sci_arttext

Luís Graça disse...

Também tens aqui uma artigo da autora, na Revista Crítica de Ciências Sociais, 68, Abril 2004: 7-29, disponível em formato pdf

MARGARIDA CALAFATE RIBEIRO
África no feminino:
As mulheres portuguesas e a Guerra Colonial

http://www.ces.uc.pt/myces/UserFiles/livros/1078_MCR_Africa%20feminino.pdf

Antº Rosinha disse...

Ó Alberto, Alberto! Parece-me que estás a falar da minha guerra!

Será que ouviste essas conversas a algum retornado como eu?

Nunca ouviste aquela conversa contra os retornados que diziam à tropa "para ir embora" que eles sozinhos tomavam conta dos pretos e da guerra?

Seria a esses a que te referes Alberto? Os mesmos que ouviram aquelas conversas aos retornados?

Não sejas má língua Alberto Branquinho!

Cumprimentos




Luís Graça disse...

Vd. também:


Antologia da Memória Poética da Guerra Colonial
de Margarida Calafate Ribeiro, Roberto Vecchi

Edição/reimpressão: 2011
Páginas: 648
Editor: Edições Afrontamento
ISBN: 9789723611748
Coleção: Poesia / Antologia

Luís Graça disse...

Alberto, desculpa lá, troquei-te pelo António, teu mano, que esse sim andou comigo na guerra... Somos piras á tua beira... O Carlos Vinhal faz-me o favor de logo me corrigir...

Mas isto de "andar manco" (troquei uma "velha" por duas "canadianas" pode ajudar a explicar este "lapsus linguaew", este deslise linguístico...

Alberto. uma alfabravo! Luis

Luís Graça disse...

"Todos sabemos que, na Guiné, era proibida a presença das esposas dos militares, excepto em Bissau e em Bafatá. Recordo-me do caso daquela Senhora, que, roída de saudades do marido-alferes miliciano, atracou a Catió, mas foi remetida à procedência, tendo o marido sido autorizado a acompanhá-la até Bissau." (...)

Alberto, no meu tempo, havia mulheres de militares em Bambadinca (1969/71)... Quer ainda no tempo do BCAÇ 2852 (antes do ataque ao quartel de Bambadinca, em 28/5/1969), quer a seguir, no tempo do BART 2917 (1970/72)...

Furaram o esquema ? Não sei... Lembro-me que o alf mil António Carlão, meu camarada da CCAÇ 2590/CCAÇ 12, levou para lá a esposa, Helena... Já mão posso precisar em que data... Tinha, uma morança só para eles, dentro do perímetro militar de Bambadinca...

Da malta do comando e CCS/BART 2917, lembro-ne da Isabel, mulher do fur mil enf da CCS, o José Coelho (vivem em Beja), bem como da esposa (cujo nome não recordo) do major de operaçõões Barros Bastos....

Possivelmente foi este oficial superior que "abriu o precedente"...

Lembro-me ainda do Leão Lopes e da Cecílía (?): O Leão Lopes, ex-Furriel do BENG 447, é hoje um reputado pintor e cineasta em Cabo Verde, antigo Ministro da Cultura e Comunicações de Cabo Verde, Professor Universitário de Assuntos Africanos em França e, ao que suponho, actualmente Presidente da ONG ATELIER MAR em Cabo Verde)...

Mas havia mais: a companheira ou esposa do alf cav Braga Gonçalves, de seu nome Lucília (?)... (Não sei se estou a tyrocar os nomes, Lucília e Cecília)...

Em suma, se havia regras, também já havia cunhas...

manuel amaro disse...

Em Aldeia Formosa (Quebo), também residiram, por pouco tempo, no primeiro semestre de 1970, duas Senhoras, casadas com militares (Alferes e Segundo Sargento) da CCS do BCAÇ 2892.

Por pouco tempo, porque a guerra adormecida, explodiu, (mais dia, menos dia), assim que as Senhoras chegaram.

Perante a nova situação, as Senhoras tiveram que fazer uma retirada estratégica, para Lisboa, via Bissau.

Anónimo disse...

Luís

1 - Não só... mas também. E, além do mais, deixam tudo o "resto" na "penumbra".
2 - Bambadinca terá sido uma ... "extensão" de Bafatá (para quem não tivesse que ir fazer guerra perto ou... longe. A minha CART 1689 (baseada em Bambadinca durante + ou - 6 meses) foi fazer guerras ao OIO; entre a saída e o regresso passavam-se cinco/seis noites. LOCALMENTE, para além daquele... "ataque", que riscos de vida, preocupações e embaraços poderiam as Esposas causar a quem não tivesse que fazer defesa interna ou guerra próxima/afastada do aquartelamento onde estava o casal?
Nesses casos a chefia "fechava" os olhos(?).


António Rosinha

Essa conversa dos retornados ouvi, sim senhor, principalmente no princípio dos anos 60, mas eu falei de "guerra feminina" sem enfermeiras pára-quedistas...

Abraço para os dois
Alberto Branquinho


José Marcelino Martins disse...

Em Canjadude, entre Março e Maio de 1970, viveu no destacamento a esposa do capitão, que já tinha estado em Nova Lamego.
Sempre que havia necessidade de ir a Nova Lamego, a senhora tomava lugar no jeep e lá ia até à cidade.

Mais tarde, "por receita médica", veio para o destacamento a esposa de um furriel, uma vez que se encontrava bastante doente, tendo vindo a falecer.

Antº Rosinha disse...

Esposas professoras, funcionárias, empregadas comerciais, serviço na Intendência militar e ou simples donas de casa tratando das crianças, foram incentivos do governo para alguma repetições de comissões de Oficiais, Sargentos e uma ou outra praça.

Isto na minha guerra em Angola.

Claro que as más línguas dos colonos "generalizavam" nas críticas daí muitos oficiais e sargentos saíam de lá com um pó danado aos retornados.

Como tenho uma ideia própria sobre a guerra colonial e sobre África, penso que não podíamos ter feito melhor dentro daquilo que somos capazes.

Mas a conversa podia descambar para certa "economia doméstica" militar, e até é melhor auto-censurarmo-nos um pouco e pararmos.

Alberto, não foi só em 1961 que os colonos "tratavam" mal os pretos, quando foram retornados ´também "trataram" mal os brancos, e não sei se sabes que o ordenados sobrantes das conjuges também era transferido ao câmbio de 25%.

Anónimo disse...

António Rosinha

PÓIS!
Angola "era" muitaaaa grandeeee e guerra havia só... onde. O que mais havia era espaço, espaço, espaço... de "delícias dos trópicos" (em muito lugar e para quem não fosse de muitos requintes). Não sabia dessa do câmbio de 25%... mais uma delícia!
A Guiné era...
Alberto Branquinho


Luís Graça disse...

Claro que também havia mais alguma população feminina "de fora": por ex., a professora, que era caboverdiana...

A presença de "mulheres brancas", esposas de militares, não operacionais (com a exceção, anómala, da Helena, que o alf mil Carlão conseguiu trazer, não sei como!!!), em Bambadinca, não era "pacífica"...

O Carlão lá conseguiu,o felizardo, ir parar à equipa do grande reordenamento de Nhabijoes... e "sair da guerra"... E lá ficaram os desgraçados dos furrieis Antónioo Levezinho e Humberto Reis a comandar o 2º Gr Comb, numa companhia de intervenção com intensa atividade operacional... Mas na época, tal como hoje, manda quem pode e obedece quem... não tem outro jeito!...

Luís Graça disse...

Bambadinca não era decididamente um sítio decente para uma senhora... Por causa do "bestiário" da guerra... Não era sítio de "oficiais & cavalheiros"...

Leiam (ou releiam) esta "estória cabraliana", por sinal a primeira de uma série de saudosa memória... Quem a escreveu, deve ter emigrado, por que não dá mais sinais de vida... LG
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Estórias cabralianas (1) - A mulher do Major e o castigo do Cabral
por Jorge Cabral


Quando de Missirá me deslocava a Bambadinca, seguia sempre a mesma rotina. Primeiro visitava o Bar do Soldado, até porque aí tinha que liquidar as despesas alcoólicas efectuadas pelo meu Soldado Ocamari Nanque, que se encontrava preso.

Desta personagem, que depois passou a ordenança do Polidoro Monteiro, papel gordo do Biombo, ex-soldado na Índia, falarei um dia.

Feitas as contas, bem acompanhadas de várias libações e seguindo uma hierarquia ascendente, passava ao Bar dos Sargentos, onde continuava a matar a sede e só por fim aterrava no Bar dos Oficiais.

Naquele dia quando entrei fiquei surpreendido. Além do simpático e solícito barman, apenas uma branca jovem senhora ali se encontrava. Desconhecendo em absoluto de quem se tratava, reparei que a mesma ficou espantada com a minha aparição. (Na verdade o meu aspecto não era muito civilizado. Enlameado até ao peito – havia atravessado a bolanha de Finete, ostentava um estrambólico bigode e amparava-me num pingalim-bengala prateado).

Logo da porta encomendei:
- Rapaz, uma sandes de chocolate e um whisky quádruplo - e, vendo pelo canto do olho a reacção da dama, iniciei um absurdo monólogo sobre a minha dieta alimentar:
- Ando cheio de fome, os presuntos de macaco não me sabem a nada, a sopa de formigas causa-me azia, até a vinagrada de orelhas de turra me provoca urticária...

O espanto da jovem dera lugar ao pânico, até que entrou o Major, que vendo a mulher pálida e aterrada, se afligiu:
– Que tens, querida? Estás mal disposta? Olha, apresento-te o Alferes Cabral, de Missirá.
Não me estendeu a mão, nada balbuciou, saiu quase a correr…
Logo nessa noite recebi uma mensagem:
- Alferes Cabral proibido de se deslocar a Bambadinca, durante sessenta dias.

Cumprido o castigo voltei, mas nunca mais vi a mulher do Major. Contaram-me que a avisavam logo que eu entrava no quartel...

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http://blogueforanadaevaotres.blogspot.pt/2007/04/guin-6374-p1682-estrias-cabralianas-1.html

Luís Graça disse...

Alberto, é inevitável fazer-se "comparações".. Daí eu ter ido desenterrar uma das mais sracáticas "canções do Niassa"....

O "Fado das comparações" é um, canção que tudo indica foi inspirado no fado "Estranha forma de vida" (Letra e música: Afredo Duarte e Amália Rodrigues).

Reconhece-se nesta canção sarcástica sobre a privilegiada condição dos brancos moçambicanos e dos seus flhos e filhas uma das maiores contradições daquela guerra onde dificilmente se podia convencer um soldado da metrópole que estava a defender "o chão sagrado da Pátria"...

Noutro registo, era o mesmo tipo de crítica que nós fazíamos na Guiné - nós, os operacionais, a carne para canhão - aos privilegiados da guerra do ar condicionado, instalados no relativo conforto e na precária segurança de Bissau...

Recorde-se que na Guiné não havia colonos, muito menos civis brancos, a única empresa que se podia chamar "colonial" era a Casa Gouveia, ligada à CUF - Companhia União Fabril, mas que ficou praticamente inativa com o início da guerra).

A palavra "lerpar" era utilizada pelas nossas tropas, da Guiné a Moçambique, com o mesmo sentido de perda: morrer, ser ferido, perder qualquer coisa, apanhar um castigo, ser escalado, etc. LG

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Fado das comparações

Que estranha forma de vida!
Que estranha comparação!
Vive-se em Lourenço Marques, (Bis)
Cá arrisca-se o coirão!

Vida boa, vida airada!
Boites, é só festança!
Lá não se fala em matança, (Bis)
Nem turras; há só borgadas.

Niassa, pura olvidança!
Guerra, como és ignorada!
Conversa que é evitada, (Bis)
P'los que vivem n'abastança!

Falar na nossa desdita
Fica mal e aborrece!
E como lembrar irrita, (Bis)
Toda a gente a desconhece!

Ao passar pela cidade,
Com tanta tranquilidade,
Deu-me [pr'a] comparar
Meninas com mini-saias!
Mandai-as p'ras nossas praias
P'ra manobra de atacar!

Hippies com carros GT's,
Mandai-os para as Berliets,
Tirai-lhes as modas finas,
Melenudos efeminados
Eram bem utilizados
P'ra fazer rebentar minas!

Bem como essas tais meninas
Que, apesar de enfezadinhas,
Mas com ar da sua graça
Serviriam muito a jeito
Para aliviar a dor do peito,
Cá da malta do Niassa.

Mas não, só por pirraça,
Hão-de lá continuar!
E nós temos de lerpar,
Invertem-se as posições!
E trocam-se as situações!
Continuamos a aguentar!

Nós, sem sermos desejados,
Ficamos cá apanhados
Aos urros, num desvario!
Eles, os daqui naturais,
Gastando dinheiro aos pais
Vão p'ra p... que os pariu!

Acabe-se com a tradição!
Entre-se em mobilização!
Utilize-se a manada!
Dentro de poucas semanas,
Como quem come bananas,
Estará a Guerra acabada.

Hélder Valério disse...

Caros camaradas

Sou um "fã" do Branquinho e dos seus escritos.
Começou com aquela parte da série "não vou falar de mim nem do meu umbigo". Acho, sinto, que 'apanhei o sentido da coisa'.
Depois descobri que temos mais algumas coisas em comum: por exemplo ele tem um humor fino, estilo "pantera dor-de-rosa" que aprecio e até me esclareceu sobre os autores de uma colectânea de poesia que eu uma vez citei.

Por isso, relativamente ao conteúdo deste 'post', pelo menos ao sentido que foi tomando, atrevo-me a discordar.

Não das observações que faz sobre a possibilidade de essas "sensibilidades femininas" fantasiarem sobre as acções de guerra. Mas do título e sub-título pode-se tirar todo um sentido crítico negativo focalizando-se apenas nas questões de "não há dúvida: foi 'aquela' guerra! 'aquela experiência'.

Na verdade, a 'guerra guerreada', das emboscadas, nomadizações, golpes de mão, assaltos, confrontes, tiroteios, minas, flagelações, etc., se for referida por mulheres que não passaram por essas experiências directas não passará de basófia. No entanto, algumas, poucas, tiveram pequenas experiências de se integrarem em colunas de transportes, estiveram em locais alvo de ataques e podem referir as sensações que tiveram.
Sabemos que as realidades de Angola e Moçambique eram diferentes da Guiné. A relativa pequenez do território guineense e o facto de todo ele ser considerado zona de guerra induzem a que as mulheres que estiveram em Bissau, por exemplo, possam e devam falar das suas experiências, das suas sensações. Não vejo mal nisso.

Por outro lado não deixa de ser verdade que "a guerra (colonial) no feminino" tem toda a legitimidade para ser considerada.
As mulheres que ficaram cá (avós, mães, irmãs, primas, namoradas, mulheres, amigas, madrinhas) sofreram a seu modo. A guerra também lhes tocou.
Quando estávamos lá sabíamos como estávamos. Cá, fantasiava-se. Cá sofria-se por pouca ou falta de informação. Sofria-se por antecipação.

Abraço
Hélder S.

Henrique Cerqueira disse...

SÓ tretas
Em 1972,72 e 74. Em Bissorã estiveram pelo menos cinco esposas de militares, Um a de um Capitão da ccs, outra de um Alferes miliciano me e meu amigo, outra de um furriel miliciano que sou eu e mais uma de um soldado da ccs. Isto para seguir a ordem por patentes. Nunca nos foi manifestada qualquer proibição ou entraves. Apenas algumas reticências em relação a viverem na mesma casa pessoal de patentes diferentes.Mais ainda eu pedi por escrito ao comando chefe de Bissau a possibilidade da viajem de avião para a minha mulher e filho ser nos TAMs e embora sujeito ás datas estabelecidas pelo exercito essa viagem de ida foi concedida ,só não sendo aproveitada porque entretanto um camarada e amigo Alferes veio casar á metrópole e resolveu levar a sua esposa para Bissorã e tiveram de ir na TAP e aí fizeram a viagem todos juntos para a guiné ,tal como já narrei num poste deste blogue em que fizeram a viagem de Bissau até Bissorã dentro de uma automaca militar.
Já agora e ainda no meu Batalhão um outro camarada e amigo Alferes miliciano levou para Inquida que era um pequeno destacamento entre Biambe e Encheia a sua esposa e tudo correu pelo melhor.
Há malta que conta muita estória ,mas é só na onda dos dis que disse . Há ainda malta que ultimamente anda por aqui a fazer alguns comentários que cheiram um pouquito a mofo....
Henrique Cerqueira

Anónimo disse...

Luís
Pensei estivesses já (e só) a andar pelo teu próprio pé. Não sabia que a recuperação fosse tão demorada.
Sabes que o 14 de Junho de Monte Real coincide com o almoço do meu Batalhão e o teu primo Horácio vai sempre? Pensava convidar-te, mas, com Monte Real, é impossível.
Não conhecia essa história do Jorge.

Hélder
Toda essa escrita sobre o ambiente de guerra-longe e sobre os sofrimentos/preocupações/anseios daqueles/daquelas que estavam no que se chamava "retaguarda" (próxima ou distante) não é, propriamente, "literatura da guerra colonial", é análise sociológica desse estado de coisas (ou, quando muito, literatura resultante dessa mesma vivência-longe).

Henrique Cerqueira
1972/1974.
Pois muito me contas. Não sabia.
Parafraseando o Juca Chaves: "Evoluiu muito aquela cidade".
(Sem o sentido pejorativo em que ele utilizou essa frase, claro).

Abraço para todos
Alberto Branquinho

Antº Rosinha disse...

...guerreiros” (perigosíssimos!), onde as mulheres, com seus maridos, podiam e eram autorizadas a aboletar-se... gozando as delícias dos trópicos.

O Alberto Branquinho, não sei onde foi buscar isto, mas esta frase retrata uma "nuance" da guerra do Ultramar, que não atinge aquelas que corriam os riscos como a esposa de Henrique Cerqueira.

Aqueles militares que como Henrique Cerqueira se arriscavam daquela maneira, não tem nada a ver com aquela do "aboletar-se" ...gozando as delícias dos trópicos.

Isso foram previlégios de uma minoria, mas existiram mesmo.

Em Angola, principalmente, que era afinal por aquilo que se lutava.

Henrique Cerqueira disse...

Alberto Branquinho
Na realidade a convivência em Bissorã com as senhoras esposas de militares tanto com a população civil como com a população militar era extremamente correta e educada de parte a parte. E já agora á laia de informação todas as senhoras que lá estavam não recebiam qualquer tratamento diferenciado estando as mesmas sujeitas a todos os riscos inerentes ao clima de guerra que se vivia assim como a todas as necessidades materiais a que estaria habitada fora da Guiné.É com muito agrado que afirmo que o povo de Bissorã era muito educado e respeitador e nem se notava qualquer tipo de servilismo nas pessoas que nos "serviam" embora que eram pagas para isso. Se isso se chama "EVOLUÇÃO" sim eram pessoas EVOLUIDAS que nos deram a mim e á minha mulher grandes lições de vida e sobrevivência. Muita gente é que ia para África com ideias pré concebidas mas depois as dificuldades que se apresentavam alteravam as suas ideias. Eu arrisquei a vida da minha mulher e filho no entanto hoje em dia temos tanto para recordar que faz pensar que valeu a pena . Já agora só nos finais de 1973 é que em Bissorã a escola recebeu professoras civis e eram três ou quatro jovens Guineenses, nunca cargos ocupados por senhoras familiares de militares.
Um abraço
Henrique Cerqueira

Anónimo disse...

Luís Amigo!

Ainda não emigrei...No blogue já fui rendido...

Abração.

J.Cabral

Anónimo disse...



No melhor sentido fiquei surpeendido com este poste porque à 4 ou 5 dias enviei um outro para possível publicação, ao nosso amigo Carlos Vinhal, meu camarada em Mansabá, onde falo entre outros assuntos, da experiência dificil da esposa do alferes médico, também médica, no nosso quartel. Quando me lembrei dessa senhora, estranhei que não ter encontrado
já uma abordagem sobre o mesmo tema no nosso blogue.
Possivelmente já terá havido, doutra forma será uma coincidência temporal. De qulquer forma os meus cumprimentos a todas essas senhoras que tiveram a coragem de enfrentar os medos do desconhecido e da guerra para estar com os maridos.

Um abraço a todos
Francisco Baptista