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domingo, 2 de novembro de 2025

Guiné 61/74 - P27376: Humor de caserna (219): Heróis de quatro patas que bem mereciam uma cruz de guerra: Bambadica, 1963, o Lobo e a sua matilha de cães rafeiros (Alberto Nascimento, ex-sold cond auto, CCAÇ 83, 1961/63)




Cartoon: adaptação e edição por Chat Português (GPT-5 Thinking mini). Disponível em https://gptonline.ai/. Ideia original: LG sob imagem original de João Sacoto  / Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné.



Guiné > Zona Leste > Sector L1 > Bambadinca > CCAÇ 12 > Meados de 1969 > Um periquito em Bambadinca, ao tempo do BCAÇ 2852 (1968/70),   o editor deste blogue, quando noutra incarnação foi Fur Mil Armas Pesadas Inf, pertencente à subunidade de intervenção CÇAÇ 2590 / CCAÇ 12... Nas suas costas, a grande bolanha de Bambadinca... (Bambadinca ficava num morro, 30 e tal metros acima do mar, tendo a Norte o rio Geba e a Sul a bolanha.)

Um anos depois, já após a chegada do BART 2917, os cães vadios enxameavam a parada do aquartelamento e tornavam-se um pesadelo, à noite, não deixando ninguém dormir... (Dentro do aquartelamento, ou do perímetro de arame farpado ficavam ainda as instalações civis: posto administrativo, escola primária, missão católica capela, reservatório de água, etc.)

Foi na sequência dessa situação que se decidiu preparar e executar a Op A Noite das Facas Longas, de que resultou talvez a maior mortandade em canídeos de toda a guerra da Guiné... Como tantas outras ações das NT, esta não ficará certamente para a História, mas já aqui foi evocada e sumariamente contada (*).

Foto (e legenda): © Luís Graça (2008). Todos os direitos reservados. [Edição: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


    

O boxer Toby, um cão
que foi um bravo
combatente,
mais do que mascote.

Foto do João Sacôto.
1. Os cães também fazem parte da nossa "pequena história", ou das nossas "pequenas histórias" que pouco ou nada irão interessar à História com H grande. 

Temos pelo menos dez referências a este descritor. Até tivemos "cães de guerra". CCAÇ 763, "Os Lassas" (Cufar, 1965/67) teve "cães de guerra". Tinha uma secção cinotécnica. Mas a sua utilização, eficaz e eficiente, naquela guerra e naquele terreno, deparou-se com vários obstáculos. E a experiência foi abandonada. O maior inimigo do cão de guerra ainda era, afinal, o macaco- cão. Quando se encontravam no mato, não havia quem os segurasse.

Mas dalemos de outros cães que, à partida, não foram treinados para operações de guerra. E que mesmo assim participaram na guerra. 

Se há uma cão que merecia uma cruz de guerra, era o Toby, ferido em combate, bravo e leal companheiro do nosso João Sacôto e do seus camaradas da CCAÇ 617 (Catió, 1964/66) (**).

Cães que foram, mais prosaicamente, mascotes iu animais de companhia certamente os houve, na Guiné, ao longo da nossa guerra, um pouco por toda a parte. 

De um lado e do outro. O IN também os tinha, nas "barracas"  e tabancas", com a missão de o alertar da chegada das NT, no mato. 

Alguns dos nossos cães, infelizmente, como o Boby e o Chicas, que viveram connosco em Bambadinca, acabaram por ser vitimas do "fogo amigo" (*).

 Mas falando de cães que conviveram connosco, temos  de lembrar aqui, mais uma vez, nem que seja em registo  humorístico (***), o Lobo (também um Boxer)   e a sua matilha de cães rafeiros que no início  oficial da guerra, no 1º trimestre de 1963,  terão abortado  um ataque do IN a Bambadinca, ao tempo 
do Alberto  Nascimento, ex-sold cond auto, CCAÇ 84 (Bambadinca, 1961/63).
 

O Lobo e a sua matilha de cães rafeiros

por Alberto Nascimento


Alguém apareceu um dia no quartel, com dois cachorros recém desmamados, que foram imediatamente adotados e batizados com os nomes de Gorco, ele, e Djiu, ela.

Adaptaram-se facilmente ao hotel e, quando começaram a vadiar pelas imediações, devem ter feito grande publicidade porque passado pouco tempo veio outro e mais outro e mais uns quantos, até perto da dezena de rafeiros que, agora bem nutridos, não mostravam vontade nenhuma de voltar à antiga vida de privações e maus tratos.

Mais tarde, o tenente Castro, comandante do destacamento, juntou à matilha um boxer, o Lobo que, pelo seu pedigree, foi aceite como comandante da tropa canina, que passou a segui-lo para todo o lado.

Embora alguns dos rafeiros se desenfiassem durante algumas horas de dia, a hora das refeições e a pernoita eram sagradas e, após a última refeição, esparramavam-se num espaço entre as duas construções que constituíam o quartel, formando uma roda de cães no meio da qual, não sei se por estratégia, se acomodava o Lobo.

Uma noite, estava eu num posto guarda a trocar umas palavras com o sargento Leote Mendes, quando o Lobo se levantou subitamente e saiu a grande velocidade, seguido com grande algazarra pelo resto da matilha. 

Atravessaram a estrada e durante algum tempo continuámos a ouvir um barulho infernal, sem conseguirmos compreender o que se estava a passar, até que os latidos cessaram e pudemos vislumbrar o regresso da matilha.

Ficámos preocupados a pensar que a reacção dos cães se devia à passagem de algum viajante, já que era hábito quando a distância a percorrer era grande, fazerem os percursos de noite a pé enquanto mastigavam noz de cola e mais preocupados ficámos quando vimos que o Lobo trazia na boca um cantil de plástico cheio de leite. 

Deduzimos e desejámos que alguém tivesse tido a ideia de desviar a atenção dos cães, das suas canelas para o cantil de leite, largando-o enquanto fugia.

Depois da operação de Samba Silate (****), alguns prisioneiros disseram que nessa noite o quartel estava já cercado e seria atacado, não fora o alarme dado pelos cães, o que os levou a pensar que factor surpresa já não surtiria efeito.

Felizmente para nós, enganaram-se. Não sei que armas traziam mas a nossa surpresa ia com certeza ser grande. Nunca se soube com certeza absoluta, eu pelo menos não soube, com que apoios esta operação contava do exterior e do interior do quartel, mas um dia depois, um cabo indígena de Bafatá que reforçava o nosso destacamento, desertou.

Depois deste episódio, que recordamos sempre nos nossos encontros anuais, a matilha começou a desaparecer. 

Uns nunca mais voltaram ao quartel, outros voltaram doentes, acabando por morrer por envenenamento e nós passámos a redobrar a nossa atenção aos sistemas de vigilância e defesa, que dependiam mais de nós que do equipamento que possuíamos, na altura limitado às G3, granadas e uma metralhadora fixa num ponto estratégico.

Todos os camaradas que estavam na altura em Bambadinca sabem, julgo eu, o que ficaram a dever àqueles animais que, por acção indirecta, acabaram por ser as únicas vítimas, pelo seu natural instinto de guardiães e defensores de um território, que também era seu.


Alberto Nascimento

 
(Revisão / fixação de texto, títiulo: LG)

2. Ficha deunidade: CCAÇ 84

Companhia de Caçadores nº 84
Identificação:  CCaç 84
Unidade Mob: RI 1 - Amadora
Crndt: Cap Inf Manuel da Cunha Sardinha | Cap Mil Inf Jorge Saraiva Parracho
Divisa: -
Partida: Embarque em 06Abr61 e 09Abr61; desembarque em 06Abr61 e 09Abr61 | Regresso: Embarque em 12Abr63

Síntese da Actividade Operacional

Foi colocada em Bissau, onde manteve a sua sede durante toda a comissão, inicialmente na dependência directa do CTIG e depois integrada no BCaç 236.

A partir de 24Ag061, destacou efectivos da ordem de pelotão e secção para várias localidades, nomeadamente para Teixeira Pinto, Farim, Mansabá e Bambadinca, em missão de soberania e segurança das populações, onde foram atribuídos aos batalhões responsáveis pelos sectores respectivos.

A partir de 15Fev62, embora mantendo o comando em Bissau, os pelotões foram todos atribuídos a outros batalhões, instalando-se em Empada, em reforço do BCaç 237 em Piche e Nova Lamego, com secções destacadas em Buruntuma, Pirada e Nova Lamego, em reforço do BCaç 238 e continuando um pelotão estacado em Bambadinca, em reforço do BCaç 238.

Em 01Abr63, a subunidade foi toda reagrupada em Bissau, a fim de aguardar o embarque de regresso.

Observações - Não tem História da Unidade.

Fonte:  Fonte: Excerto de Portugal. Estado-Maior do Exército. Comissão para o Estudo das Campanhas de África, 1961-1974 [CECA] - Resenha Histórico-Militar das Campanhas de África (1961-1974). 7.º volume: Fichas das Unidades. Tomo II: Guiné. Lisboa: 2002, pág, 305.

(***) 30 de outubro de 2025 > Guiné 61/74 - P27365: Humor de caserna (218): Análise interpretativa da história de Fernandino Vigário, "O jovem alferes graduado capelão, cheio de sangue na guelra, que queria ensinar o padre nosso ao...Vigário"


(...) " a CCAÇ 84, três meses depois de aterrar no aeroporto de Bissalanca, foi literalmente fragmentada e enviada para os mais diversos pontos do território, tendo o meu pelotão tido como último destacamento, entre Novembro de 1962 e 7 ou 8 de Abril de 1963, Bambadinca, sob o Comando de Bafatá.

"O primeiro destacamento, ainda em Julho de 1961, foi para Farim, após os primeiros e ainda pouco violentos ataques a Bigene e Guidaje. Seguiu-se o destacamento de Nova Lamego, conforme é dito no seu blogue (P 1292 - Contributos) onde o pelotão foi dividido por Buruntuma, Piche e Canquelifá.

"Só estou a mencionar o 1º pelotão da Companhia, porque à grande maioria dos camaradas dos outros pelotões só voltei a ver nos dias que antecederam o embarque para a Metrópole.

"Como a memória se perde no tempo por indocumentação, ou porque a essa memória se teve medo de atribuir qualquer importância (existiam e ainda existem muitos complexos sobre a guerra colonial), resolvi dar o meu contributo para esclarecer uma dúvida colocada no seu blogue, sobre quem teria participado nos massacres de Samba Silate e Poindom, no início de 63.

"Sem conseguir precisar o mês, um dia soubemos que a PIDE estava em Bambadinca para deter o padre António Grillo, italiano da Ordem Franciscana, acusado - não sabíamos se por denúncia, se por investigação - de colaborar, proteger, e fornecer alimentos a elementos do PAIGC, a partir de Samba Silate" (...).

sábado, 8 de outubro de 2022

Guiné 61/74 - P23683: Companhias e outras subunidades sem representantes na Tabanca Grande (6): CART 240, mobilizada pelo GACA 2 (Bissau, Varela, Susana, Quinhámel, jul61 / out63)


Torres Novas > GACA 2 > Fevereiro de 1960 > Da esquerda para a direita: três aspirantes a oficiais milicianos [1- O nosso Jorge Picado; 2- Trancas de Carvalho (colega do ISA - Instituto Superior de Agronomia); 3-Almada Negreiros] e um alferes QP (, o quarto, no lado direito). (*)

Foto do álbum do Jorge Picado, que dez anos  depois seria mobilizado para o CTIG como cap mil (CCAÇ 2589/BCAÇ 2885, Mansoa,  CART 2732, Mansabá e CAOP 1, Teixeira Pinto, 1970/72).

Foto (e legenda): © Jorge Picado  (2014). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


1. Temos muito poucas referências ao GACA 2 (Grupo de Artilharia Contra Aeronaves nº 2), em Torres Novas. E menos ainda à CART 240, que foi por ele mobilizada.  

Desta subunidade, não temos nem uma única imagem, nem sequer do brasão ou guião. Nem sabemos qual era a sua divisa... 

Não temos também nenhum representante, desta subunidade que foi reforçar o CTIG, em meados de 1961. 

No entanto, sabemos que os ex-militares da CART 240 se terão encontrado, em 15 de junho de 2010, em Torres Novas, no seu 14.º Convívio. O organizador era o António Pereira (contactos: 249 825 476 – 939 375 240). A notícia foi dada pelo blogue "Leste de Angola", em 17 de abril de 2010. E nós lemos a notícia, tardia, no Arquivo.pt.

No GACA 2, em fevereiro de 1960, por lá andou o nosso querido amigo e camarada, Jorge Picado, a dar recruta... (*)


Companhia de Artilharia n.º 240 

Identificação:  CArt 240

Unidade Mob: GACA 2 - Torres Novas
Cmdt: Cap Art Manuel Fernando Ribeiro da Silva | Cap Mil Inf António Gomes de Oliveira e Sousa

Divisa: 

Partida: Embarque em 30jul61; desembarque em 30jul61 | Regresso: Embarque em 19out63


Síntese da Actividade Operacional

Foi colocada em Bissau, onde manteve a sua sede durante toda a comissão, sendo integrada no dispositivo e manobra do BCaç 236, a fim de colaborar na segurança e defesa das instalações e das populações da área.

Em princípios de fev62, destacou um pelotão para guarnecer a povoação de Varela, em substituição da CCaç 74, o qual ficou integrado no dispositivo do BCaç 239.

Em finais de fev63, o pelotão foi transferido para Susana, recolhendo a Bissau no mês seguinte.

A companhia destacou ainda pelotões para Quinhámel, de princípios de agosto de 62 a meados de setembro de 62 e novamente a partir de abr63, e para Nhacra, a partir de meados de jul63.

De 1 a 27jun63, foi atribuída em reforço do BCaç 356, com vista à realização da operação "Seta", na região do Quínara, nas áreas de Iusse, Bissássema, Nova Sintra e Jabadá.

Em 180ut63, foi rendida pela CArt 564, a fim de efectuar o embarque de regresso. (**)

Observações - Não tem História da Unidade.

Fonte: Excertos de Portugal. Estado-Maior do Exército. Comissão para o Estudo das Campanhas de África, 1961-1974 [CECA] - Resenha Histórico-Militar das Campanhas de África (1961-1974). 7.º volume: Fichas das Unidades. Tomo II: Guiné. Lisboa: 2002,. pág. 433
_________

Notas do editor:

(*) Vd. poste de 23 de março de 2014 > Guiné 63/74 - P12891: A cidade ou vila que eu mais amei ou odiei, no meu tempo de tropa, antes de ser mobilizado para o CTIG (24): Um longo percurso que começou em Vendas Novas, passando por Cascais, Torres Novas, Queluz, Lisboa, acabando em Mafra (Jorge Picado)

(**) Último poste da série > 2 de outubro de 2022 > Guiné 61/74 - P23661: Companhias e outras subunidades sem representantes na Tabanca Grande (5): CCS / BCAÇ 697 (Fá Mandinga, 1964/66)

segunda-feira, 15 de janeiro de 2018

Guiné 61/74 - P18214: Pelotões de Morteiros mobilizados para o CTIG: elementos históricos e estatísticos (Jorge Araújo)



 Oito símbolos de Pelotões de Morteiro (retirados da Net) que ainda não têm referências no nosso blogue 

Os modelos de Morteiros usados no CTIGuiné foram: o morteiro médio Brandt de 81mm (francês), imagem acima, e o morteiro 10,7 cm (americano).

Sobre o primeiro modelo consultar, também, o sítio Museu da Vitória - Brigadeiro Nero Moura




Jorge Alves Araújo, ex-fur mil op esp/ranger,  CART 3494 (Xime-Mansambo, 1972/1974)


PELOTÕES DE MORTEIROS MOBILIZADOS PARA A GUINÉ (1961-1974) - ELEMENTOS HISTÓRICOS E ESTATÍSTICOS [CORRIGIDOS E AUMENTADOS]

por Jorge Araújo



1. INTRODUÇÃO

Na condição de ex-combatente miliciano no TO do CTIGuiné (1972/1974), determinada pela conjuntura política vigente nesse tempo ou nessa época, cativa-me participar neste plenário virtual (electrónico) a que o seu fundador deu o nome de «Tabanca Grande». E é Grande, de facto, como provam os dezoito mil postes contabilizados no dia em que se atingiu a expressiva cifra de dez milhões de visitas ou visualizações (21Nov2017 às 18h47). Pela quantidade do seu valioso espólio estamos perante um verdadeiro Serviço Público aberto a todas as comunidades… e que continua o seu processo de crescimento.

Por outro lado, como membro tertuliano e comungando dos mesmos objectivos didácticos do seu colectivo, cativa-me também poder partir da percepção do já acontecido, do já sentido e do já divulgado ou publicado, e adicionar-lhe algo mais, o que anda disperso, ou aquilo que resulta do seu aprofundamento, estudo ou investigação nesta área – a da ciência militar – da qual possuo uma reduzida competência teórica.

Dito isto, o presente trabalho nasce de um desejo/pedido do editor e camarada Luís Graça endereçado
ao nosso novo Tabanqueiro (761.º), Carlos Vieira, ex-fur mil do Pel Mort 4580 (Bafatá, 1973/74), a quem envio um abraço de boas vindas. O pedido foi formulado no P17993, em comentário, nos seguintes termos… “Carlos, quantos Pelotões de Morteiro passaram pelo TO da Guiné, entre 1961 e 1974? Podemos saber, mas para já só temos referências a 19 Pel Mort, e nalguns casos muito escassas…”.

Sem prejuízo da participação do camarada Carlos Vieira neste ou noutros temas, pois será sempre bem-vindo, o que acontece é que este estudo, sobre este mesmíssimo levantamento, eu há já algum tempo o tinha realizado.

Ao estruturar o presente texto, encontrei um trabalho académico semelhante, mas mais completo pois incluía os três TO, realizado por um estudante da Academia Militar que, como é do conhecimento público, é uma Unidade Orgânica Autónoma do Instituto Universitário Militar.

Trata-se do “Relatório Científico Final do Trabalho de Investigação Aplicada” com o título: «Estudo estatístico sobre a mobilização de unidades da Arma de Infantaria durante a Guerra de África (1961-1974)», sendo seu autor o Aspirante de Infantaria José Luís Pires Ferreira, estudo concluído em Julho de 2015 (capa ao lado).

Ao confrontar este trabalho académico com o meu, constatei existiram discrepâncias nas estatísticas, pelo que hesitei sobre qual deles deveria fazer uso neste fórum: o académico ou o meu. Mas, enquanto membro da academia, na qualidade de docente universitário, não podia aceitar que se continuasse a manter os erros históricos e estatísticos, por uma questão de princípio deontológico (a segunda condição).

Assim, partindo da mesma premissa temática, decidi acrescentar o que estava em falta, e corrigir o que não estava bem, apresentando a competente justificação para cada caso. Por este facto, espero ser perdoado pelo Oficial de Infantaria José Ferreira.

Este seu trabalho pode ser consultado no poprtal RCAAP - Repositórios Científicos de Acesso Aberto de Portugal


2. O PORQUÊ DESTA INVESTIGAÇÃO

José Ferreira, autor do estudo, no ponto 1.2 - Importância da investigação e justificação do tema -, refere que “dos trabalhos publicados em Portugal sobre a história da guerra de África (1961-1974), nenhum abordou a mobilização das unidades da Arma de Infantaria, que foram constituídas no dispositivo territorial do Exército, do Continente, da Madeira e dos Açores, e depois enviadas para os três Teatros de Operações.

O estudo publicado pela comissão para o estudo das campanhas de África (CECA) e a obra “Os anos da guerra Província Ultramarina” [“Os Anos da Guerra Colonial”] da autoria de Carlos de Matos Gomes e Aniceto Afonso, reúnem dados e analisam diversas dimensões sobre a guerra, mas não foram estudos dedicados especificamente à mobilização. Julgamos pertinente analisar o esforço de mobilização para cada um dos TO, a sua evolução ao longo do período da guerra, bem como aspetos particulares sobre a tipologia das unidades mobilizadas pela Arma de Infantaria.

O presente trabalho visa revelar conhecimento novo e permitir retirar conclusões sobre os períodos de maior ou menor esforço de mobilização para cada TO, bem como conhecer a tipologia de unidades mais utilizadas durante o conflito ultramarino detalhando este processo, relativamente a cada um dos três TO. Este trabalho vem assim enriquecer o historial da Arma de Infantaria.

2.1 RESUMO DA INVESTIGAÇÃO

No trabalho de Investigação Aplicada acima referido, José Ferreira apresenta-o fazendo um resumo do que nele aborda. “Através desta investigação pretende-se caracterizar a tipologia das unidades mobilizadas pela Arma de Infantaria, com base no recrutamento e mobilização feito em Portugal continental e nos arquipélagos dos Açores e Madeira, bem como compreender o esforço de mobilização realizado por esta arma, quer através do ritmo de mobilização ao longo do período da guerra, quer ao nível das unidades territoriais que mobilizaram forças durante a guerra para cada um dos Teatros de Operações [TO], durante o período em estudo. É de relevante pertinência a realização desta investigação, pela possibilidade de retirar conclusões sobre os períodos de maior e menor esforço de mobilização (não considerando as unidades de intervenção e as de guarnição normal) em cada Teatro de Operações bem como conhecer a tipologia das unidades empenhadas durante o conflito ultramarino”.

2.2 MOBILIZAÇÃO DE PELOTÕES DE MORTEIROS PARA A GUINÉ

Encontrando-se o trabalho organizado por TO, no ponto 5.5 é apresentada a competente estatística, relativa à Guiné, de modo diacrónico (figura 25) e comentados os resultados obtidos.

Assim, segundo o autor, “o início da mobilização de PelMort iniciou-se em 1962 [errado] e até 1967 o ritmo de mobilização foi pouco variável. Em 1969 ocorreu a maior mobilização desta tipologia, nove unidades foram enviadas para o TO da Guiné [errado]. [Omite 1970]. A partir de 1971 até 1973 o número de unidades mobilizadas foi sempre decrescente. Pela análise do gráfico seguinte verifica-se que foram mobilizados 60 PelMort [errado].

        _____________________________________________________________________________

Ferreira, José L. P. - «Estudo estatístico sobre a mobilização de unidades da Arma de Infantaria durante a Guerra de África (1961-1974)», op.cit. p 43.




2.3 ELEMENTOS HISTÓRICOS E ESTATÍSTICOS CORRIGIDOS

De seguida, apresentar-se-ão quadros estatísticos por anos, retirados do capítulo dos «Apêndices» [AP-37/38], onde se assinala as discrepâncias encontradas entre as duas investigações, a académica (Academia Militar) e a empírica (a minha).

Como elementos de prova, indicam-se as respectivas fontes.






"Diário do Alentejo", 18 de julho de 1961

Fonte: Blog BC 236, Guiné 61/63 (com a devida vénia)






Breve história do Pelotão de Morteiros 2138

“Tudo começou no dia 2 de Junho de 1969 em Chaves, sendo a unidade mobilizadora do Pelotão de Morteiros 2138 o Batalhão de Caçadores 10. Até ao dia 5 de Julho decorreu a instrução de adaptação operacional [IAO] na região de Boticas. De 7 a 16 de Julho foram gozados dez dias de licença antes do embarque para o então chamado Ultramar Português. No dia 17 teve início a segunda parte do IAO estando previsto para o dia 30 de Julho, no navio “Índia” o embarque para a Guiné, tendo o mesmo sido adiado para 13 de Agosto por avaria no navio. A viagem fez-se a bordo do navio “Uíge”, com chegada à Guiné no dia 18 e desembarque a 19 de Agosto de 1969 pela manhã”

[http://pelotaodemorteiros2183.blogs.sapo.pt/1706.html (de notar que os últimos dois algarismos do número do pelotão estão invertidos)].





Aproveitando o texto que serviu de base à análise estatística da figura 25, esta poderia ser, em função das correcções, a seguinte:

“O início da mobilização de PelMort iniciou-se em 1961 e até 1967 o ritmo de mobilização foi pouco variável. Em 1969 ocorreu a maior mobilização desta tipologia, dez unidades foram enviadas para o TO da Guiné. Em 1970 a mobilização foi atípica só com duas unidades. A partir de 1971 até 1973 o número de unidades mobilizadas foi sempre decrescente. Pela análise do gráfico seguinte verifica-se que foram mobilizados um total de 63 PelMort.


____________________________________________________________________________

Fonte: Adaptado de: Ferreira, José L. P. - «Estudo estatístico sobre a mobilização de unidades da Arma de Infantaria durante a Guerra de África (1961-1974)», op.cit. p 43.



3. PELOTÕES DE MORTEIROS MOBILIZADOS PARA A GUINÉ (1961-1974) COM E SEM REFERÊNCIAS NO NOSSO BLOGUE

Contabilizado, até à presente data, o número de Pelotões de Morteiro referenciados no blogue da «Tabanca Grande», este é igual a 19 (dezanove), a que corresponde uma percentagem de 30.2%, quando comparado com o universo dos Pelotões de Morteiros mobilizados para a Guiné (1961/1974). Com mais cinco unidades atingiremos 1/3.

A) - Pelotões de Morteiros com referências no Blogue (ñ19=30.2%)

16 – 17 – 19 – 912 – 942 – 1192 – 1208 – 1209 – 1242 – 2005 – 2106 – 2117 – 2138 – 2268 – 2297 – 4275 – 4574 – 4575/72 – 4580.

Pel Mort 1028 (1)
Pel Mort 1192 (4)
Pel Mort 1208 (2)
Pel Mort 1209 (2)
Pel Mort 1242 (2)
Pel Mort 16 (1)
Pel Mort 17 (1)
Pel Mort 19 (27)
Pel Mort 2005 (2)
Pel Mort 2106 (12)
Pel Mort 2117 (1)
Pel Mort 2138 (3)
Pel Mort 2268 (9)
Pel Mort 2297 (1)
Pel Mort 4275 (9)
Pel Mort 4574 (31)
Pel Mort 4575/72 (3)
Pel Mort 4579 (1)
Pel Mort 4580 (6)
Pel Mort 4581 (1)
Pel Mort 912 (27)
Pel Mort 942 (8)

B) - Pelotões de Morteiros sem referências no Blogue (ñ44=69.8%)

18 – 41 – 916 – 917 – 918 – 978 – 979 – 980 – 1028 – 1029 – 1039 – 1040 – 1041 – 1042 – 1085 – 1086 – 1087 – 1191 – 1210 – 1211 – 2004 – 2005 – 2006 – 2105 – 2114 – 2115 – 2116 – 2172 – 2173 – 2174 – 2267 – 2294 – 2295 – 2296 – 3020 – 3030 – 3031 – 3032 – 4272 – 4273 – 4274 – 4277 – 4579 – 4581.

Aproveito esta oportunidade para reproduzir oito símbolos de Pelotões de Morteiro (retirados da Net) que ainda não têm referências no nosso blogue [, vd.  imagens no topo deste poste], com a expectativa e/ou esperança de, num futuro próximo, possamos receber algumas histórias das suas passagens pelo CTIG, pois aconteceram em locais e épocas diferentes. Aguardemos!


Obrigado pela atenção.
Com forte abraço de amizade,
Jorge Araújo.

27NOV2017.