[António Rosinha, foto à esquerda, 2007, Pombal, II Encontro Nacional da Tabanca Grande:
(i) beirão, tem mais de 100 referência no nosso blogue;
(ii) é um dos nossos 'mais velhos' e continua ativo, com maior ou menor regularidade, a participar no nosso blogue, como como autor e comentador;
(iii) andou por Angola, nas décadas de 50/60/70, do século passado;
(iv) fez o serviço militar em Angola, sendo fur mil, em 1961/62;
(v) diz que foi 'colon' até 1974 e continua a considerar-se um impenitente 'reacionário';
(vi) 'retornado', andou por aí (, com passagem pelo Brasil), até ir conhecer a 'pátria de Cabral', a Guiné-Bissau, onde foi 'cooperante', tendo trabalhado largos anos (1987/93) como topógrafo da TECNIL, a empresa que abriu todas ou quase todas as estradas que conhecemos na Guiné, antes e depois da 'independência';
(vii) o seu patrão, o dono da TECNIL, era o velho africanista Ramiro Sobral;
(viii) é colunista do nosso blogue com a série 'Caderno de notas de um mais velho'';
(ix) pelo seu bom senso, sabedoria, sensibilidade, perspicácia, cultura e memória africanistas, é merecedor do apreço e elogio de muitos camaradas nossos, é profundamente estimado e respeitado na nossa Tabanca Grande, fazendo gala de ser 'politicamente incorreto' e de 'chamar os bois pelos cornos';
(x) ao Antº Rosinha poderá aplicar-se o provérbio africano, há tempos aqui citado pelo Cherno Baldé, o "menino e moço de Fajonquito": "Aquilo que uma criança consegue ver de longe, empoleirado em cima de um poilão, o velho já o sabia, sentado em baixo da árvore a fumar o seu cachimbo". ]
2. Caderno de notas de uma mais velho > A irmandade 'inter-colonial' (**)
Como esta senhora do PAIGC, havia muitos cabo-verdianos em Angola em que, tal como na Guiné, em todas as repartições e em todas as capitais de distrito, sobressaía a sua presença.
Vou dizer uma coisa que muita gente pode não acreditar e considerar tolice minha:
Quando Amílcar Cabral na fundação do PAIGC, se torna simultaneamente co-fundador do MPLA, havia um sentimento de irmandade entre todos os que foram estudantes da "Casa do Império" de todas as colónias portuguesas, que hoje já não existe mais, e hoje já não existe mais essa irmandade.
Embora apoiem todos a CPLP, e os dirigentes todos falem português, nota-se que há indiferença entre eles.
No tempo colonial, um cabo-verdiano, um são-tomense ou um goês, que eram os que mais emigravam, iam para Angola ou Moçambique ou Guiné, co-habitavam e conviviam naturalmente como se nunca tivessem ido para terra estranha.
Daí, Amilcar Cabral ou os irmãos Pinto de Andrade por exemplo, relacionarem-se com todos os dirigentes angolanos ou guineenses como se fossem patrícios uns dos outros.
Acabou esse relacionamento, e até se nota em alguns casos, como no caso da Guiné, desentendimentos com angolanos e cabo-verdianos.
E com Moçambique há um maior distanciamento, o que se nota perfeitamente.
Uns morreram, outros "matarm-se" [uns aos outros], e a maioria foi inibida de poder falar.
Cumprimentos
Antº Roxinha
2 de dezembro de 2015 às 15:42 (*)
3. Sobre a "Maria Turra", alcunha de Amélia Sanches Araújo, dada pelos "tugas", no TO da Guiné à locutora da Rádio Libetarção , e que muitos pensavam ser a própria companheira de Amílcar Cabral, a Ana Cabral:
Amélia Sanches Araújo [tem uma dezena de referências no nosso blogue como "Maria Turra"]
(i) nasceu em Luanda, sendo de origem cabo-verdiana;
(ii) era casada com José Araújo (1933-1992), antigo dirigente do PAIGC e antigo ministro da Educação de Cabo Verde;
(iii) fugiu, em Lisboa, em 1961, com um grupo de cerca de 6 dezenas de "estudantes do Império", onde estavam os futuros presidentes de Cabo Verde, Pedro Pires, e de Moçambique, Joaquim Chissano, e futuros -primeiros-ministros de Angola e Moçambique Fernando Van Dunen e Pascoal Mocumbi;
(iv) na Guiné esteve com o marido, na "luta de libertação" daquele país e de Cabo Verde;
(v) o seu m papel de `heroína` só agora começa ser reconhecido em Cabo Verde, onde vive com 84 anos de idade;
(vi) em Conacri e ao serviço do PAIGC, era locutora e a voz mais conhecida das emissões em português da Rádio Libertação, do PAICG, partido do qual o marido era dirigente e responsável pela área de informação.
(vii) em declarações à agência Lusa, em 2017, mais de 40 anos após as independências, Amélia Araújo disse que «valeu a pena» a luta armada, apesar do seu inicial cepticismo em relação a Cabo Verde;
(vii) o casal regressari a Cabo Verde em 1980, após o golpe de Estado liderado por 'Nino' Vieira.
Fonte: Adapt de Observatório de África > 19 de janeiro de 2017 > Mulheres cabo-verdianas na luta pela independência
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Notas do editor
(») Vd. poste de 2 de dezembro de 2015 > Guiné 63/74 - P15434: A guerra vista do outro lado... Explorando o Arquivo Amílcar Cabral / Casa Comum (15): A Rádio Libertação e a inconfundível voz da "Maria Turra", a locutora, angolana, de origem caboverdiana, Amélia Araújo, hoje com 81 anos e a viver em Cabo Verde
(...) Um dos episódios recentes deste programa da Antena Um foi justamente sobre a Rádio Libertação, o seu papel, na propaganda e contrapropaganda do PAICG. Não se pode fazer a história desta rádio sem falar da "Maria Turra", a angolana, de origem cabo-verdiana, Amélia Sanches Araújo, que lhe deu voz e alma de 1967 a 1974... Aderiu ao PAIGC em janeiro de 1964. Com mais quatro guineenses, a Amélia Arújo foi enviada por Amílcar Cabral para uma formação de nove meses na União Soviética. Em maio de 1967 a União Soviética entrega ao PAIGC, através do seu embaixador em Conacri, uma estação de rádio. (...)
(**) Último poste da série > 4 de novembro de 2017 > Guiné 61/74 - P17935: Caderno de notas de um mais velho (Antº Rosinha) (53): Os "comerciantes" e os "outros"... Lá, em Angola, Guiné e Moçambique, muitas vezes mais valia um ano de tarimba do que dez de Coimbra...