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sábado, 15 de fevereiro de 2025

Guiné 61/74 - P26498: Os nossos seres, saberes e lazeres (669): Itinerâncias avulsas… Mas saudades sem conto (192): From Southeast to the North of England; and back to London (11) (Mário Beja Santos)

1. Mensagem do nosso camarada Mário Beja Santos (ex-Alf Mil Inf, CMDT do Pel Caç Nat 52, Missirá e Bambadinca, 1968/70), com data de 28 de Setembro de 2024:

Queridos amigos,
A sugestão de um passeio pela City prevaleceu, bem sonhei ir ver os trastes no mercado de Portobello e passear no Mall, ou olhar embasbacado a entrada do Covent Garden, fiz propostas mirabolantes como a visita da Royal Academy of Arts e até passeio em Hyde Park, vingou a prudência de fazer tudo a direito desde Blackfriars, cirandar pela City, beber um café e morder algo antes de entrar num impressionante museu onde nunca estive, junto de Somerset House. Dele falaremos a seguir, ainda haverá um passeio junto do Tamisa, regressa-se a Richmond, e depois do almoço há o solene adeus e aquele miraculoso metro que nos larga em Heathrow, agora são uns bons quilómetros a pé dentro de um dos maiores aeroportos do mundo.

Um abraço do
Mário


Itinerâncias avulsas… Mas saudades sem conto (192):
From Southeast to the North of England; and back to London – 11


Mário Beja Santos

É a minha última manhã de andarilho em Londres, metro de Richmond diretamente para Blackfriars, é o início de uma manhã amena num local que dá pelo nome de City, também conhecida por “milha quadrada”, correspondente à Londinium romana. Ficou praticamente destruída no grande incêndio de 1666, foi brutalmente sacrificada pelos bombardeamentos alemães de 1940, é uma área onde o turista é convidado a visitar a Catedral de S. Paulo, Fleet Street (foi outrora a sede da maioria dos jornais britânicos), Barbican Complex, o Museu de Londres, a Torre de Londres, descendo um pouco mais é a região das docas. Na véspera, procurando acertar agulhas sobre um programa que iniciasse às 9 horas e acabasse às 14, com pesar, desisti do mercado de Portobello, a mais luxuriante feira da ladra do mundo que eu conheço, pensei igualmente no Mall, passar pelo almirantado e visitar o gabinete de trabalho de Winston Churchill, um verdadeiro bunker, venceu a tese de que devíamos andar num terreno plano, começar pela Catedral de S. Paulo e visitar as prodigiosas Courtauld Galleries, com o seu impressionante acervo de obras impressionistas e expressionistas. Foi esta a sugestão que vingou, a minha esperança é um dia aqui regressar com muito mais tempo, poder voltar à região do Westminster, Covent Garden, enfim, umas lambuzadelas também para o Norte, Sul e Sudeste, e meter-me num transporte público para rever Windsor e Hampton Court Palace. Faço figas para este regresso.

Blackfriars Bridge
De Blackfriars caminha-se para S. Paulo, uma fachada de grande ostentação com duas torres barrocas coroadas por uma cúpula de 111 metros de altura (a segunda maior a seguir à da Basílica de S. Pedro em Roma). É obra do maior arquiteto do seu tempo, Christopher Wren. Há já fila à porta, o turista quer entrar e ver lá dentro a impressionante cúpula com os frescos sobre a vida de S. Paulo. Como em Westminster, há estátuas, uma delas prende-se com a nossa história, o duque de Wellington.
Desconhecia inteiramente que a atual Catedral de S. Paulo é a quinta a situar-se neste local, um dos dois pontos mais altos da City. Não querendo aborrecer o leitor contando a história das catedrais anteriores, depois da guerra civil, tempo em que as tropas de Cromwell usaram a nave para guardar os cavalos, e que se vandalizaram a janelas em talhes e efígies, até à demolição do palácio do bispo, pediu-se a Christopher Wren em 1663 que supervisionasse a catedral em ruínas e delineasse um programa para as reparações. Depois de muita discussão, demoliu-se o existente e fez-se a reconstrução. É a obra-prima de Wren, um triunfo da arte, ciência e organização, Wren combinava talentos estéticos, de engenharia e administrativos num grau fora do vulgar. A catedral de Wren foi, e continua a ser, a única catedral inglesa construída durante o tempo de vida do seu arquiteto. Vieram depois os pormenores, o maravilhoso trabalho decorativo em ferro, os sinos. S. Paulo é também um Panteão, ali estão sepultados Nelson, Wellington e Kitchner; há homens de Letras homenageados na Catedral, como caso de Blake, pintores como John Singer Sargeant, o coronel Lawrence, conhecido como Lawrence da Arábia.
Com o tempo contado, dei por mim a homenagear a resistência britânica durante a Segunda Guerra Mundial. Mais de 65 hectares em volta da Catedral foram desfeitos, a Catedral sofreu danos, as cicatrizes estão à vista.

Os bombardeamentos alemães destruíram muito, mas não deixa de emocionar esta curiosa associação entre a arquitetura antiga e a moderna
Não resisti ao espetáculo das hortênsias no jardim de S. Paulo, só há pouco é que percebi que entrara na fotografia
Agora muda-se de agulha, estamos no Strand que liga Trafalgar Square a Fleet Street, no século XIX era o centro do teatro londrino. Há por aqui relíquias do passado e património de luxo: o Adelphi Theatre, construído em 1806 e remodelado em 1930, e o Savoy Hotel, um dos mais destacados de Londres.
Imagem de um edifício que albergou um conjunto de jornais de que só resta a memória, é assim em Fleet Street
É um imponente tribunal de Londres, no costumado neogótico do século XIX
Somerset House é mais um imponente edifício com um aparatoso pátio central. Construído em 1786 no local do palácio dos condes de Somerset, foi o primeiro edifício importante projetado para escritórios. Uma das alas, originariamente construída para a Royal Academy of Arts, alberga agora as Courtauld Galleries, onde se encontra uma das melhores coleções do país de quadros do impressionismo e do pós-impressionismo. É para onde vou agora, conversar com gente como Modigliani, Renoir ou Gaugin.
Curioso anúncio do museu, mostrando o célebre quadro de Van Gogh, autorretrato com a orelha ligada

(continua)
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Nota do editor

Último post da série de 8 de fevereiro de 2025 > Guiné 61/74 - P26474: Os nossos seres, saberes e lazeres (668): Itinerâncias avulsas… Mas saudades sem conto (191): From Southeast to the North of England; and back to London (10) (Mário Beja Santos)

sábado, 8 de fevereiro de 2025

Guiné 61/74 - P26474: Os nossos seres, saberes e lazeres (668): Itinerâncias avulsas… Mas saudades sem conto (191): From Southeast to the North of England; and back to London (10) (Mário Beja Santos)

1. Mensagem do nosso camarada Mário Beja Santos (ex-Alf Mil Inf, CMDT do Pel Caç Nat 52, Missirá e Bambadinca, 1968/70), com data de 25 de Setembro de 2024:

Queridos amigos,
Aqui se deixa um cheirinho deste recheio preciosíssimo, mais de quatro milhões e meio de objetos de arte, sério concorrente do Louvre ou do Hermitage de S. Petersburgo. É evidente que procurei previamente documentar-me e optar pelas minhas escolhas, tivesse eu mais tempo e outro galo cantaria, seria uma digressão metódica dos tempos medievais e do Renascimento, pela Europa moderna, nos imensos tesouros asiáticos que dão pelo nome Japão, China, Islão e Índia; e far-se-ia uma visita a preceito ao mundo da moda, aos instrumentos musicais, à joalharia, tudo riqueza opulenta, mas as pernas já não são o que eram, fica aqui uma pálida amostra do que é possível esperar do Museu Vitória e Alberto.

Um abraço do
Mário



Itinerâncias avulsas… Mas saudades sem conto (191):
From Southeast to the North of England; and back to London – 10

Mário Beja Santos

É de toda a conveniência, à entrada deste museu que conserva mais de 4 milhões e meio de obras de arte ter um sentido de orientação e tentar entender o que se pretende promover desde a sua fundação. Este museu foi fundado em 1852 com o título de Museu de Fabricantes. Anos depois, o museu mudou de local e veio para aqui em South Kensigton. O seu nome atual é Museu Vitória e Alberto mas não deve ser tomado à letra como um museu da era vitoriana, aqui encontram-se tesouros medievais, os esplêndidos cartões que Rafael concebeu para as tapeçarias dos Museus Vaticanos, os núcleos de arte indiana e chinesa são riquíssimos, como a arte inglesa dos séculos XVI e XVII, a arte europeia entre 1800 e 1900, o núcleo dos instrumentos musicais, a pintura de John Constable… Mas o visitante deve estar preparado para ver design moderno e aprender rapidamente a dosear o seu esforço para não se esgotar na exploração de tantíssimas galerias. Falou-se anteriormente de peças de arte que se viram nos rés do chão, é hora de tomar um chá, num espaço apropriado.

O visitante é bem acolhido nas zonas de refúgio para distender as pernas e meter conversa, neste museu tem notoriedade o jardim John Madejski.

Não escondo quanto gosto da arte pré-rafaelita e do movimento Arts & Crafts, dos trabalhos de William Morris, Dante Gabriel Rossetti e Edward Burne-Jones, eles estão bem representados neste museu ainda que em lugares distintos, para ver o seu mobiliário de desenho genial quase que temos de galgar até ao topo do edifício. Aqui fica uma amostra das minhas escolhas.

Campos de caça do Cupido, do artista pré-rafaelista Burne-Jones
Sonhar de Dia, por Dante Gabriel Rossetti

Este museu acolhe vitrais de várias épocas, aqui procuro cingir-me aos séculos XVIII e XIX, penso que escolhi vitrais de eloquente beleza.
Personificação da Fé, por Henry Holiday (à esquerda) e Jacó com uma sopa nos braços, desenho de Dante Gabriel Rossetti (à direita)
A Última Ceia, por William Peckitt, século XVIII

Era quase obrigatório que o Museu Vitória e Alberto, que possuem um espaço dedicado ao Renascimento italiano não possuísse obras da mais delicada qualidade. Com frequência, quando visito o museu, ponho um tanto à banda para ver o que fascina mais o visitante. Intrigou-me que a generalidade de quem por ali passava lançava um olhar indiferente a este Martírio de Santa Catarina, quadro de pequena dimensão, é indispensável gostar de despender de tempo a ver os pormenores, a sua soma é que nos dá a gratificação estética.
Martírio de Santa Catarina, pintor italiano desconhecido, início do século XVI

É um espaço único, já visitei gipsotecas, nada é tão impressionante como esta, as pessoas ficam estupefactas com a gigantesca coluna de Trajano, a estátua de David, o pórtico da igreja de Santiago de Compostela, por aqui andam muitos estudantes, dada a natureza rigorosa das réplicas, é como nos sentíssemos no mundo clássico ou no Renascimento. The Cast Courts foi construído entre 1868 e 1873 para acolher esta prodigiosa coleção, sem dúvida alguma a grande atração do museu.
The Cast Courts, um dos espaços mais surpreendentes do Museu Vitória e Alberto, sobretudo pelas suas réplicas monumentais em moldes de gesso
Em termos de museografia, este museu merece os parabéns. Havendo espaços abertos de grandes dimensões, encontraram-se soluções que permitem ao visitante contemplar obras antigas e modernas, como aqui se exemplifica nestas duas imagens
Cadeira de braços, 1888, por George Faulkner Armitage (à esquerda) e cadeira de braços desenhada por C.F.A. Voysey, 1909 (à direita). Movimento artístico de Arts & Crafts

Uma das surpresas do museu é de nos dar a sensação de que nos passeemos no interior de um palácio imponente, grandioso, como se tivéssemos de pleno direito acesso grátis à sumptuosidade. Deixo-vos aqui esta imagem, mas muitos exemplos ficam por dar.

Museu ou palácio?
A pesca miraculosa é um dos desenhos de Rafael mais impressionantes, com ele nos despedimos desta portentosa visita, segue-se um passeio a pé, depois o metro até Hammersmith, uma alegre cavaqueira, jantar e repouso. Amanhã é o grande passeio pela City, e depois avião para Lisboa.

(continua)

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Notas do editor:

Vd. post de 1 de fevereiro de 2025 > Guiné 61/74 - P26447: Os nossos seres, saberes e lazeres (666): Itinerâncias avulsas… Mas saudades sem conto (190): From Southeast to the North of England; and back to London (9) (Mário Beja Santos)

Último post da série de 2 de fevereiro de 2025 > Guiné 61/74 - P26450: Os nossos seres, saberes e lazeres (667): Rescaldo da apresentação do livro "Orando em Verso III", da autoria do nosso camarigo Joaquim Mexia Alves, levada a efeito no passado dia 24 de Janeiro de 2025, na Igreja Matriz da Marinha Grande

segunda-feira, 3 de fevereiro de 2025

Guiné 61/74 - P26453: Tabanca dos Emiratos (15): Visita nas férias de Natal ao antigo Ceilão, a Taprobana de "Os Lusíadas", hoje Sri Lanka (Jorge Araújo) - Parte III



Foto 1 – Jorge Araújo e Maria João, dois lisboetas na catarata de Ravana.


Foto 2 - Um visitante especial da catarata de Ravana (Um  exemplar da espécie Macaca sinica um macaco do Velho Mundo endémico do Sri Lanka só existe nesta ilha)


Foto 3 – Uma conversa pedagógica com o visitante especial.


Foto 4  – Restaurante “Chill Café Wellawaya Road”, em Ella.


Foto 5 – Esplanada do Restaurante “Ella Gap”.


Foto 6 – Geografia e arquitectura de Ella (exemplo)


Foto 7 – Trânsito numa rua de Ella.


Foto 8 – Catarata de Ravana


Foto 9 – Catarata de Ravana


Foto 10 – Catarata de Ravana


Foto 11 – Catarata de Ravana


Foto 12 – Visitantes da catarata de Ravana


Foto 13 – Visitantes ao redor das bancas na catarata de Ravana


Fotos (e legendas): © Jorge Araújo (2024). Todos os direitos reservados [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné].



Mapa do Sri Lanka: a cidade de Ella (assinalada a vermelho

Fonte: USA > CIA > The World Factbook (com  a devida vénia...)





Jorge Araújo, ex-fur mil op esp / ranger, CART 3494 / BART 3873 (Xime e Mansambo, 1972/1974); nosso coeditor, a viver há uns anos entre Almada e Abu Dhabi, Emiratos Árabes Unidos. É um dos nossos coeditores. Como autor, tem mais de 335 referências no nosso blogue. Tem várias séries: "Tabanca dos Emiratos", "Memórias cruzadas...", "(D)o outro lado combate"...

 

Visita nas férias de Natal ao antigo Ceilão, a Taprobana de "Os Lusíadas", hoje Sri Lanka
 (Jorge Araújo) - Parte III




Infografia dos Descobrimentos, Viagens e Explorações portuguesas: datas e primeiros
 locais de chegada de 1415-1543, principais rotas no Oceano Índico (azul), territórios
portugueses no reinado de D. João III (verde) – (fonte: Wikipédia, com a devida vénia).

 


Continuação (*)  da publicação de uma fotorreportagem sobre o antigo Ceilão, hoje Sri Lanka (independente desde 1948, do domínio britânico), feita durante as últimas férias de Natal pelos nossos amigos Jorge Araújo e Maria João (que vivem em Abu Dhabi, EAU).(*)


1. – INTRODUÇÃO

Como dei conta na Parte I (P26349) *), deslocámo-nos na segunda quinzena de dezembro último ao Sri Lanka (antigo Ceilão), aproveitando essa viagem para entender melhor a atual realidade sociocultural do país, conquistado e ocupado pelos portugueses durante século e meio (1505-1651), e cuja conquista é atribuída ao capitão-mor Lourenço de Almeida (Martim, c. 1480 - Chuil, Índia. 1508).

Durante o itinerário previamente definido, que teve o seu início em Colombo, a capital, foi possível recuperar algumas memórias do tempo da Escola Primária sobre a temática dos “Descobrimentos Portugueses” e, em simultâneo, captar algumas imagens para, depois, as partilhar na nossa “Tabanca”, a que o camarada Luís chamou de “fotorreportagem”.

Assim sendo, esta Parte III tem como cenário a região de Ella, que em cingalês significa “queda de água”,  w cuja cidade pertence ao distrito de Badulla e à província de UVA (ver mapa). Situa-se a 1.041 metros de altitude, a 54 km a leste de Nuwara Eliya, a 135 km a sudeste de Kandy e a 200 km a leste de Colombo (distâncias por estrada).

A cidade encontra-se numa região montanhosa com grande biodiversidade, com numerosas variedades de flora e fauna, estando coberta de florestas nubladas e plantações de chá. Devido à altitude, o clima é mais fresco do que as planícies próximas, que se avistam de Ella Gap.

2. – ATRACÇÕES TURÍSTICAS

Ella é uma das cidades com maior oferta turística do interior do Sri Lanka. De entre as diferentes atracções apresentamos algumas das imagens relacionadas com os espaços envolventes ao local onde ficámos instalados e das “Quedas de água de Ravana”.

► CATARATA DE RAVANA

A «Ravana Falls» é um dos lugares mais belos da cidade de Ella e uma das maiores quedas de água do Sri Lanka. Fica a cerca de meia hora da estrada principal de Ella e é uma paragem popular e obrigatória para turistas e comunidades locais do Sri Lanka.

Por estar localizada à beira da estrada, é uma das mais facilmente acessíveis. A catarata recebeu esse nome em homenagem ao Rei Demónio Ravana, que, segundo a lenda, sequestrou uma princesa e a escondeu nas cavernas atrás da catarata. Esta  queda de água pode ficar extremamente poderosa durante a estação das chuvas, pelo que é aconselhado ter cuidado para a circulação apeada, evitando caminhar sobre as pedras escorregadias.

A «Ravana Falls» é, pois, uma atracção turística popular na província de Uva, no Sri Lanka. Atualmente é classificada como uma das maiores quedas de água do país.

Descrição: - Esta catarata mede aproximadamente 25 m de altura e cai de um afloramento rochoso côncavo oval. Durante a estação chuvosa local, a catarata transforma-se no que se diz assemelhar-se a uma flor de areca com pétalas murchas.

Mas este não é o caso na estação seca, onde o fluxo de água reduz drasticamente. As quedas fazem parte do “Santuário de Vida Selvagem Ravana Ella” e estãolocalizadas a 6 km de distância da estação ferroviária local.

Lenda: - As quedas de água foram nomeadas em homenagem ao lendário rei Ravana, que está ligado ao famoso épico indiano, o Ramayana. Segundo a lenda, é dito que Ravana (que era o rei de Lanka na época) sequestrou a princesa Sita e a escondeu nas cavernas atrás desta catarata, agora simplesmente conhecida como «Caverna Ravana Ella». 

Diz-se que o motivo do sequestro foi a vingança exata por Rama (marido de Sita) e seu irmão Laxmana terem cortado o nariz de sua irmã. Na época, a caverna era cercada por densas florestas no meio do deserto. Acredita-se também que a rainha de Rama se banhava numa piscina que acumulava a água que caía desta catarata. Eles acreditavam que o rei Ravana tocou o Ravanahatha aqui.



O Ravanahatha


► RAVANAHATHA


O «Ravanahatha» é um instrumento musical antigo e tradicional da Índia e do Sri Lanka. É um instrumento de corda friccionada, o que significa que o som é produzido ao passar um arco sobre as cordas, conforme imagem abaixo. A caixa de ressonância é feita de cabaça, meio coco ou madeira, e é revestida com pele de cabra ou outro material semelhante. O instrumento tem braço de madeira ou bambu e geralmente possui uma ou mais cordas. O arco, de tamanho variável, é feito com pelos de crina de cavalo, que friccionam as cordas produzindo o som.

O «Ravanahatha» é um instrumento importante na música tradicional da Índia e do Sri Lanka, sendo usado em várias formas de música folclórica e clássica. ORavanahatha é considerado um instrumento sagrado e tem uma longa história na cultura e nas tradições musicais desses países.

3. – FOTOGALERIA

As fotos que seleconei (vd. acima)  servem para enquadrar o texto.

(Revisão / fixação de texto, título,  edição das fotos: LG)

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Nota do editor:

(*) Postes anterores da série 


6 de janeiro de 2025 > Guiné 61/74 - P26351: Tabanca dos Emiratos (14): Visita nas férias de Natal ao antigo Ceilão, a Taprobana de "Os Lusíadas", hoje Sri Lanka (Jorge Araújo) - Parte II

sábado, 1 de fevereiro de 2025

Guiné 61/74 - P26447: Os nossos seres, saberes e lazeres (666): Itinerâncias avulsas… Mas saudades sem conto (190): From Southeast to the North of England; and back to London (9) (Mário Beja Santos)

1. Mensagem do nosso camarada Mário Beja Santos (ex-Alf Mil Inf, CMDT do Pel Caç Nat 52, Missirá e Bambadinca, 1968/70), com data de 19 de Setembro de 2024:

Queridos amigos,
Compra-se o mapa do museu por 1 libra e fica-se logo derreado, 145 salas, há de tudo como na botica, Ásia, mundo islâmico, as tapeçarias de Rafael, a China e o Japão, os tempos medievais e a renascença, isto no rés do chão, o primeiro andar é dedicado à Grã-Bretanha, o segundo Artes Decorativas do século XX, o terceiro tem pintura britânica vidros e muitíssimo mais, o quarto andar é um vendaval de cerâmicas; há espaços de lazer no rés do chão, em determinado momento, já com os pezinhos sobreaquecidos, fui tomar um café num espaço jardim de interior, depois da pausa, quando pensava tirar-me à contemplação da arte de William Morris, o génio do movimento Arts and Crafts, enganei-me e fui para a sala do budismo, lá retifiquei e voltei aos séculos XIX/XX, aqui fica o registo de meia jornada, ainda há muito para ver.

Um abraço do
Mário



Itinerâncias avulsas… Mas saudades sem conto (190):
From Southeast to the North of England; and back to London – 9


Mário Beja Santos

A minha anfitriã de Hammersmith, Fiona Leach, avisou-me à noite que, tudo ponderado, deixa-se a incursão na City para a manhã da minha partida, levantar cedo e cedo erguer, palmilhar aquele território do centro, regressar, amesendar bem e tomar o tube para Heathrow, aterrar em Lisboa pela calada da noite. Não tinha a contestar, o que me sugeria para começar o dia seguinte, foi terminante, ia acompanhar-me ao V&A, competia-me fazer a escolha entre os milhares de objetos do único rival do Museu Britânico, está ali a maior coleção de artes decorativas do mundo. Já por lá andei, por uso e costume escolho sempre um bocadinho para não sair do museu com confusão de imagens do que foi visto e merece boiar na memória. À cautela, documentei-me. Este edifício monumental foi fundado com os lucros da Grande Exposição de 1851, a ideia era “juntar uma esplêndida coleção de objetos representando a aplicação das Belas Artes às indústrias.” Mas as doações vieram em catadupa. O edifício começado em 1899 foi acabado 1909. Abriga nas suas 145 galerias importantes coleções de pintura, retratos em miniatura, escultura, trajes históricos, instrumentos musicais, papel de parede e mobiliário inglês; é possuidor da maior exposição de arte indiana fora da própria Índia. Objetos vindos de toda a parte, Sião, Japão e muito mais. Com este aparato e volume de objetos, entrei ali com pezinhos de lã, a viagem de Hammersmith a South Kensignton é pouco mais de meia hora, sugeri que começássemos pela arte italiana, no balanço do fim da visita não me arrependi das escolhas, há mais marés que marinheiros, gostaria muito de voltar.

Fachada principal do Museu Victoria and Albert
Monumento funerário do condottiere Spinetta Malaspina, esta escultura estava por cima do sarcófago, construído durante os séculos XV e XVI e restaurado no século XIX
Grade do coro baixo da igreja holandesa‘s-Hertogenbosch, da autoria de Conrad von Norenberch, início do século XVII, o significado arquitetónico desta peça era a de separar leigos dos religiosos
Aqui perdi-me na infinidade destas esculturas barrocas com reminiscências do mundo antigo, e com carga mitológica, o espaço não deixa de ser impressionante
Na arte japonesa, senti-me profundamente atraído pela altíssima qualidade dos desenhos destes dois quimonos
Esta taça veio de Málaga, ainda são tempos muçulmanos, emocionou-me muito por ter uma caravela com as nossas quinas, era exportação árabe para países do Mar do Norte e do Egito, inícios do século XV
Uma peça destinada à Corte do mundo islâmico do próximo Oriente. Trata-se de arte Fatímida, dos séculos X a XII, em cristal de rocha. Os artistas Fatímidas concorriam com os Abássidas e Bizâncio. Tenho pena que a imagem não permita mostrar o fulgor e o requinta da gravação da peça
Sem tirar nem pôr taças da arte Iznik, são aparentadas com outras taças que fazem parte do acervo da Fundação Calouste Gulbenkian, fica-se estupefacto com o brilho deste azuis e verdes, parece que saíram ontem da mufla
Queimador de incenso em bronze, Japão, peça requintada
Conjunto azulejar reproduzindo uma miniatura de pintura persa, século XVII
O tapete Ardabil, é um dos maiores e mais elaborados tapetes de todo o mundo. Ardabil é uma província do Azerbaijão no noroeste do Irão, século XVI
Vestuário do Afeganistão, século XX, destinado para grandes cerimónias. Peça em veludo, fio de algodão, fio de metal e vidrinhos

(continua)

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Nota do editor

Último post da série de 25 de janeiro de 2025 > Guiné 61/74 - P26423: Os nossos seres, saberes e lazeres (665): Itinerâncias avulsas… Mas saudades sem conto (189): From Southeast to the North of England; and back to London (8) (Mário Beja Santos)