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sábado, 14 de junho de 2025

Guiné 61/74 - P26920: Os nossos seres, saberes e lazeres (685): Itinerâncias avulsas… Mas saudades sem conto (208): Algures, na Renânia-Palatinado, em Idstein, perto de Frankfurt – 8 (Mário Beja Santos)

1. Mensagem do nosso camarada Mário Beja Santos (ex-Alf Mil Inf, CMDT do Pel Caç Nat 52, Missirá e Bambadinca, 1968/70), com data de 18 de Março 2025:

Queridos amigos,
Um dos aspetos mais impressionantes na arquitetura da Catedral de Limburgo é o diálogo perfeito entre os elementos essencialmente românicos e o vislumbre do gótico, dentro daquela conceção medieval da nova Jerusalém e da descida de Deus à terra. Se é facto que a catedral perdeu o mosteiro que ali existiu quase como um anexo, o interior deslumbra por ser visível o gótico nas semicolunas na frente dos pilares, no transepto, olhando para a cúpula percebe-se essa conceção, não só pela monumentalidade desta igreja com as suas sete torres que descem das alturas como o diálogo que se processa com o exterior colorido e com doze pilares, é um dos fundamentos da fé cristã, são os doze apóstolos. A Catedral de S. Jorge assenta num penhasco, o seu castelo, ali ao lado, está em processo de restauro e como se poderá ver introduz uma dimensão castelar feudal, é como uma imponência da construção civil a suportar a grandiosidade religiosa. E depois desceu-se ao centro histórico, restauro irrepreensível, após amesendar com amigos queridos, com a chegada da noite, regresso a Idstein. Amanhã é o último dia de folgar, visita ao mosteiro do século XII, Eberbach, por ali houve filmagens de Em Nome da Rosa, baseado no romance de Umberto Eco, Sean Connery era um frade detetive que desvendou mortes misteriosas, belo filme por sinal, não desmerecendo do fulgor do romance.

Um abraço do
Mário



Itinerâncias avulsas… Mas saudades sem conto (208):
Algures, na Renânia-Palatinado, em Idstein, perto de Frankfurt – 8


Mário Beja Santos


O que se mostra na primeira imagem é a Catedral de Limburgo a sofrer obras de restauro. Antes de passarmos ao seu exterior, permita-me o leitor uma pequena recapitulação deste belíssimo e singular templo religioso católico. É essencialmente românico, com influências de gótico e até mesmo do estilo mourisco; o seu interior dá-nos a entender o que pretende a conceção arquitetónica, ver a casa de oração como uma nova Jerusalém. O que aliás se sente no exterior, com as suas sete torres descendo das alturas, e aquele colorido do exterior tem um poder ornamental invulgar, é como se estivéssemos numa cidade celeste; o interior foi restaurado e pintado várias vezes, procurámos mostrar no apontamento anterior obras originais e as respetivas cores; o mosteiro que lhe estava apenso desapareceu, houve adaptação de instalações como é o caso da capela do Santíssimo Sacramento. O leitor irá verificar a magnificência dos sinos desta catedral de S. Jorge. O carrilhão consiste de nove sinos de bronze. Na torre do noroeste há dois sinos históricos datando da Idade Média. Um dos aspetos mais impressionantes que sensibiliza o visitante é verificar o pleno diálogo entre os cromatismos do interior e os do exterior. Vemos na fachada o tipo de janelas, a quantidade de luz que vem incidir sob o seu interior, e atenda-se agora à natureza das torres, ao arredondado das faces que dão a tal lógica de cidade celeste.
Fachada da Catedral do Limburgo a sofrer pequenos arranjos
O outro lado da torre, veja-se a robustez do contraforte, a janela rasgada ao nível do solo e as entradas da luz pelas janelas e óculos
Veja-se o arredondamento típico da arte românica
Descendo em direção à cidade, deslumbrou-me esta imagem do rio Lahn, estava num ponto intermédio do rochedo mas a vegetação parece que pairava sob o arvoredo, há como que uma sensação de neblina, quando aqui se chegou o céu estava um tanto plúmbeo, felizmente que desanuviou
De novo a cidade celeste e a visão de S. João no Apocalipse, vendo a nova Jerusalém e Deus descendo à terra
Foi-me então explicado que o velho castelo do Limburgo, que vem do século X, ganha de novo forma com as construções que estão em restauro no alto deste penhasco em que assenta também a catedral, só vou mostrar obra acabada
Vê-se claramente que é uma construção idealizada noutra de um passado profundo, mas bom gosto não falta e seguramente que o arquiteto teve acesso a esboços do que teria sido o original
Já estou a caminho do Limburgo junto da margem do Lahn, aceito que não era exatamente assim na Idade Média mas que o castelo é uma construção impressionante, não há dúvida
Nunca mais! Estava-se na Alemanha em campanha eleitoral e a igreja católica do Limburgo resolveu lançar o seu pretexto: todos unidos pela democracia e contra a extrema-direita!
É só uma pequena amostra dos encantos arquitetónicos do Limburgo, para ser sincero já passava das 15h00 e não se escondia a vontade de comer, bem procurei um prato de joelho de porco assado, em vão, irei desforrar-me com um arroz de rim que não comia há anos
Outro pormenor do belo casario no centro histórico
Última imagem antes de ir mordiscar, talvez tenha tido sorte com este plano de baixo até ao topo da catedral. Depois dos comes e bebes, já com a chegada da noite, regresso a Idestein. Amanhã é a última jornada, o Mosteiro de, uma extraordinária construção cisterciense, do século XII, aqui os monges levavam uma vida caracterizada pela ascese, nada de salas aquecidas, pouca conversa e comida frugal, mosteiro fundado em 1136, a sua arquitetura e a sua história é um espelho da história cultural do Ocidente, como iremos ver em seguida, antes de dizer adeus à região de Frankfurt.
Duas imagens à entrada do mosteiro de Eberbach, aqui houve filmagens de Em Nome da Rosa, baseado no romance de Umberto Eco, não sei se se recordam.

(continua)

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Nota do editor

Último post da série de 7 de junho de 2025 > Guiné 61/74 - P26896: Os nossos seres, saberes e lazeres (684): Itinerâncias avulsas… Mas saudades sem conto (207): Algures, na Renânia-Palatinado, em Idstein, perto de Frankfurt – 7 (Mário Beja Santos)

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