Pesquisar neste blogue

domingo, 8 de junho de 2025

Guiné 61/74 - P26898: Notas de leitura (1806): "Gil Eanes: o anjo do mar", de João David Batel Marques (Viana do Castelo: Fundação Gil Eanes, 2019, il, 132 pp.) - Parte III: O orgulho da ENVC (Estaleiros Navais de Viana do Castelo)




Capela no convés > O navio tinha 72 tripulantes, capacidade de internamento de 74 doentes e podia levar mais 5 passageiros. Dispunha de 2 médicos, equipa de enfermagem e 1 capelão (que também podia celebrar missa na enfermaria). 

Fonte: João David Batel Marques - Gil Eanes, o anjo do mar = Gil Eanes, the angel of the sea. Viana do Castelo : Fundação Gil Eanes, 2019, pág. 105






"Diário de Lisboa", 20 de março de 1955, pp. 1 e 2


Fonte: , "Diário
de Lisboa", nº 11598, Ano 34, Domingo, 20 de Março de 1955, Fundação Mário Soares / DRR - Documentos Ruella Ramos, Disponível HTTP: http://hdl.handle.net/11002/fms_dc_19336 (2025-6-7





"Diário de Lisboa", 26 de maio de 1955, pág. 8

Fonte:
(1955), "Diário de Lisboa", nº 11664, Ano 35, Quinta, 26 de Maio de 1955, Fundação Mário Soares / DRR - Documentos Ruella Ramos, Disponível HTTP: http://hdl.handle.net/11002/fms_dc_19256 (2025-6-7)



1. Estamos a publicar algumas notas de leitura do livro "Gil Eanes, o anjo do mar", da autoria de João David Batel Marques (Viana do Castelo : Fundação Gil Eanes, 2019, 132 pp,. ed. bilingue em português e inglês) (*)

O livro narra a vida, a morte e a ressurreição do último navio-hospital da frota bacalhoeira (1955-1984), depois de ter feito, no período de 1955 a 1984, 73 viagens (com ponto de partida em Lisboa e chegada também em Lisboa" (pág. 94).

O autor é o capitão ilhavense David João David Batel Marques (n. 1953).  autor e coautor de diversos livros sobre a pesca do bacalhau, os seus navios e as suas gentes, alguns deles publicados pela Fundação Gil Eanes.

 O novo "Gil Eanes" seria o orgulho da nossa indústria de construção naval. Foi projetado pelo capitão-de-mar-e-guerra (posto da Marinha equivalente a coronel do Exército e da Força Aérea), o engenheiro Vasco José Taborda Ferreira (não há  qualquer referência sobre ele na Net..), e foi construído nos ENVC (Estaleiros Navais de Viana do Castelo), segundo as especificações técnicas e legais da Direção da Marinha Mercante e as regras do Lloyd's Rergister Shipping (que supervisionaria a construção).

Diz o o autor, na pág. 39 que foi "a construção nº 15 da ENVC"... A encomenda era do Grémio dos Armadores de Navios de Pesca do Bacalhau. Preço final: 40 mil contos (!) (mais de 23 milhões de euros a preços atuais e não propriamemet 200 mil euros) (pãg. 39). 

A construção foi subsidiada pelo Plano Marshal, por intermédio do Plano de Fomento Nacional (1950).

Embora em dia de temporal, 20 de março de 1955, a cerimónia de flutuação foi realizada com pompa e circunstância em Viana do Castelo que na ocasião se engalanou a preceito . E dois meses depois já estava nos bancos da Terra Nova. (vd. recortes de jornais acima). (**)

Infelizmente, o novo navio-hospital "Gil Eanes" chegou já tarde à "frota branca": a "epopeia portuguesa" da pesca do bacalhau estava a chegar ao fim, os barcos de arrasto (autónomos, com enfermeiro a bordo) iriam substituir progressivamente  os "lugres" da pesca à linha com os dóris (uma "excentricidade folclórica" de Portugal, dizem os críticos...) e o "Gil Eanes" vai ter que fazer pela vida para sobreviver como navio da marinha mercante...Em 1975 já não há navios portugueses a pescar com dóris... Em 1973,  18 anos  depois de ter sido lançado ao mar,  o "Gil Eanes" realiza a sua última campanha de assistência à frota bacalhoeira, deixando de se justificar a sua presença (de resto, dispendiosa) nos bancos da Terra Nova... 

"Em 1974, escreve o autor, eram somente 3 os navios  da pesca à linha, tendo 2 naufragado e o terceiro, 'Novos Mares', regressou a Portugal com a tripulação em greve e o porão sem peixe, carregado de sal" (pág. 77).

Recorde-se que o nosso grão-tabanqueiro, illhavense, já falecido, Tibério Paradela,  capitão da marinha mercante (concluiu o curso de pilotagem da Escola Náutica, em Lisboa, em 1960), foi imediato no navio bacalhoeiro à linha 'Novos Mares', o último bacalhoeiro em madeira, construído na Gafanha da Nazaré (fez parte da Frota Branca até 1986, data em que foi abatido à frota por ordem do Secratário de Estado das Pescas; em 1991 foi oferecido para se transformar em museu, o que nunca se concretizou; por incúria ou desleixo acabando por se afundar no porto de Aveiro; enfim, mais um rime de lesa-património na nossa terra).

(Continua)

PS - É de lembrar que alguns dos nossos primeiros membros da Tabanca Grande trabalharam nos ENVC...De cor, recordo os seguintes camaradas que trabalharam nos ENVC:

  • António Manuel Sousa de Castro
  • Américo Marques
  • Manuel Castro.
  • Osvaldo Cruz

Não são, obviamente, do tempo  da construção do navio- hospital "Gil Eanes" (1952- 1956), mas devem estar lembrados do seu regresso a Viana para, a partir da sucata, se (re)fazer a obra-prima museológica que agora pode ser visitada na capital do Alto Minho.



 João David Batel Marques - Gil Eanes, o anjo do mar = Gil Eanes, the angel of the sea. Viana do Castelo : Fundação Gil Eanes, 2019. - 132, pp.  : il (Ed. bilingue em português e inglês | ISBN 978-989-99869-7-8)

___________

 Notas do editor LG: 

(*) Vd. postes de:

 26 de maio de 2025 > Guiné 61/74 - P26847: Notas de leitura (1800): "Gil Eanes: o anjo do mar", de João David Batel Marques (Viana do Castelo: Fundação Gil Eanes, 2019, il, 132 pp.) - Parte I: A história do navio-hospital da frota bacalhoeira (Luís Graça)

29 de maio de 2025 > Guiné 61/74 - P26860: Notas de leitura (1802): "Gil Eanes: o anjo do mar", de João David Batel Marques (Viana do Castelo: Fundação Gil Eanes, 2019, il, 132 pp.) - Parte II: A questão da assistência à frota branca, que atinge o seu auge com o Estado Novo, nos anos 40/50: em 1958 a "faina maior" tinha 77 unidades e 5736 homens (Luís Graça)


(**) Último poste da série > 6 de junho de 2025 > Guiné 61/74 - P26893: Notas de leitura (1805): "Crepúsculo do Império, Portugal e as guerras de descolonização", coordenação de Pedro Aires Oliveira e João Vieira Borges; Bertrand, 2024 (Mário Beja Santos)

4 comentários:

Tabanca Grande Luís Graça disse...

Há uma gralha na notícia do "Diário de Lisboa", de 26 de maio de 1955... "Neozelandeses" são os naturais, habitantes ou cidadãos da Nova Zelândia, não da Terra Nova...

Tabanca Grande Luís Graça disse...

Perguntei ao Gemini IA / Google:

Como se chamam os habitantes ou naturais da Terra Nova, Canadá ? Em inglês e em português.


Resposta do Sabe-tudo-às-vezes:

Os habitantes ou naturais da Terra Nova (Newfoundland), no Canadá, são chamados de:

Em português: Terreneuvianos ou Terranovenses (Embora "Terranovense" seja menos comum, "Terreneuviano" é o mais utilizado e oficial, assim como "Terreneuvien" em francês).

Em inglês: Newfoundlanders.

É importante notar que a província completa se chama "Terra Nova e Labrador" (Newfoundland and Labrador), e seus habitantes são, mais precisamente, Terreneuvianos e Labradorianos em português, ou Newfoundlanders and Labradorians em inglês. No entanto, o termo "Newfoundlander" é frequentemente usado para se referir especificamente aos habitantes da ilha da Terra Nova.


(Negritos e itálicos nossos. LG)

Nota de LG: Nem "terranovense" nem muito menos "terreneuviano" vem no Dicionário Priberam da Língua Portuguesa...

Fernando Ribeiro disse...

Em 1958 ou 1959, um tio meu foi comandante do navio-hospital Gil Eanes. Tinha acabado de tirar o curso da Escola Náutica e aceitou comandar o navio. Foi, veio e... abandonou a Marinha Mercante! Foi trabalhar para um banco, mas sem ser dos de pesca.

Segundo o meu tio, o que mais lhe custou durante os meses que passou nos bancos da Terra Nova, foi o tempo permanentemente cinzento e frio, sem que o sol se descobrisse por um só momento. De vez em quando, caía subitamente um nevoeiro gelado e denso como sopa, que tirava toda a visibilidade. É claro que o Gil Eanes tinha radar, mas os barcos pesqueiros mais pequenos não tinham e corriam sério perigo.

Tabanca Grande Luís Graça disse...

Fernando, o teu tio, acabado de sair da Escola Náutica, teria sido, em 1958/59, "imediato" ou um dos pilotos do navio-hospital "Gil Eanes"...

Conhece-se o nome dos comandantes (que eram da marinha mercante): o primeiro (entre 12/5/1955 e 30/4/1959) foi o ilhavense João Pereira Ramalheira ("Vitorino") )(1898-1964) ; a seguir, de 1/5/1959 a 5/3/1971, foi o Mário da Costa Fernandes Esteves (nascido em Lisboa, em 1926, já falecido, em 2015)...

Havia ainda o comandante de bandeira, que era oficial da Armada. Cito os dois primeiros, capitão de mar-e-guerra Américo Ângelo Tavares de Almeida (1955/59) e capitão-tenente Fernando Jorge Guerra Limpo Toscano (1960/61).

Tudo grandes lobos do mar...Curvo-me à sua memória!