Guiné > Carta de Xitole (1955) > Escala 1/50 mil > Posição relativa de Mampatá, Uane, Nhala, Buba, Aldeia Formosa e Chamarra, na região de Forreá
Infografia: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné (2016)
1. A emboscada a que se refere o Carlos Nery no poste P25693 (*), aconteceu a 20 de maio de 1968, na picada entre Mampatá e Uane (vd. carta do Xitole, 1955, escala 1/50 mil). As NT sofreram 4 mortos e 8 militares foram aprisionados.
Os militares aprisionados terão sido , levados para a Guiné-Conacri. Pertenciam à CCS/BART 1896 (Buba, 1966/68) e à CART 1612. Não sabemos, para já, a identidade dos mortos: é possível que tenham sido milícias, executados sumariamente pelo PAIGC (" passados pelas armas alguns milícias considerados traidores") (*).Lista dos prisioneiros do PAIGC "entrevistados" pela Rádio Libertação, do PAIGC, em Conacri, em 1968... Sublinhados, a vermelho, os nomes de cinco dos nossos camaradas, um da CCS/BART 1896, e quatro da CART 1612 / BART 1896, aprisionados em 20/5/1968, na picada Mampatá-Uane-Nhala. (Ao todo, foram oito, dois estavam hospitalizados, em meados da agosto de 1968 quando prestaram declarações em cativeiro, à rádio do PAIGC, num operação claramente de propaganda do Amílcar Cabral).
2. Já aqui reproduzimos, em tempos (**) , as declarações (a pp. 7/8), do Rui Rafael Correia, natural de Leça da Palmeira, Matosinhos, 1º cabo mecânico auto da CCS/BART 1896 (Buba, 1966/68), delcarações essas que terão sido prestado aos microfones da Rádio Libertação. (O Correia só será libertado em 20 de novembro de 1970, na sequência da Op Mar Verde. Teve portanto dois anos e meio de cativeiro.).
É o único de quem temos fotos (***). Eis aqui o essencial da informação sobre os acontecimentos de que foi vítima:
(i) estava na CCS / BART 1896, em Buba;
(ii) foi chamado para ir a Aldeia Formosa reparar uma viatura que estava avariada na estrada:
(iii) recuperada a viatura, ficou à espera dos camaradas que estavam no mato;
(iv) quando estes regressaram, deram conta que faltava os milícias;
(v) por ordem do alferes, comandante da força, foi um pequeno grupo a caminho de Uane buscar os milícias;
(vi) o cabo mecânico Correia sentiu-se na obrigação de acompanhar a viatura à qual tinha acabado de dar assistência;
(vii) entre Mampatá e Uane (vd. carta de Xitole) foram emboscados;
(viii) o pequeno grupo ficou completamente indefeso perante "uma emboscada tão forte e tão bem montada".
- José M. Medeiros ( sold, CART 1612 / BART 1896):
- José M. de Sousa (sold. CART 1612 / BART 1896);
- Manuel da Silva (sold, CART 1612 / BART 1896);
- Agostinho Duarte (sold, CART 1612 / BART 1896).
Reproduzidos a seguir uma seleção das "declarações" dos nossos camaradas em cativeiro: no essencial, coincidem no que diz respeito às circunstâncias em que ocorreu a emboscada.
Nenhum deles fala dos "mortos", possivelmente milícias, e que terão sido executados "in loco", segundo a versão do Carlos Nery (*). Limitaram-se a responder , sucintamente, ás mesmas perguntas que lhes foram feitas: (i) nome, onde e quando nasceu; (ii) unidade ou subunidade a que pertenceu; (iii) em que parte(s) da Guiné prestou serviço; (iv) se estava bem de saúde; (v) como foi recebido e tratado; (vi) as circunstâncias em que foi feito prisioneiro; e (vii) mensagem a dirigir aos antigos camaradas, amigos, família, etc.
As NT estacionadas em Aldeia Formosa faziam patrulhamentos e montavam emboscadas na zona, mas as coisas aconteciam "ao mais pequeno descuido, como parece ter acontecido, ou pelo menos era o que constava, quando ali chegou a CCaç 2381 em julho de 1968 para render a Companhia [a CART 1612,] que sofreu esta emboscada, em 20 de maio".
Capa do opúsculo, de 24 pp., "Guiné 1 - Falam os portugueses prisioneiros de guerra", disponível na totalidade aqui.
(1968), "Guiné 1 - Falam os portugueses prisioneiros de guerra", CasaComum.org, Disponível HTTP: http://hdl.handle.net/11002/fms_dc_84394 (2016-6-6)
O PAIGC, atendendo, certamente, à sua presença, evitara levar ali a guerra. Mas a guerrilha era portadora de uma ideia nova que, como todas as ideias novas, vinha para dividir.
Perante os ataques a Contabane e Mampatá [de 22 de maio e 11 de junho de 1968, respetivamente] e a emboscada a uma viatura em que são «apanhados à mão» vários militares portugueses e passados pelas armas alguns milícias considerados traidores, são deslocados à pressa efectivos para a área. (...)