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quinta-feira, 2 de janeiro de 2025

Guiné 61/74 - P26335: A Nossa Poemateca (5): Romance de Tomasinho Cara-Feia, de Daniel Filipe (Ilha da Boavista, 1925-Lisboa, 1964 ) (escolha de Alberto Branquinho, ex-alf mil, CART 1689,1967/69)


1. A escolha é do nosso amigo, camarada e grão-tabanqueiro Alberto Branquinho (n. 1944, Foz Coa), advogado e escritor, a viver em Lisboa desde 1970, ex-alf mil, CART 1689 / BART 1913, Fá, Catió, Cabedu, Gandembel e Canquelifá, 1967/69); tem cerca de 150 referências no nosso blogue: é autor das notáveis séries "Contraponto" e "Não venho falar de mim... nem do meu umbigo".

Comentário ao poste P26331 (*): "Aí vai um, do poeta Daniel Filipe, que é uma referência à diáspora caboverdiana. quarta-feira, 1 de janeiro de 2025 às 18:45:00 WET(*)

[ Poeta e jornalista, de origem cabo-verdiana, Daniel Damásio Ascensão Filipe, ou simplesmente Daniel Filipe, nasceu em 1925, na Ilha da Boavista, em Cabo Verde (donde saiu aos 2 anos, para nunca mais lá voltar. mas sem nunca ter cortado o cordão umbilical  que o ligará para sempre à sua terra ), e morreu em 1964, em Lisboa, muito precomente,aos 39 anos. Era filho de uma senhora da Ilha da Boavista e de um coronel médico, deportado. Na poesia destacou-se pela de denúncia e contestação, aliada a uma fina sensibilidade lírica. Foi perseguido e preso pela PIDE. Pelo menos dois dos seus livros foram proibidos pela censura: "O Manuscrito na Garrafa" (romance, 1960); e "Pátria, lugar de exílio" (poesia, 1963)... "A Invenção do Amor" (1961) é uma das suas obras mais conhecidas. Esperemos que em 2025 Portugal e Cabo-Verde decidam comemorar condignamente o 1º centenário deste grande poeta lusófono que tem hoje duas pátrias. LG]


ROMANCE DE TOMASINHO CARA-FEIA

Farto de sol e de areia
que é o mais que a terra dá,
Tomasinho Cara-feia
vai prá pesca da baleia.
Quem sabe se tornará.

Torne ou não torne, que tem?
Vai cumprir o seu destino.
Só nha Fortunata, a mãe
que é velha e não tem ninguém,
chora pelo seu menino.

Torne ou não torne, que importa?
Vai ser igual ao avô.
Não volta a bater-me à porta.
Deixou para sempre a horta
que a longa seca matou.

Tomasinho Cara-feia
(outro nome, quem lho dá?)
farto de sol e de areia,
foi prá pesca da baleia.

- E nunca mais voltará.


In: Daniel Filipe - Pátria Lugar de Exílio. Poesia em Tempo de Guerra. Lisboa:
 Presença, 1963.
__________

Nota de AB: A palavra "nha" em crioulo se bem que signifique "minha" em relação a pessoa, é "senhora".

________

Nota do editor LG:

segunda-feira, 16 de dezembro de 2024

Guiné 61/74 - P26270: Os 50 Anos do 25 de Abril (32): O "virar da página" da revista católica "Flama", cujo diretor era o António dos Reis, bispo de Mardassuma e capelão-mor das Forças Armadas (1967-1975) - Parte II

"O chaimite 'Bula' prepara-se para transportar o ex-Presidente do Conselho que, entretanto, setinha renido incondicionalmente ao General Anónio de Spínola,Presidente da Junta de Salvação Nacional"  (Flama, separata, 10/5/1974, p. III)


"Para os populares aglomerados nas imediações do Largo do Carmo tudo serviu para observar a ação das Forças Armada: estátuas, árvores,blindados".  (Flama, separata, 105/1974, pág. II)




Flama, separata, 10/5/1974, pág. II


Capa da separata da Flama: revista semanal de actualidades, nº 1366, A
ano XXXI, 10 de maio de 1974, XXXII páginas.


Flama documento : 25 de Abril : o virar da página
I II III
25 de Abril : o assumir de um compromisso
IV-V
25 de Abril : uma linha de abertura a soluções de evolução
VI VII
25 de Abril : perfeita coordenação no processo de controle
VIII-IX
25 de Abril : o país despertou com outra face
X-XI
25 de Abril : o Largo do Carmo foi o último reduto do regime
XII-XIII
25 de Abril : uma reacção agonizante
XIV-XV
25 de Abril : durou nove horas a tomada do Carmo
XVI XVII XVIII
25 de Abril : a D.G.S. estrebuchou até rebentar
XIX
25 de Abril : a população lembrava-se (bem) da polícia política
XX-XXI
25 de Abril : presos políticos reencontraram a liberdade
XXII-XXIII XXIV-XXV
25 de Abril : um posto de comando tranquilo
XXVI XXVII
25 de Abril : nunca se desejou o derramamento de sangue
XXVIII-XXIX
25 de Abril : quem com ferro mata...
XXX
25 de Abril : o virar da página
XXXI
25 de Abril : o povo esteve com as Forças Armadas
XXXII

Cortesia da Hemerateca Digital / Câmara Municipal de Lisboa

Este número da Flama e a sua separata também estão disponíveis, em formato digital,   no Centro de Documentação 25 de Abril, Universidade de Coimbra.


"Manter a população ao corrente da evolução dos acontecimentos foi preocupação constante do general Spínola". (Flama, separata, 10/5/1974, pág. IV)



"O generaql Spínola, com as individualidades que formam a Junta, no momento em que lia perante as câmaras de televisão a histórica declaração". (Flama, separata, 10/5/1974, pág. V)



"Os generais Costa Gomes e António de Spínola".  (Flama, separata, 10/5/1974, pág. V)




Aeroporto de Lisboa (Flama, separata, 10/5/1974, pág. VI)



"O Terreiro do Paço e o aeroporto de Lisboa  foram dos dois pontos estratégicos a ser ocupados pelas tropas do Movimento das Forças Armadas. A população transitou calmamente junto aos carros blindados, manifestando total conpreensão e civismo".  (Flama, separata, 10/5/1974, pág. VII)


(Flama, separata, 10/5/1974, pág. VII)





(Flama, separata, 10/5/1974, pág.VIII)


(Flama, separata, 10/5/1974, pág. IX)


"Foi longa a noite, mas às primeiras horas do dia já a esperança reinava entre os militares. Depois veio o povo disse o seu 'sim' apoteótico. O Governo caía às mãos dos militares". (Flama, separata, 10/5/1974, pág. IX)




(Flama, separata, 10/5/1974, pág. IX)


"Primeiro foi a ocupação (militar), depois a proclamação (popular). Estas foram as duas imagens de uma revolta que, em poucas horas, mudou a face de um país e fez reacender as esperanças de um povo desconhecedor, na sua quase totalidade, dos direitos democráticos".(Flama, separata, 10/5/1974, pág. X)





(Flama, separata, 10/5/1974, pág. X)


1. Tínhamos prometido voltar a esta edição (histórica) da "Flama" (*), revista semanal de actualidades que se publicou até 1976.

Alguns de nós recebiam e liam na Guiné esta revista, a par de outras como a "Vida Mundial", e dos jornais diários, de Lisboa e Porto, mais a " Bola"...Um ou outro mais "politizado" assinava a "Seara Nova", o "Comércio do Funchal", o "Notícias da Amadora", o "Jornal do Fundão"... E, excecionalmente, algumas revistas estrangeiras. 

A "Flama"  era uma revista simpática, que sabia conjugar o "light" com os assuntos mais sérios, "respeitada", origtinalmente ligada à Igreja Católica, mas nem por isso menos sujeita à sanha e arbitrariedade  dos "coronéis da censura"... Soube "refrescar-se", e adaptar-se aos sinais de mudança no mundo e na sociedade portuguesa. Era também lida pelo público feminino, com escolaridade de nível médio ou superior.  E conseguiu uma notável qualidade técnica e estética em muitas edições. 

Recorde-se que a "Flama" tinha nascido em 1937, da iniciativa de um grupo da JEC - Juventude Escolar Católica, com a benção de Salazar e do Cardeal Cerejeira. Era então marcadamente "masculina", e de teor "confessional" ou "religioso". Começou a redefinir-se a partir de 1944... Em 1967, apresentava-se como "semanário de atualidades de inspiração cristã" (sic)... Em 1974 era simplesmente uma "revista semanal de atualidades"... Custava 10 escudos o número avulso (17$50, em Angola, 20$00 em Moçambique) (*)

Dizem os estudiosos da história do jornalismo português, que foi também um marco importante no panorama da comunicação social portuguesa, nos últimos anos do Estado Novo: era uma revista em parte feita por mulheres e para as mulheres, mas também foi escola para conhecidos jornalistas da nossa praça.

Era dirigida, desde 1964 até ao fim,  por  um intelectual católico, com prestígio,  o dr. António dos Reis Rodrigues (1918-2009), nascido em Ourém, concelho a que pertence Fátima.  Padre, será, em 1966, nomeado  bispo auxiliar de Lisboa, sob o título de bispo de Madarsuma,  capelão-mor das Forças Armadas (1967-1975)., etc..  Entre 1947 e 1963 tinha sido capelão e professor na Academia Militar (ensinava ética e deontologia militares). Foi também procurador à Câmara Corporativa, na legislatura de 1961/65. 

Foi também com o  António dos Reis, enquanto diretor, que a revista conheceu o seu apogeu e  sucesso da "Flama". Foi também ele que "virou" e "fez virar" a página da revista (seguramente sob  a pressão dos seus jornalistas que, em 17 de maio de 1974, elegeram, "democraticamente" e "por voto secreto",  um "conselho de redação")...  Mas também com ele e a nacionalização da banca, que a revista conheceu a snetença de morte.

Com o 25 de Abril de 1974, os jornalistas portugueses, libertos do lápis azul da censura, tiveram que "reaprender" a pensar e a escrever...(Não só os jornalistas, como todos nós.) E a prova disso é a separata que o semanário "Flama" dedica, tardiamente, em edição de 10 de maio de 1974, ao histórico dia de 25 de Abril. É sobretudo um trabalho de fotojornalismo, com relativamente pouco texto (para além da declaração histórica do MFA, lida nesse dia perante as câmaras da televisão pelo presidente da Junta de Salvação Nacional, gen Spínola)... 

Infelizmente não sabemos  quem são os autores individuais da fotos,quer a preto, quer a cores, mas quisemos fazer aqui uma seleção desse documento, quer para os nossos camaradas que nessa data estavam ainda na Guiné,  quer para os outros que não tiveram, na altura,  oportunidade de ler este número especial da  "Flama". 

A reportagem é assinada coletivamente por António Amorim, Alexandre Manuel, Fernando Cascais, e Dionísio Domingos (texto), e António Xavier, António Vidal e Carlos Gil (fotografia). (O deparatmento de fotografia da "Flama" era considerado pioneir0.)

A revista vai ter, de resto,  uma vida efémera no pós-25 de Abril: encerrou em 2 de setembro de 1976, por decisáo unilateral e arbitrária  da administração, ligada à banca.

(Seleção, revisão / fixação de texto, reedição das imagens: LG)

sexta-feira, 11 de outubro de 2024

Guiné 61/74 - P26033: Facebook...ando (65): Valter Santos, em Cucujães, relembrando coisas e gente do seu tempo, em Bissau, no HM 241 (1969/71)


O Valter Santos "deu a cara" para este cartaz da Casa-Museu Regional de Oliveiora de Azeméis, "Mercado às Moda Antiga", 16 e 17 de maio de 2015.

Cortesia da sua página do Facebook

1.  O Valter Santos tem página no Facebook (mas não é amigo do Facebook da Tabanca Grande, até à data, nem membro da Tabanca Grande, para a qual fica desde já convidado). Vive na vila de  Cucujães, concelho de Oliveira de Azxemeis. Esteve no CTIG; cumprindo a sua comissão de serviço no HM 241 (Bissau, 1969/71). Interessa-se por história e genealogia.  Filho de jornalista, estudpou em Coimbra, e tem a paixão da escrita. Reproduzimos, aqui, com a devida vénia, um das suas postagens recentes, em que recorda camaradas do HM 241 bem como dois acontecimentos marcantes do seu tempo.


POR AQUI E POR ALI
Por: Valter Santos
28 de agosto de 2024 


Apontamento histórico dedicado aos que comigo estiveram no HM 241 - Hospital Militar de Bissau, entre 1969 e 1971.

Foram anos pródigos em acontecimentos, que marcaram a história da então província da Guiné - Bissau.

Passados que são 55 anos, muitos desses acontecimentos, vão-se esvaindo nas nossas memórias e aqueles que connosco lá estiveram, estão como eu, "entradotes nos anos" e o ainda "andarmos por cá" é um "agrado" dos Deuses de cada um.

Mas vamos recuar aos nossos tempos "guineenses".

Num dia destes apareceu na nossa página uma foto com antigos camaradas a residiram lá "prós" lados de Setúbal, onde reconheço o muito especial amigo Tomás Semedo, Hugo Morais e outros, que em salutar convívio recordavam a sua passagem pelo HM 241.

Com um abraço a esses colegas, trago aqui a narração de dois acontecimentos passados nos tempos da nossa passagem pela Guiné - Bissau.

Como temos uma "costeleta de historiador",  vou um pouco mais longe e apoiando-nos do espólio herdado do nosso falecido pai, o jornalista Manuel Rodrigues dos Santos (1924-1990), temos na mão a revista "Vida Mundial, nº 1670,  de 11 de junho de 1971 (que mensalmente entrava na nossa casa paterna, sita então na Rua Dias Ferreira, em Coimbra). 

Na capa um retrato da então Assembleia da República, com uma foto do então jovem deputado Pinto Leite, com a seguinte citação do médico (e deputado também dfa Ala Liberla) Miller Guerra:  "Abriu os caminhos da renovação e das liberdades".  A ele são dedicadas as páginas 29 a 38.
 
Acontece que esse deputado de seu nome completo, José Pedro Pinto Leite (1932-1970)(#),  faleceu tragicamente num desastre de um "heli" caído nos céus da Guiné no dia 25 de julho de 1970, nessa viagem acompanhado por mais 3 deputados: James Pinto Bull, Leonardo Coimbra, José Vicente de Abreu, do piloto e o capitão José Carvalho de Andrade, oficial encarregado de acompanhar a representação parlamentar, de visita á Guiné - Bissau, então governada pelo general Spínola.

Nós estávamos em serviço na farmácia do HM 241 e os meus colegas nas mais variadas enfermarias e o Tomás Semedo, "mais sortudo",  na Secretaria.

Outro acontecimento relevante, foi a prisão nas matas guineenses do capitão cubano Pedro Peralta: aconteceu em novembro de 1969, érmos então "periquitos",   recém chegados à província da Guiné,  assim denominados pelos "velhotes",

E com estas lembranças, aqui da Vila do Couto de Cucujães, onde resido, um forte abraço para esses colegas que nesses tempos foram obrigados a "dar" dois anos da nossa juventude, a quem deles se servia, sem nos "dar cavaco nenhum"...  E de olhinhos tapados lá fomos nós até terras da Guiné, Angola, Moçambique, Timor e anos antes Goa, Damão e Dili, na grande Índia, que um dia nos "sacudiu" de lá como se fôssemos incómodas moscas.




Notícia, sem indicação de fonte: c. 22 de Março de 1971. 

Recorde-se que Pedro Rodriguez Peralta, oficial cubano, "interacionalista", de 32 anos,  fora capturado em 18 novembro de 1969 no decurso da Op Jove, no corredor de Guileje. A sua captura foi um grande "ronco" para a propaganda do regime (e para as NT). Para  Fidel Castro, e para Amílcar Cabral,  tornava-se, pelo contrário,  um grande embaraço,  e uma vez nas mãos do inimigo passava a ser um revocionário "descartado"... Gravemente ferido, foi tratado e salvo no HM 241 em Bissau e depois no Hospital de Santa Maria, em Lisboa.  
Julgado no II Tribunal Militar Territorial de Lisbo, foi condenado, mas a sentença acabu por ser anulada por recurso da acusação pública interposto ao Supremo Tribunal Militar.... Foi novamenmte julgado, em dezembro de 1973, mas desta vez  no I Tribubal  Militar Territorial de Lisboa.... O capitão cubano virá s ser  libertado em setembro de 1974, na sequência de um acordo de troca de prisioneiros entre o governo português e a Guiné-Bissau, entretanto  independente.  
A cobertura jornalística deste caso foi grandemente vigiada pela censura. Por exemplo, o "Expresso" não pôde publicar a foto do cubano na primeira página...
 
Fotos (e legendas): © Valter Santos  (2023). Todos os direitos reservados. [Edição: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]
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Nota do autor:
(#) - Tinha na sua árvore genealógica raízes cucujanenses, pois seus bisavós foram os percursores da grande casa da Gandarinha, nomeadamente o visconde Sebastião Pinto Leite (1815 - 1892).

 (Seleçáo, revisão / fixação de texto: parènteses retos: LG)
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Nota do editor:

quinta-feira, 26 de setembro de 2024

Guiné 61/74 - P25982: Timor Leste: Passado e presente (23): Notas de leitura do livro do médico José dos Santos Carvalho, "Vida e Morte em Timor durante a Segunda Guerra Mundial" (1972, 208 pp.) - Anexo II: O tenente, e depois capitão, António de Oliveira Liberato











Notas de leitura do livro do médico José dos Santos Carvalho, "Vida e Morte em Timor durante a Segunda Guerra Mundial" (1972, 208 pp.) 

Anexo II:  O tenente, e depois capitão, António de Oliveira Liberato
 
 

1. Não fazia a mínima ideia da existência do tenente (e depois capitão) António de Oliveira Liberato, até começar a ler algo mais sobre a história de Timor.

Afinal foi um dos heróis portugueses de Timor durante a II Guerra Mundial. Era tenente de infantaria, adjunto do comando da Companhia de Caçadores de Timor (constituída por praças indígenas), cujo comandante, cap inf António Maria Freire da Costa (ex-aluno da Escola de Guerra,  incorporado em 1917 para Infantaria, e natural de Lisboa) se terá suicidado, em Aileu, em 1 de outubro de 1941, juntamente com a esposa Maria Eugénia Freire da Costa, e mais outros três portugueses que estavam nessa noite em sua casa, incluindo o médico dr. Dinis Ângelo de Arriarte Pedroso (*).

O António de Oliveira Liberato tem dois livros de memórias sobre esse trágico período, os quais são abundantemente citados pelo médico de saúde pública José dos Santos Carvalho, seu companheiro de infortúnio, autor de "Vida e Morte em Timor durante a Segunda Guerra Mundial" (Lisboa, 1972, 208 pp.), disponível em formato digital no Internet Archive.

Temos curiosidade em saber algo mais sobre alguns dos homens e mulheres, portugueses e timorenses,  que conseguiram resistir, ativa ou passivamente, à ocupação estrangeira do território (entre dezembro de 1941 e setembro de 1945), e nomeadamente à ocupação japonesa. Vamos,  assim, continuar a publicar mais algumas notas de leitura do livro do citado José dos Santos Carvalho. (*)



 António Oliveira Liberato, capitão: capas de dois dos seus livros de memórias: "O caso de Timor" (Lisboa, Portugália  Editora, s/d, c. 1946, 242 pp.)  e "Os Japoneses estiveram em Timor" (Lisboa, 1951, 336 pp.). São dois livros, de difícil acesso, só dispossiveis em alguns alfarrabistas e numa ou noutra biblioteca pública.


Capa do livro "Quando Timor foi Notícia", de Cacilda dos Santos Liberato (Braga, Editora Pax, 1972, 208 pp.). Encontrei um exemplar na Biblioteca Municipal da Lourinhã. Já o li de um fôlego.   Cacilda foi uma "mãe coragem: viúva de Júlio Gouveia Leite, secretário da administração de Aileu (vítima do massacre de Aileu, em 1/10/1942, a que sobreviveu), irá casar depois  com o tenente António Oliveira Liberato, também ele viúvo, e com um filho de 12 anos, Luís Filipe,  no campo de concentração de Liquiçá, em 1943. Viu a morte á sua frente por diversas vezes. Publicou as suas memórias trinta anos depois. 



 2. A par do advogado portuense, deportado por razões políticas em Timor, Carlos Cal Brandão ("F
uno: guerrra em Timor", Porto, edições "AOV", 1946, 200 pp.),  o tenente António de Oliveira Liberato foi o primeiro a publicar  um relato circunstanciado dos acontecimentos  ocorridos em Timor, entre finais de 1941 e setembro de 1945 ("O caso de Timor" Lisboa, Portugália  Editora, s/d,  c. 1946, 242 pp.).

O que aconteceu depois do seu regresso a Lisboa, aonde chegou a 15 de fevereiro de 1946 ? (*)

É um dos portugueses de Timor que é louvado pelo Governador Manuel de Abreu Ferreira de Carvalho, no final do seu mandato, em 10 de outubro de 1945, 

Estranhamente não há qualquer referência à sua prisão pelos japoneses em 9 de abril de 1944, e à sua deportação, três meses depois, em 11 de julho de 1944, para a  ilha holandesa de Alor, juntamente com o engenheiro geógrafo Artur do Canto Resende, o gerente do BNU João Jorge Duarte e o aspirante administrativo José Duarte Santa. Eram todos "suspeitos" de colaborar com o inimigo (os Aliados).

Só o José Duarte Santa e o tenente Liberato sobreviveram, ao isolamento, aos maus tratos, à fome e à falta de assistência médica. Os dois sobreviventes só foram libertado em 28 de agosto de 1945.

Teor do louvor:

(...) Determinou, S. Ex. a o Ministro das Colónias que, pelo seu especial interesse fossem publicadas no Boletim as seguintes três portarias subscritas pelo Sr. governador de Timor:

PORTARIA N.° 1:137-A

Ao tornar a entrar a Colónia na sua vida normal, pelo restabelecimento pleno da autoridade portuguesa em todo o seu território, é dever do governador da Colónia não esquecer aqueles que, durante um período de extremas dificuldades, bem souberam cumprir o seu dever de portugueses e de funcionários, ocupando através de tudo os postos que as circunstâncias impuseram, trabalhando e sacrificando-se pelo bem comum, não hesitando nas mais rudes provações e dando tudo para serem úteis. 

Todos os portugueses que em Timor se conservaram, souberam, de uma maneira geral e com um elevado espírito de patriotismo, cumprir o seu dever. Para eles são dirigidos neste momento os agradecimentos do governador da Colónia. Alguns houve, porém, e felizmente em número apreciável, que souberam cumprir esse dever por forma a bem merecerem ser distinguidos e terem individualmente público testemunho de louvor.

Nestes termos: O governador da Colónia de Timor, no uso das faculdades que lhe são atribuídas pelo artigo 31.° do Acto Colonial e pelo n.° 21.° do artigo 33.° da Carta Orgânica do Império Colonial Português, determina: 

Que sejam louvados: (...)

— O tenente de infantaria António de Oliveira Literato, pela forma como sempre desempenhou as suas funções de subalterno da Companhia de Caçadores de Timor durante o período da ocupação da Colónia e especialmente pela sua actuação como comandante da força incumbida da repressão da revolta de indígenas da Circunscrição da Fronteira em Agosto, Setembro e Outubro de 1942, em que deu provas de tacto, energia e desprezo pelo perigo que o afirmam como óptimo oficial, com uma nítida compreensão dos seus deveres para com a Pátria e para com os seus chefes. (...)

Fonte: Excerto de "O restabelecimento da Autoridade Portuguesa de Timor", in José dos Santos Carvalho: "Vida e Morte em Timor Durante a Segunda Guerra Mundial", Lisboa: Livraria Portugal, 1972,  pp. 132-141.

O governador também louvou seis deportados mas nenhuns dos portuguese que alegadamente se suicidaram.


3. Sobre o tenente Liberato e outros "prisioneiros de guerra", escreveu J. S. Rocha (2022) (**):

(...) Se dúvidas houvesse, sobre o tratamento dado pelos japoneses aos portugueses e timorenses acusados de colaborarem com as forças australianas, atente-se no caso do tenente Liberato. 

No dia 10 de julho de 1944 um militar português, tenente António Oliveira Liberato, e três destacados funcionários civis também portugueses, foram, após detenção e interrogatório pela polícia militar nipónica, a temida kempeitai, transferidos por via marítima para um local de cativeiro situado na ilha de Alor designado Kalabai, onde ficaram detidos numa casa rudimentar, rodeada de arame farpado, à guarda de indígenas armados comandados por um militar japonês. 

"O tenente Liberato, como outros habitantes, acusado de colaboração com as forças australianas e holandesas, tinha sido detido dois meses antes e durante o seu cativeiro em Díli foi sujeito a apertado interrogatório onde não faltaram sessões de tortura, 'suplícios de inenarrável desumanidade'...

"De acordo com diversos relatos, amarrados pelos pulsos com uma corda os prisioneiros eram em seguida pendurados nas grades do cárcere e içados de modo que os pés não tocassem o solo. Seguiam-se sessões intermináveis de interrogatórios e espancamentos, apenas interrompidos por breves períodos para rotação do interrogador ou então, seguindo um qualquer programa de ação psicológica sobre o prisioneiro que passava, depois de espancado, sentá-lo à mesa, conversar amistosamente com ele, fornecer-lhe algum alimento e cigarros sendo em seguida novamente pendurados nas grades. 

"Aos prisioneiros timorenses era também aplicada a chamada 'tortura da água' que consistia em deitar o prisioneiro '(...) de costas, sobre um estrado, amarrados de pés e mãos, na boca um funil introduzido, à força, entre dentes, enchiam de água o estômago do paciente. Expelida pela boca, pelas narinas e pelos ouvidos a primeira dose, repetia-se outra (...).' 

"Em 23 de fevereiro de 1945 faleceu o primeiro português (eng. Canto Resende). Observados por um médico em 20 de março de 1945, aos restantes três portugueses foi diagnosticado beribéri e paludismo sem que, contudo, lhes fosse fornecido qualquer tipo de tratamento. Em 25 desse mês faleceria outro português (gerente do BNU João Duarte) inchado e com graves dificuldades de locomoção. 

"Viriam a deixar a ilha de Alor em 23 de agosto de 1945, chegando a Díli no dia 28 do mesmo mês. Só no dia seguinte, e após intervenção do Governador junto Cônsul japonês, seriam definitivamente libertados." (...) (**)

As autoridades portugueses, já no pós-guerra, em meados de 1946, não se terão mostrado recetivas e colaborantes com a comissáo australiana para a investigação de crimes de guerra cometidos no território.

 (...) Por outro lado, e "no que respeita ao reconhecimento dos actos valerosos levados a cabo por portugueses e timorenses em Timor durante a ocupação japonesa, ele foi efetivo por parte das autoridades australianas e inexistente por parte das portuguesas que se revelaram mais empenhadas em punir exemplarmente muitos dos resistentes de Timor. 

"Ainda antes da invasão japonesa, em janeiro de 1942, o Governador de Timor proibira a população em geral de apoiar as forças australianas e holandesas que tinham entrado no território ilegalmente. Essa proibição voltou a ser anunciada publicamente em agosto e setembro de 1943 passando a contemplar também todo e qualquer apoio prestado às forças militares japonesas. (...) (**) 


4. Não sabemos mais pormenores sobre o  passado miltar do António de Oliveira Liberato. (Teria feito parte do CEP - Corpo Expedicionário Português, 1914/1918, como soldado  ? ... Ao que parece, terá chegado a Timor nos anos 30. Em 1941 era viúva e tinha um filho de 12 anos. Pelas nossas contas, terá nascido em finais do séc. XIX. )

Encontrámos apenas um artigo  sobre o "Capitão Oliveira Liberato", no   Correio de Nisa, 9 de janeiro de 1965 (e que  reproduzimos acima). 

Na altura acabava de se reformar, era "capitão de infantaria QR" , tendo sido louvado, em setembro de 1964, pelo Comando Geral da PSP,  pelos 17 anos dedicados àquela corporação como oficial, ou seja, desde 1947 até 1964.  Era, além disso,  o delegado distrital da Censura.




Regresso  a Lisboa, do tenene Liberato, em 1946, a bordo do N/M Angola, Foto do arquivo de Helena Oliveira Liberato, filha de Cacilda e de António Oliveira Liberato, já falecidos, nascida em Portalegre em 1952. Com a devida vénia à Visão História nº 8, abril de 2010.



5, No blogue A Voz Portalegrense, há um artigo de 20 de junho de 2010, sobre o "Capitão Liberato", da autoria de Mário Casa Nova Martins,

A propósito da nº temático dedicado a “Portugal e a II Guerra Mundial”,   pela revista Visão História n.º 8 , abril de 2010, diz o autor:

 (...) 'Este número fala sobre o caso de Timor, no tempo da ocupação japonesa. E ao fazê-lo, refere o então tenente António de Oliveira Liberato.

"Aquela figura militar foi uma personalidade importante em Portalegre após aquele episódio da História de Portugal, no qual foi interveniente e do qual deixou em dois livros o relato dos factos que protagonizou.

"Conhecemo-lo em Portalegre, no posto de capitão, sem no entanto, e dado a larguíssima diferença de idade, alguma vez lhe tivéssemos dirigido a palavra. (,...)  

"Era uma figura importante do Estado Novo em Portalegre, e recordamo-lo como uma pessoa simpática. Que nos lembre, pertencia à Legião Portuguesa e era responsável pela Censura.

"Como seria de esperar, teve dissabores após a Revolução do 25 de Abril de 1974, tendo estado preso.

"Mas quando regressou, teve sempre o respeito e consideração da maioria das gentes de Portalegre." (...)

E é tudo o que por ora sabemos deste militar, herói de Timor na II Guerra Mundial.
 


Capa do livro de José dos Santos Carvalho: "Vida e Morte em Timor Durante a Segunda Guerra Mundial", Lisboa: Livraria Portugal, 1972, 208 pp. Cortesia de Internet Archive. O livro é publicado trinta anos depois dos acontecimentos. O autor terá nascido na primeira década do séc. XX.



Capa do livro de Carlos Vieira da Rocha,
" Timor: ocupação japonesa durante a Segunda Guerra Mundial,
2ª ed rev e aum, Lisboa: Sociedade Histórica da Independência de Portugal, 1996,  309 pp.




Mapa de Timor em 1940. In: José dos Santos Carvalho: "Vida e Morte em Timor Durante a Segunda Guerra Mundial", Lisboa: Livraria Portugal, 1972, pág. 11. (Com a devida vénia). Assinalado a vermelho a posição relativa de Maubara e Liquiçá, a oeste de Díli, onde se situava a zona de detenção dos portugueses, imposta pelos japoneses (finais de 1942 - setembro de 1945)

Infografia: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné (2024)

 
(Seleção, fixação/ revisão de texto: LG)
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Notas do editor:


(**) Rocha, J. S. (2022). Guerra irregular em Timor: a resistência contra o invasor japonês (1942-1945). In Jorge Silva Rocha (Ed.), Atas do XXX Colóquio de História Militar “A guerra irregular em Portugal: da fundação à atualidade”. (pp. 421-445). Lisboa: Comissão Portuguesa de História Militar. (Disponível em formato pdf, https://repositorio.iscte-iul.pt/bitstream/10071/28198/1/conferenceObject_95242.pdf )

domingo, 18 de agosto de 2024

Guiné 61/74 - P25856: Humor de caserna (69): Na Op Tridente, entre ferozes combates, também havia lugar para a boa disposição e até para se fazer uns piqueniques na praia, com uns bons nacos de vitela, uma boa perna de cabrito ou uns ovos mexidos de tartaruga (Excerto de Armor Pires Mota, "Tarrafo", 1965, pp. 52/53)


Guiné > Região de Tombali >  NRP Fragata Nuno Tristão > 14 de janeiro de 1964 > A caminho da ilha do Como, a "ilha maldita".
Foi utilizada em apoio de fogo e posto de comando das forças empenhadas na Operação Tridente (jan-mar 1964)  para reocupação da ilha de Como.



Guiné > Região do Oio > Jumbembem >c. 1964/65 > CCAV 488 / BCAV 489 (Bissau, Ilha do Como, Jumbembem, 1963/65) > A padaria


Fotos (e legendas): © Armor Pires Mota  (201). Todos os direitos [Edição e legendagem complementar : Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]

 
1. Armor Pires Mota, que nos honra com a sua presença na Tabanca Grande,  tem no nosso blogue 100 referências. Para além de ter sido camarada nosso, é um hoje um escritor consagrado, com cerca de 3 dezenas de títulos, entre crónica, poesia, romance e ensaio, um parte dos quais sobre a sua experiência humana e operacional  no T0 da Guiné, entre junho de 1963 e junho de 1965. 


Alguns dados biográficos do autor:

(i) nasceu a 4 de setembro de 1939, em Águas Boas, freguesia de Oiã, Olivceira do Bairro;

(ii) estudou no Seminário de Aveiro, tendo chegado a cursar teologia;

(iii) abandonou a carreira eclesiástica, em 1961, ano em que revelou o seu talento lietrário com o livro Cidade Perdida;

(iv) enquanto frequentava o ensino liceal em Sangalhos, foi chamado a cumprir o serviço militar;

(v) foi mobilizado para a Guiné como alferes miliciano, em 1963, sendo alferes miliciano  da CCAV 488/BCAV 489 (Bissau, Ilha do Como, Jumbembem, 1963/65);

(vi) ainda na Guiné começou a publicar no Jornal da Bairrada o seu diário de guerra, sob a forma de crónicas, que, em 1965, iiria reunir em livro, Tarrafo, que a censura mandou rapidamente retirar do mercado (a guerra é retratada com demasiada crueza);

(vii) em 1974, tornou-se pequeno empresário, depois de trabalhar em várias empresas (Caves Aliança e Handy), mas continuou a escrever, colaborando em diversos jornais e revistas. (Fonte: adapt de Palimage)

Alguns dos seus melhores livros, além de Tarrafo - Crónica de Um Alfe5rs na Guiné (2013): A Cubana que Dançava Flamenco (2008); Estranha Noiva de Guerra (2010).



2. Em  Tarrafo: crónica de uma guerra (edição de 1965)  ele relata, na primeira pessoa do singular, o seu quotidiano como alferes miliciano, da CCAV 488/BCAV 489 (1963/65), primeiro na região do Oio (parte 1), depois na Ilha do Como, durante a Op Tridente (parte 2) e por fim na região de Farim (parte 3). Ninguém até então, como combatente, tinha tido a ousadia de o fazer, combater, escrever e publicar no jornal da terra,

Cotejámos, em tempos, as duas edições de Tarrafo (1965 e 1970):  a nossa preferência foi, inequivocamente,  para a primeira, para a sua escrita espontânea, potente, telúrica, de cronista de primeira água, sem autocensura, que voltou a ser publicad na íntegra na Palimage (dem 2013).

Na edição de 1970, revista, o autor foi obrigado a aceitar  os "cortes" impostos pelos censores da época. A 2ª edição (autorizada) perde em vigor, garra, frescura, autenticidade. 

Uma e outra estiveram esgotadas durante anos. Por isso já aqui publicámos, com a devida autorização do autor,  uma parte de Tarrafo [imagem da capa, no lado direito; edição de 1965].


3. Segundo o nosso camarada Mário Dias, outro cronista da Op Tridente, a luta pela reocupação da Ilha do Como travou-se entre 14 de janeiro e 24 de março de 1964. A ilha, onde não havia qualquer autoridade administrativa portuguesa, fora  ocupada pelo PAIGC logo em 1963.

(...) As tabancas existentes são relativamente pequenas e muito dispersas. Possui numerosos arrozais, o que convinha aos guerrilheiros pois aí tinham uma bela fonte de abastecimento, acrescido do factor estratégico da proximidade com a fronteira marítima Sul e o estabelecimento de uma base num local que facilitava a penetração na península de Tombali e daí poderia ir progredindo para Norte.

"Não tinha estradas. Apenas existia uma picada que ligava as instalações do comerciante de arroz, Manuel Pinho Brandão (na prática, o dono da ilha) a Cachil. A partir desta localidade o acesso ao continente (Catió) era feito de canoa ou por outra qualquer embarcação. A casa deste comerciante era, se não estou em erro, a única construída de cimento e coberta a telha". (...)


Reproduzimos hoje duas páginas deliciosas da edição de 1965 (pp. 52/53), em que o Armor Pires Mota também revela o seu talento como humorista... Afinal, no decurso da Op Tridente, entre ferozes combates, também havia lugar para a boa disposição e até para se fazer uns piqueniques, com uns bons nacos de vitela,  uma boa perna de cabrito ou uns ovos mexidos de tartaruga...Nem tudo foi só guerra na ilha do Como que o PAIGC, com a sua habitual lata, chegou a proclamar como território da República Independente da Ilha do Como.





E, às vezes, até dá para rir.

              − Agarra! Pega essa!


Fonte: In: Armor Pires Mota: Tarrafo: crónica de guerra. Aveiro, 1965, edição de autor (livro retirado do mercado, por ordem da censura), 
pp. 52-53. Excerto da parte 2 [Operação Tridente, Ilha do Como, Janeiro-Março de 1964].  Cortesia do autor.

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